[🏀 + 10] - Deu errado
Passavam-se das quatorze horas e ambos os garotos ainda dormiam. O ruivo foi o primeiro a acordar. Suspirou, coçando os olhos inchados pelo sono. Não havia bebido muito na noite passada e o pouco que bebeu continha uma quantidade mínima de álcool, mas sua cabeça estava pesada e dolorida. Engoliu um xingamento quando sentiu uma dor latejante por detrás da córnea.
Ele esperou um momento até que a dor fosse embora e depois tentou erguer o corpo, mas algo o impedia. Olhou para o lado, sorrindo bobo ao ver que Jay ainda dormia, de bruços, com a mão pesada em volta de sua cintura, o que o impedia de se mover. Ele dormia em um sono profundo, ronronando alto. Isso fez o ruivo lembrar de um urso em seu período de hibernação.
Jungwon sorriu com o pensamento e ficou o encarando por alguns minutos. O moreno estava de bruços mas tinha seu rosto virado para si, quase grudados. Os lábios estavam entreabertos, a bochecha amassada pelo travesseiro e os cabelos jogados nos olhos. Todos esses detalhes não passaram despercebidos pelo baixinho.
Parecendo perceber que estava sendo observado, Jay abriu os olhos lentamente, encontrando os do ruivo o encarando com curiosidade e algo que parecia ser afeto. Sorriu.
- Bom dia, gatinho. - o saudou com a voz rouca.
Jungwon estremeceu, desviando o olhar.
- Bom dia. - respondeu tímido.
- Como se sente?
Ele voltou a encará-lo.
- Bem. Só estou com um pouco de dor de cabeça, mas nada que eu não possa suportar.
Jay franziu o cenho.
- Você não bebeu quase nada. Deve ter sido por conta da música alta.
- Acho que sim. - tentou se erguer mais uma vez. Park o segurou com mais força - Você pode me levar pra casa agora?
- Mas já quer ir, meu amor? - levou o rosto para o pescoço dele.
- Eu nunca fiquei tanto tempo fora de casa. Os meus pais devem estar preocupados mesmo eu tendo avisado que não sabia o horário que iria voltar.
Jay suspirou e a contra gosto, retirou sua mão da cintura dele, deixando que ele finalmente saísse da cama.
Jungwon procurou por seus sapatos, os calçando assim que os encontrou. Pegou seu celular que ainda restava 12% de bateria e verificou as horas; 14:23. Virou-se para a cama e tomou um susto ao ver o moreno parado em sua frente, o olhando com uma expressão carinhosa. Ele foi rápido quando grudou as bocas. Mas o ruivo o afastou.
- Park, não.
- Por que não?
- Acabamos de acordar. Precisamos escovar os dentes antes.
- Mas não tem problemas, eu posso te beijar até mesmo se você estiver a três dias sem tomar banho.
O ruivo sorriu fraquinho.
- Você é nojento - sorriu um pouco mais - Eu preciso tirar esse gosto amargo da boca, Jay.
Jay sorriu de toda aquela preocupação sem necessidade.
- Vem comigo.
Antes que Jungwon pudesse refutar, já estava sendo arrastado quarto a fora pelo moreno. Eles passaram por uma porta branca que ficava ao lado do closet, chegando em um banheiro não tão grande mas nem tão pequeno. Park abriu uma gaveta do balcão da pia, tirando de lá uma escova de dentes nova. Pegou uma outra que estava dentro de um ponte em cima da bancada e também, o creme dental.
Jungwon retirou a escova da embalagem e a estendeu para o moreno que prontamente colocou um pouco do creme nas cerdas macias. Fez o mesmo com a sua. Sem demora, começaram a escovar os destes, passando a escova pela língua, bochechas e céu da boca, se certificando de que tudo ficaria limpo. Ao terminarem, enxaguaram as bocas.
- Podemos nos beijar agora, ruivinho? - Jay perguntou secando o rosto com uma toalha.
- Não sei, acho que preciso comer algo antes. - se fez de difícil.
- Come minha língua então.
Jay falou apressado e atacou os lábios dele, o beijando com pressa e saudades. O beijo ganhou vida rapidamente e as línguas se entrelaçaram afoitas dentro das bocas. Os suspiros e gemidos eram impossíveis de serem controlados e nenhum dos dois queria controlá-los.
Park levou as mãos até a cintura fina, acariciando a pele coberta pela camiseta fina. Aprofundou o beijo, se deliciando com os lábios de mel. Ousando um pouco mais, deixou que suas mãos ergueram o tecido da camisa do ruivo e voltou a tocar a cintura que tanto amava, sentindo a pele quente.
Em um impulso, ergueu o corpo menor, o colocando sentado em cima da bancada da pia. Jungwon ofegou ao sentir seu corpo ser movimentado de tal maneira. O beijo bom foi destruído pela falta de ar que os impedia de respirar como deveriam.
