[🏀 + 30] - Beijo roubado
Mais uma semana havia se passado. Todos aqueles dias angustiantes e sufocantes para o moreno. Tudo estava sendo horrível e passar tanto tempo longe do namorado era uma prova de resistência.
Depois que foi buscar suas roupas em sua casa, Jungwon não o mandou mais mensagens, apenas via as que ele mandava diariamente. Mesmo assim, Jay não desistia e continuava escrevendo, porque ao menos sabia que ele estava lendo.
“Bom dia, amor. Você dormiu bem? Como está? Por favor, se alimente e se hidrate de forma correta. Eu te amo”
Essa havia sido a última mensagem que ele havia mandado. Sempre ele pedia para o namorado comer e beber bem, mas nem mesmo ele o fazia. Sua mãe já estava em tempos de arrancar os fios da cabeça e seu pai sumiu em uma nova viagem desde a última discussão.
Jay suspirou profundamente, sentindo o peso da saudade e da preocupação. Ele olhou para o celular, esperando ansiosamente por uma resposta que nunca vinha. Cada dia parecia mais longo que o anterior, e a ausência de Jungwon era como uma ferida aberta que não cicatrizava.
Ele se levantou da cama, os olhos cansados e o corpo fraco pela falta de apetite. Caminhou até a cozinha, onde sua mãe estava preparando o café da manhã. Ela olhou para ele com um misto de preocupação e frustração.
— Meu amor, você precisa comer alguma coisa. Não pode continuar assim — disse ela, colocando um prato de torradas na mesa.
Ele assentiu, mas a comida parecia sem sabor. Cada mordida era um esforço. Às vezes ele ficava fraco pela falta de alimentação, mas não era sempre que ficava sem se alimentar. Ele se esforçava para ficar bem, mas estava sendo difícil.
Depois de um café da manhã silencioso, ele decidiu sair para uma caminhada. O ar fresco talvez ajudasse a clarear sua mente. Ele pegou seu casaco e saiu, sentindo o vento frio contra seu rosto. As ruas estavam tranquilas, e ele caminhou sem rumo, perdido em seus pensamentos.
Enquanto andava, seu celular vibrou. Seu coração disparou ao ver o contato de Jungwon na tela. Com as mãos trêmulas, ele abriu a mensagem.
“Oi, Jay. Eu estou tentando, mas está difícil. Sinto sua falta. Espero que você esteja bem. Eu também te amo.”
As lágrimas escorreram pelo seu rosto. Era a primeira resposta em semanas, e aquelas palavras significavam o mundo para ele. Ele parou no meio da calçada, respirando fundo e tentando controlar a emoção.
“Por favor, fique bem.”
Ele enviou a mensagem, sentindo uma nova esperança brotar em seu coração. Talvez, só talvez, as coisas começassem a melhorar. Soltando um longo suspiro, ele sorriu e deu meia volta, voltando para casa.
Enquanto caminhava de volta para casa, Jay sentia uma leveza que não experimentava há muito tempo. Cada passo parecia mais firme, e o sorriso em seu rosto era genuíno. Talvez poderia estar se iludindo com uma falsa esperança já que ainda havia um longo caminho pela frente, mas aquela pequena troca de mensagens com o namorado era um sinal de que as coisas poderiam melhorar.
Ao chegar em casa, sua mãe não pôde deixar de notar a mudança em sua expressão.
— Você parece melhor, filho. Algo aconteceu? — ela perguntou, esperançosa.
Ele sorriu e assentiu, mostrando o celular para ela ainda aberto no contato do ruivo.
— O Won respondeu. Ele está tentando, assim como eu. Vamos superar isso juntos. — seu sorriso se tornou duas vezes maior. — Ele ainda me ama, mãe!
A mulher sorriu, aliviada.
— Isso é maravilhoso, meu amor! Estou tão feliz por vocês.
Jay assentiu e subiu para o quarto.
Ele passou o resto do dia com uma nova energia, tentando se concentrar em coisas que o faziam feliz. Ele permaneceu com essa renovação por mais um dia, mas duas longas semanas passaram e nada do ruivo.
Jungwon simplesmente não o respondeu mais e parou até mesmo de visualizar suas mensagens. O moreno passou esses dias confuso, se perguntando o que ele havia feito de errado para que tão de repente o namorado voltasse a ignorá-lo.
Apesar disso, não parou de comer ou de continuar em sua rotina que consistia em mandar mensagens e mais mensagens para o ruivinho. Todas sendo ignoradas com sucesso. Preocupado, ele chegou até mesmo a perguntar o que havia acontecido, mas novamente não teve respostas.
Com tudo aquilo, ele sentia o peso da incerteza e da preocupação crescer a cada dia. As duas semanas sem resposta de Jungwon foram um verdadeiro teste de paciência e resiliência. Ele se perguntava constantemente o que poderia ter feito de errado, mas não conseguia encontrar uma resposta.
Uma noite, enquanto estava deitado na cama, ele decidiu que precisava fazer algo mais. Não podia continuar apenas esperando. Pegou o celular e discou o número de um dos namorados do melhor amigo, na esperança de obter alguma informação.
— Alô?
A voz de Sunoo soou do outro lado da linha após três ligações. Nervoso, Jay roia as unhas quando falou exasperado:
— Sun, sou eu, Jay. Desculpa ligar tão tarde, mas eu estou realmente preocupado com o Jungwon. Você sabe de alguma coisa? Ele parou de responder minhas mensagens e nem visualiza mais.
Sunoo suspirou, hesitando por um momento antes de responder:
— Jay, eu não queria me meter, mas acho que você precisa saber. O Jungwon está passando por um momento muito difícil. Ele está lidando com muita coisa ao mesmo tempo, e todo esse lance de vocês dois na viagem está o deixando muito tenso.
— Eu não entendo, ele me falou há um tempo atrás quando fui buscar minhas coisas em sua casa que sabia o que havia acontecido. Ele disse que confia em mim.
Falou tudo muito rápido, com medo da súbita mudança de humor do ruivo.
— Não se preocupe, Jay. O Won só precisa de um tempo para pensar, ele te ama. Não é nada com você, ele só precisa de espaço para resolver as coisas.
