Quase três meses haviam se passado. E com eles, várias coisas haviam acontecendo.

Era final do mês de setembro e até essa data muitas coisas aconteceram. No início do mês, Jay completou 20 anos e comemorou em família junto ao namorado. Já havia completado dois meses de namoro e o casal sempre comemorava juntinhos, aproveitando o momento.

Ambos faziam questão de mostrar a bela aliança dourada que brilhava em seus dedos para quem sempre acreditou que eles não funcionariam juntos. Mas, nem tudo estava tão calmo. Soha sempre que podia estava perturbando o jovem casal, seja com palavras ofensivas ou com atos inapropriados.

Certa vez, a garota chegou até mesmo fingir uma topada ao ver os dois garotos no corredor, caindo por cima do moreno e apalpando seu peitoral com o impacto. Park franziu o cenho, e com muita paciência, ajudou-a a se erguer enquanto Jungwon apenas revirou os olhos e falou com um tom de desdém para que ela tomasse cuidado e olhasse para o chão ao andar.

Também ocorreu de ela cismar com as alianças que o casal usava. Ela sempre fazia questão de relembrar o quanto irredutível o moreno era em relação a usar tal acessório. Soha jurava que quando eles tinham uma relação parecida com um relacionamento o qual tem direito a pedido e tudo mais, Jay nunca mostrou interesse em compartilhar aliança, tampouco combinando.

Em uma dessas crises da morena, Jungwon chegou até mesmo a ficar com pena e achar que ela pudesse de fato, gostar do seu namorado ao ponto de fazer de tudo para tê-lo, apenas não sabia fazer da forma correta. Mesmo que Jay negasse todas as suas investidas, ela continuava tentando incansavelmente.

O ruivo já tentou até mesmo virar uma espécie de amigo para a garota e tentou ajudá-la por diversas vezes a "superar" seja lá o que ela já tivesse tido com o mais velho, mas ela sempre gritava e falava que não o suportava.

Ela estava insuportável como nunca fora antes. Também, um pouco estranha. Suas atitudes eram impulsivas e às vezes tinha surtos de bipolaridade. Se iria importunar o casal ou não, dependia de seu humor. Quando ela queria, fazia o inferno na terra e quando estava de bem com a vida, simplesmente ignorava a existência deles. E hoje estava sendo um desses dias.

Faltando apenas menos de uma semana para as aulas acabarem e as tão sonhadas férias chegarem, tudo parecia mais estressante. E aquele, sem sombras de dúvidas, era o pior final de ano escolar para o recente casal. Agora, se aproximava das treze horas, e Jungwon e Jay estavam deitados na cama do ruivo em seu dormitório após o almoço.

Sempre no final do último semestre, não havia mais conteúdos para serem passados e os alunos ficavam apenas transitando pela escola. Por ser um colégio interno, não podiam ir para suas casas mesmo que não houvessem aulas. Park sempre odiou aquilo, mas esse ano era diferente. Esse ano ele tinha um namorado para passar seu tempo. Sunoo assim que podia trocar o lugar no dormitório com o moreno não perdia tempo. Ele ia ficar com os dois namorados enquanto Jay ficava com o ruivo. E era exatamente assim que eles estavam. Abraçados, enquanto conversavam baixinho esperando o tempo passar.

Ambos se entreolharam, os olhos escuros do moreno encontrando os de Jungwon, que brilhavam com uma mistura de ansiedade e carinho. O silêncio entre eles era confortável, como se as palavras não fossem necessárias. Apenas a presença um do outro bastava para preencher o espaço.

Jay passou os dedos pelos cabelos do menor, afastando uma mecha rebelde que caía sobre sua testa. O ruivo suspirou, fechando os olhos por um momento.

─── Você acha que vamos conseguir passar por isso? - perguntou ele, sua voz suave e carregada de preocupação. ─── Sabe, enfrentar a vida profissional e adulta, aturar a Soha e mais de um milhão de coisas...

Park sorriu, seus lábios roçando levemente contra os do namorado. Ele queria passar todo o conforto possível para ele.

─── Nós sempre conseguimos, não é? Mesmo quando as coisas parecem difíceis, nós encontramos um jeito. - acariciou o rosto do ruivinho, traçando o contorno de sua mandíbula. ─── E agora temos um ao outro.

─── Espero que consigamos.

Jay assentiu, seus olhos fixos nos lábios de Jungwon.