- Você é muito aleatório - o ruivo suspirou sem fôlego - Por que eu comeria a sua língua?
- Não sei. - o beijou mais uma vez - Eu lembro muito bem, gatinho, que a quatro dias atrás você me desejou a morte quando eu o disse que não poderia mais viver sem seus beijos - começou faceiro, levando o rosto até o pescoço marcado - Mas parece que você não me quer morto já que sempre retribui meus beijos. E na mesma intensidade.
Jungwon soltou o ofegou quando sentiu um beijo ser depositado em uma determinada área de seu colo, o deixando arrepiado. Depois mais um, e mais um e mais outro, até que se tornasse uma sequência de selares.
Jay beijou cada parte da pele exposta, arrancando gemidos baixinhos do ruivo. Ele foi andando com os beijos até chegar no pomo-de-adão onde chupou fracamente, levando a carne molinha até seus lábios, os soltando logo em seguida.
Jungwon levou suas mãos para os ombros dele, aproveitando cada toque que estava sendo proporcionado. Jay segurava em sua cintura com posse, como se quisesse marcar território. O ruivo poderia até mesmo chutar que a cintura era a parte preferida de seu corpo do moreno. Sentindo que poderia perder a cabeça e não se responsabilizar pelos seus próprios atos, Yang decidiu parar com tudo aquilo.
- Jay, já chega - falou fraco - Sai daí.
- Não, eu gosto tanto de te beijar. - confessou, voltando a deixar selares carinhosos por todo o colo dele.
- Mas já ultrapassou seu limite. Se continuar me beijando não vamos sair daqui nunca mais e eu preciso ir pra casa.
Bufando irritado, Jay se afastou dele, colocando uma bico nos lábios.
- Eu deveria te roubar só pra mim, aí não precisaria ir pra casa.
- É, mas enquanto não o faz, eu preciso voltar.
Ele revirou os olhos escuros.
- Tudo bem. Só me deixe fazer a barba antes, uh? Depois comemos alguma coisa e eu te levo pra casa. - selou os lábios bonitos pela última vez - Não se esqueça que me deixou ficar lá com você.
- Não estou lembrando disso. Você me pediu para ir até minha casa, não ficar comigo.
- E eu deveria ficar com quem? Eu quero ver você bem mais, não seu pai ou sua mãe. Se bem que eu preciso convencer o sogrinho de que sou uma boa pessoa, faz parte do plano.
O ruivo gargalhou divertido, omitindo as várias ameaças que o pai já havia prometido fazer com o Park.
Jay também o acompanhou no riso e voltou a abrir a gaveta a qual pegou a escova para o ruivo, e de lá, tirou um pote de espuma de barbear, mas um barbeador, tudo isso sobre os olhinhos curiosos. Jungwon ficou sem entender quando ele lhe disse que faria a barba, ele mal tinha. O rosto era lisinho e não tinha marcas de pelos, sequer aranhava. Mas também não o questionou.
O moreno passou um pouco da espuma do nariz para baixo, deixando apenas a área dos lábios livre. Jungwon sorriu.
- Você tá engraçado. - analisou, dando mais uma risadinha - Parece uma barba branca.
Park o olhou, sorridente. Retirou a tampa que protege a lâmina do barbeador e começou a passá-lo pela bochecha.
- Como a barba do papai Noel?
- Papai Noel não existe, mas sim. Como a dele.
Jay o encarou com os olhos arregalados, como se ele tivesse cometido um crime hediondo.
- Não ouse falar que o papai Noel não existe. É claro que existe! Esse velho fez a minha infância inteira e me trazia presentes na madrugada do dia 25.
- Não, seus pais te deram os presentes. Eu cresci de uma forma diferente que você cresceu. Fui ensinado desde cedo que o papai Noel é apenas uma forma que os pais encontram para fazer seus filhos serem obedientes durante o ano inteiro.
- Que seja. Eu vou continuar acreditando. E minha barba de espuma é igual a dele.
- E não deixa de ser muito engraçada.
Jay sorriu, terminando de passar a gilete em um dos lados do rosto.
- Aposto que nunca precisou fazer a barba antes.
O ruivo deu de ombros.
- Não. A minha nunca cresceu e nem faço questão que cresça.
Park o olhou rapidamente, sorrindo de canto. Passou a ponta do dedo em sua bochecha, fazendo com que um rastro de espuma branca vinhesse no dedo. Chegou mais perto do menino sentado na pia e passou o dedo melado no nariz de botão.
- É mesmo uma boneca.
- Para seu idiota - sorriu constrangido, limpando a sujeira do nariz. - Não me chama mais assim.
O moreno terminou de se barbear e logo lavou o rosto com água e sabão facial. O secou com a mesma toalha que usou anteriormente e voltou a encarar o ruivo. Foi até ele parando no meio das pernas entreabertas. Levou as mãos às coxas grossas, e abriu um pouco mais das pernas dele, se encaixando melhor no meio delas.
