[🏀 + 21] - O jogo: Devils VS Tigers


A semana passou rapidamente e agora já era sexta feira, dia do jogo de basquete o qual Jungwon só faltava arrancar os fios ruivos da cabeça por conta da aposta idiota que fez com os amigos. Agora encontrava-se sentado em sua cama às cinco e meia da manhã, vestindo um robe de seda branco, após sair do banho. Ao seu lado, Jay descansava solenemente, ressonando baixinho.

O ruivo ficou alguns minutos observando o rosto sereno do mais velho que dormia. Os fios escuros caíam pela testa e havia um biquinho adorável em seus lábios repuxados. Ele dormia de forma desleixada. Suspirando, Jungwon desviou o olhar, olhando agora para a cama de seu amigo onde a camiseta que usaria no jogo daquele dia estava posta. Naquele momento, sentiu que não deveria ter permitido que o moreno dormisse em seu dormitório justo na noite que antecede o jogo.

Ele então levantou-se da cama e foi até a do amigo, parando a poucos centímetros de distância. Olhou a camisa vermelha em cima de sua cama. As costas tinham o número “97” e acima, o sobrenome do moreno. O símbolo dos Devils estava um pouco mais abaixo e do lado da regata, a camisa branca que usaria por baixo. Sorriu nervosamente. Por mais que achasse que aquilo seria uma tremenda loucura, estava disposto a enfrentar.

Mas também não sabia se aquilo iria agradar o moreno. Não sabia qual seria a reação dele a o ver vestido em um uniforme feito sobre sua medida, bordado com seu sobrenome. Maldita aposta que estava o deixando maluco! Ele olhou mais uma vez por frações de segundos para o rosto sereno do mais velho que descansava em sua cama, antes de deixar o dormitório.

Frustrado e parado no meio do corredor, pegou o celular do bolso para mandar mensagem para Sunoo. Ao entrar no chat com o amigo, desistiu das mensagens e clicou no botão da câmera no lado direito do canto superior da tela, ligando em chamada de vídeo.

A ligação tocou incessantemente por três vezes, até que na quarta tentativa, o loiro atendeu. Jungwon olhou para sua cara de morto e teve vontade de rir. O Kim tinha os cabelos desgrenhados e parecia ter acabado de acordar com o telefone tocando. Ao lado, era possível ver Sunghoon deitado junto dele, ainda dormindo. Os dois estavam agarradinhos igual um coala e sua árvore.

— Eu te acordei, Sun?

Sussurrou baixinho para que nenhum som fosse ouvido por detrás da parede fina.

— Não. O despertador já ia tocar mesmo.

O loiro bocejou, segurando o celular com uma mão e coçando o olho com a outra.

— O Niki dormiu aí também?

— Uhum. A gente fodeu demais ontem. Não sei como vou conseguir viajar para Daegu e assistir ao jogo.

O ruivo engasgou-se com a risada presa, mas logo tratou de se controlar, abafando o som com a mão.

— Meu Deus, Kim Sunoo! Você é muito cínico!

— Cínico? Eu?

— Sim! Você me fez fazer o Jay dormir aqui para que você dormisse aí e com isso conseguir levar o Niki também com o intuito de transar, agora não reclama.

Jungwon sorriu diabólico encarando o pescoço todo marcado do amigo que se fazia de sonso. Ele não conseguia ver o mentolado mas sabia que ele também estava ali.

— Meus namorados fodem bem. Além de que o Nishimura gosta de ser fodido. É uma delícia.

O loiro falou na maior cara lavada, fazendo Jungwon abrir a boca surpreso e começar a gargalhar novamente, engasgando de tanto rir.

— Qual o motivo da risada, hein? Você não é nenhum santo, Jungwon. Sei muito bem que você e o Jay não fecharam os olhos e dormiram. E por que me ligou?

Jungwon suspirou.

— Ah, é que eu não quero ter que vestir aquela camiseta. Eu sei que o Jun irá gostar muito mas eu estou um pouco envergonhado.

— Você me ligou por que não quer usar a porra de uma regata com o nome do seu namorado? E qual o motivo da vergonha? Não há problema algum em querer apoiar quem gosta dessa forma. Além do mais, o jogo é em Daegu. Ninguém te conhece.

— Eu sei, Sun. Mas sei lá, vai que ele não se surpreenda.

— Para de pensar nessas coisas negativas, Jungwon! O Jay é louquinho por você, é claro que ele vai gostar!

— Mas e se for muito estranho? Sabe, eu nunca fiz nada do tipo para apoiar o Jaewon. É diferente com o Jay porque nós sequer namoramos.

Sunoo revirou os olhos, encarando o amigo com ódio.

— Jungwonie, vocês namoram sim. Para de ficar comparando o que vocês tem com o passado. O Jaewon foi um estorvo pra você e só atrapalhou a sua vida. Foca no Jay agora!

O ruivo suspirou, ouvindo todo o sermão que seu melhor amigo o dava, calado. Não se atreveu nem mesmo a abrir a boca para que o ar entrasse e circulasse para seus pulmões, já que naquele momento ele se encontrava escasso.

Em determinado momento o qual Jungwon não fazia ideia, o loiro levantou-se da cama e agora perambulava pelo dormitório. Só parou quando estava dentro do banheiro. Sunoo encaixou o celular em alguma parte da pia e passou a escovar seus dentes.

— Olha, Won, eu sei que é difícil pra você ter que recomeçar em um relacionamento novo tendo em vista que o antigo só te machucou. Mas você precisa se entregar um pouquinho mais, uh? Só vai saber se o Jay é bom ou não se tentar.

— Eu vou fazer isso, Sun. Vou usar aquela camisa idiota e acho bom que ele goste.

Sunoo gargalhou fraquinho, enxaguando a boca.

— Se continuarem assim, logo você terá uma aliança no dedo. Diferente de mim que tenho duas!

Sorrindo diabólico, Kim mostrou sua mão com duas alianças no dedo anelar. Jungwon arregalou os olhos.

— Quando você começou a usar?

— Ontem. O Niki trouxe quando veio. O Sunghoon já sabia e não me contou nada!

— Talvez eles quisessem fazer uma surpresa. São lindas.

O loiro concordou, saindo do banheiro.

— São mesmo. Insista para que o Jay te dê uma tão bonita quanto.