O moreno suspirou, cansado. Ele decidiu encerrar a ligação o quanto antes pois não queria incomodar mais o loirinho. Pelo menos agora ele sabia que não era algo que ele havia feito, mas ainda assim, a dor de estar longe de Jungwon era intensa.
— Obrigado, Sun. Isso ajuda muito. Eu só queria saber se ele está bem. Vou continuar aqui para ele, esperando o tempo que for necessário.
— Ele vai ficar bem, Jay. E ele sabe que você está aí por ele. Isso é o mais importante.
O loiro falou uma última vez.
Depois de desligar, Jay sentiu uma nova determinação. Por mais que soubesse que Jungwon precisava de tempo e espaço, ainda era complicado pra ele ficar tão longe. Mas ele estava disposto a ser forte pelo relacionamento de ambos. Continuaria mandando suas mensagens diárias, mas agora com a certeza de que, quando Jungwon estivesse pronto, ele voltaria.
Com esse pensamento, ele fechou os olhos e tentou descansar, sabendo que o amor que sentia pelo ruivo era forte o suficiente para superar qualquer obstáculo.
• 🥕 •
Um mês havia se passado desde a noite em que tudo deu errado. Jay, por mais aparentavel que estivesse, às vezes vivia como um morto-vivo, se rastejando pelos cantos e indiferente com todos. Os únicos que ainda conseguiam o animar e tirar um sorriso sincero seu, eram os gêmeos.
San ainda não havia retornado de sua viagem e o moreno agradecia por isso, era um problema a menos. As horas pareciam não passar e tudo demorava demais. Não ter respostas do ruivo o matava lentamente, mas ao menos ele podia relaxar quando Sunoo o dizia algumas coisas. Jungwon ainda não via suas mensagens.
Tentando dissipar os pensamentos intrusos de sua mente, ele estava sentado no sofá da área de lazer na parte externa da casa, comendo um pote de morangos enquanto conversava com o melhor amigo por chamada de vídeo. Porém, Sunghoon já estava a quase meia hora insistindo para que ele fosse em uma festa hoje à noite junto dele. Já havia se arrependido de ter ligado pra ele.
— Já falei que não vou, hyung.
Falou convicto.
— Ah, qual é, Jay! Vamos lá, cara, já faz um bom tempo desde que você saiu de casa pela última vez.
— Não vou, Sunghoon. Olha bem pra minha cara e me diz se eu aparento estar bem para ir a uma festa?
Perguntou em um tom sarcástico.
— Olha, Jong-seong, eu sei que você está muito ferido com a forma em que o Jungwon optou para resolverem o que aconteceu, sei que está deprimido e triste, mas ficar enfurnado em casa não vai adiantar.
Jay revirou os olhos.
— Eu não vou, Park Sunghoon! Já pensou que isso pode dar muita merda? O Jungwon já me odeia o suficiente por achar que eu o traí com a Soha, não preciso ir para uma festa com várias pessoas para que ele me odeie ainda mais.
Sunghoon suspirou, percebendo que convencer Jay não seria fácil.
— Jay, eu entendo seu ponto. Mas você precisa sair um pouco, respirar ar fresco, ver outras pessoas. Não estou dizendo para você esquecer o Jungwon, mas sim para cuidar de você mesmo. Você não pode se deixar afundar assim, cara.
Jay ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre as palavras do amigo.
— Eu só... não quero fazer nada que possa piorar as coisas entre mim e o Jungwon. Eu já me sinto culpado o suficiente.
— Eu sei, Seong. Mas pense nisso como um tempo para você. Você não precisa fazer nada de errado, só se divertir um pouco. E quem sabe, isso até ajude a clarear sua mente e te dar uma nova perspectiva sobre tudo.
Park suspirou, sentindo-se dividido. Ele olhou para o pote de morangos em suas mãos, lembrando-se de como Jungwon adorava essa fruta. Talvez Sunghoon estivesse certo. Talvez ele precisasse de um tempo para si mesmo.
— Tá bom, hyung. Eu vou. Mas só por um tempo, ok? Não quero ficar a noite toda.
Sunghoon sorriu, aliviado.
— Combinado! Eu passo aí para te buscar às oito. E não se preocupe, vamos nos divertir sem fazer nenhuma besteira.
Ele assentiu, sentindo um pequeno alívio. Talvez sair um pouco fosse exatamente o que ele precisava.
Depois de mais alguns minutos de conversa, ele desligou a chamada e foi se preparar, tentando afastar os pensamentos negativos. Era hora de tentar algo diferente, de cuidar de si mesmo, mesmo que só por uma noite.
• 🥕 •
Fazia exatos quarenta minutos que ambos os garotos chegaram à festa. Jay estava impaciente desde o horário em que chegaram. Aquilo não era nada empolgante.
Chegava até ser piada Park Jong-seong estar entediado em uma festa de jovens bêbados e drogados às nove horas da noite, cheio de garotos e garotas deslumbrantes. Antigamente, naquele horário ele já estaria extremamente bêbado e talvez drogado, se pegando com alguém.
Mas hoje é tudo diferente. Ele não tinha mais vontade de ficar com mais de três pessoas em uma noite ou beber até passar mal. Tudo o que ele queria agora era estar curtindo aquele momento com seu ruivinho ou abraçado com ele em sua cama depois de fazerem amor.
Depois de alguns minutos, Hansol chegou e não muito tempo depois Minseok apareceu acompanhado de uma garota extremamente bonita. Eles se juntaram em um local um pouco mais vazio e ficaram lá.
— O que viemos fazer aqui mesmo? — Hansol perguntou.
— Eu também gostaria de saber. — Jay falou.
Sunghoon revirou os olhos.
— Como vocês estão chatos. Não conheci nenhum dos dois assim.
— Menos, Sunghoon. — Kang protestou. — Onde estão seus namorados, hein? Você deveria baixar esse fogo.
— Os meus namorados não quiserem vir. Eles são uns dois traíras e eu tenho certeza que o Nishimura tá na casa do Sun comendo ele sem mim!
Ao dizer aquilo, a garota que estava ao lado de Minseok ficou extremamente vermelha.