- Por que? Prefere que eu te chame de princesa? Príncipe? Gatinho?
- Para ser sincero, prefiro que me chame pelo meu nome. Mas qualquer apelido que não seja feminino está de bom tamanho.
Jay sorriu sugestivo.
- Ah, ruivinho, não finja que não gosta dos apelidos que o dei tão carinhosamente. Eu sei que gosta.
Jungwon revirou os olhos, o empurrando para longe pelos ombros. Com Jay demasiadamente afastado de si, pulou de cima da pia e caminhou até a porta do banheiro, indo para o quarto. O moreno o seguiu.
- Você disse que só iria se barbear e depois iríamos comer. Vamos logo, estou faminto. - proferiu - Se apresse, não conheço nada aqui e os donos da casa provavelmente já chegaram.
Jay assentiu e o agarrou pela cintura, saindo do quarto agarrado a ele.
- Não precisa me segurar assim, Park. Eu sei andar sozinho.
- Sei que você sabe. Mas não quero deixar meu garoto desacompanhado.
- Não sou seu, Jay. Não seja tão emocionado.
- Ainda. Logo será.
- Como tem tanta certeza?
- Ninguém resiste a mim, ruivinho. Você também não resistirá.
Jungwon soltou a gargalhada mais sincera da sua vida, se contorcendo nos braços dele.
- Sonha, Park. Sonha.
Jay preferiu não o responder. Deixaria que ele pensasse um pouco mais sobre o que poderiam ter, porque ele mesmo já tinha total certeza de que queria aquele ruivo somente para ele. Quando estavam prestes a descer o último degrau da escada, Jungwon retirou as mãos tatuadas de sua cintura e passou a caminhar com naturalidade.
Na sala, Sunghoon assistia um filme, agarrado com Sunoo. Jay passou na frente, deixando que um Jungwon acanhado o acompanhasse. Os passos chamaram a atenção dos dois que estavam no sofá.
- Acordou, bela adormecida? Seu príncipe fantástico te deu um beijo de amor verdadeiro para que despertasse? - Sunoo encarou o amigo, implicando com ele.
Jungwon revirou os olhos.
- É capaz do Jay ser a bela adormecida nesse caso. - Jongseong sorriu - Ele dorme mais que um urso em período de hibernação.
Agora o ruivo sorria da comparação que o dono da casa fez com o melhor amigo, justo a mesma que ele próprio fez.
- É, foi isso. Acordei primeiro que o Jay - gargalhou - E sim, ele realmente parece um urso em hibernação.
- Vão mesmo queimar o meu filme? - Park perguntou indignado.
Sunoo não estava entendendo nada daquela conversa que parecia que apenas o namorado e o amigo estavam gostando. Os outros dois apenas sorriam baixinho, sugestivos, enquanto o moreno rebelde revirava os olhos e ficava bicudo.
Minutos depois, a senhorita Park chegou na sala, e o loiro logo se animou quando viu a sogra. Pulou do sofá, esquecendo-se do namorado.
-Tia Jiwon!
A mulher foi surpreendida pelos braços do garoto afoito em volta de seu corpo pequeno.
- Oi, querido. - ela devolveu o afeto - Não esteve mais aqui. O que foi que aconteceu?
- Ah, a escola não me deixa ter tempo. - fez um biquinho.
- Oh, verdade. Mas quando tiver tempo nos finais de semana venha. Eu e o Heejun estamos sentindo sua falta.
Sunoo concordou e os olhos da mulher passaram por cima de seus ombros, vendo o filho sentado no sofá, Jay em pé e ao seu lado um garoto ruivo baixinho.
- Olá, filho. Como foi a festa? Se divertiram?
Sunghoon também pulou do sofá e foi até a mãe.
- Foi ótimo. Acabei com tudo às quatro da manhã e não consumimos drogas e não permiti que trouxessem. Depois eu e os menino que dormiram aqui fomos para a piscina.
Contou tudo com animação e nervosismo. Mesmo já sendo um adulto de 20 anos, ainda morava com seus pais e tudo aconteceu na casa deles. Não podia omitir nada.
A mulher franziu o cenho.
- Piscina a essa hora, filho? É bom que não fiquem doentes. - acariciou os fios dele. - E quem é seu amigo? O garoto ruivo, porque aquele encrenqueiro ali, eu já conheço muito bem.
Jay bufou.
- Que complô foi esse? Por que todos estão contra mim hoje?
Ninguém o respondeu.
- Mãe, esse é o Jungwon. Ele é o melhor amigo do Sunoo.
A mulher pareceu surpresa.
Jungwon desencostou um pouco do moreno e curvou-se diante a mais velha, numa mesura formal e educada. Ao erguer-se sorriu constrangido. Nunca foi bom em conhecer e dialogar com pessoas novas. Ele sempre esperava a aprovação delas.