Olhar para o ruivo era como ver um mar de águas calmas e cristalinas e ter uma súbita vontade de se jogar de cabeça. Ficar lá e relaxar por horas, esquecendo-se do mundo externo e focando somente em seu descanso.

─── Eu te amo. - Park sussurrou, como se a confissão fosse um segredo precioso.

Jungwon riu baixinho, mas também se sentiu culpado.

Ambos já namoravam há dois meses, e sempre que surgia alguma oportunidade, o moreno dizia o quanto amava o mais novo, mas Jungwon nunca estava preparado para dizer tais palavras de volta. Jay sabia que ele também o amava e não o pressionava a dizer aquilo mais cedo. Ele deixava tudo acontecer no tempo do ruivo.

O menor se inclinou para beijar o namorado, seus lábios se encontrando em um beijo doce e apaixonado. Por um segundo, eles esqueceram do que mais o assombrava e apenas se entregaram um ao outro, descansando suas mentes. Ao se separarem, se aconchegaram ainda mais na cama, com os olhos fixos no teto do dormitório. O silêncio pairava entre eles, mas era um silêncio carregado de pensamentos e sonhos.

Jungwon quebrou o silêncio primeiro, olhando para o moreno.

─── O que pretende fazer quando sairmos daqui? Você tem 20 anos agora, é um adulto.

Jay não demorou nem menos que um segundo para dar a resposta que o menor queria ouvir.

─── Quero continuar jogando basquete. É o que me faz sentir vivo, sabe? A quadra é onde eu pertenço.

─── Você é incrível no basquete, amor. Tenho certeza de que vai brilhar ainda mais nas quadras.

O moreno sorriu, se sentido em paz.

─── E você, gatinho? O que quer fazer?

Jungwon suspirou, passando os dedos pelos cabelos ruivos.

─── Eu não sei. Às vezes, sinto como se estivesse flutuando sem rumo. Pensei em advocacia, mas também tenho interesse na área da saúde. Talvez medicina ou enfermagem.

─── Você é tão inteligente, bebê. Tenho certeza de que é ótimo em qualquer uma dessas áreas. Mas o que realmente te chama mais atenção?

Ele franziu o cenho, pensativo.

─── Acho que a ideia de ajudar as pessoas. Seja defendendo seus direitos ou cuidando de sua saúde.

─── Então talvez você possa combinar os dois. - sugeriu.

─── Mas como?

─── Não sei. Você poderia fazer os dois cursos ao mesmo tempo e se tornar profissional em ambos. - sorriu. ─── Tipo um advogado de saúde, sei lá.

O ruivo deixou uma risada contagiante escapar, escondendo o rosto no vão do pescoço do namorado.

─── Isso não existe, besta.

─── Quem sabe? Você pode ser tudo o que quiser. É só se inspirar na Barbie. - deu de ombros.

─── Não dá para me inspirar em uma boneca com mais de duzentas profissões.

─── Claro que dá.

─── Então tente você.

─── Não tô afim. Eu vou seguir carreira no basquete mesmo.

O ruivo concordou, feliz por ele querer continuar fazendo o que gosta.

─── E onde pretende jogar?

Park suspirou, como se sonhasse alto demais.

─── Eu tenho um objetivo. Um sonho que me mantém acordado à noite e me faz treinar incansavelmente. - falou, agora sorridente. Seus músculos tensos de antecipação. ─── Quero jogar profissionalmente na NBA.

Jungwon arregalou os olhos.

─── A NBA? Caramba, meu namorado vai aparecer na TV jogando tão bem que vai me encher de orgulho!

Jay sorriu, afetado pela empolgação do menor.

─── Não se empolgue tanto, talvez esse seja um sonho impossível.

─── Não é, Jay! Você é bom! Muito bom e sabe disso. Você tem potencial, um físico ótimo e é maravilhoso em tudo o que faz! É óbvio que vai conseguir.

Park sorriu, incrivelmente grato.

─── Às vezes sonho com isso. Eu me vejo em uma quadra enorme, driblando, fazendo cestas, ouvindo o rugido da multidão. Isso me faz sentir vivo. Eu quero ser parte desse mundo, fazer história.

O ruivinho se aconchega ainda mais nos braços fortes, encarando o dono deles.

─── E vai, sei que vai e você também sabe. - sorriu. ─── E eu estarei lá, torcendo por você a cada lance, a cada vitória. Serei o seu maior fã.