— Porra, cara, você não tá vendo minha gatinha aqui não? Ela é tímida! — reclamou.
Park arregalou os olhos
— Foi mal, aí. — coçou a nuca. — Espera aí, você tá namorado? Você, Minseok?
Ele franziu o cenho
— Não entendi, eu não posso namorar? Pelo o que eu saiba, o único cara que vai permanecer solteiro até a morte é o Hansol.
— Vira a porra dessa boca pra lá, cara! — ele se exasperou fazendo o Lee sorrir maléfico.
Sunghoon revirou os olhos e se voltou para a garota.
— Me desculpa mesmo, viu? Eu não sabia. — se desculpou mais uma vez.
— Não tem problema. Está tudo bem! — ela sorriu, ainda tímida.
Hansol sorriu diabólico, encarando a garota.
— Como é seu nome, gracinha? — perguntou. O apelido não interferia muito, ele e Minseok sempre tiveram aquilo.
A garota ficou ainda mais vermelha.
— K-Kim Yejin — gaguejou.
— Belo nome. Como foi que você conheceu esse idiota?
Yejin olhou para Minseok, que estava ao seu lado e sorriu timidamente antes de responder.
— Nós nos conhecemos na biblioteca da escola. Ele me ajudou com um projeto de química que eu estava tendo dificuldades. Desde então, nos tornamos amigos. Depois ele me pediu em namoro.
Minseok riu, lembrando-se do dia em que se conheceram.
— Parece que você tem um talento especial para atrair problemas, Minseok. Mas fico feliz que tenha ajudado a Yejin. — brincou, olhando para a garota, ainda com um sorriso diabólico. — E você, Yejin, o que acha desse nosso amigo aqui? Ele é um bom namorado?
A garota assentiu rapidamente, ainda um pouco nervosa com a presença de Hansol e dos outros dois morenos.
— Sim, ele é um ótimo namorado. Sempre está disposto a me ajudar e é muito gentil.
Minseok sorriu, sentindo-se um pouco envergonhado com os elogios.
— Ah, não precisa exagerar, Yejin. Só faço o que qualquer namorado faria. — coçou a nuca.
Hansol balançou a cabeça, ainda sorrindo.
— Bem, parece que você tem sorte de ter encontrado alguém como Minseok. — ele deu um tapinha nas costas do Lee — Mas ele pode ser um babaca às vezes.
— Vai se ferrar, Kang.
O garoto lhe mostrou o dedo.
— É bem inusitado você estar namorando, Minseok. Mas você está certo, o Hansol é o único solteiro. — Sunghoon gargalhou.
— Vai queimar minha fita mesmo, Sunghoon?
Park deu de ombros.
— Relaxa, Hansol, você não é o único cara solteiro. — Jay falou, tentando ajudar o amigo. — Eu também sou um cara solteiro.
O clima pesou.
Jay tentou sorrir para dispersar o momento, mas não deu muito certo.
— Você não é solteiro, Jong-seong. — Sunghoon falou em tom de repreensão. — Para com isso.
Ele não disse nada.
Yejin ficou sem graça, abraçando o namorado para disfarçar.
Hansol foi rápido quando disse:
— Caras, o Sanwoo tá meio distante, né?
Park franziu o cenho.
— Quem é Sanwoo? — perguntou.
— O cara novo do time.
— Porra, é verdade! — Minseok concordou. — Esse cara sempre me pareceu suspeito.
— Pra mim também. — Park falou. — Eu também não vi ele esses últimos dias na escola.
Hansol olhou ao redor, certificando-se de que ninguém mais estava ouvindo, apesar de que estavam em uma festa, rodeados de pessoas completamente desconhecidas e uma música alta estourando.
— Será que ele tá escondendo alguma coisa? — perguntou, baixando a voz.
Jay deu de ombros, mas seus olhos estavam curiosos.
— Talvez devêssemos investigar — sugeriu Minseok, com um brilho travesso no olhar.
Sunghoon assentiu, concordando.
— Vamos descobrir o que está acontecendo com o Sanwoo. Quem sabe ele só precise de amigos.
— Eu não vou perder meu tempo com isso. Vocês que se virem. — Park balbuciou. — Nunca fui com a cara dele.
A conversa se estendeu para outro assunto. Suas mãos estavam com bebidas e os corpos se moviam em uma dança lenta. As horas foram passando e eles continuaram curtindo daquela forma até meia-noite.
Tudo estava indo dentro dos conformes até que Yejin fixou seu olhar em um ponto específico e falou antes que pudesse conter:
— Aquele não é o presidente Jungwon? — apontou na direção em que olhava.
Como um radar, Jay virou-se de uma vez, engolindo em seco ao ver seu namorado ali, com um copo de alguma bebida na mão, dançando com um cara aleatório. Os corpos estavam muito longe um do outro, mas ainda assim Park sentiu como se tivesse levado uma facada em seu peito.
— Nossa, ele superou muito rápido. — a garota falou. — O namorado não tinha traído ele?
Minseok apertou a cintura dela com um pouco mais de força, indicando para que ela ficasse calada. Ela entendeu perfeitamente.
Jay voltou-se para ela com sangue nos olhos.
— Eu não traí meu namorado. — preferiu, irritado. — Não trai!
Yejin engoliu em seco, nervosa.
— M-me desculpa, Jay! Eu não s-sabia que você era o namorado dele.
— Eu sou, porra! E se você não sabia devia ter ficado calada.
Ele falou, virando-se na mesma direção em que Jungwon estava, pronto para ir até lá. Uma mão o segurou.
— Você acha que vai aonde? — Sunghoon perguntou.
— Aonde? Vou levar meu garoto embora.
— Cara, ele só tá se divertindo. Assim como você.
— Com outro puto? — ergueu uma sobrancelha.
— Eles estão longe um do outro, Jay. O Jungwon nem deve saber quem esse cara é.
— Você que pensa, hyung. Você que pensa.
Sunghoon suspirou, tentando manter a calma.
— Jay, você precisa confiar no Jungwon. Ele não faria nada para te machucar. Mesmo com tudo isso entre vocês, ele não seria capaz.
Jong-seong olhou para Sunghoon, ainda com raiva, mas um pouco mais calmo.