- Prazer em conhecê-la, senhorita Park.
- Ah, não precisa de formalidades, querido. Me chame de tia Jiwon. Se é amigo do meu filho é meu também. Seja bem vindo a minha casa e volte sempre que tiver vontade. - também sorriu educada.
- Obrigado.
Jay foi até ele, passando o braço pelos ombros dele.
- Vamos comer, amor? Depois te levo em casa.
A Park soltou um gritinho animado.
- Vocês namoram? Por que não me disse, Sunghoon? - ela fuzilou o filho com o olhar - Você finalmente está namorando, pestinha! - voltou a encarar o moreno, apertando as bochechas dele.
Jay fez uma caretinha de dor e Jungwon se constrangeu, sem saber o que dizer.
- Nós não namoramos, tia. - falou vendo a mulher fazer um biquinho tristonho. Logo concluiu - Ainda.
A Park voltou a sorrir e logo arregalou os olhos maquiados ao lembrar do que fora fazer ali
- Oh, filho, eu esqueci! - bateu a mão pequena na testa - Seu pai está te chamando lá no escritório dele. Acho que seja para te dar seu presente. - Sunghoon assentiu. Ela olhou para Jay e Jungwon - E vocês, queridos, podem ir procurar algo para comer. Eu fico aqui fazendo companhia ao Sunzinho.
Sunoo sorriu e voltou a agarrar a sogra. Sunghoon foi saber o que o pai queria, mas antes de sair, quando passou por Jay, sussurrou para que somente ele pudesse ouvir.
- Não esqueça de me contar tudo o que acontecer em seu plano infalível.
Jay soltou um risinho nasalado por dentro do nariz e também saiu, junto do ruivo. Ficando assim, somente o loiro e a sogra na sala.
Quando chegaram na cozinha, Jay não se importou em pedir licença à cozinheira que preparava alguma coisa e foi direto até a geladeira, abrindo as grandes portas. Jungwon ficou incrédulo.
- Por que não pede permissão antes? Não tem educação? - perguntou a ele.
A mulher que mexia algo em uma panela, sorriu.
- Já sou de casa, bebê - o olhou rapidamente - O que vai querer comer? Pão, bolo, suco, torrada...
- Qualquer coisa para mim está ótimo.
Jay assentiu e pegou alguns lanches para eles. Levou as comidas para o balcão e chamou o ruivo para sentar. Ele foi um pouco tímido. No balcão tinha bolo de chocolate, suco de laranja, leite e geleia de amora. Jungwon sentou-se em um banquinho, envergonhado.
Park se sentou de frente para ele, do outro lado do balcão.
- Por que está tão tímido? Você não é assim, ruivinho.
- Nunca soube como agir na casa de outras pessoas.
O moreno pensou no que falar para confortá-lo, mas antes que dissesse alguma coisa, uma voz feminina e carinhosa ressoou:
- Fique à vontade garoto. Os donos da casa não tem besteira com nada e são super carinhosos e gentis. O menino Sunghoon também é um amor.
A cozinheira que ouvia a conversa falou.
- Oh, obrigado. - sorriu.
Jay cortou uma fatia do bolo e a comeu em uma única mordida. Se serviu com um copo de leite e pegou uma torrada. Abriu o pote de geleia e a espalhou pela torrada.
- Vai querer bolo ou torrada?
- Não sei. Os dois parecem bons.
- Então come os dois.
Jungwon arregalou os olhos.
- Não sou guloso como você, Park!
Jay gargalhou fraquinho.
- Então, experimente um pouco de cada. - levou a torrada até próximo dos lábios dele. Jungwon ficou confuso - Morde.
Jungwon entreabriu os lábios deixando que o moreno colocasse a pontinha da torrada em sua boca. Deixou uma pequena mordida sem se tocar de que estava sendo alimentado por um Coelho soberbo.
Mastigou o pedacinho que mordeu, sentindo o gosto da massa macia junto da geleia doce, desmanchando em sua língua. Enquanto degustava da torrada, Jay foi rápido ao tirar uma fatia fina do bolo e quando Jungwon engoliu a massa fofinha, colocou a fatia na boca dele, a qual também, só foi usufruído de um pedaço pequeno.
- E aí? Prefere qual?
Jungwon terminou de mastigar com calma e depois que comparou o sabor dos dois, falou:
- Acho que a torrada.
Jay assentiu, pegando mais duas torradas e passando geleia nelas. Colocou no prato a frente do ruivo.
- Para beber?
- Suco. Acho que leite não combina com geleia.
Park concordou outra vez, servindo um copo de suco para ele. Terminou de devorar a própria torrada e depois que serviu o ruivo, cortou uma grande fatia do bolo.