Park sorriu, acariciando os fios bonitos.

─── Sabe, caso eu não tivesse reprovado por dois anos, eu estaria mais próximo de alcançar esse sonho. Mas não me arrependo disso.

O menor concordou, confuso com a última parte.

─── Bem, você apenas não se interessou muito. Agora está muito melhor que o ano passado e tenho certeza que será aprovado.

Jay negou, sorridente.

─── Não reprovei por falta de interesse. Certo que minhas notas não eram lá essas coisas, mas eram boas o suficiente para que eu conseguisse ser aprovado.

─── Então por que reprovou? - ficou confuso.

─── Para estar ao seu lado.

Jungwon arregalou os olhos.

Ele estava tão surpreso em ouvir aquilo, como se não fosse nada demais pela forma em que o moreno disse, que sua cabeça chegou até mesmo doer pela forma que levantou-se. O ruivo se apoiou na palma da mão e encarou o namorado que sorria, se mostrando bem despreocupado com o que acabou de dizer. As mãos estavam cruzadas atrás da cabeça e o sorriso de lado o deixando com uma feição de cafajeste.

─── Como é? - Jungwon perguntou, ainda surpreso.

─── O que você ouviu, ruivo. Eu reprovei para estar ao seu lado.

─── Você não está falando sério, Jay. Não está.

─── Claro que estou.

Jungwon ofegou. Agora sim seu namorado se assemelhava ao rebelde que sempre foi. Seu sorriso de lado estava cada vez mais sugestivo e seus braços cruzados atrás da cabeça completavam sua feição. Ele fechou os olhos lentamente, fingindo não ver a indignação do ruivo.

─── Você tem noção do que está falando, Park Jay? - perguntou, já sentindo a raiva o consumir.

─── Tenho.

─── Não brinca com isso, Park!

─── Não estou.

Aos poucos, o moreno fora erguendo o torso, abrindo seus olhos com preguiça evidente. Encarou o ruivinho ainda com aquele sorriso que no momento, Jungwon estava odiando.

─── Sabe, quando pensei no que escrever na carta que te dei quando fui te pedir em namoro, eu sabia que de alguma forma teria que encaixar essa parte. - sorriu se aproximando do namorado e beijando seus lábios rapidamente. ─── Eu te escrevi o quanto te amo. Disse que te amo há muito tempo e esse tempo todo, é o período de três anos. Assim que você entrou na escola.

Jungwon abriu a boca, surpreso. Ele ficou atônito, processando as palavras do namorado. Não podia acreditar que o moreno fora capaz de cometer tal loucura apenas para ficar com ele e que havia planejado tudo desde o início, sendo que jurava para si mesmo que o odiava. Seus lábios carnudos ficaram secos de ansiedade e a raiva inicial cedeu espaço à surpresa e ao carinho.

Afetado com aquilo, voltou a se aproximar do garoto deitado que ainda sorria. Por mais que o que ele tenha feito seja sim algo sério e que não deveria ter feito isso, o ruivo estava feliz. Estava muito feliz por saber que Park fizera aquilo apenas para estar ao seu lado, mostrando sua verdadeira índole e que ele faria qualquer outra coisa por ele. Ainda assim, estava perplexo.

Park Jay realmente era um garoto rebelde e aquilo não iria mudar tão cedo, era a sua essência. E ali, Jungwon percebeu que talvez estivesse enganado sobre sua percepção inicial e Park não era o cara errado para ele.

─── Três anos? - ele repetiu, sua voz quase um sussurro sem acreditar. ─── Você... você realmente fez isso por mim?

Jay assentiu, ainda com aquele sorriso travesso nos lábios.

─── Eu queria estar perto de você, amor. E se isso significava reprovar, então eu faria quantas vezes fossem necessárias. - acariciou o rosto do ruivo com o polegar. ─── Eu não sabia o motivo de ter feito isso por duas vezes no início de tudo porque eu jurava te odiar. Mas agora compreendo por quê.

O ruivo sentiu as lágrimas se formando em seus olhos. Não queria ser um empecilho na vida do moreno e acabar o atrasando em sua vida acadêmica, mas ali sentia que não teve tanta culpa do ocorrido, dado que fora uma escolha dele mesmo. Mas ainda assim sentia um tiquinho só de remorso.

