[🏀 + 25] - Viagem de férias

O dormitório do ruivo estava uma bagunça. Havia roupas espalhadas por todos os lados, malas abertas esperando para serem preenchidas e conversas paralelas inssecantes.

Heeseung tentava colocar na cabeça de Sunoo que não valeria a pena levar uma roupa de grife para um resort à beira-mar, enquanto o loiro indubitável, alegava que deveria estar bem bonito nas fotos. Jungwon revirava os olhos a cada nova argumentação dos dois e sorria, se ocupando em arrumar a própria mala.

Jihoon, um pouco mais afastado dos mais velhos, dobrava algumas peças de roupas frias para o clima de verão que se aproximava. Ele ajudava o ruivinho a dobrar suas peças já que não iria para a viagem por ainda cursar o segundo ano. Jungwon agradeceu assim que recebeu uma calça dobrada perfeitamente.

No tempo em que Jungwon e Jihoon arrumaram duas malas do ruivo, Heeseung e Sunoo ainda discutiam de forma acirrada.

─── Onde você acha que vai usar isso, Kim Sunoo? Pelo amor de Deus, você está indo para um resort e não para um desfile da Vogue!

O loiro revirou os olho, já enfiando a peça de roupa em sua mala.

─── Eu não posso simplesmente aparecer nas fotos desarrumado, hyung! O que minha mãe iria dizer caso me visse agredindo a moda? Além de que eu preciso ficar muito gostoso porque tenho dois namorados!

Jungwon gargalhou da discussão sem perna nem cabeça dos amigos e Woozi o acompanhou

─── Leva essa droga então! Mas depois não venha choramingar em meus pés reclamando do calor.

Sunoo deu de ombros e lançou um beijinho desdenhoso para o mais velho, pegando mais algumas peças de roupas de grife caríssimas.

Heeseung também se empenhou em arrumar suas próprias malas enquanto Jungwon já havia terminado as suas.

─── Se vocês não tivessem perdido tanto tempo em uma discussão idiota, também já teriam acabado. — falou, chamando a atenção de ambos.

─── Nem começa, Jungwon. Você só acabou porque o Woozi te ajudou.

O ruivo se fez de sonso.

─── Posso ajudar vocês também, hyungs. — Jihoon sorriu gigante.

─── Eu quero Woozi! — Sun quase gritou. ─── Me ajuda com aquela ali.

O garoto mais novo se juntou ao loiro e Jungwon fora até o mais velho. Com cuidado, terminaram de arrumar as malas dos outros dois que faltavam.

Cansados, sentaram-se no chão, em círculo.

─── É uma pena que você não vai, Woozi. — Jungwon falou.

─── Bem, não será tão ruim assim já que passarei esses dias com o Mingyu. — corou.

─── E ele não vai com a gente?

─── Não. Disse que ficaria comigo. Eu insisti para que ele fosse mas aquele garoto é muito teimoso!

Sunoo olhou para ele com um sorrisinho sugestivo.

─── E quando ele vai te pedir em namoro, hein?

Woozi sorriu, cornado até as orelhas.

─── Não sei, hyung. Acho que ele está esperando o momento certo. Mas eu também não quero apressar as coisas.

O loiro assentiu, com um olhar cúmplice.

─── Eu em seu lugar já estaria enlouquecendo! Eu quase matei o Hoon para ele me pedir em namoro logo!

O mais novo sorriu.

─── Mas ele tem juízo, Sunoo. — Lee rebateu.

─── Ah, me erra, Heeseung!

─── Não comecem vocês dois. — Jungwon interveio. ─── O foco não é esse.

─── Verdade — o loiro sorriu, mudando de assunto. ─── Estamos falando sobre o pedido de namoro do Woozi!

O garoto citado sorriu, voltando a ficar corado.

─── Não quero que seja algo muito especial. Eu só espero que ele sinta o mesmo por mim.

Sunoo piscou para ele.

─── Confie em mim, Woozi. Aquela montanha enorme de músculos está caidinho por você. Só precisa dar mais um empurrãozinho. — o incentivou. ─── Ah, e talvez ele queira outra coisa também.

Jungwon revirou os olhos ao ver o sorrisinho malicioso do amigo e Heeseung também sorriu, desacreditado. Jihoon estava ainda mais confuso.

─── O que ele quer?