Ambos comeram calados e quando terminaram, se despediram de Sunghoon que já havia voltado da conversa com o pai e de Sunoo. Heeseung e Jihoon já haviam ido embora. Jay colocou a carteira no bolso da calça e pegou a chave do carro, se dirigindo até a garagem onde estacionou seu carro na noite passada. Jungwon o seguiu.
Assim que iria abrir a porta do carro, se surpreendeu quando o moreno pulou na frente, o assustando.
- Deixa que eu abro, gatinho - fez uma mesura engraçada, se curvando inteiro. Abriu a porta do passageiro.
Jungwon gargalhou fraquinho, dizendo antes de entrar:
- Para, Park. Ser romântico não combina com você.
Jay devolveu o sorriso. Deu a volta no veículo, entrando logo em seguida.
- Eu sou romântico, amor. Você que ainda não percebeu.
Jungwon revirou os olhos. O moreno não perdeu tempo em girar a chave na ignição e tirar o carro da garagem, logo arrancando com o mesmo em uma velocidade média. O ruivo digitou em seu celular avisando a sua mãe que já estava indo para casa e que em 20 minutos chegaria. Desligou o aparelho e se concentrou na estrada, observando a paisagem, em um silêncio confortável. Mas ele não durou tanto.
- O que você observa tanto, amor?
O ruivo despertou de seu transe e o encarou confuso.
- Estou olhando as casas, as árvores, os parques, as nuvens.
Jay sorriu.
- Então olhe pra mim. Garanto que sou uma vista bem agradável.
- Não, eu prefiro ver os animais que passam na rua. Eles são mais interessantes do que um apenas sentado.
O moreno ficou surpreso. Já ia o questionar o porquê de tal comparação, mas voltou a sorrir. Agora de canto de boca, sorrindo cafajeste.
- Ah, meu amor, te garanto que esse animal é mais interessante na cama.
Jungwon arregalou os olhos
- É impossível ter uma conversa com você, Jay. Pelo amor de Deus.
- Você que começou me provocando, gatinho. Por que não aguenta quando eu te provoco também?
- Porque todas as suas provocações, diferente das minhas, são todas com piadas sexuais.
- E você não gosta? - diminuiu a velocidade até parar completamente diante de um sinal. Olhou o ruivo, esperando sua resposta
- Não é que eu não goste. Eu só...
Park arqueou uma sobrancelha.
- Hm? - o encarou mais intensamente.
- Só fico com um pouco de vergonha. Não, um pouco não. Muita. Muita vergonha.
- E como faço para acabar com essa sua vergonha?
Jungwon pensou um pouco. Park deu partida quando o sinal ficou verde, indicando que ele poderia avançar.
- É só não as fazer. - ditou depois de um tempo, simplório.
- Não achei que fosse responder isso. - fez biquinho.
- E achou que eu fosse dizer o que?
- Algo como: "Então Jayzinho, minha vergonha só irá embora quando você me jogar em sua cama."
Jungwon ficou chocado com aquilo mas não evitou um sorriso espontâneo que fora crescendo imediatamente em seu rosto. Tinha vergonha das baixarias que o moreno o dizia na maior cara lisa, mas isso não o impedia de respondê-lo na mesma intensidade. Sorrindo, disse:
- E não pode ser na minha?
Jay apertou o volante nos dedos com mais força do que o normal, surpreso pela resposta do ruivo. Não estava esperando que ele fosse falar algo como aquilo. Sorriu ainda mais.
- Pode, ruivinho. Mas temos que ser rápidos e fazer antes que seu pai entre no seu quartinho de princesa pronto para me degolar.
O ruivo sorriu fraquinho.
- Você não vai esquecer disso, não é?
- E tem como? Não durmo em paz e tenho sonhos horríveis onde eu acordo sem a cabeça. E não é nem a de cima.
Proferiu indignado, virando em uma rua. Cada vez mais próximo do seu destino.
- E você ainda quer ir? Mesmo depois de todas essas ameaças?
O moreno engoliu a saliva.
- Quero. - olhou rapidamente para ele - Acha que eu não sou homem o suficiente para lidar com todos os desafios que preciso enfrentar para te assumir, ruivinho?
Jungwon de repente se viu sem reação e sem voz. Não quis dizer mais nada então ficou calado. O silêncio engoliu o ambiente e ele perdurou até que o veículo parasse de vez. Haviam chegado.
O ruivo não esperou pelo o que Jay tinha a dizer, e nem sabia se ele falaria algo. Desceu do carro indo para a frente da sua casa. O moreno faz o mesmo. Jungwon suspirou, pronto para abrir a porta da casa, quando se tocou de algo. Olhou para o moreno, confuso.
- Como sabia o meu endereço? Você nunca veio aqui antes.
Jay sorriu.
- Adivinha, bebê.
Jungwon já estava pronto para mandá-lo parar de brincadeira e lhe contar logo como ele havia conseguido o seu endereço, quando ele o encarou com aquele sorrisinho devasso e postura relaxada, como se o olhasse cúmplice. Ele então pensou em um nome que talvez poderia ter compartilhado sua moradia para aquele moreno arteiro.