— Sabe que não vou fazer isso, Sunoo. Isso vai depender dele. Pra mim tanto faz usar uma aliança ou não.

— Ah, não, Won! Você precisa usar também! O dedo do Heeseung hyung já deve ter marca de sol!

— Não me importo com isso.

— Deveria se importar.

— Bem, eu não preciso de uma aliança para estar namorando, preciso?

— Não. Mas é bonitinho. Enfim, preciso desligar. Até depois.

Jungwon assentiu e desligou a chamada.

Ao voltar para dentro do dormitório, guardou a camiseta que ainda estava em cima da cama do amigo e voltou a sentar-se na sua.

Jay ainda dormia solenemente e Jungwon aproveitou aquele momento para acariciar os cabelos macios e rebeldes. Ele gostava de ficar ali, despreocupado, brincando com os fios negros do garoto que estava fazendo seu coração dar saltos e cambalhotas.

O moreno abriu os olhos lentamente, piscando contra a luz que invadia o quarto. A primeira coisa que viu foi o sorriso caloroso de Jungwon que estava sentado na beira da cama. Os cabelos ruivos caíam em mechas desalinhadas sobre a testa, e seus olhos brilhavam com alegria.

A mão fofa e pequena acariciava os cabelos rebeldes e bagunçados, fazendo um leve carinho. Jay ronronou, indo em direção ao toque dele, em busca de mais. O contato estava tão bom que ele fechou os olhos novamente.

— Dormiu bem, meu amor?

Ao ouvir a voz baixinha perguntar, Park tornou a abrir seus olhos, encarando o ruivo a sua frente.

— Dormi. — murmurou. — seu cheiro é bom demais.

— Está preparado para a viagem e o jogo? — perguntou, inclinando-se para beijá-lo.

— Estou um pouco nervoso, mas você vai estar lá comigo. Então me sinto mais tranquilo.

Park esfregou os olhos e sorriu de volta. Ele se espreguiçou, sentindo os músculos protestarem após a noite de sono.

— Bem, que bom que você tem um ótimo namorado para te apoiar.

Ao ouvir aquilo, Jay sorriu. Sorriu tão largamente que quase rompeu os músculos de sua boca. E, ao perceber o que havia dito, Jungwon corou. Tentou cobrir o rosto com as mãos, mas já era tarde demais.

Park o puxou pelo pulso, o fazendo deitar ao seu lado. O ruivo escondeu-se no pescoço bronzeado, ouvindo o risinho do mais velho.

— Por que essa vergonha toda, meu bem? Nós realmente somos namorados. E agora irei apenas oficializar. — falou, beijando a bochecha quentinha.

— Mas por conta do meu drama isso ainda não aconteceu.

Jay o fez tirar o rosto de seu pescoço e o olhou seriamente. Jungwon olhou para ele, seus olhos ainda cheios de dúvida e insegurança. O fato de que seu antigo relacionamento não foi algo bom e que ele preferia não lembrar, interferia muito no que ele poderia ter com o Park.

Jungwon, naquele momento, desejou nunca ter concedido e se apaixonado por Jaewon. Se ele não tivesse tido uma primeira conversa com o garoto, teria evitado tantas coisas ruins de acontecerem e não machucaria Jay que realmente parecia gostar de si, com toda sua confusão.

— Ei, eu não quero que você volte a dizer isso, me ouviu?

Jungwon assentiu, sentindo o calor do corpo do moreno contra o seu o acalmar aos poucos.

— Eu só... Eu não quero te machucar. — murmurou. — Não quero repetir os mesmos erros e te envolver nisso.

— Amor, você não me machuca. — sorriu, acariciando os fios dele. — Você foi machucado e não está sabendo lidar com esse trauma. Suas feridas estão sendo cicatrizadas somente agora e eu entendo que se envolver com outro alguém depois de tudo o que viveu é difícil. Ainda mais quando é comigo que você está prestes a dar um passo tão grande. — suspirou. — Eu não comecei bem. Você sabe como eu era e só pelo fato de você ter confiado em mim é um progresso e tanto.

O ruivo engoliu em seco.

— Mas e se eu estragar tudo? E se eu não for bom o suficiente para você?

— Gatinho, você é mais do que o suficiente. Você é incrível. — Park sorriu, o beijando suavemente. — E eu estou disposto a esperar, não estou? Não importa quanto tempo leve. Eu só quero estar com você.

— Obrigado, Seong.

Jay sorriu, voltando a beijá-lo.

O ósculo suave se desenvolveu rapidamente. As línguas brincavam dentro das bocas em movimentos sincronizados. Suspiros deixavam ambas as gargantas. Park agarrou a cintura do ruivo, o colocando em cima de seu corpo.

Assim que a falta de ar se fez presente, o casal se separou. Jay olhava o menor com um sorrisinho de canto e um lindo brilho diferente nos olhos escuros.

— Qual tipo de aliança você gosta, meu amor? Eu estava pensando em comprar uma para nós dois mas não sei qual modelo escolher.

Jungwon corou. Não sabia o motivo, mas corou feito um adolescente prestes a dar seu primeiro beijo.

— Bem, eu não tenho muita ideia. Mas algo simples, talvez?

— Eu não faço a mínima ideia de qual comprar. Poderíamos escolher alguns modelos na Internet.

Logo o ruivo se animou e pulou de cima do moreno, animado. Caminhou até a sua escrivaninha e pegou o notebook, o desbloqueando rapidamente. Quando conversou com Sunoo sobre usar aliança, falou que para ele não fazia diferença usar ou não, porque achou que talvez o mais velho não quisesse. Entretanto, Park mostrou súbito interesse em compartilhar a joia.

Jungwon voltou para a cama e o moreno se sentou, observando atentamente os dedinhos ligeiros digitar freneticamente no navegador do Google. Ao carregar a informação, abriu a aba de imagens e inclinou o notebook em sua direção, os olhos fixos na tela.

— E se escolhermos algo simples, mas significativo? — sugeriu, mostrando alguns modelos.

Ele estava tão empolgado em procurar pelas alianças, que sequer lembrava-se mais que a minutos atrás estava tão melancólico em relação ao relacionamento deles.

Jay sorriu, inclinando-se para ver melhor.

— Gostei dessa. — apontou para uma prateada.

— Não. Essa é muito simples.