Sun não hesitou ao falar:

─── Você, bobinho. — sorriu quase maléfico. ─── Você ainda é virgem? Eu posso te ensinar tudo!

O garoto agora se encontrava três vezes mais vermelho.

Enquanto ele procurava algum lugar para esconder a cara, o loiro continuava tagarelando animado, o aconselhando no que vestir e como agir, sem pânico, sem estresse.

─── Não precisa ficar nervoso, Woo. A primeira vez doi mas é só um pouquinho. Depois das três primeiras estocadas você vai se sentir como se estivesse no céu e vai por mim, é uma delícia.

Antes que ele falasse mais alguma coisa e o garoto explodisse de tanta vergonha, Jungwon o calou.

─── Já chega, Sun. Muita informação.

─── Mas eu só queria ajudar, poxa.

─── Ele não precisa da sua ajuda.

Depois da súbita interrupção na aula de educação sexual e como fazer a sua primeira vez ser perfeita, os quatro amigos permaneceram no dormitório do loiro e do ruivo por mais alguns minutos, conversando sobre coisas triviais e especulando como seria a viagem.

Sunoo se empolgava mais que os demais e sonhava alto, cismando com o amigo presidente do conselho estudantil por não ter providenciado um quarto privativo para ele e seus namorados também. Ele surtava dizendo que seria impossível se divertir no meio da noite com mais uma pessoa.

Porém, todas as suas reclamações não surtiram efeito nenhum no mais novo e ele fingia não ser com ele a quem o loiro se referia, o deixando ainda mais irritado.

Eles ficaram jogando conversa fora até o fim da tarde.

• 🥕 •

A noite havia chegado horas depois. A maioria dos estudantes se encontram em lugares diferentes da escola enquanto outros já se encontravam em seus dormitórios. O jantar já havia passado e agora se aproximava das vinte e uma horas.

Todos os alunos do último ano sairiam para a viagem às cinco da manhã do dia seguinte e deveriam dormir antes das vinte duas, mas como tudo era resumido em um grupo de jovens energéticos, talvez aquilo não funcionasse como o esperado.

Jay e Jungwon estavam sentados em uma mesa na cafeteria da escola, conversando baixinho para que o tempo passasse. As luzes fluorescentes criavam um ambiente acolhedor enquanto o casal comia uma fatia de bolo de chocolate junto a milkshakes; o ruivo tomava um de morango enquanto o do moreno era de baunilha.

Já fazia alguns minutos desde que eles haviam chegado ao local e trocaram poucas palavras, ficando em um silêncio confortável. Mas Jungwon não conseguia ficar quieto por muito tempo e estava espumando de ansiedade para o dia seguinte.

─── Como acha que será amanhã? — perguntou ao namorado, animado.

Jay sorriu de sua empolgação e ao engolir o pedaço de massa que mastigava, respondeu:

─── Não sei. Mas vou viver na praia.

O ruivo sorriu.

─── Acho que não.

Park franziu o cenho.

─── Por que não?

─── Porque terá horários e dias para irmos à praia.

─── Tá brincando, não tá?

─── Não. Não iremos de férias. Mas terá festas e outras atividades. Isso será explicado melhor amanhã.

O moreno concordou, meio desanimado.

─── Mas para qual resort iremos? Não lembro de ter ouvido minha mãe falar qual seria.

O ruivinho olhou para o namorado com um sorrisinho bonito.

─── Nós vamos para o Hanwha Resort Haeundae, fica há uma hora daqui. — explicou com cautela ─── É um lugar incrível, com vistas deslumbrantes para o mar e uma variedade de atividades para aproveitar.

─── Foi você que organizou isso tudo, não foi?

─── Não fiz sozinho. Os representantes do conselho também me ajudaram. Mas não conseguimos reservar o lugar só para nós, então terá mais pessoas.

─── De boa. Eu tenho um quarto só meu e do meu namorado. — sorriu safado.

─── Você deveria me agradecer por esse quarto. Foi um saco conseguir ele só para nós dois.

Jay sorriu, o puxando pela nuca. Os dedos longos se emaranharam nos fios ruivos e os lábios finos tocaram os cheinhos em um beijo quente, misturando os sabores dos milkshakes.