- Não. Ele não faria isso. - falou baixinho, mas alto o suficiente para Jay ouvir.
- É, ele fez - mordeu a carninha da boca - Eu te disse que o loirinho é a pessoa que mais nos apoia e nos quer juntos, amor.
O loiro pensou um pouco, tentando procurar uma forma de repreender o amigo sem parecer rude. Sabia que ele queria apenas o ajudar mas talvez mandar seu endereço para uma pessoa que ele mal se comunicava já fosse algo a mais. Porém, há alguns meses, desde que as aulas voltaram, a relação dele com o moreno mudou muito. Sunoo também não seria capaz de compartilhar informações sobre si para qualquer um.
Percebendo no que ele pensava, Jay decidiu acalmá-lo.
- Não fique chateado com ele. Eu viria de qualquer maneira. Você me permitiu vir.
Jungwon suspirou.
- Está certo. Vamos entrar.
Park assentiu. O ruivo levou sua chave até a fechadura, mas assim que iria girá-la, a porta foi aberta por dentro o fazendo levar um pequeno susto e saltar em um pulinho para trás, batendo no peito do moreno.
- Oi, papai. - sorriu.
Hyun-woo franziu o cenho para o garoto que acompanhava seu filho. Olhou de um para o outro e depois fixou o olhar somente no ruivo.
- Agora, meu filho? - questionou o horário.
- Bem, eu viria para casa às quatro da manhã como o senhor pediu, mas aí o Jay me pediu para dormir lá. Nós só acordamos agora. - confessou um pouco envergonhado.
- Tudo bem, meu amor. - o mais velho saiu para fora e acariciou os fios macios do filho - Você se divertiu?
- Muito. A música estava alta então acordei com dor de cabeça mas já passou.
- Tomou remédio?
- Não.
- Então venha tomar.
Jungwon assentiu e já iria acompanhar o pai para dentro, mas aí lembrou-se que Jay ainda estava ao seu lado.
- Uh, pai?
- Sim?
- Esse é o Jay. O garoto que a mamãe te falou - sussurrou a última parte para que somente ele pudesse ouvir.
Hyun-woo passou a encarar o moreno com um olhar fulminante, tentando se lembrar dele. Até que lembrou-se de que ele era o garoto encrenqueiro, que vivia dentro de roupas pretas e tinha o corpo repleto de piercings e tatuagens. O Yang semicerrou os olhos.
Jay sorriu amarelo, nervoso.
- Boa tarde, sogrinho.
Jungwon arregalou os olhos ao ouvir aquilo. Jay também arregalou os seus ao notar o que tinha dito.
Hyun-woo arqueou a sobrancelha.
- Sogrinho? - avançou um passo mais próximo do moreno.
O ruivo entrou na frente dos dois, impedindo que algo acontecesse. Park suou frio, sentindo sua vida passar por um fio.
- F-foi mal. Eu quis dizer "senhor." - engoliu em seco - Boa tarde, senhor Yang.
Hyun-woo o olhou por alguns minutos. Sua desconfiança acabou quando se recordou quem era aquele menino, de fato.
- Você não é o moleque que deixou uma marca horrível no meu filho?
Jay prendeu a respiração. Olhou para Jungwon que apenas sorriu maroto, saindo do meio deles, deixando com que ele tivesse a visão mais ampla do homem mais velho.
Hyun-woo não passava de seu ombro e era até estranho ele estar com medo de alguém mais baixo e consequentemente por conta da idade, mais fraco. Mas ele estava. E com muito medo.
- B-bem, aquilo... - tentou se explicar mas fora interrompido.
- Da próxima vez que meu menininho chegar em casa com uma marca feita por você, você morre garoto.
Park paralisou. Jungwon sorriu fraquinho, imaginando o que seu pai faria caso descobrisse o que ele havia feito em seu pescoço noite passada. O colo estava completamente marcado e roxo. Aquilo só sairia, no mínimo, em duas semanas, e se ele quisesse que o moreno ficasse vivo, teria que se esforçar muito para não deixar que seu pai visse seu pescoço.
Para que o conflito que começou a existir entre os dois não se aprofundasse, Jungwon pegou na mão do moreno e o arrastou para dentro de casa. Seu pai ficou apenas olhando, perplexo.
- Ei, moleque! Volte aqui, não deixei que entrasse em minha casa!
Jay olhou para trás e sorriu ao ver o desespero do homem que estava cada vez mais próximo. Jungwon soltava gargalhadas animadas, começando a correr pela casa, arrastando o moreno junto.
Em meio a toda aquela correria, Minji que estava na cozinha preparando um lanche, foi até a sala, curiosa para saber o que acontecia.
- Jungwon, filho? Já chegou?