— Eu confio nele, hyung. Mas ver isso... doi, sabe? — engoliu em seco. — Ele está a duas semanas me ignorando completamente, disse que me ama e que ainda estamos juntos mas que precisa de um tempo. Ele não devia estar aqui. Nem eu.
Sunghoon assentiu, compreensivo.
— Eu sei, cara. Mas você precisa conversar com ele, não fazer uma cena aqui. Deixa ele se divertir
O moreno respirou fundo, tentando se acalmar. Sunghoon estava certo.
— Tá bom. Eu vou falar com ele depois.
Park sorriu, aliviado.
— Isso, garoto. Agora vamos aproveitar a festa, uh?
Ele assentiu, ainda um pouco abalado, mas decidido a resolver as coisas de forma madura. Ele olhou para Jungwon mais uma vez, sentindo o amor e a dor misturados em seu peito, mas determinado a confiar e resolver as coisas com uma conversa sincera.
Então, o grupo de amigos permaneceu por mais uma hora naquele círculo, Jay estava em alerta a todo momento.
Enquanto os amigos estavam sorrindo e bebendo, ele estava a todo momento encarando o ruivo que a essas horas já havia notado a presença dele ali. Ele tentava a todo custo se controlar e não ir até o namorado, mas estava complicado. Depois de mais alguns minutos, ele notou que o ruivo estava completamente bêbado.
Jay tocou no ombro de Sunghoon.
— Eu vou lá, Hoon. — sentiu seu lábio tremer. — Ele nem sabe mais onde está. Tá bêbado pra caralho.
Hoon olhou para o namorado do amigo, vendo ele cambaleando.
— Vai lá. Tira ele daqui. Pega meu carro, eu me viro pra voltar.
O moreno assentiu e foi em direção ao menor.
Ao ver Jay se aproximando, Jungwon fez algo que nunca imaginou fazer. Ele puxou a pessoa que estava ao seu lado sem saber se era homem ou mulher, e a beijou.
Jay parou no meio do caminho, sentindo seu coração se partir ao ver a cena. Ele não conseguia acreditar no que estava vendo. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ele respirou fundo, tentando manter a calma.
Ao tentar avançar, Sunghoon o segurou.
— Jay…
— M-m solta, hyung. — pediu, a voz trêmula.
A contra gosto, Jung o soltou.
Ele seguiu até o ruivo, sentindo sua cabeça doer ao ver seu garoto beijando outro bem em sua frente.
— Jungwon! — gritou, a voz tremendo.
O ruivo se afastou da pessoa que estava beijando e olhou para Jay, os olhos turvos de álcool. Ele piscou algumas vezes, tentando focar.
— Jay? — murmurou, confuso.
Park se aproximou rapidamente, segurando-o pelos ombros.
— O que você está fazendo? — perguntou, a voz cheia de dor.
Jungwon piscou novamente, parecendo finalmente perceber a gravidade da situação.
— Eu... eu não sei... — gaguejou, tentando se equilibrar.
— Ele estava me beijando, cara. Você é cego? — outra voz surgiu.
Jay respirou fundo, sentindo a raiva e a tristeza se misturarem dentro dele. Ele encarou o cara.
— Doyoon, cala a porra da sua boca.
— O que foi, Park? Doeu? Mas chifre trocado não doi. — estalou a língua no céu da boca.
Antes que pudesse se conter, Park avançou em cima do co-capitão, esmurrando seu rosto.
Doyoon cambaleou para trás com o impacto, mas rapidamente recuperou o equilíbrio, um sorriso provocador no rosto.
— É isso aí, Park. Mostra quem manda — ele zombou, limpando o sangue do lábio.
Jay estava prestes a avançar novamente quando sentiu mãos fortes segurando seus braços. Ele se virou e viu Sunghoon e Minseok, ambos com expressões sérias.
— Jay, para! — Sunghoon ordenou, segurando-o firme.
— Não vale a pena, cara — Minseok acrescentou, tentando acalmar o amigo.
Jay respirou fundo, tentando controlar a raiva que fervia dentro dele. Ele olhou para Jungwon, que estava encostado na parede, os olhos cheios de lágrimas e confusão.
— Vamos embora daqui — disse, a voz mais calma, mas ainda carregada de emoção.
Sunghoon e Minseok ajudaram a guiar Jungwon para fora da festa, enquanto Jay seguia logo atrás, lançando um último olhar de advertência para Doyoon.
— Isso não acabou, Doyoon — ele murmurou, antes de se virar e sair.
Do lado de fora, o ar fresco da noite ajudou a clarear um pouco a mente de Jay. Ele precisava conversar com Jungwon, mas agora não era o momento. Primeiro, ele precisava garantir que ele estivesse seguro e longe de qualquer confusão.
— Vamos para casa, Jungwon — ele disse suavemente, ajudando o namorado a entrar no carro. — A gente conversa depois.
O ruivo assentiu, ainda atordoado, e se deixou ser levado. Enquanto dirigia, Jay sentiu a tensão começar a diminuir, mas sabia que a verdadeira batalha ainda estava por vir.
Ao que avançava pelas ruas frientas, Park não conseguia afastar os pensamentos do que havia acontecido. A imagem de Jungwon beijando Doyoon estava gravada em sua mente, e ele sentia uma mistura de dor, raiva e confusão.
Como isso pôde acontecer? Se perguntou, apertando o volante com força.
Ele olhou para Jungwon pelo retrovisor. O ruivo estava encostado no banco, os olhos fechados, claramente exausto e ainda sob o efeito do álcool. Jay suspirou, sentindo uma onda de tristeza.
isso foi demais. Pensou, tentando entender os próprios sentimentos.
— Park… — o ruivo o chamou do banco de trás.
Park respirou fundo, engolindo a vontade de chorar.
— Você precisa descansar — disse suavemente.
O ruivinho piscou os olhos, olhando para o garoto à frente com uma expressão de arrependimento.
— Desculpa, Parkzinho... eu não queria... — ele começou, mas o moreno o interrompeu.
— Shh, não agora. Vamos conversar quando você estiver melhor, ok? — ele disse, tentando manter a calma.