O beijo se aprofundou, e novamente aquela sensação de ser o último bombardeou o moreno. Os lábios se moviam em sincronia, explorando e reacendendo a paixão que sempre existira entre eles.

Sorrindo, Jungwon apartou o ósculo, fazendo um carinho singelo na mandíbula bem marcada do namorado.

─── Quando penso que a Soha vai estar lá até fico triste. — Jungwon comentou de repente.

Park fez uma careta.

─── Também não gosto nem um pouco disso. Mas relaxa, o lugar é grande e as chances de nos encontrarmos com ela são quase nulas.

─── Você sabe como ela pode ser insiste, Jay. Se ela decidir cismar com a gente, poderíamos estar até mesmo no Brasil que ela chegaria até nós. — suspirou.

─── Não fica assim não, ruivinho. — acariciou as bochechas vermelhinhas. ─── Prometo que não vou deixar ela estragar nossa paz.

─── Não prometa o que não pode cumprir, Jay.

O moreno arqueou uma sobrancelha.

─── Eu sei que a Soha é insuportável, mas não vou deixar que ela estrague nosso tempo juntos, Jungwon. Prometo que não vou deixar que ela faça merda.

Jungwon suspirou, apreciando o carinho do namorado.

─── Você é teimoso, Park Jong-seong. — rebateu ─── Sabe que isso não depende de você ou de mim, não sabe? Só depende dela.

─── Eu sei, gatinho, mas se nós não dermos atenção ela não vai ter público para fazer as maluquices dela.

O ruivo concordou e fora puxando novamente para mais um beijo.

Jungwon suspirou, sentindo o calor do corpo do namorado se espalhar por sua pele enquanto os lábios dele se moviam contra os seus. Os ofegos que escapavam de seus lábios só dava mais energia ao moreno para continuar.

─── Eu te amo, príncipe. — Park sussurrou entre os beijos, os dedos acariciando a nuca do mais novo.

Jungwon sorriu, apertando mais os olhos.

O beijo continuou lento e delicioso, desnorteando ambos. As mãos de Jungwon descansavam nos ombros largos enquanto as do moreno permaneciam em seus cabelos. Minutos se passaram com os dois assim, grudados pelos lábios.

Contudo, o momento de carinho entre o casal teve fim quando passos surgiram ao redor e uma voz mesquinha e irritante proferiu:

─── Oh, que lindinhos.

Aquela voz irritante era bastante conhecida pelos garotos; Im Soha.

Jay decidiu ignorá-la e continuou beijando os lábios tão atraentes do namorado. Mas Jungwon não conseguia continuar sabendo que estava sendo observado justamente pela garota que queria acabar com seu relacionamento.

Ao desgrudar as bocas, o ruivo encarou a Im, encontrando-a acompanhada de mais uma garota que também fazia parte das líderes de torcida.

─── O que você quer aqui, Soha? — Park perguntou secamente.

A garota levou a mão ao peito, fingindo estar ofendida.

─── Nossa, Jayzinho, eu só vim parabenizar o casal lindo que vocês são.

Jungwon revirou os olhos.

─── Vai embora, Soha.

Soha sorriu com falsa doçura, os olhos estreitados.

─── Ah, Jungwonzinho, sempre tão delicado. — falou fingindo simpatia. Era possível ver o veneno escorrendo. ─── Não se preocupe, não vou atrapalhar o romance de vocês. Apenas achei que deveria dar meus parabéns pessoalmente.

A outra líder de torcida, uma loira alta e esguia, riu.

─── Parabéns mesmo, Jay. Você conseguiu pegar o mais cobiçado do colégio.

O moreno apertou a mandíbula, mas manteve a calma.

─── Obrigado, mas acho que vocês têm assuntos mais importantes para cuidar.

Soha deu de ombros.

─── Talvez. Mas não posso deixar de admirar o quanto vocês dois são... compatíveis.

Jungwon sentiu o sangue ferver.

─── Vocês podem admirar à vontade, mas façam isso de longe. — apertou os punhos. ─── E é um tanto suspeito vocês virem desejar felicitações depois de dois meses que estamos namorando.

A garota morena segurou como pôde para não revirar os olhos.

─── Ah, jura? Eu não sabia.

Mas Jungwon não controlou o revirar de seus olhos.

─── Não se faça de sonsa, Soha. Esses dois meses você vem tentando nos separar.