Ao chegar no outro cômodo, a ruiva sorriu ao ver os dois garotos correndo e gargalhando alto enquanto o marido os perseguia.
- Hyun-woo, mas o que é isso?
O homem parou de correr atrás dos garotos e levou as mãos até os joelhos, tentando levar ar de volta para os pulmões. Minji tirou os olhos dele e levou para o filho.
- Oh, Jay! Que bom vê-lo aqui! - ela sorriu - Como foi a festa? Se divertiram?
Jay sorriu para ela, passando pelo seu esposo furioso. Curvou-se respeitosamente.
- Nós divertimos sim, senhorita Minji.
- Querido, pare com tantas formalidades. Me chame de tia Minji, uh?
Hyun-woo bufou alto.
- Vai dando essa liberdade, Minji. Daqui a pouco ele te trata como uma amiga. - se indignou - Eu nem sei quem é esse moleque e ele já me chamou de sogro! Sogro não, sogrinho.
A mulher ficou surpresa mas já imaginava que isso fosse acontecer. Ela sorriu.
- Você pode me chamar de sogrinha, Jay. Eu não vejo problema algum.
O moreno sorriu como nunca tinha sorrido antes. Um sorriso grande, diabólico e vitorioso.
Jungwon sentiu seu rosto quente. Agarrou o braço de Jay com o intuito de tirá-lo dali.
- Certo, mãe, agora nós vamos subir e-
Antes que pudesse terminar sua frase, foi interrompido.
- Vão subir pra onde? - O Yang mais velho ficou em alerta.
Minji revirou os olhos.
- Sai daqui, Hyun. Eles não vão subir agora porque antes vão comer o lanchinho que eu preparei. - sorriu, indo até eles - Estão com fome?
O homem ficou boquiaberto por ter sido ignorad.
- Não, mãe, nós já come-
Outra vez não conseguiu terminar de falar.
- Eu tô faminto, sogrinha. - Jay o interrompeu com um enorme sorriso.
Minji sorriu pela forma que foi chamada.
- Então vamos comer.
A mulher saiu na frente e os garotos foram atrás. Hyun-woo, ainda de cara amarrada, também foi junto.
Já na cozinha, Jungwon sentou-se em uma cadeira da mesa e Jay fez o mesmo, sentando-se ao seu lado. Hyun-woo sentou-se do outro lado da mesa, de frente para o moreno que engoliu em seco. Minji se aproximou, trazendo consigo biscoitos assados e uma jarra de leite morno.
- Fiquem à vontade. Sirvam-se!
O Yang mais velho foi o primeiro a pegar um prato de porcelana e enchê-lo com os biscoitos. Depois se serviu de um copo de leite. Jungwon não comeu, já estava satisfeito. Jay, um pouco inseguro, pegou um prato e se serviu com apenas três biscoitos, também não tinha tanta fome. O ruivo colocou um pouco de leite em um copo e o entregou.
- Mas vai comer só isso, Jay? Pegue mais! - Minji insistia.
- Ah, não, isso é o suficiente.
A ruiva assentiu. Todos passaram a comer em silêncio.
Jay se deliciava dos biscoitos, sentido a massa crocante derreter em sua boca. O leite também estava muito bom e era ótimo para ele que treina pesado. O cálcio fortaleceria seus ossos ainda mais.
- Isso é uma delícia, tia. A senhora deveria ser cozinheira. - elogiou.
Jungwon revirou os olhos.
- Oh, não diga isso. Eu apenas consigo fazer biscoitos e bolos. Sou melhor como professora, o cargo de cozinheiro é do meu marido.
Hyun-woo deu de ombros. Engoliu mais um pedaço de biscoito.
Eles voltaram a comer em silêncio e quando acabaram, Minji se retirou para lavar a louça. Jungwon foi ajudá-la, deixando apenas o pai e Jay sozinhos. O moreno ficou inquieto, olhando para todos os lado desde que não seja a cara do mais velho
- Quantos anos tem, moleque?
Jay o olhou rapidamente.
- Ãhn, e-eu?
O Yang ergueu uma sobrancelha como se dissesse o óbvio.
- T-tenho 19, senhor.
- 19? E ainda está no último ano da escola?
- B-bem, eu acabei me atrasando um pouco. - sorriu amarelo.
Hyun-woo concordou.
- E todas essas tatuagens? E piercings?
- Estilo, senhor.
- E o que você pretende com o meu filho? Pergunto isso porque o Jungwon nunca trouxe um "ficante" aqui antes.
Jay ficou surpreso. Ele ser o primeiro ficante que o ruivo levava até sua casa, fazia com que seus pais pensassem que eles iriam namorar. E se dependesse do moreno, eles iriam sim.
- Olha, senhor Yang, eu serei sincero com o senhor. - suspirou - Eu nunca fui um bom exemplo mas pelo Jungwon eu estou aprendendo a ser.
Hyun-woo franziu o cenho.