Jungwon assentiu lentamente, fechando os olhos novamente. Jay o olhou uma última vez, o observando querer adormecer.
— Eu te amo, Wonie... — sussurrou, sentindo uma lágrima escorrer pelo rosto.
O ruivo fechou os olhos, se entregando ao sono.
— Você está bêbado demais. — disse para si mesmo. — Foi tudo culpa minha. Se eu tivesse te tirado de lá antes, essa merda não tinha acontecido, porra!
Ele sentiu mais uma lágrima escorrer pelo rosto. Ignorando a dor forte que sentia no peito, acelerou o carro.
• 🥕 •
Assim que chegaram na casa do ruivo, Jay desceu rapidamente do carro e abriu a porta do banco de trás. Com cuidado, passou uma das mãos pela cintura dele e a outra por trás das coxas. Com um pequeno impulso, ele ergueu o corpo adormecido do namorado e o retirou do veículo.
O carregando no estilo noiva, Jay seguiu pelas ruas frias até a porta da casa grande e escura. Se passava das uma da manhã e os pais do garoto já estavam dormindo. Fazendo um pouco mais de esforço para tocar a campainha enquanto segurava o ruivinho no colo, ele finalmente conseguiu.
Sua mente deu um giro de 360°, com medo da reação dos sogros ao ver o filho deles naquele estado, completamente bêbado e adormecido nos braços do cara que provavelmente o fez beber daquele jeito. Jay já estava tão pertubado que já achava que até os mais velhos pensam que aquilo foi sua culpa. Talvez tenha sido.
Depois de mais três toques, passos foram ouvidos. A porta foi aberta e a imagem de Yang Minji surgiu. Seus olhos estavam ainda mais pequenos por conta do sono e ela estava completamente perdida no pijama grande demais para ela, provavelmente seria do marido. Os pés estavam cobertos por pantufas fofas cor de rosa e uma touca de cetim abraçava os fios ruivos de sua cabeça.
Os olhos que estavam pequenos, se arregalaram ao ver os dois garotos parados do lado de fora.
— Jay? O que faz aqui a essa hora? O Won adormeceu? — perguntou confusa.
O moreno engoliu em seco.
— Ele está bêbado, tia Minji. Muito. — decidiu ser sincero.
A mulher arregalou ainda mais os olhos.
— Ai, meu Deus! Entre, querido.
Ela deu espaço para o garoto entrar e assim ele fez. Com cuidado, ele deitou o ruivo no sofá e Minji subiu as escadas às pressas, em busca do marido.
Jay observou a mulher enquanto ela subia as escadas. Ele se ajoelhou ao lado do sofá, ajeitando um cobertor, o jogando sobre o corpo adormecido de Jungwon. O ruivo murmurou algo inaudível, se mexendo levemente, mas não acordou.
— Desculpe, Won — sussurrou, acariciando suavemente os cabelos do namorado.
Minutos depois, Minji desceu as escadas acompanhada do marido. O homem, ainda meio sonolento, arregalou os olhos ao ver o filho naquele estado.
— O que aconteceu? — perguntou, a voz grave carregada de preocupação.
— Ele bebeu demais, senhor Yang. Eu... eu não deveria ter deixado isso acontecer — admitiu, sentindo a culpa pesar ainda mais.
Hyun-woo suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Ele foi sozinho, garoto, não se cobre tanto. Vocês se encontram por acaso.
— Ainda assim, eu devia ter cuidado dele.
— O importante é que ele está seguro agora. Vamos levá-lo para o quarto.
Ele assentiu.
Jay ergueu Jungwon e o carregou escada acima. Minji seguiu logo atrás, lançando um olhar preocupado para o marido.
Dentro do quarto, o moreno deitou o menor em sua cama, o cobrindo. Ele olhou para os sogros, aflito.
— Ainda bem que você estava lá, Jong-seong. Obrigada por trazê-lo em segurança. — Minji o agradeceu.
— Essa é minha obrigação como namorado. — sorriu.
Apesar do sorriso, a feição melancólica dele não passou despercebida pelo homem.
— O que foi, moleque? — perguntou.
Jay engoliu em seco. Minji se preocupou ainda mais.
— Eu e o Wonie ainda namoramos, o senhor sabe, não sabe?
— Uh. — anuiou.
— Eu a-acho que o Won me traiu... — engoliu em seco. — Eu sei que não tenho nenhum direito de falar isso depois de tudo o que aconteceu, mas acho que é a verdade.
Os Yang se entreolharam, confusos.
— O que está dizendo, querido? Eu não tô entendendo.
Minji caminhou até ele ao ver que seus olhos vacilaram e uma lágrima rolou.
— P-podemos ir para outro lugar? Eu sei que ele está dormindo, mas não quero arriscar.
Assentindo, os mais velhos guiaram o garoto até seu quarto, com feições confusas e preocupadas.
Até o momento, Jay nunca havia pisado os pés dentro do quarto dos sogros e agora estava ali para falar o que tanto o afligia. Com as mãos tremendo, ele esperou ser convidado para sentar e o fez minutos depois. A cama grande e confortável para ele parecia um piso de pedregulhos, que o cortava aos poucos com suas pontas afiadas.
— Nos diga o que aconteceu nessa festa, querido. — falou Somin, aflita.
Um longo suspiro escapou dos lábios do moreno.
— Nós fomos com pessoas diferentes, eu ao menos sabia que o Won estaria lá. Eu não queria ir, mas meu melhor amigo me convenceu a sair de casa. Se eu soubesse, jamais teria saído... — fungou. — E-eu o vi e queria falar com ele, mas meu amigo não deixou. Então eu fiquei observando ele discretamente até ver que ele já havia passado dos limites na bebida. Então decidi trazer ele pra casa antes que algo pior acontecesse.
Minji agarrou o braço do marido, o olhando aflita. Jay continuou.
— Eu fui na direção dele para tirá-lo dali. Ele me viu e... beijou um cara que estava do lado dele. — suspirou. — E esse cara me odeia por eu ser melhor que ele em absolutamente tudo.
A mulher apertou o braço de Hyun-woo com mais força, paralisada com o que acabara de ouvir.
— T-talvez ele queria que eu sentisse a mesma coisa que ele. Mas é diferente, porque eu não o trai.