Soha cruzou os braços, o sorriso presunçoso nos lábios.

─── Vocês dois são tão fofos juntos, como eu poderia fazer uma coisa dessas? — novamente fingiu estar ofendida. ─── Mal posso esperar para ver como será o final dessa história.

O tatuado respirou fundo, tentando manter a calma.

─── Não temos tempo para suas provocações, Soha. Vá cuidar da sua própria vida.

Ele então puxou Jungwon pela mão, afastando-se minimamente das líderes de torcida.

Elas os seguiram.

─── Bem, já que vocês não querem meu apoio, então fiquem com meu desprezo. — proferiu, atônita. ─── Vocês nunca irão funcionar juntos!

─── Concordo. — a outra garota sussurrou.

─── Vocês não combinam nem um pouco.

Jungwon respirou fundo, parando de andar e  encarando Soha com fúria.

─── Você não tem o direito de interferir na nossa relação, Soha. Goste ou não, estamos bem juntos.

A garota riu, os olhos faiscando de raiva.

─── Ah, Jungwon, você é tão ingênuo. Ele só está com você porque não tem opções melhores.

Ao ouvir aquilo, Jay deu um passo à frente, mas parou ao sentir o toque do menor. As palavras atingiram Jungwon como um soco no estômago, mas ele se manteve firme.

─── Você não sabe nada sobre nós. Jay me ama de verdade, e eu confio nele. — falou de forma sussurrada, mesmo sem dever explicações alguma a garota.

Soha perdeu a paciência.

─── Confia? Ele não te ama, Jungwon! Você é apenas um passatempo para ele assim como todos os outros! Ela vai te trair uma hora ou outra.

O ruivo sentiu as lágrimas ameaçando, mas não deixou que elas caíssem.

─── Tá maluca, porra? Com que direito você fala isso? Tá achando que é quem? — Jay gritou, se exaltando.

Ela gargalhou.

─── Viu só, Jungwonzinho? Ele sequer sabe te defender.

Jungwon olhou nos olhos de Soha, a raiva pulsando em suas veias.

─── Você pode pensar o que quiser, mas Jong-seong escolheu estar comigo. Eu não sou uma segunda opção, muito menos um passatempo.

Ela riu, desdenhosa.

─── Você é tão iludido, Jungwon. Jay sempre volta para mim.

Jungwon respirou fundo, segurando as lágrimas.

─── Se ele voltar, então nunca foi meu de verdade. — proferiu uma última vez antes de sair dali.

Jay o seguiu, preocupado com a sua fala e reação. Os dois seguiram pelos corredores até o dormitório do mais novo sem falar nada.

Com raiva transbordando em seus olhos, o ruivo abriu a porta de seu quarto com força, entrando enquanto pisava forte no chão.

─── Arg! Eu odeio ela!

Jay entrou logo em seguida, buscando a cintura do namorado para acalmá-lo.

─── Calma, meu amor. Não adianta se estressar.

─── Por que você se envolveu com ela, Park?

O moreno suspirou, encaixando o rosto na curva do pescoço branquinho e cheiroso.

─── Isso é o que eu me pergunto todos os dias. — frustrou-se. ─── Na verdade ela que me convenceu a primeira vez, e a segunda. Agora que já tem dezessete não vai nos deixar em paz nem tão cedo.

Jungwon se afastou um pouco, o suficiente para conseguir girar o corpo e ficar de frente para o namorado, o encarando confuso.

─── Como assim?

Jay novamente suspirou.

Antes de começar a falar, ele guiou o ruivinho até a cama dele e sentou-se, fazendo ele sentar em seu colo. Com cuidado, acariciou as coxas cobertas e confessou:

─── A primeira vez que nós ficamos eu estava um pouco hesitante porque ela só tinha 16 anos. Ela me convenceu de que três anos não era muita coisa, e realmente não é, mas ela era bem nova pra mim, né? — perguntou e o ruivo concordou. ─── Eu sei que foi um erro ter ficado com ela, mas naquela época eu era um babaca e não me importei. A primeira vez se tornou uma segunda e a segunda uma terceira e quando eu vi, a merda já estava feita.

Jungwon ouvia tudo com atenção, tentando entender o ponto da conversa.