O moreno assentiu e enquanto continuavam a explorar, Jungwon encontrou um par de alianças de ouro rosa com pequenos diamantes incrustados. Seus olhos brilharam.

— E se usarmos algo mais elegante? — perguntou, mostrando a tela para Jay. — Essas são sofisticadas e brilhantes.

— São bonitas. Mas acho que prefiro algo que combine com a nossa personalidade. — comentou, apontando para um conjunto de titânio preto com detalhes em azul. — Essas.

Jungwon franziu o cenho.

— Mas são tão chamativas. Nós procuramos algo simples, não é?

— Sim, mas também não tão simples.

Depois de alguns minutos procurando por modelos e não se agradando de nenhum, Jungwon suspirou, fechando o notebook.

— Faz assim, escolhe alguma que você goste. Eu confio em você.

Jay sorriu ladino.

— Tem certeza, amor?

— Tenho. Além de que você quem vai fazer o pedido, isso é trabalho seu. O meu papel é apenas dizer “sim”.

— E você vai dizer? — perguntou, os olhos brilhando em expectativas.

— Claro que sim. Agora vamos levantar, você ainda precisa escovar os dentes.

Assentindo, Park levantou-se assim que o ruivo também o fez e rumou para o banheiro onde escovou os dentes e tomou um banho rápido. Enrolou uma toalha branca na cintura e voltou para o quarto, encontrando o mais novo sentado em sua escrivaninha, pesquisando por algo.

Ao se aproximar, percebeu que ele olhava algumas fotos de casais usando uniformes de basquete combinando. Ele parecia tenso, e mordia a carninha da boca, enquanto o dedo inquieto fazia barulho ao clicar no mouse.

— Está querendo usar um uniforme comigo? — perguntou, parando ao lado dele.

Jungwon saltou da cadeira, levando a mão ao peito.

— Que susto, Jay!

O moreno soltou uma risadinha nasalada.

— Não seria ruim te ver usando uma regata com meu nome, sabia?

— Isso não vai acontecer, esquece.

Jungwon falou rápido demais, corando. Na verdade, iria acontecer sim! E ele estava nervoso com isso, ainda mais agora que o moreno queria que aquilo acontecesse.

Segundo seus melhores amigos, ele não poderia deixar que em hipótese alguma, Jay ficasse sabendo que ele usaria uma regata daquelas. Teria que ser uma surpresa a qual ele só revelaria quando o jogo estivesse para começar. E agora o moreno parecia suspeitar de algo, não que ele se importasse com isso.

— Tudo bem, gatinho. Não me importo com o que você usa, até porque prefiro te ver sem nada.

Jungwon abriu os lábios, surpreso. Em outro momento ele estaria completamente vermelho e envergonhado, mas por incrível que pareça, ele abriu um enorme sorriso perverso nos lábios rosados e cheios. Os olhos ferinos analisaram o torso despido do mais velho de cima a baixo. Sem ter a intenção, umedeceu os lábios com a pontinha da língua.

— Eu também prefiro te ver sem nada. Como agora. — proferiu, ainda hipnotizado.

Park soltou um risinho desacreditado.

— Você não é mesmo um santinho, não é?

— Não, Jun, eu não sou.

O mais velho foi até ele, segurando em seus pulsos e o fazendo levantar. Rodeou sua cintura com os braços e o encarou, sorrindo.

— Você apenas finge ser esse garoto tímido, uh?

O ruivinho passou a língua pelos lábios novamente, com um sorrisinho tímido apenas porque o moreno falou.

— Eu não finjo, meu amor. Apenas quem me conhece de verdade sabe que sou assim.

— Assim como? Safado? — viu o menor concordar e ficar nas pontas dos pés para alcançar seus lábios. — Eu realmente me surpreendi com você no acampamento. Nunca imaginei que você saberia de tantas coisas. Sobe até um calor só de lembrar.

O ruivo não teve tempo de respondê-lo, pois logo seus lábios estavam sendo atacados em um beijo desengonçado. Aos poucos, o ósculo forte se tornou bruto e Park levou uma de suas mãos até a bunda arrebitada do menor, a apertando e o fazendo gemer baixinho.

Jungwon apertou os ombros largos quando o maior fez pressão para cima e o ergueu, as panturrilhas torneadas circularam a cintura fina do garoto, o beijando com pressa. Jay passou a suportar o peso do menor apenas com uma mão em sua coxa, enquanto levava a outra para a nuca alaranjada. Os dedos se emaranham nos fios ruivos, puxando-os vez ou outra.

Em meio a suspiros e sons descabidos, Yang conseguiu firmar seus pés no chão assim que seus lábios foram libertos. Agora, beijos, chupões e mordidas fraquinhas eram deixados em sua derme tão pouco imaculada. Outro gemido necessitado escapou-lhe a garganta.

— Jay, calma. Ainda são oito da manhã. — suspirou, afastando-o minimamente.

O moreno deu de ombros, o olhando nos olhos.

— E tem hora pra fazer amor?

— Não, mas agora não é o momento.

— E por que não? — ronronou como um gatinho, passando o nariz no pescoço arrepiado do ruivo.

— Porque você nem deveria estar aqui! Se algum inspetor te pega no meu dormitório, estamos ferrados.

Ele tentou desviar dos toques afoitos do mais velho, mas nem ele mesmo queria que eles cessassem.

— Relaxa, bebê. Depois eu me viro com a minha mãe.

— Ainda assim, não podemos.

Frustrado, Jay permitiu finalmente que o menor saísse de seu aperto, o olhando com uma falsa decepção.

— Qual é, amor? Já estamos aqui há uma semana e nada ainda. Você vai mesmo me deixar com abstinência?

Jungwon riu de todo seu drama, indo até ele.

— Se você ganhar o jogo eu prometo te recompensar depois e ainda dizer um belo “sim” para você. — o beijou rapidamente. — Agora vamos comer alguma coisa. Estou morto de fome.

Antes que o moreno pudesse raciocinar o que acabou de acontecer, o mais novo já deslizava graciosamente para fora do quarto. E sem querer ficar para trás, o seguiu.

• 🥕 •


A viagem ocorreu perfeitamente bem. Fazia boas horas que todos os jogadores, o treinador, os convidados, alguns professores e a diretora Somin haviam chegado em Daegu. Tudo estava indo nos conformes.