Emocionado, Jungwon o surpreendeu quando avançou nele e o abraçou com força, escondendo o rosto em seu peito. Fungados foram ouvidos e Park não pode conter um risinho enquanto retribuía o contato.

─── Seu idiota - Jungwon murmurou. ─── Não devia ter feito isso!

─── Foi mais forte que eu, ruivinho. Não pude conter.

Jungwon sorriu, olhando para ele. Com rapidez grudou os lábios em um beijo doce. Jay levou as mãos até a cintura do menor, aprofundando o contato.

O amor entre eles era palpável, como se o universo conspirasse a favor daquele momento. As palavras de Jay ecoavam no coração de Jungwon, tocando lugares profundos que ele nem sabia que existiam. O ruivo se permitiu afundar ainda mais no abraço quando finalizarem o ósculo, sentindo-se seguro nos braços do moreno.

─── Eu faria tudo de novo, mesmo que isso significasse reprovar mil vezes. - Park sussurrou baixinho para somente o ruivo ouvir, mesmo que não houvesse mais ninguém além dos dois ali. ─── Você vale cada segundo.

Yang ergueu o rosto, olhando nos olhos escuros do namorado. A sinceridade ali o fez perder o fôlego. Ele não conseguia resistir à atração que os unia, à paixão que ardia entre eles. Estava feliz por finalmente conseguir esquecer uma parcela do que lhe aconteceu no passado e seguir em frente com outro alguém, sem medo.

─── Eu faria tudo de novo - Park voltou a confessar, sua voz rouca. ─── Mesmo que isso me levasse ao fundo do poço, eu escolheria você. Sempre irei escolher você.

Jay sorriu ao dizer ao ruivo tudo o que estava entalado em sua garganta há tanto tempo, e antes que pudesse pensar, seus lábios se encontraram novamente. Jungwon estava ofegante e surpreso, e tudo o que queria naquele momento para acalmá-lo os nervos, era a boca do namorado na sua. O beijo era urgente, faminto, como se precisasse daquele contato para sobreviver. Os beijos compartilhados eram sempre tão amorosos e necessitados que confundiam as mentes.

Park deitou o corpo do mais novo com cuidado na cama e ficou por cima, aprofundando o beijo cada vez mais. Suas mãos grandes e desesperadas exploraram o corpo do ruivo, memorizando cada curva, cada detalhe. Os lábios deles se moviam em perfeita sincronia, com dificuldades por conta da força exercida por ambos. O moreno apertava todos os lugares possíveis do menor, sentindo ele se mover embaixo de si e gemer contido entre seus lábios.

Ao finalizarem o contato, Park sorriu para o ruivo, fascinado com sua beleza pura. Os olhos de ambos estavam opacos, bem como as pupilas dilatadas. Os sorrisos eram tão grandes que poderia se assemelhar a uma meia lua. Park saiu de cima do menor e deitou ao seu lado, o aconchegando em seu peito.

─── Você não é um empecilho, amor. Nunca foi. - Jay sussurrou, seus dedos acariciando os cabelos laranjas. ─── Sei que está pensando nisso agora. Eu te conheço há três anos.

Jungwon gargalhou fraquinho, concordando com o moreno. Ele realmente estava pensando aquilo e achava que poderia ser um incômodo agora ele. Mas ao ouvi-lo falar algo contrário, relaxou a mente e o coração.

─── Eu sei! Mas é impossível não sentir um pouquinho de culpa!

─── Não quero que sinta. - sorriu. ─── A única coisa a qual você deve sentir culpado é por ter roubado o meu coração.

─── Meu Deus, Jong-seong! Que brega!

O moreno sorriu lânguido, contornando agora o desenho dos lábios bonitos.

─── Eu sei que você gosta dessas breguices. Você é brega, amor. Nós somos bregas.

O ruivo riu, os olhos brilhando com carinho. Ele se aconchegou ainda mais nos braços do namorado, sentindo o calor bom e aquecedor que seu corpo tinha.

─── Bregas e apaixonados. - murmurou, os dedos traçando círculos preguiçosos no peito de Jay. ─── Acho que é a melhor combinação.

O mais velho beijou o topo da cabeça dele, os lábios macios roçando os fios laranjas.

─── Sem dúvida. E eu não trocaria isso por nada no mundo. - confessou baixinho. ─── Ter você em meus braços é a melhor coisa que existe.