─── Ela não saiu do meu pé e por mais que fosse irritante, eu deixei que ficasse. Até que ela voltou a correr atrás de mim no dia que me deu aqueles biscoitos de chocolate que você ficou doidinho pra comer. — sorriu ao ver o ruivo revirar os olhos.

─── Pelo menos estavam gostosos.

Jay continuou:

─── A partir desse dia ela não parou de me perseguir e o meu erro foi não ter me importando. Não me importei em ter ela ao meu encalço a todo momento porque na minha cabeça ela era a única que estava se prejudicando já que deixei bem claro que ia ser só uma noite. Mas eu fui burro novamente quando parei de pegar mais pessoas e foquei só nela. Isso alugou um triplex na mente maluca dela.

─── E aí foi o momento que ela achou que vocês estavam namorando. — concluiu a linha de raciocínio dele.

─── É, foi. Ela me falou que por ainda ser menor de idade eu só poderia assumir ela quando completasse 17 anos. Mas eu não queria assumir ela. Eu sequer havia me apaixonado por alguém. — suspirou ─── E aí eu errei outra vez quando não desmentir as loucuras dela em falar que nós namoravamos.

Jungwon se emburrou. Lembrava bem daquilo.

─── Ela ainda tá paranoica com a questão de você assumir ela? — perguntou desconfortável. ─── Já que ela já tem 17 anos...

─── Eu não sei, gatinho. Mas é a Soha, não é? Não duvido nada.

─── Ela que lute então. Porque eu sou o único que você ama.

Jay gargalhou da súbita crise de ciúmes.

─── Sim, amor. Você é o único que eu amo. — o beijou.

─── Não vamos falar mais dela, uh? Eu quero ficar com você.

Assentindo, Park voltou a beijá-lo com carinho, tocando sua cintura com delicadeza. O ruivo suspirou baixinho em meio ao beijo, se entregando completamente ao namorado.

Ao perceber que Jay aprofundava o beijo e que passou a lhe apertar com mais desejo, Jungwon decidiu encerrar o contato.

─── Chega, nós temos que dormir. — tentou falar em meio aos toques dele.

─── Só mais um pouquinho, amor...

─── Não, Jay. Amanhã nós precisamos acordar cedo.

─── Não posso nem te beijar mais? Que porra.

─── Eu sei que você não quer só me beijar, idiota.

Park sorriu safado, finalmente o liberando.

Jungwon se deitou confortavelmente em seu lado da cama, cobrindo até o pescoço com o lençol. O moreno o acompanhou, mas antes que pudesse deitar, foi impedido pelo namorado.

─── Vá apagar a luz. — falou mandão.

Jay arqueou a sobrancelha, mas fez o que lhe foi mandado.

─── Folgado.

Ele sorriu, voltando para a cama e se agarrando ao ruivo, ficando em uma conchinha confortável. Sem ao menos perceberem, ambos caíram no sono.

• 🥕 •

Jay acordou algumas vezes durante a madrugada, se movimentando inquieto sob os lençois. Sentia uma sensação ruim e um gosto amargo na boca ao ter pensamentos que sempre levava ao fim de algo.

Em meio a todo aquele caos, sua mão e da cintura afinada apertava ainda mais o contato, trazendo o mais novo para seu peito. A escuridão da madrugada friorenta envolvia o quarto, e Jay lutava contra os demônios internos que o atormentavam.

O gosto amargo persistia, como se a própria angústia tivesse sabor. Ele apertou ainda mais o corpo do outro, buscando conforto e segurança. O calor da pele de Jungwon era um bálsamo, e o coração acelerado de ambos parecia encontrar um ritmo em comum.

O silêncio era quebrado apenas pelo som suave da respiração, e o moreno se permitiu afundar naquele abraço, buscando refúgio contra as sombras que o assombravam. Ele tentou descansar com o rosto enfiado no pescoço cheiroso, mas não conseguiu.

Quando o despertador tocou às cinco da manhã, ele ainda não havia pregado o olho ou descansado a mente. No entanto, sabendo que precisaria estar de pé naquele momento, levantou-se coçando os olhos.

Então arrastou-se até o banheiro, os olhos pesados de sono. A água quente do chuveiro o envolveu, dissipando a sonolência e trazendo-o de volta à realidade. Ele esfregou o cabelo com força, como se pudesse lavar as preocupações junto com o xampu.