O jogo estava prestes a começar e enquanto as líderes de torcida faziam sua performance, Jungwon saiu por alguns minutos da quadra em busca de um pouco de ar para dispersar o nervosismo. Ele deixou o melhor amigo sozinho, que estava espumando de tanta alegria por finalmente conseguir voltar a sua cidade natal.

Ao se ver bem o suficiente para retornar, o ruivo seguia pelos corredores para ir de volta até a quadra. Lembrou-se que antes do jogo começar, Jay o pediu para que fosse até o vestiário o desejar boa sorte pessoalmente. Ele sorriu e acelerou os passos para não se atrasar.

O corredor da escola, desconhecido pelo ruivo, estava mergulhado em sombras, as luzes fluorescentes piscando intermitentemente. Jungwon apertou o passo, os passos ecoando no chão de linóleo. Porém, parou bruscamente ao ver um garoto próximo aos armários, braços cruzados e sorriso asqueroso enquanto o encarava.

Engolindo em seco, Jungwon recuou alguns passos para trás. Ele não esperava encontrar aquela pessoa ali, não depois de tanto tempo. Mas a vida tinha um jeito cruel de trazer o passado à tona e parecia nunca estar ao seu lado. Jaewon estava encostado na parede bem próximo aos armários, os braços cruzados, um sorriso de escárnio nos lábios. Seus olhos percorreram o corpo de Jungwon, como se o avaliasse.

Ao perceber a vontade de recuar do ruivo, ele se desencostou da parede e seguiu até o menor. Jungwon ofegou, andando para trás. Se assustou ao bater as costas em algo duro e ao olhar rapidamente o que era, constatou que se tratava de um armário. Estava sem saídas. Jaewon parou em sua frente.

— Jungwonzinho. — disse ele, sua voz baixa e carregada de ironia. — Quanto tempo faz, não é mesmo?

O ruivo engoliu em seco. Ele não queria reviver aquelas lembranças, não queria sentir a dor novamente ou ter que olhar para o causador dela.

— J-Jaewon... — sua voz falhou.

O mais alto se aproximou ainda mais, invadindo o espaço pessoal do garoto encurralado.

— Seu novo namoradinho é bom para você? — provocou.

Os olhos do ruivinho se arregalaram. Sentia os lábios secos e uma enorme vontade de chorar.

— Por que a surpresa? As notícias correm rápido, amor. — soprou no ouvido dele. — O ruivo caiu muito bem em você. Deveria ter pintado quando ainda estávamos juntos.

Jaewon ergueu a mão para tocar nos fios coloridos, mas Jungwon desviou.

— Não me toque. — falou, a voz mais firme.

— Uh, agora você sabe como morder. Quando era meu era mansinho.

— Eu nunca fui seu.

— Não? Não era isso o que você mostrava. — sorriu. — Agora você é do Jay? Vocês eram um casal bem improvável, não?

— Não fale dele.

Jaewon gargalhou cinicamente.

— Estou realmente surpreso em quanto você consegue ser burro, Jungwonzinho. — provocou. — O Park te detesta. Ele só está te usando. Vai te quebrar tanto quanto eu. Talvez até bem mais.

— Não vou deixar que suas palavras me afetem, Jaewon. O Jay é bom pra mim. — tentou não fraquejar.

O garoto moreno consertou a postura, encarando o ruivo com fogo nos olhos.

— Ele te faz esquecer de tudo o que tivemos?

Jungwon sentiu o rosto esquentar. Raiva e medo lutavam para ver qual conseguia o consumir.

— Ele cuida de mim, Jaewon. Bem diferente de você. — ditou com a voz trêmula. — E sim, ele me faz esquecer.

Jaewon riu, um som amargo.

— Você sempre foi ingênuo, Jungwonzinho. Acha mesmo que pode simplesmente apagar o passado? Você é tão burro que foi procurar consolo nos braços de um cara tão filho da puta quanto eu.

O ruivo apertou os punhos. Ele não queria brigar ali, não queria dar a Jaewon a satisfação de vê-lo abalado.

— Eu não estou apagando nada. — disse. — Estou seguindo em frente.

O mais alto se inclinou ainda mais perto, seus lábios quase tocando o ouvido do menor.

— Você não pode escapar de quem você é — sussurrou. — E eu sei exatamente quem você é. Um garoto mimado e idiota. Ninguém gosta de pessoas assim, por isso que eu te traía.

Jungwon sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele queria gritar, empurrar Jaewon para longe, mas suas pernas pareciam travadas no lugar.

— Você até que tinha um corpinho gostoso, era bom comer você. — cuspiu as palavras, deixando o mais novo enjoado. — E agora está ainda mais delicioso. Sei que já ficou com metade da Jaywon High.

As lágrimas já começavam a se formar nos cantinhos dos olhos miúdos. Jaewon continuava a dizer tantas asneiras para o ruivo, que nenhum dos dois perceberam passos apressados pelo corredor.

Jay sentiu o coração acelerar quando viu Jungwon encurralado por Jaewon no corredor da escola. Seus punhos se fecharam automaticamente, e o ódio borbulhou dentro dele. Sem pensar, avançou em direção a eles. Seus passos eram rápidos e eufóricos. Jaewon estava tão ocupado provocando Jungwon que não percebeu a aproximação do moreno até que fosse tarde demais.

— Seu merdinha, filho da puta! — Park rosnou — O que porra falou pra ele?

Jaewon se virou, surpreso. Seus olhos se estreitaram ao ver Jay.

— Ah, se não é o famoso Park Jong-seong. — sorriu, desafiador. — Já estou sabendo que você agora só come o Jungwon. Cansou da vida de puto, cara?

O garoto cambaleou para o lado ao sentir um soco forte atingir sua mandíbula.

Jungwon olhou para Jay, os olhos arregalados. Ele parecia aliviado e assustado ao mesmo tempo. Jaewon, por outro lado, riu, como se achasse tudo aquilo divertido, segurando o local atingido.

— Agora você tem um putinho que te protege, não é, Jungwonzinho?

O ruivo se assustou com o barulho do corpo de Jaewon sendo empurrado com força contra os armários. Park agarrou a gola de sua camisa manchada de sangue com firmeza.

— Cuidado com o que diz. — Jay sussurrou, os dentes cerrados.

Jaewon tentou se soltar, mas Jay era claramente mais alto e mais forte. Jungwon ficou ao lado deles, os olhos alternando entre os dois.