Jungwon concordou com ele. Ficar nos braços fortes dele era sim a melhor coisa que existia. E se aquecendo um no outro, os dois permaneceram ali por muito tempo, abraçados, perdidos em seu próprio mundo brega e cheio de amor.

• 🥕 •

O casal continuou no dormitório do ruivo por mais tempo do que pretendiam. Ficar de chamego era tão bom que ambos esqueceram que ainda estavam na escola.

Apenas quando a voz da diretora Somin ressoou pelas caixas de som espalhadas pelo corredor anunciando que todos os alunos que cursaram seu último ano deveriam comparecer ao saguão principal, fora que eles pularam da cama e correram rapidamente até o local indicado.

Ambos ainda meio preguiçosos e com os cabelos bagunçados, saíram do dormitório e se juntaram à multidão de estudantes no saguão. A diretora estava em pé no pequeno palco, segurando o microfone com firmeza. Seus olhos percorreram pelos alunos, e ela começou a falar com um grande sorriso em seus lábios vermelhos:

─── Meus queridos alunos. - a mulher sorriu mais ainda ao cumprimentá-los. ─── Estamos prestes a iniciar as comemorações de formatura, um momento que ficará marcado em suas memórias para sempre. Vocês enfrentaram desafios, superaram obstáculos e agora estão prontos para seguir em frente, iniciar a vida adulta e profissional.

Os estudantes ali estavam nervosos e ansiosos. Eles estavam prestes a dar um grande passo em suas vidas, e a emoção era palpável no ar. A diretora continuou:

─── Durante as próximas semanas, teremos eventos, festas e momentos e a tão sonhada viagem de encerramento. Aproveitem cada segundo, celebrem suas conquistas e lembrem-se de que vocês são capazes de alcançar grandes feitos!

Ao calar-se por um segundo, a mulher foi aclamada por uma salva de palmas e gritos animados dos alunos. Ela sorriu orgulhosa e tornou a falar:

─── A jornada de cada um de vocês aqui na Jaywon High foi repleta de aprendizado, amizades e desafios. Agora, chegou o momento de se despedir. Um novo passo será dado na vida de vocês e eu desejo o melhor a todos!

Novamente mais palmas cobriram o local, deixando a diretora ainda mais emocionada.

Assim que as palmas cessaram, uma garota perguntou:

─── Para onde iremos esse ano?

─── Oh, então querem saber apenas da viagem?

Somin perguntou brincalhona e um coro estrondoso de "Sim!" fora ouvido. Ela gargalhou fraquinho antes de iniciar mais uma pauta:

─── Bem, a partir de conversas e reuniões realizadas justamente ao conselho estudantil e por sugestão de nosso querido presidente, Jungwonie - a mulher rolou os olhos pelos alunos à procura do genro. Sorriu ao encontrá-lo. ─── Este ano, escolhemos um destino especial para celebrar o fim dessa etapa: um resort à beira-mar. Lá, vocês terão a oportunidade de relaxar, se divertir e criar memórias inesquecíveis. Aproveitem cada segundo, pois essa viagem é um presente merecido!

A plateia aplaudiu mais uma vez, animada. Os alunos vibravam em alegria e vozes ressoavam em agradecimento a Jungwon pela ótima escolha que haviam feito.

Jay sorriu para o namorado o abraçando apertado.

─── Um resort à beira-mar, ruivinho? - perguntou sorridente. ─── De onde tirou isso?

Jungwon piscou para Jay e riu.

─── Sabe como sou ansioso. Quando cismo com algo, procuro ir atrás antes que eu enlouqueça! - respondeu animado.

─── Uh, isso tudo é porque você é um mimadinho e tem tudo o que quer.

─── Não sou mimado, Jay! - botou um bico nos lábios e apontou para a diretora que voltou a falar algo. ─── A senhorita Somin me deu total liberdade para escolher o destino. E, bem, um resort à beira-mar pareceu perfeito para celebrar nossa formatura.

O moreno riu, balançando a cabeça.

─── Você é sim mimado, amor.

O mais novo ignorou o comentário do namorado.

Somin continuou seu discurso, mencionando os detalhes da viagem: as datas, as atividades planejadas e até mesmo a localização exata do resort. Os alunos estavam animados, imaginando dias ensolarados na praia, festas à beira da praia e noites estreladas.

Jay parecia bastante interessado no que sua mãe dizia e a parte em que ela mencionava a hospedagem, chamou-lhe ainda mais atenção. Percebendo tal anseio, o ruivinho inclinou-se para sussurrar no ouvido dele:

─── Teremos nosso próprio quarto privativo.