O vapor encheu o ambiente, e Jay fechou os olhos, permitindo que a sensação de limpeza o revitalizasse. Após alguns minutos no banho, foi até o quarto com uma toalha envolta da cintura. Desorganizado como sempre fora, sua roupa ainda estava jogada por algum lugar no armário do ruivo.

Os dias em que barganhava com Sunoo para ficar em seu lugar no dormitório e dormir com o namorado, serviu para que uma pilha de suas roupas ficassem emaranhadas com as de Jungwon.

Ele hesitou por um momento, a toalha ainda presa em sua cintura. O quarto estava mergulhado em sombras suaves, e o cheiro de sabonete ainda pairava no ar. Ele se aproximou do armário, com os dedos buscando entre as roupas misturadas. Puxou a primeira peça que apareceu.

Ele a pegou, sentindo a textura macia do tecido. Vestiu a camiseta, deixando que o calor dela o envolvesse. Soltou a toalha no chão e vestiu a cueca, colocando uma calça skinny com alguns rasgos nos joelhos. O tecido que pouco esticava, marca as curvas das coxas bem torneadas, o deixando ainda mais atraente.

Para os fios rebeldes e molhados, passou os dedos em movimentos frenéticos, deixando-os secarem naturalmente. Ainda tenso e com os ombros nada relaxados, voltou-se para a cama, encontrando o ruivinho dormindo profundamente.

Então, a sensação que antes sentia e o gosto amargo foram embora com o vento ao ver o rosto sereno do garoto que fazia seu coração bater tão forte. Ele se aproximou da cama, observando Jungwon com carinho. Os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro, os lábios entreabertos em um sono tranquilo.

Com cuidado, o moreno deitou-se ao lado do menor, aconchegando-se sob os lençois. Ele estendeu a mão e acariciou o rosto do namorado, traçando os contornos suaves. Jungwon murmurou algo ininteligível, mas não acordou.

Park sorriu, sentindo o coração se acalmar. Sem nem saber mais qual fora o motivo para a sua inquietação e insônia, passou a tocar o queixo pequeno e deixou leves selares no biquinho adorável que ele tinha nos lábios.

─── Amor. — sussurrou com calma.

Jungwon se moveu, ainda de olhos fechados.

E como um bobo apaixonado, o moreno sentiu seu peito apertar ao ter que acordar o ruivinho que descansava solenemente. Mas o tempo passava e os minutos corriam, denunciando que logo estavam atrasados.

─── Gatinho, precisa acordar. — sussurrou novamente, tocando a bochecha gordinha.

O ruivo suspirou, os cílios roçando suavemente contra a pele do rebelde. Ele se virou na cama, buscando o calor do corpo do namorado. Os lábios de Jungwon encontraram os de Jay em um beijo preguiçoso, como se estivessem compartilhando um segredo. Finalmente abriu os olhos.

─── Bom dia. — balbuciou com a voz rouca pelo sono.

Park sorriu largamente.

─── Bom dia, príncipe.

Jungwon piscou algumas vezes, ainda sonolento. A luz do sol aos poucos invadia o quarto, criando padrões dourados nas paredes. Ele se espreguiçou, os músculos se alongando preguiçosamente.

─── Que horas são? — murmurou, esfregando os olhos. ─── Estamos atrasados?

Jong-seong riu, acariciando o cabelo ruivo.

─── São quase seis horas e ainda não estamos atrasados. — ele se inclinou e beijou a testa do namorado. ─── Além disso, estou ansioso para chegarmos. Quero aproveitar cada segundo com você.

O menor sorriu, sentindo-se aquecido por dentro. Ele puxou o mais velho para mais perto, abraçando-o com força.

─── Eu também quero aproveitar cada segundo com você. — murmurou. ─── Mas antes, acho que preciso de um banho e um café.

Jay riu novamente, beijando os lábios de Jungwon com carinho.

─── Vá tomar banho então. — o beijou uma última vez. ─── Vou buscar nossa comida. Café da manhã com o meu príncipe.

O ruivo assentiu, levantando-se assim que o maior também levantou. Jay seguiu pelos corredores indo até a cafeteria da escola e Jungwon seguiu até o banheiro.

Jungwon entrou no banheiro, deixando a porta entreaberta. O vapor já havia preenchido o ambiente, e ele se despiu com pressa, jogando as roupas no cesto de roupa suja. A água quente do chuveiro o envolveu, e ele suspirou, sentindo os músculos relaxarem e o sono ir embora.