— Vai fazer o que? Me bater outra vez? — provocou.

— É. É exatamente isso o que vou fazer se você não se mandar daqui agora.

O garoto riu em desafio.

Um tanto acanhado, Jungwon se aproximou do quase namorado e tocou em seu ombro.

— Jay, não vale a pena — murmurou. — V-vamos voltar pra quadra. O jogo está pra começar.

Mas o maior não o ouviu. Ele estava cego de raiva e sua cólera aumentou ainda mais ao ver os olhos de Jaewon fixos nos lábios do ruivo.

— Tá olhando pra onde, filho da puta? — perguntou irritado, cada palavra carregada de fúria. — Olha na minha cara, desgraçado!

Jaewon riu novamente, voltando a encarar o mais alto.

— Você não sabe o que está fazendo, Park. Não queira dar uma de namorado possessivo pra cima de mim. O Jungwon é meu. Ele sempre voltará para mim.

Jay apertou ainda mais o aperto em sua gola.

— Você perdeu esse direito quando o trocou por outras pessoas. Além disso, o Jungwon não é meu, muito menos seu. Ele é dele mesmo.

O corredor estava em silêncio, os olhares das pessoas curiosas que passavam por ali estavam sobre a cena. Jaewon finalmente desistiu de lutar e Jay o soltou com um último pedido baixinho do ruivo.

O corredor parecia mais estreito agora, as paredes se fechando sobre eles. Jaewon passou a encarar o ruivo com um sorriso cruel, as palavras afiadas como lâminas.

— Jungwonzinho... — começou com sua voz baixa e venenosa, sem temer mais um soco. — Você realmente acha que pode ser feliz com o Park? Ele não sabe quem você é de verdade.

Jungwon sentiu o desespero apertar seu peito. Ele queria gritar, queria que Jaewon parasse. Mas as palavras não vinham. Ele olhou para Jay, que estava ao seu lado, os olhos cheios de fúria contida.

Park cerrou os punhos, as veias saltando em suas mãos.

— Cale a boca. — rosnou ele. — É melhor ficar calado.

Jaewon riu, um som desagradável.

— Não quer ouvir quem é seu namoradinho de verdade? Eu sei o suficiente. — sorriu. — Jungwon é fraco, sempre foi. Ele vai voltar para mim eventualmente.

O ruivo sentiu as lágrimas arderem em seus olhos. Ele não queria ser fraco, não queria voltar para o passado. Mas Jaewon sabia como cutucar suas feridas.

Jay deu um passo à frente, sua voz baixa e perigosa.

— Jaewon, eu estou tentando me controlar ao máximo. Juro que estou. Mas se você abrir a porra dessa boca nojenta outra vez e falar mais uma merda, eu-

Jaewon o interrompeu com uma risada.

— O que você vai fazer? Bater em mim? Sério, Jay? É só isso que você sabe fazer? Bater nas pessoas?

Park estava a centímetros de distância dele. Seus olhos faiscavam de raiva.

— Eu faria qualquer coisa para proteger o ruivinho. E isso inclui acabar com você.

Jungwon agarrou o braço de Jay, tentando acalmá-lo.

— Não vale a pena. — sussurrou. — Ele não merece nossa atenção. Vamos embora.

Jay não desviou o olhar de Jaewon.

— Ele merece mais do que isso. — disse. — E eu vou garantir que ele tenha.

— Vai fazer o que, hein?

Jaewon começou a provocar, mas antes que pudesse terminar, Park avançou. Ele o acertou no rosto com um soco, fazendo-o cambalear para trás.

O garoto tocou o lábio sangrando e olhou para Jay com raiva. Ele se recompôs e, com um movimento rápido, desviou do próximo soco, mas não conseguiu fugir do outro. Desnorteado, tentou acertar um golpe no estômago do garoto mais alto, mas Park era mais ágil do que parecia. Ele bloqueou o golpe e contra atacou com um chute nas pernas de Jaewon.

Os dois continuaram a lutar, socos e chutes voando. Jungwon se desesperava cada vez mais. As pessoas iam se aglomerando e Jay focava somente em uma única coisa: não ser acertado no rosto.

Até que Jay finalmente parou.

Jaewon cambaleou para trás, erguendo a cabeça o máximo para que sua pressão não caísse. Ao se ver melhor, limpou o sangue do nariz e dos lábios, sorrindo de forma ameaçadora enquanto encarava o mais alto.

— Filho da puta.

Praguejou, finalmente saindo dali.

Aos poucos, a multidão de pessoas que havia se formado, também passou a se dispersar.

Controlando a respiração, Park desviou os olhos para o ruivo que estava tenso. Os olhos arregalados e as mãos trêmulas. As lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ele soluçava baixinho.

O moreno suspirou, se aproximando do ruivinho que tremia de tanto chorar. Ignorando a dor que sentia nas costelas, o abraçou com força.

— Ei, gatinho. — sussurrou, acariciando seus cabelos. — Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você, amor.

Jungwon fungou e olhou para ele, os olhos inchados.

— N-não faça mais isso, Jay-ah! Tem noção do quanto me deixou preocupado?

O moreno respirou fundo.

— Desculpa, bebê. Eu só queria proteger você.

O mais novo soluçou novamente.

— Não quero que se machuque para me proteger. Como você vai conseguir jogar agora?

Park segurou o rosto choroso dele entre as mãos.

— Não se preocupe com isso, uh?

E então, ele o beijou suavemente na testa, para só então beijar seus lábios. Jungwon se aconchegou em seus braços, sentindo-se um pouco mais seguro e tranquilo.

— Eu não quero perdê-lo, Jay. — murmurou, sensível demais.

— Você não vai me perder, amor.

O ruivinho assentiu ainda choramingando. Jay segurou em seu braço com gentileza, conduzindo-o pelo corredor até o vestiário. O coração de Jungwon ainda estava acelerado, e ele tremia ligeiramente. A aparição repentina de Jaewon ainda estava rodando em sua cabeça.

No vestiário, Jay o guiou até um banco de madeira. Jungwon se sentou, passando as mãos pelo rosto.

— Eu não queria que isso acontecesse. — murmurou. — Eu só queria seguir em frente.

O mais velho se ajoelhou na frente dele, segurando suas mãos trêmulas.

— Não pense mais nisso, bebê. Lembre que eu farei de tudo pra te proteger.