Park voltou a olhá-lo, os olhos bem abertos mas sem estar surpreso.

─── Às vezes não sei o que de fato você é. - começou, olhando cada detalhe do rostinho bonito. ─── Não sei se é um anjinho ou um demônio que veio para me atormentar

Jungwon riu, abraçando-se ainda mais nele.

─── Talvez eu seja um pouco dos dois - ele murmurou, os lábios roçando suavemente na orelha do namorado. ─── Um anjinho travesso, aqui para te enlouquecer.

O moreno ofegou, firmando o aperto na cintura do menor. Tudo o que queria nesse momento era beijá-lo com pressa, sem se importar com todas aquelas pessoas em sua volta.

─── Bem, você está fazendo um ótimo trabalho nisso. - Park confessou, se inclinando para beijar os lábios bonitos em um selar carinhoso.

O mínimo toque se transformou em um beijo rápido, sem muita língua ou afeto demais. Porém, mesmo com o mínimo contato, foi capaz de atrair olhares curiosos.

Muitos ainda não conseguiam entender como eles iniciaram o relacionamento. Era notável que ambos não se suportavam e se odiavam com todas as forças, então como se apaixonaram tão de repente? Bem, nem eles sabiam.

Após mais algumas falas da diretora Somin, os alunos do último ano enfim foram dispensados e por ser final de semestre, não havia nada para fazer. Os jovens se dispersaram cada um para um lado diferente, seguindo caminhos que achavam convincentes.

Park agarrou a mão do namorado e o tirou do meio daquela multidão, o guiando pelos corredores largos até a quadra. Lá não tinha muitas pessoas, apenas alguns alunos deitados nas arquibancadas descansando e casais abraçados.

─── O que vamos fazer agora?

O ruivo perguntou ao ter sua mão livre do aperto do mais velho.

─── Não sei. Também não sei o motivo de ter vindo pra cá.

Jungwon pareceu confuso no primeiro momento, mas logo sorriu.

─── Ei, vamos jogar!

O moreno soltou um arzinho quente por dentro do nariz, sorrindo.

─── Para eu te humilhar outra vez?

─── Não tem graça, tá legal? Eu sou bom no basquete. Só que naquele dia estava escuro. E por que você ainda lembra disso? Foram há dois meses!

Park sorriu novamente, se aproximando do namorado e beijando seus lábios rapidamente.

─── Você não lembra? Foi o dia em que te pedi em namoro.

─── Isso eu lembro, Jong-seong.

─── Então vamos jogar.

O mais velho beijou o ruivinho novamente e pegou uma bola da prateleira que ficava um pouco distante de onde estavam. Ele voltou com um sorriso radiante nos lábios finos enquanto girava a bola no dedo.

─── Uau. - Jungwon sorriu impressionado.

─── Surpreso, gatinho?

─── Uhum. É muito legal girar a bola assim. Eu nunca consegui.

Jay parou ao seu lado.

─── Um dia desses eu te ensino. Agora vamos jogar, uh?

O ruivo assentiu, ainda com uma dúvida.

─── Como vamos jogar apenas nos dois?

Jungwon olhou para Jay, os olhos brilhando de curiosidade. O mais velho riu, passando a mão pelos cabelos escuros.

─── Bem, ruivinho, podemos inventar algo novo, só para nós dois. O que acha?

Ele pensou por um momento, mordendo o lábio inferior.

─── Que tal um jogo onde temos que fazer cestas? - sugeriu. ─── Vamos lançar a bola em direção a cesta. Se eu acertar, você me dá um beijo. Se eu errar, eu te dou um beijo. O que acha?

Park riu, balançando a cabeça.

─── Uh, que interessante. - sorriu, aproximando-se dele. ─── Posso começar?

─── Pode.

Jay continuava sorrindo quando se preparava para lançar a bola.

O ruivo observava com expectativa enquanto o mais velho se posicionava para o arremesso. Park concentrou-se e lançou a bola. Ela voou pelo ar, girando, e então... A cesta! A bola passou pelo aro com perfeição, e Jungwon não conseguiu conter um sorriso.

─── Incrível! - exclamou, aproximando-se do namorado. ─── Eu já esperava por isso. Você é tão bom.

─── Anos de prática, meu bem. - tocou o queixo dele.