— Querido, isso deve ter sido muito difícil de ver — Minji falou, ainda paralisada. — Mas precisamos entender melhor o que aconteceu. Você tem certeza de que ele estava consciente do que estava fazendo? O Jungwon te ama.
A mulher falou, não querendo proteger o filho do erro que havia cometido, apenas tentando enteder melhor a situação. Com aflição nos rostos, os três desceram as escadas até a sala, com medo que Jungwon pudesse escutar a conversa, mesmo que os quartos fossem um pouco afastados.
Sentado no sofá, Jay balançou a cabeça, as lágrimas agora caindo livremente.
— Eu não sei... Ele estava tão bêbado. Mas o jeito que ele olhou para mim depois... parecia que ele sabia exatamente o que estava fazendo. E isso me destruiu. — tentou mandar as lágrimas embora, mas quanto mais limpava, mas caíam. — E-eu sei que ele está machucado, mas eu também estou. É difícil.
Os Yang trocaram olhares preocupados. Minji se aproximou do garoto, envolvendo-o em um abraço apertado.
— Vamos resolver isso juntos, ok? — disse ela, tentando manter a calma na voz. — Precisamos falar com Wonie quando ele acordar e entender o que realmente aconteceu. Não tire conclusões precipitadas até termos todas as respostas.
— Não importa o que de fato aconteceu. Não importa se ele me traiu ou não, eu já o perdoei. — limpou as lágrimas pela última vez. — O amor que sinto pelo Jungwon é maior que qualquer ressentimento.
Falou com clareza, embora a dor em seu peito não diminuísse.
— Obrigado por me ouvirem — murmurou ele, sentindo-se um pouco mais aliviado por ter compartilhado seu fardo.
Minji acariciou seu cabelo, oferecendo um sorriso reconfortante.
— Estamos aqui para você, querido. Sempre estaremos.
Para a surpresa de todos, aquele foi Hyun-woo.
Nesse momento, um Jungwon sonolento desceu as escadas, coçando os olhos. Seu rosto estava amassado e o álcool ainda circulava em seu sangue. Ao ver o moreno, fez uma caretinha.
Ele parou no meio da escada, piscando lentamente enquanto tentava focar em Jay. Parecia confuso e um pouco desorientado.
— Jong-seong? O que você está fazendo aqui? — perguntou, a voz arrastada pelo sono e pelo álcool.
O moreno sentiu um aperto no peito ao ouvir o apelido carinhoso, mas manteve a calma. Ele se levantou lentamente, tentando não deixar transparecer a dor que sentia.
— Precisamos conversar, ruivinho — engoliu em seco. — Sobre o que aconteceu na festa.
Jungwon franziu a testa, tentando lembrar. Ele desceu o restante das escadas e se aproximou do mais velho, ainda coçando os olhos.
— Festa? — murmurou, confuso. — Ah, a festa... O que tem ela?
Minji observava a cena com preocupação, enquanto Hyun-woo se mantinha em silêncio, respeitando o momento.
— Você estava muito bêbado, Won — Jay começou, tentando ser cuidadoso. — E você... você beijou um cara na frente de todo mundo. Na m-minha frente.
O ruivo arregalou os olhos, a confusão dando lugar a um lampejo de compreensão.
— Eu... eu fiz o quê? — sussurrou, a voz tremendo.
Jay assentiu, sentindo as lágrimas voltarem aos seus olhos.
— Sim, Won. E eu preciso saber... você sabia o que estava fazendo? — chorou. — Você realmente fez aquilo com consciência?
Jungwon balançou a cabeça, as lágrimas começando a se formar em seus próprios olhos.
— Eu... eu não sei. Eu estava tão bêbado. Eu sinto muito. Eu nunca quis te machucar. M-mas talvez naquele momento eu realmente tenha...
— Yang Jungwon!
O ruivo se assustou ao ouvir o tom de voz tão alto sair pela garganta de seu pai. Ele tremeu.
— P-papai?
— Eu não te eduquei para fazer isso, Jungwon. Você sabe o quão doloroso foi para você quando a mesma coisa te aconteceu. — respirou fundo, tentando se manter calmo. — Então por que fez a mesma coisa com seu namorado?
A sala ficou em silêncio.
Minji não ousou interferir na fala do marido e Jay voltou a se sentar, observando tudo calado. Jungwon sentiu o peso das palavras de seu pai como um golpe no peito.
— Eu... eu não sei, papai. Eu estava tão perdido... — murmurou, a voz trêmula. — Eu só... eu só queria esquecer por um momento.
Hyun-woo respirou fundo, tentando controlar a raiva e a decepção que sentia.
— Esquecer o quê, Jungwon? — perguntou ele, a voz mais calma, mas ainda firme. — O que estava te incomodando tanto a ponto de fazer algo assim? Eu sei tudo o que ele aquele filho da puta fez a você. E eu prometi a você e a mim mesmo que não deixaria isso acontecer novamente, não deixei?
Jungwon olhou para o chão, incapaz de encarar o olhar de seu pai. Mas ainda assim, assentiu.
— Quando toda essa merda aconteceu, minha maior vontade foi acabar com aquele moleque da pior forma possível. — apontou para Jay, que tinha seus olhos perdidos. — Mas então você me disse que sabia que ele não seria capaz de traí-lo. Me disse que só estava confuso, mas sabia que ele não te traiu. Então por que fez isso com ele? Por que o machucou da forma que você não suportaria ter sido machucado?
— P-papai... — fungou.
— Eu juro que estou tentando pensar em um motivo para você ter feito isso, Jungwon.
Suspirando, o ruivo encarou o pai.
— Eu... eu estava com medo. Medo de não ser bom o suficiente. Medo de que ele percebesse que merece alguém melhor. — confessou, as lágrimas caindo livremente agora. — E-eu fiquei muitos dias o ignorando como uma maldita criança mimada, então achei que...
Jay, que estava sentado em silêncio, sentiu seu coração apertar ao ouvir as palavras de Jungwon. Ele se levantou e se aproximou do namorado, segurando suas mãos.