O ruivo olhou nos olhos de Jay, a gratidão transbordando em seu peito.

— Obrigado, Jay. — sussurrou, acanhado.

Park sorriu, inclinando-se para beijar o biquinho de seus lábios adoráveis.

— Respire fundo. Vai ficar tudo bem.

Enquanto Jungwon tentava acalmar sua respiração, a porta do vestiário se abriu. Sunghoon entrou, os olhos arregalados ao ver Jungwon naquele estado.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Jaewon apareceu. — disse Jungwon, com a voz trêmula. — Ele me falou algumas coisas e Jay bateu nele.

Sunghoon franziu o cenho, nem um pouco surpreso pela atitude do melhor amigo.

— Jaewon?

Jungwon assentiu.

— Sim. Ele ainda tem o poder de me deixar desconfortável.

Jay apertou a mão de Jungwon.

— Ele não vai mais fazer isso. — falou, sua voz firme. — Ou eu quero ele outra vez.

O ruivo se alarmou.

— Não, bebê, não perca seu tempo com ele. Tudo já está resolvido. — falou em um fio de voz.

O moreno assentiu, mesmo que sua vontade fosse partir o garoto em dois.

Sunghoon olhou para Jay, depois para Jungwon.

— Vocês dois estão bem?

— Estamos. Eu não fazia ideia de que ele estava estudando logo nessa escola.

— Se eu soubesse nunca teria aceitado o jogo. — Jay murmurou, irritado.

— Não! Você teria aceitado sim!

Enquanto Sunghoon saía do vestiário para dar mais privacidade ao casal, Jungwon se inclinou para beijar o mais velho.

— Obrigado — disse ele novamente. — Eu não saberia o que fazer caso você não tivesse aparecido.

— Shh, não me agradeça.

Ambos ficaram por mais alguns minutos ali, aproveitando a companhia um do outro, até que o jogo se iniciou e Jay precisou entrar em quadra.

Agora Jungwon estava sentado ao lado de Sunoo, inquieto. Ainda não havia contado sobre o episódio no corredor. O loiro então olhou para ele, preocupado.

— Você está bem, Won? Parece tenso.

Jungwon suspirou, olhando para a quadra onde os jogadores se aqueciam.

— Quando sai em busca de ar, planejava passar no vestiário para ver o Jay antes do jogo começar. Eu passei pelo mesmo corredor que havia passado anteriormente. Jaewon estava lá.

Sunoo arregalou os olhos.

Como se o universo estivesse contra ele, lapsos de memórias passaram a bombardear seu subconsciente e todas elas, era Jaewon fazendo mal a seu amigo. Teve vontade de gritar.

— Sinto muito, Jungwonie. — acariciou o ombro dele. — Eu sei que violência não resolve tudo, mas se eu soubesse lutar, quebraria a cara dele. O Hoon sabe, você quer que ele bata nele?

Jungwon sorriu, se dispersando de seus pensamentos.

— Não, Sun, não precisa. O Jay já fez isso.

Sunoo arregalou os olhos.

— Oh, esqueci do seu namorado lutador.

— Ele não é lutador, Sunoo.

— Mas vive batendo e apanhando. — deu de ombros.

O ruivo concordou e o jogo se deu início.

Ao que os jogadores corriam pela quadra, Jungwon suspirou e tirou o moletom que usava, revelando a regata vermelha que tinha o sobrenome de Jay nas costas.

— Você vestiu mesmo. — O loiro falou.

— Eu perdi a aposta não perdi? — sorriu. — Mas estou fazendo isso pelo meu namorado.

— Nem parece o mesmo garoto medroso que me ligou pela manhã porque não queria usar.

— Ele me pegou vendo imagens de casal usando uniformes combinando e me perguntou se eu queria usar. Era visível a vontade no olhar dele. Ele com certeza vai gostar de me ver assim, além de que falou que prefere me ver sem roupa.

Sun sorriu de forma escandalosa.

— Eu sabia, Jungwonie! Eu sabia! E ele está super certo. Um corpão desse tem que ser exibido.

— Certo, Sunzinho, eu já entendi. Agora vamos assistir o jogo. — falou desconcertado.

E assim, eles passaram a ver tudo o que acontecia.

O ginásio estava eletrizado, com os Devils e os Tigers se enfrentando em uma partida crucial. A multidão vibrava, e a tensão no ar era palpável. Sunghoon começou com a posse da bola. A defesa adversária era implacável, mas Jung não se intimidou.

Ele girou rapidamente, deslizando pela quadra, seus pés parecendo dançar sobre o piso. Com um movimento de cintura, deixou seu marcador para trás, como se fosse uma ilusão de ótica. A torcida prendeu a respiração, esperando o desfecho dessa jogada habilidosa.

Sunghoon saltou, a bola em suas mãos. Ele viu uma brecha na defesa dos Tigers, um espaço mínimo entre os jogadores. Porém, logo fora encurralado. Tendo que repensar em sua estratégia, lançou a bola por cima de dois jogadores adversários, mirando em Kyungsoo.

O Do pegou a bola com precisão saindo deslizando pela quadra e quicando a bola no chão. De forma rápida, lançou a bola para Minseok que estava próximo a cesta. Com uma precisão cirúrgica, Lee lançou a bola em direção à cesta. O tempo pareceu desacelerar enquanto a bola girava no ar, desafiando a gravidade.

E então, o som da rede sendo rasgada encheu o ginásio. A multidão explodiu em aplausos. Os Devils ganharam uma vantagem crucial na partida. Na arquibancada, a torcida dos pulavam e gritavam, celebrando a jogada brilhante de Minseok. Sua dança pela quadra havia deixado uma marca indelével no jogo. Os Tigers estavam atordoados, incapazes de acompanhar a agilidade e criatividade do talentoso jogador.

O time da casa estava surpreso com a habilidade do time adversário. Uma cesta já havia sido feita em apenas cinco minutos de jogo e eles não poderiam relaxar caso quisessem ganhar a partida.

Novamente os Devils tinham a posse da bola o que deixou o time da casa em alerta. Com a bola em mãos, Hansol avaliou rapidamente a defesa. Os jogadores do time adversário estavam próximos, porém, não conseguiriam interferir na jogabilidade do jogador.