─── Você é ótimo. Não é à toa que é o capitão.

─── Estarei deixando esse posto para outra pessoa. - esclareceu com um brilho opaco no olhar. ─── Foi bom enquanto durou.

Jungwon sorriu, acariciando a mandíbula desenhada.

─── Não fique com essa carinha. Tenho certeza que meu namorado será o maior capitão que a NBA já teve.

Park segurou a cintura do ruivo, o puxando para mais perto. Adorava ouvir ele o chamar de namorado e ter o apoio do garoto que amava o dava ainda mais motivos para continuar.

Sorrindo feito um bobo, Jay acariciou a bochecha quentinha, levando os olhos curiosos e grandes para os lábios cheinhos entreabertos.

─── Não vai me dar a minha recompensa por ter acertado? - perguntou sem desviar o olhar dos lábios bonitos.

Jungwon não respondeu. Ao contrário, beijou o namorado com tanta vontade que alucinou ambas as mentes. Park soltou um ofego baixinho ao sentir o gosto do gloss do ruivo. O leve sabor de melancia deixava sua mente em um turbilhão de pensamentos. Ele que nunca gostou de tal fruta, se perdia nos lábios quentes.

O beijo se intensificou, e ambos não se importaram com as poucas pessoas que estavam ali. As mãos do moreno encontraram o cabelo macio de Jungwon, enquanto os lábios se moviam em perfeita sincronia.

Finalmente, quando a necessidade de ar se tornou inegável, eles se separaram, ofegantes e com os olhos brilhando.

─── Apenas isso? - o ruivo sussurrou, com um sorriso travesso. ─── Acho que você merece algo mais do que essa simples recompensa.

Jay riu, puxando-o para mais perto.

- Concordo. Acho que merecemos explorar outras formas de recompensa.

─── É? E qual tipo de recompensa?

Park deslizou a mão da cintura até a bunda arrebitada, apertando a carne sem muita força. Não precisou dizer nada para que o menor entendesse o que ele queria.

─── Você é um safado!

─── Não posso controlar. Meu namorado não me dá opções.

Jungwon riu, pegando a bola de suas mãos.

─── Agora é a minha vez.

O ruivo respirou fundo, os olhos fixos na cesta. Os músculos de seus braços se contraíram enquanto ele ajustava a postura, os pés firmes no chão. Ele lembrou de todos os movimentos do moreno e a forma que ele se posicionava antes de qualquer arremesso. Com isso em mente, focou na cesta.

Ele não precisa acertar a mesma para ter um beijo do namorado, estava nas regras. Porém, queria mostrar a ele que podia sim ser bom e que sabia como fazer. Quando jogou junto dele e dos gêmeos, conseguiu fazer boas cestas, também conseguiria agora.

Com determinação, Jungwon mirou na cesta e lançou a bola, concentrando-se em cada detalhe do movimento. Ela voou pelo ar, e por um breve instante, o ruivo prendeu a respiração. Soltou o ar com força assim que a bola quicou no aro e... Ela entrou!

Jungwon pulou em comemoração e jogou-se nos braços do moreno, sorrindo em puro êxtase.

O coração de Jay disparou quando viu a bola passar pelo aro. Ele não conseguiu conter o sorriso ao ver Jungwon comemorando. O ruivo era incrível, e aquele momento só reforçava o quanto ele o amava.

─── Incrível, gatinho! - disse, segurando o menor pela cintura. ─── Você está cada vez melhor!

Jungwon riu, os olhos brilhando.

─── Acho que mereço um beijo agora.

─── Acho que você merece mais de um.

Park se inclinou para beijar o namorado, os lábios se encontrando novamente.

Sem pressa o beijo entre eles fluiu, arrancando suspiros apaixonados de ambos. Com muito pesar, Jungwon quebrou o contato.

─── Empatamos - disse ao se afastar minimamente. ─── E agora?

O mais velho sorriu, segurando o rostinho redondo entre as mãos.

─── Agora, acho que merecemos mais um beijo. Concorda?

─── Acabamos de nos beijar, Park.

─── Mas foi tão rápido. - fez um biquinho choroso. ─── Não concorda que precisamos de mais um ou dois?

Jungwon assentiu, sorrindo. Mais uma vez os lábios dos dois se encontraram em um beijo doce e apaixonado. Esse também não durou tanto para o desgosto do moreno. Quando se separaram, o ruivo olhou ao redor, vendo que não havia mais ninguém ali além deles.