— Won, você é mais do que suficiente para mim. — acariciou as mãos dele com os polegares. — Eu te amo pelo que você é, com todos os seus defeitos e qualidades. Mas precisamos ser honestos um com o outro. Se você estava se sentindo assim, deveria ter me contado. Eu não me importaria em continuar sendo ignorado por você, Jungwon. M-mas isso...
Jungwon olhou para o namorado, os olhos cheios de arrependimento.
— Eu sei, Jay, eu sei. Eu fui um covarde. Eu deveria ter falado com você em vez de tentar fugir dos meus sentimentos. — disse ele, apertando as mãos de Jay quando foi até ele. — Eu não deveria ter feito o que fiz com você, Jay. Eu não deveria!
Hyun-woo observou a cena, sentindo uma sensação de alívio.
— Jungwon, meu amor, você precisa entender que confiança é a base de qualquer relacionamento. — disse, a voz mais suave agora. — Se você realmente ama o Jay, precisa ser honesto e transparente com ele.
Minji finalmente se aproximou, colocando uma mão reconfortante no ombro do filho.
Park suspirou.
— Precisamos resolver isso, Won. Eu te amo, mas não posso ignorar o que aconteceu. — falou, se afastando do ruivo.
Atordoado, Jungwon se afastou da mãe e deu um passo à frente, tentando segurar a mão dele novamente.
— Por favor, Jong-seong…
O moreno negou.
— Vamos conversar mais tarde, Won. Quando você estiver mais sóbrio. Por agora, descanse. Precisamos de clareza para resolver isso.
Com um sorriso, Park se aproximou e em um ato que considerou normal para os namorados, selou os seus lábios com os do ruivo.
Assustado, Jungwon o empurrou com força, o fazendo cambalear para trás, quase indo ao chão. Assim que se recuperou, sua cabeça foi para o lado com força ao ser atingido por um soco em seu maxilar. Os Yang arregalaram os olhos enquanto Jungwon levou as mãos até a boca.
Jay levou a mão ao maxilar, sentindo a dor do impacto. Ele olhou para o ruivo, confuso e magoado.
— Jungwon, o-o que foi isso? — perguntou, a voz trêmula.
Jungwon, ainda em choque, abaixou as mãos lentamente, os olhos arregalados de medo e arrependimento.
— Eu... eu não sei o que aconteceu. Eu só... — ele gaguejou, tentando encontrar as palavras. — Eu não queria te machucar. Eu estava assustado. Por um segundo e-eu vi... ele...
Hyun-woo deu um passo à frente, a expressão severa.
— Jungwon! — gritou, exasperado.
Minji se aproximou de Jay, verificando se ele estava bem.
— Você está machucado, querido? — perguntou, preocupada.
Jay balançou a cabeça, ainda tentando processar o que havia acontecido.
— Estou bem, tia Minji. Só... surpreso. — respondeu, olhando para Jungwon com tristeza. — Wonie, eu só queria te mostrar que ainda te amo, apesar de tudo, eu não imaginei que... Desculpa.
Jungwon começou a chorar, sentindo-se completamente perdido.
— Eu sinto muito, Jay. Eu não sei o que deu em mim. — disse, a voz embargada. — Eu preciso de ajuda. Eu não quero perder você.
Hyun-woo suspirou, tentando manter a calma.
— Jungwon, você precisa entender que suas ações têm consequências. — murmurou, mais suavemente desta vez. — Vamos procurar ajuda para você. Mas você precisa estar disposto a mudar.
Jay se aproximou de Jungwon novamente, desta vez com mais cautela.
— Descansa, Jungwon. Eu vou embora.
Jungwon negou, ainda chorando.
— Não, querido. Está muito tarde. — Minji suspirou, apelando para que ele ficasse. — Durma aqui.
— Não posso. Eu vim no carro de um amigo, preciso ir buscá-lo na festa.
Mesmo preocupada com o garoto, a mulher assentiu, deixando que ele fosse.
No entanto, assim que ele deu as costas aos presentes na sala e seguiu até a porta, Jungwon correu até ele, puxando seu braço com força.
— Você vai mesmo embora? Vamos conversar, Jay...
— Jungwon, você está muito agitado. Ainda está sob efeito da bebida e é melhor conversarmos apenas quando você se sentir bem o suficiente para não fazer mais nada de errado. — suspirou, puxando seu braço do aperto dele.
O ruivo engoliu em seco, sentindo a raiva borbulhar dentro de si. Estava confuso, com medo, com ódio. Tudo misturado em sua cabeça.
— Por que está sendo tão ingrato? — perguntou, com lágrimas nos olhos. — Eu sei que não tenho direito algum de te perguntar isso depois de tudo o que eu fiz, mas eu não estou bem. Custa me entender ao menos um pouquinho?
Ao ouvir aquilo, fora impossível o moreno segurar uma risadinha sarcástica e comedida. Ele olhou para o garoto de cima a baixo, levando as mãos à cintura. Sua cabeça doía.
— Eu te entendo, Jungwon. Te entendo pra caralho. — suspirou, levando ar para os pulmões. — A questão é quando você irá me entender. Quando você vai deixar esse medo de lado e vai tentar seguir em frente ao menos uma vez. — explodiu, falando tudo o que pensava e estava entalado a muito tempo.
As lágrimas rolaram dos olhos de ambos os garotos. Jungwon se sentia encurralado, enquanto Jay podia sentir o sangue pulsar em suas veias. Os pais do ruivo se afastaram aos poucos, deixando que eles pudessem conversar a sós.
— Você diz que entende, mas não entende. — suspirou, balançando a cabeça. — Você não sabe o que eu passei para poder agir assim! Eu aguentei muito e calado!
— Eu sei o que você passou, Jungwon! Eu estava lá! — suas lágrimas caíram com mais força. — Eu estava lá com você mesmo de longe. E essa porra não justifica você agir assim!
Enfurecido ao extremo, o ruivo passou a estapear o peito do namorado com raiva, tentando evitar sua dor.
— Você estava comigo? Estava comigo, Jay? — gritou, sentido o peito doer. — VOCÊ NÃO ME AJUDOU EM NADA NAQUELE MOMENTO!
Jay segurou os pulsos de Jungwon, tentando acalmá-lo, mas a dor e a raiva nos olhos do ruivo eram intensas.