Seus pés se moviam com agilidade, deslizando pelo piso e com ligeireza, driblou, fintou, e então, com um giro repentino, deixou seu marcador para trás. Hansol sorriu para o cara que passou e lançou a bola para Jay que a recebeu com rapidez.

Park driblou mais três jogadores do time da casa e lançou um breve olhar para a arquibancada, procurando pelo ruivo. Seu cenho fora franzido ao vê-lo usar uma blusa branca e uma regata vermelha por cima, não mais o moletom cinza que vestia outrora. Porém, lembrou-se das imagens que ele via em seu dormitório e sorriu grandiosamente, voltando sua atenção ao jogo.

A cesta estava à sua frente e ele decidiu que marcaria um ponto ali e dedicaria ao futuro namorado, mesmo que ele não soubesse. Passando por mais dois jogadores dos Tigers, Jay saltou. O tempo parecia suspenso enquanto a bola voava pelo ar. Ele sentiu o toque suave da ponta dos dedos na bola, direcionando-a com precisão. A rede estalou novamente, e os Devils ganharam mais dois pontos.

A torcida outra vez explodiu em aplausos, e o moreno sorriu, ofegante. Ele olhou mais uma vez para Jungwon, que estava na primeira fila, os olhos brilhando de orgulho. Mas a partida não podia parar e logo os jogadores se posicionaram novamente.

Os minutos e os quartos foram passando. Ambos os times estavam empatados, com o placar marcando 65 a 65. O terceiro quarto se iniciou e as expectativas aumentaram. O som dos tênis de basquete rangendo no piso ecoava pelas arquibancadas. Sanwoo driblava a bola com destreza, seus olhos fixos na cesta.

Jay estava um pouco mais para trás, observando a jogada do novato e pontuando o que ele precisava melhorar. Enquanto olhava Sanwoo, sua mente lembrou-se do ruivinho que estava torcendo por si e só isso foi o suficiente para fazê-lo desviar o olhar.

Quem procurava continuava sentado onde estava outrora. Ele sorria e tinha sua atenção presa no jogador que possuía a bola. Já Jay não conseguia desviar os olhos do quase namorado. E por conta disso, notou que sua mãe estava sentada ao lado do ruivo, também concentrada na partida.

Aquela era uma das raras vezes que a mulher super ocupada conseguia ir ver o filho jogar e ele sabia que provavelmente, os irmãos fizeram birra para irem junto. Voltando o olhar para a quadra, Park viu o movimento perfeito de Niki que agora tinha a posse da bola.

Min driblou entre dois defensores, sua agilidade impressionante. Ele saltou, lançando a bola em direção à cesta. O silêncio tomou conta do ginásio por um breve momento, antes de a bola girar no ar e cair com perfeição no aro. Enquanto Jay corria de volta para a defesa, ele encontrou o olhar de Jungwon. Seus sorrisos se encontraram, mas logo o moreno precisou focar.

Depois de toda aquela emoção, houve uma pausa.

Os Devils se reuniram em um lugar da quadra junto ao treinador Joon-gi para discutir novas estratégias de defesa e ataque. Jay se aproximou do quadro branco que o treinador segurava, onde a tática do time estava desenhada. Ele apontou para as setas e linhas, explicando como poderiam explorar as fraquezas da defesa adversária.

— Vamos usar a jogada de pick-and-roll comigo e o Sanwoo. — disse — Os Tigers são bons, mas não conseguem acompanhar nossa agilidade. Se conseguirmos abrir espaço, podemos marcar pontos importantes.

Joon-gi assentiu.

— E quanto à defesa? Os Tigers têm um arremessador perigoso. Precisamos marcá-lo de perto. — Kyungsoo perguntou.

— Vamos manter a intensidade. Cada posse de bola conta. Se continuarmos nesse ritmo iremos vencer.

Os jogadores concordaram e se posicionaram para o último quarto ao som da arbitragem.

O último quarto começou com uma intensidade ainda maior. Os Tigers haviam ajustado sua defesa, marcando o armador dos Devils de perto. Em um movimento rápido, Niki passou a bola para Sunghoon, o ala dos Devils. Jung saltou, lançando a bola em direção à cesta. O som do impacto da bola contra o aro ecoou pelo ginásio, mas ela não entrou. O time da casa pegou o rebote e partiu para o ataque.

A defesa do time visitante se reorganizou, e Niki voltou a ter a posse da bola. Ele driblou e então, com um passe preciso, encontrou Jay, o pivô e também capitão. Park girou, enfrentando a marcação dos Tigers e com um gancho perfeito, marcou dois pontos.

A torcida estava em êxtase. Cada cesta era celebrada como uma vitória, e os Devils estavam determinados a manter a vantagem. Jay continuava a liderar o time, seus movimentos rápidos e imprevisíveis confundindo os adversários.

No meio do quarto, o time da casa fez uma corrida impressionante. Suas jogadas eram calculadas, e eles diminuíram a diferença no placar. Park driblou pela lateral da quadra, seus olhos fixos na cesta. Com um salto poderoso, ele lançou a bola, e o som da rede rasgada encheu o ginásio.

Os Devils e sua torcida explodiram em comemoração. Park havia marcado uma cesta de três pontos, levando o time a ter vantagem novamente. Agora, se quiserem ganhar, precisariam partir para o pick-and-roll. E fariam. Jay só esperava que Sanwoo não decepcionasse e fizesse agora em jogo, o que fez nos treinamentos.

O foco se tornou maior, já que aquela seria uma jogada decisiva para virar o jogo contra os Tigers. Jay e Sanwoo, que agora atuaria como ala-pivô substituindo Doyoon, trocaram olhares determinados. Era o momento.

Sunghoon jogou a bola para Park que driblou na linha de três pontos, seus olhos buscando Sanwoo. A defesa do time da casa estava atenta, mas Jay se aproximou de Sanwoo, sinalizando com a cabeça. Era hora de executar o pick-and-roll.

Sanwoo se posicionou estrategicamente, pronto para criar espaço para o capitão. Ele se aproximou do marcador de Jay e, no momento certo, fez o bloqueio. Park driblou rapidamente ao redor do obstáculo, e Sanwoo rolou em direção à cesta.

A defesa dos Tigers ficou confusa. Sanwoo estava livre, e Jay lançou a bola perfeitamente em sua direção. O garoto saltou, suas mãos alcançando a bola. O som da rede sendo novamente rasgada encheu o ginásio enquanto a bola caiu suavemente na cesta.