Ele rodeou as mãos em torno do pescoço bronzeado do namorado, sorrindo.

─── Como acha que será a viagem? - perguntou sorridente.

─── Nós vamos para um resort, gatinho. Vai ser muito foda.

─── É. Só não vai ser melhor porque a Soha vai. - revirou os olhos.

─── Ah, nem lembre disso. Não sei como vou conseguir aturá-la. Talvez eu converse com a minha mãe para não deixar que ela vá.

Jungwon o olhou tentado, mas desistiu da ideia.

─── Não precisa fazer isso, amor. Ela faz parte do conselho estudantil, precisa estar lá.

─── Eu não suporto mais ela.

O mais novo concordou.

─── Eu também não, mas é precioso. - selou os lábios finos rapidamente. ─── Talvez eu não me controle caso ela tente algo com você.

Park também revirou seus olhos, imaginando a cena.

─── Ela vai tentar. Mas não precisa se preocupar, meu amor. Eu não vou dar atenção a ela.

Eles se entreolharam, o ar carregado de tensão. Parece que sempre que abordavam a morena no assunto o ar pesava de uma forma que tornava as coisas difíceis. Afetado pelo recente assunto, Jungwon apertou as mãos com um pouco de força nos ombros do mais velho, o fazendo fazer uma caretinha.

─── Eu sei que ela não respeita o espaço pessoal de ninguém, ainda mais de quem ela quer pegar no pé. - Jungwon começou tenso, mordendo o lábio inferior. ─── Mas eu ainda consigo ter um pouco de empatia por ela. Talvez ela realmente goste de você.

Jay suspirou, fazendo um carinho na cintura dele para passar confiança.

─── Talvez goste. Mas você sabe que eu te amo, não sabe? Eu não vou te deixar porque ela gosta de mim. Eu gosto de você, não dela.

Dessa vez fora o ruivo que suspirou, passando os dedos pelos cabelos laranjas.

─── Sinto pena dela. Sei o quão ruim é gostar de alguém e não ser recíproco. - sorriu tristonho. ─── Também estou com medo do que ela possa fazer durante a viagem.

─── Ela é imprevisível. Mas não vou deixar que estrague nossa viagem. - puxou o menor para mais perto, acariciando a bochecha dele. ─── Só quero aproveitar esse momento com você.

Jungwon sorriu, sentindo o calor do corpo de Park contra o seu.

─── Eu também. - se inclinou para um beijo, os lábios se encontrando suavemente. ─── Vamos esquecer a Soha e curtir cada segundo dessa viagem.

Jay sorriu, voltando a beijá-lo com afinco.

Os lábios se encontraram com uma urgência que refletia a paixão que sentiam um pelo outro. O beijo intenso, como se fosse o último. Sempre era assim. As mãos tatuadas de Park acariciaram o rosto do ruivinho, enquanto os corações batiam em uníssono.

Naquele momento, não havia espaço para preocupações ou inseguranças. Apenas o calor da pele, o gosto dos lábios e a promessa de um amor que transcendia qualquer obstáculo. Ou era isso o que ambos esperavam.

─── Lembro de te ouvir falar que temos um quarto privativo? - falou o moreno ao separar os lábios com um sorriso sugestivo. ─── Gostei dessa ideia.

─── Sim, temos um quarto só para nós. E poderemos aproveitar ao máximo.

O sorriso perverso do moreno aumentou.

─── É mesmo? - voltou a questionar, afundando o rosto no pescoço do ruivo.

─── Uhum. - levou os dedos até os fios negros, soltando um gemidinho baixo ao sentir sua pele ser sugada. ─── Para com isso, amor, estamos no meio da quadra.

─── Não tem ninguém aqui. - murmurou com a boca ainda grudada nele. ─── E mesmo que tivesse, que mal tem?

Jungwon gargalhou alto.

─── Nenhum. - o ruivo o afastou. ─── Vamos pro quarto?

Park o olhou com um olhar sugestivo e um sorrisinho de lado.

─── Não vamos fazer o que você está imaginando, Park.

─── Ah, mas por que não?

─── Porque não. Só vamos logo!

Jungwon se desprendeu do aperto do moreno e seguiu na frente, o obrigando a segui-lo.

─── Mas nem uma rapidinha, amor?

─── Não!

Choramingando, Jay se empenhou a ir atrás dele.