Enquanto a água escorria pelo seu corpo, fechou os olhos, deixando que a sensação boa e leve o tomasse. Optou por não lavar o cabelo já que havia feito no dia anterior. Passou o sabonete pelo corpo, sorrindo pela imagem do moreno o beijando que ainda estava fresca em sua mente.

Enquanto o ruivo tomava banho, Jay saiu do quarto com os passos leves ecoando nos corredores. O sol da manhã iluminava o caminho, e ele se dirigiu à cafeteria da escola. O cheiro de café fresco e pão recém-assado o envolveu, despertando ainda mais os seus sentidos.

Na fila, ele cumprimentou alguns conhecidos com um sorriso. A barriga roncava, e ele estava ansioso para o café da manhã como o amado. Enquanto esperava, ele observou os outros estudantes: alguns conversavam animadamente, outros ansiosos para o fim do ano letivo.

Quando chegou sua vez, ele pegou uma bandeja e escolheu um pãozinho recheado com queijo e presunto. O aroma era irresistível. Finalmente, com a bandeja cheia, ele se dirigiu novamente para o dormitório do namorado, o encontrando já vestido, terminando de secar o cabelo.

Jungwon usava uma camisa branca de mangas curtas, de corte justo ao redor do torso. A gola é arredondada e a camiseta parece ter sido feita de um tecido macio. Usava também uma calça de cintura alta em um padrão espinha de peixe, com tons de cinza. Ela é pregueada na frente, o que adiciona volume, e afunila ligeiramente em direção às bainhas, desenhando perfeitamente o corpo esbelto.

Completando o conjunto simples porém formal, o ruivo usa também um par de tênis brancos com detalhes em roxo, que contrastam com o estilo da calça de alfaiataria. Jay se encontrava com a boca no chão.

Ao perceber a presença do moreno ali, Jungwon vira-se lentamente, o encontrado com uma expressão fascinada no rosto. Sorriu sem graça.

─── O que foi? — perguntou meio sem jeito.

Jay se aproximou dele, deixando a bandeja com o café da manhã em cima da escrivaninha que ele se arrumava e tocou sua cintura, o trazendo mas para perto de si.

─── Você está lindo. — confessou, quase como se estivesse enfeitiçado. ─── Lindo pra cacete.

Ele voltou a dar mais uma olhada rápida no corpo do ruivo, notando outra vez o qual belo estava. Os fios laranjas deixavam o conjunto de roupas escolhido ainda mais elegante.

Jungwon soltou um risinho.

─── Obrigado. Você também está muito bonito.

Park franziu o cenho, afastando-se um pouco para que o menor pudesse observá-lo.

Ele usava uma camiseta simples preta, também de mangas curtas e gola arredondada. O tecido fino moldava perfeitamente a sua silhueta, o deixando mais corpulento. A calça que vestia também era bastante simples; uma jeans skinny de lavagem clara com rasgos enormes nos joelhos. Em seus pés, um tênis preto.

─── Eu tô simples pra caralho e tu todo bonitinho. Não quero ir mais.

Jungwon gargalhou.

─── Para, Seong! Você está lindo!

─── Estou mesmo?

─── Está.

Jay sorriu, voltando a puxá-lo para perto. Não perdeu mais tempo em atacar os lábios atraentes e brilhosos pelo famoso gloss de melancia.

Suas mãos correram rapidamente da cintura afinada para a barriga lisinha por dentro do tecido da camiseta, sentindo o contraste da pele quente com a mão gelada. Seus dedos apertaram ambos os mamilos rosinhas que ao sentir o toque endureceram.

Os gemidos que escapavam da boca do ruivo alucinava o moreno de modo que ele não controlava a força que usava nos toques brutos. No entanto, ambos gostavam de um pouco de dor. O beijo era desajeitado e os dentes se batiam. O piercing do moreno se enroscava nas línguas desesperadas. Estava bom, mas não tinham tempo para continuar.

─── J-Jong-seong, já chega. — Jungwon tentou dizer em meio aos beijos calorosos. ─── Vamos comer logo, precisamos sair em 15 minutos.