Os Devils explodiram em comemoração. A jogada de pick-and-roll havia funcionado perfeitamente. E no momento de emoção, Jay e Sanwoo se abraçaram, o suor escorrendo por seus rostos. Nos minutos finais, o time visitante manteve a intensidade. O capitão e o ala-pivô repetiram a jogada, confundindo ainda mais a defesa do time da casa.

Quando o cronômetro zerou, os Devils venceram por uma pequena margem.

A quadra estava repleta de alegria e euforia. Os Devils mais uma vez haviam vencido, e os jogadores se abraçavam, pulavam e gritavam como se não houvesse amanhã. Enquanto isso, o time derrotado deixava a quadra junto de seu treinador.

Jay ergueu os braços, seu sorriso iluminou todo o espaço. Ele olhou para seus companheiros de equipe, cada um deles com os olhos brilhando de felicidade. Sanwoo, Hansol, Minseok Niki, Sunghoon e os outros se reuniram no centro da quadra, formando um círculo de união.

— Isso é para todos nós! — Jay gritou e seu time respondeu com um coro de comemoração.

Sanwoo, animado pela vitória de seu primeiro jogo, pegou a bola e a lançou para o alto. Os jogadores saltaram, tentando alcançá-la. A bola girou no ar, como se celebrasse junto com eles. Quando ela finalmente caiu, todos caíram na gargalhada.

— Jogou bem, cara. — Jay murmurou, deixando um tapinha no ombro de Sanwoo.

— Valeu.

Park assentiu e rumou até o treinador, pegando o troféu que lhe foi entregue e ergueu-o acima da cabeça. A multidão explodiu em aplausos. Os Devils posaram para fotos, rindo e fazendo caretas.

Enquanto as luzes do ginásio brilhavam intensamente, os jogadores se abraçaram mais uma vez. Eles eram campeões, e nada poderia apagar aquela sensação de triunfo. A quadra era o palco da celebração, e eles dançavam, pulavam e cantavam como se fossem invencíveis.

Aos poucos, as pessoas iam deixando a quadra, e ela ficava vazia. As luzes já começavam a piscar, prontas para serem desligadas. E depois de alguns minutos o ginásio ficou completamente vazio, apenas alguns jogadores ainda estavam por lá. As luzes estavam mais suaves, mas a emoção ainda pairava no ar.

Jay estava sentado no banco, ainda ofegante, bebendo um pouco de água e tentando regular a respiração. Enquanto ele enxugava o suor da testa, ouviu passos vindo em sua direção. Ao olhar, viu sua mãe com um sorriso enorme nos lábios. Ela correu até ele, os olhos cheios de orgulho.

— Meu filho! — exclamou, abraçando o garoto apertado. — Parabéns, meu amor! Eu sabia que você iria conseguir. A mamãe está tão orgulhosa.

O moreno retribuiu o abraço, sentindo-se grato por ter ao menos sua mãe ali.

— Obrigado, mãe.

Nesse momento, mais passos foram ouvidos. Ao se separarem do abraço, viram quando Jungwon se aproximou timidamente. Seus cabelos estavam bagunçados, e ele ainda usava a camiseta dos Devils com o sobrenome do moreno nas costas. Seus olhos encontraram os de Jay, e um sorriso tímido surgiu em seus lábios.

— Parabéns, Jun.

Ao ver o garoto ali, Park sentiu o coração acelerar. Não perdeu mais tempo e foi até ele, segurando seu rosto entre as mãos e o beijando com paixão, sentindo a doçura dos lábios do futuro namorado. Ele nem mesmo se importou com a presença de sua mãe e aprofundou o beijo.

— Obrigado, gatinho. — sussurrou ao separar os lábios.

Jungwon riu, os olhos brilhando.

Somin observava a cena com ternura. Ela se aproximou um pouco e abraçou os dois, formando um trio de carinho e harmonia.

— Vocês são tão lindinhos juntos. — falou, cheia de orgulho. — Eu não poderia estar mais orgulhosa e ter um genro melhor. — deixou um beijo na bochecha de cada um. — Bem, agora vou deixar que vocês namorem em paz.

E assim, saiu.

Jungwon estava completamente vermelho.

— O que foi? — Jay perguntou sorridente, sentando-se novamente e puxando-o para sentar em seu colo.

Jungwon negou fraquinho e se aproximou do moreno, seus dedos encontrando os cabelos suados dele. Então sorriu, os olhos brilhando.

— Você foi perfeito. — confessou baixinho.

Jay riu, um som rouco e cheio de emoção.

— Você também, gatinho. Confesso que estou surpreso até agora por te ver usando essa camisa.

O ruivo se aproximou ainda mais, seus lábios roçando suavemente nos de Jay, porém, não o beijou. Do contrário, moveu-se no colo dele de forma que suas costas ficassem aparentes, deixando o “Park” bem à mostra para ele ver. O moreno abriu a boca, surpreso.

— Porra. Eu realmente não esperava por isso. Muito obrigado, meu amor.

Jungwon voltou a encará-lo e agora sim o beijou. Depois o beijou de novo, e de novo, e de novo. Eram beijos famintos, cheios de paixão e gratidão. Jay segurou o rosto dele entre as mãos, como se quisesse memorizar cada detalhe. Jungwon se inclinou para trás, apoiando-se no banco, e o moreno o seguiu, seus corpos colidindo.

As palavras se perderam entre os beijos. Eles não precisavam falar; seus lábios diziam tudo. O ruivo deslizou as mãos pelos ombros do mais velho, explorando cada músculo tenso. Jay afundou os dedos nos cabelos macios do menor, perdendo-se na textura e no cheiro familiar.

O tempo parecia suspenso. Eles estavam ali, no limiar entre a vitória e o amor. Quando finalmente se separaram, Jay encostou a testa na de Jungwon.

— Eu te amo, ruivinho.

Jungwon sorriu, os olhos brilhando intensamente. Ele não falou as mesmas palavras para o moreno e nem precisava. Jay já sabia. E assim, com os corações entrelaçados e a vitória ainda reverberando em suas almas, eles permaneceram ali, conversando em sussurros e trocando beijos calorosos. A hora de ir embora chegaria, mas naquele momento, o mundo se resumia a eles dois. E eles permaneceram por mais alguns minutos, abraçados e aproveitando o calor de ambos os corpos.

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