— Nós nos odiávamos. Como você pode ter me ajudado com isso?
— Você me odiava, Jungwon.
— Por que você me deu motivos para te odiar!
— Eu tentei te ajudar! Eu te ajudei! — Jay gritou, a voz embargada. — Eu fiz o que pude, mas você não me deixou entrar. Você se fechou para mim!
Jungwon se desvencilhou das mãos dele, dando um passo para trás, ofegante.
— Eu me fechei porque estava com medo! — ele gritou de volta. — Medo de me envolver com outro alguém, medo de ser machucado novamente! Eu não queria que você visse o quão quebrado eu estava!
O moreno deu um passo à frente, a expressão tristonha.
— Mas eu queria estar lá para você. — disse, a voz mais suave agora.
— Não, Jay! Você não estava! Você perdia o seu tempo me irritando e pegando todo mundo! Você não estava lá pra mim nem pra ninguém, é por isso que a Soha nos inferniza tanto. Porque você fez ela ficar assim! — falou tudo de uma única vez, respirando ruidosamente. — Você é a porra de um babaca ingrato!
Sentindo seu peito arder, Jay abriu os lábios e nada deles saiu.
Ele sentiu um nó se formar em sua garganta, a raiva e a culpa se misturando em seu peito. Agora ele se sentia um idiota por ter perdido tanto de sua vida se dedicando a alguém que não reconhecia seus esforços, e a acusação de ser ingrato o atingiu como um soco no estômago.
As palavras de Jungwon ecoavam em sua mente, fazendo-o questionar todas as suas ações. Ele queria gritar, queria se defender, mas sabia que o mais novo estava certo em muitos aspectos. A dor de ver o amor de sua vida tão machucado e ressentido o consumia, e ele se sentia impotente, sem saber como consertar tudo.
Mas também já estava cansado. Estava cansado de se esforçar tanto e não ser agradecido, de se importar tanto e ser odiado por algo que ele não fez. Seus olhos arderam e a expressão se fechou.
— Você está certo. Eu sou a porra de um babaca. Sou um idiota, um filho da puta, tudo o que você achar que eu sou. — ofegou, o peito ardendo. — Mas o ingrato aqui é você, Jungwon.
— Você não-
— Eu sei o quão difícil é passar por tudo o que você passou. Maz você não reconhece quem está ao seu lado, querendo te ajudar. — o interrompeu. — E isso te faz um ingrato.
Jungwon tentou dizer algo, mas as lágrimas voltaram com força, sentindo toda a dor de ser atingido com as palavras verdadeiras do moreno.
— Eu sou mesmo um babaca. Mas foi esse babaca aqui que mais te ajudou quando sua vida passou a se tornar uma merda. Foi esse babaca que cuidou de você bem de longe, porque você me odiava tanto que não me permitia se aproximar de você. — trincou os dentes, fechando os punhos com força. — Foi a porra desse babaca que mandou aquele idiota do caralho para o quintos dos infernos para ter ver um pouco melhor!
Jungwon sentiu as palavras de Jay como facadas em seu coração, cada uma delas trazendo à tona a dor e a culpa que ele tentava suprimir. As lágrimas caíam livremente enquanto ele encarava o namorado, a raiva e a tristeza se misturando em seus olhos.
A verdade era dolorosa, e Jungwon se sentia esmagado pelo peso de suas próprias ações e pela percepção de que, apesar de tudo, Jay nunca havia desistido dele. Sentindo-se completamente vulnerável, ele caiu de joelhos, soluçando, incapaz de encontrar as palavras para expressar o turbilhão de emoções que o consumia, as lágrimas caindo livremente.
— J-Jong-seong, o que você e-está dizendo...?
O moreno limpou as próprias lágrimas com brutalidade.
— Estou dizendo que o filho da puta do Jaewon só se mandou porque eu ameacei. Eu disse que se ele não fosse embora e te deixasse em paz, eu contaria tudo o que ele fez ao papaizinho dele. — engoliu o nó que se formou na garganta. — Ele só foi embora porque eu mandei ele ir. Ele não ia ficar quieto caso tivesse permanecido na Jaywon High, e eu não permitiria isso nunca.
Com um último suspiro, Jay abriu a porta e se foi na escuridão.
Sozinho e largado no chão, Jungwon gritou alto, se culpando de todas as formas possíveis.
O ruivo ficou ali, ajoelhado no chão, os gritos de dor ecoando pela casa. Ele sentia como se seu coração estivesse sendo rasgado em pedaços, a culpa e o arrependimento o consumindo. As palavras de Jay reverberavam em sua mente, cada uma delas uma lembrança dolorosa de como ele havia afastado o único namorado que realmente se importava com ele.
Minji e Hyun-woo, que haviam se afastado para dar espaço aos dois, voltaram para a sala ao ouvir os gritos do filho. A mulher correu até ele, envolvendo-o em um abraço apertado, enquanto Hyun-woo se ajoelhou ao lado deles, colocando uma mão reconfortante no ombro do filho.
— Meu amor, calma. — Minji também começou a chorar. — Vai ficar tudo bem.
Jungwon soluçava no ombro da mãe, sentindo-se um pouco mais seguro com o apoio dos pais. Sua cabeça doía e ele pensava na dificuldade que seria para reconquistar a confiança de Jay e lidar com seus próprios demônios, mas naquele momento, ele se permitiu sentir o conforto do amor incondicional de sua família.
— Eu sinto muito, mamãe, papai. — murmurou, a voz quebrada. — E-eu estraguei tudo.
Hyun-woo apertou o ombro dele, oferecendo um sorriso encorajador.
— Vamos dormir agora. — disse ele. — Quando for mais tarde veremos como iremos resolver isso.
Jungwon assentiu, ainda chorando.
— Eu não quero perder ele... — disse, a voz ainda trêmula. — M-mas isso está acontecendo por causa das minhas ações. Eu vou fazer o que for preciso para consertar isso.
Os pais trocaram um olhar de compreensão e amor, sabendo que, apesar de tudo, o filho tinha a força necessária para superar essa tempestade. E com o apoio deles, ele não estaria sozinho nessa jornada.
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