Jay o ignorou completamente e aprofundou o beijo, acariciando os biquinhos eriçados com mais precisão. Os lábios se moviam afoitos, em busca de mais contato.

─── Para, amor... — choramingou.

─── Só mais um pouquinho.

Só mais um pouquinho. Sempre que o moreno falava aquilo eles passavam minutos a fio com os lábios grudados, sem nenhum pretexto para pararem com o ósculo. Jungwon não reclamaria daquilo se não tivessem que sair em menos de 20 minutos e ainda comerem.

Para piorar, Jay continuava acariciando seus mamilos na maior cara dura enquanto ainda o beijava com fome. Em dado momento do beijo, Park passou a lamber e chupar o pescoço branquinho, louco para deixar várias marquinhas ali. Ele sugou a pele para dentro de sua boca e mordeu levemente a região.

Jungwon gemeu contido, querendo se livrar do garoto cheio de fogo, mas sem saber como. Ficar excitado naquela hora da manhã quando precisavam sair não estava em seus planos. Arrumando coragem, finalmente empurrou o namorado pelos ombros.

─── Jay, já chega. Prometo que depois te beijo o quanto quiser.

O moreno o olhou desconfiado.

─── Promete mesmo? — quis confirmar, ainda amaciando os mamilos durinhos.

─── P-prometo, uh!

O ruivinho deixou que mais um gemido escapasse-lhe a garganta ao sentir um aperto mais forte em seu peito esquerdo.

─── Tira a mão daí!

Park sorriu cínico, apertando com mais força.

─── Um piercing aqui ia acabar com minha sanidade de vez. — sussurrou ao pé do ouvido dele, mordendo o lóbulo. ─── Ia ficar ainda mais gostoso, ruivinho.

O menor ofegou, suando frio.

─── I-isso não é pra mim, Park Jong-seong! — afastou-se dele antes que perdesse de vez o controle. ─── Vamos comer.

Jay sorriu roucamente, indo até ele.

Ambos sentaram no chão e começaram a comer o que o moreno havia trago. O pão estava fresquinho e o cheiro do café era inconfundível. Apesar de ambos não serem tão fãs da cafeína, optaram por tal bebida para terminarem de acordar.

O moreno sorriu, observando o outro com interesse. Ele pegou a xícara de café e ofereceu ao companheiro, que aceitou com gratidão. Os dois compartilharam um momento de silêncio, apreciando a simplicidade daquele instante. Jay partiu o pão e ofereceu um pedaço ao ruivinho, e juntos, eles continuaram a desfrutar daquela refeição improvisada.

No entanto, os olhares que o mais velho soltava para o ruivinho o fizeram encará-lo de volta. Park sorria sugestivo enquanto levava um pedaço de pão à boca.

─── Por que está me olhando com essa cara de tarado? — perguntou desconfiado.

─── Não posso evitar, amor — sorriu safado. ─── Você me enlouquece.

Ele revirou os olhos.

─── Apenas coma, Park.

Jay assentiu e passou a comer lentamente, ainda o observando.

Jungwon parecia mais apressado que o normal. Ele comia sem ao menos mastigar direito e a todo momento verificava as horas. Se irritou ao ver que o namorado não comia.

─── Vamos logo antes que o ônibus chegue, Jay! — disse, tomando um gole de café com pressa.

O tatuado riu, balançando a cabeça.

─── Calma, bebê. A gente tem tempo.

O ruivo não estava interessado em esperar. Ele devorou a refeição como se estivesse competindo contra o relógio, e o moreno apenas sorriu.

Quando enfim finalizaram, ambos seguiram para fora do colégio, em busca do ônibus. O ruivo, com os olhos estreitos, lançou um olhar impaciente ao namorado que andava devagar de propósito.

─── Rápido, Jay! Você vai nos atrasar ainda mais! — resmungou.

Park levou as mãos aos bolsos, descansado.

─── Quando você estava gemendo com a boca colada na minha não reclamou do atraso, não foi? — reclamou, rindo da feição irritada do ruivo.

Jungwon sentiu seu rosto esquentar e teve certeza de que estava completamente vermelho quando o namorado riu ainda mais de si.

─── Cala a boca!

Jay gargalhou novamente.

O ônibus escolar estava prestes a partir, e o ruivo bufou, subindo a bordo com passos rápidos. O rebelde correu atrás dele, ainda sorridente.

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