- Como assim "nunca foi um bom exemplo"? Acha que eu permitirei que você leve meu filho para o mal caminho?
- N-não foi isso o que eu quis dizer! Eu sou legal, prometo!
- E ser legal vai pagar as contas do meu filho, moleque?
- Não, mas se eu namorar com ele também não.
Falou sem pensar mas logo se arrependeu do que disse. O homem o olhou com fúria.
- Se você está pensando em só comer o meu filho e depois largar ele, eu vou te caçar e te degolar inteiro.
Jay arregalou os olhos.
- Não! O senhor está colocando palavras na minha boca! Eu não vou machucar o Jungwon. Não sou igual o babaca do Jaewon.
- Não fale o nome desse monstro na minha casa! - se exaltou.
Sua voz duas vezes mais alta, chamou a atenção dos ruivos que já terminavam de lavar a louça.
- Algum problema, querido? - Minji o perguntou, preocupada.
- Não, minha linda! Está tudo sob controle! - sorriu para a mulher.
Jungwon lançou um olhar desconfiado para Jay que devolveu outro assustado.
- É bom que você tenha amor à sua vida, moleque.
Ele desviou o olhar, voltando a encarar o mais velho.
- Jay, senhor, Park Jong-seong.
- Você entendeu, moleque?
Jay suspirou fundo.
- Sim. Eu entendi.
- É bom que tenha entendido mesmo, ou do contrário, eu não terei pena de arrancar o negocinho que você mais ama.
O moreno ficou sem entender a ameaça, mas quando o homem olhou para o próprio colo com um sorrisinho tenebroso nos lábios, Jongseong arregalou os olhos ao se dar conta do que ele falava.
Antes que Hyun-woo pudesse assustá-lo ainda mais, Jungwon e Minji apareceram.
- Você já quer ir? Podemos ir para o meu quarto. - começou o ruivo.
Jay sentiu as palavras na ponta da sua língua. Ele queria ir embora e nunca mais pisar ali, seu futuro sogro o dava medo. Mas ao olhar para o rosto corado e repleto de sardas, todos os seus medos se esvaem e a vontade de ficar com ele crescia. Sem pensar muito, levantou-se da cadeira e foi até o lado do ruivo, como se ele pudesse protegê-lo. Jungwon sorriu.
Ele segurou a mão do moreno e o guiou para fora da cozinha, mas antes que chegasse até o final do cômodo, ouviu quando seu pai disse:
- A porta fica aberta.
E logo depois, Minji falou:
- Deixe eles, Hyun! Você também não gostava quando meu pai não permitia que ficássemos trancados no quarto.
- Exatamente pelo o motivo do meu sogro não nos permitir ter privacidade, não permito que esse moleque fique a sós com meu menino e trancados!
Jungwon revirou os olhos e finalmente deixou a cozinha, indo até seu quarto com Jay ao seu encalço.
Já no andar de cima da casa, os dois seguiram até o quarto do mais novo. O cômodo tinha tudo a ver com o ruivo. As paredes eram brancas e o piso amadeirado. A roupa de cama era em um tom verde floresta, mas não tão escuro. Uma enorme estante de livros ia do chão ao teto, com exemplares de todos os gêneros literários. A mesa de estudo possuía uma luminária, vários cadernos e canetas e o notebook, mais alguns objetos decorativos.
Os dois já estavam dentro do quarto, mas assim como lhe foi ordenado, Jungwon não fechou a porta. Jay também não se importou com esse fato e prendeu o ruivo contra a parede, beijando seus lábios com saudades. Pego de surpresa, Jungwon ofegou, retribuindo o beijo. Impulsionando o corpo dele, Jay o ergueu fazendo com que Jungwon rodeasse sua cintura com as panturrilhas bem desenhadas. Caminhando às cegas, o moreno levou o ruivo até a cama, o deitando nela. Aprofundou o beijo.
Jungwon ainda tinha suas pernas em volta da cintura do moreno e ele ondulava o quadril, fazendo movimentos suspeitos. As línguas brigavam por espaço dentro das bocas e os pulmões por ar dentro dos corpos. Mesmo com o fôlego escasso, nenhum dos dois queriam acabar com aquele contato bom. O beijo se tornou mais bruto e só quando o ar se tornou rarefeito, eles se afastaram. As respirações estavam ofegantes e desreguladas, mas Jay queria mais. Muito mais.
- Jong, não... - Jungwon suspirou com os beijinhos que recebia no pescoço marcado - A porta tá aberta, meu pai pode entrar.
- Droga. - amaldiçoou mas não parou com os selares.
- Não deixe mais marcas.
Jay sorriu pela ordem que recebeu. Depois de alguns minutos, virou o seu corpo, deixando o ruivo agora por cima. Jungwon se moveu um pouco até ficar deitado ao lado do moreno. As mãos tatuadas acariciavam os fios ruivos e o braço de pelos laranjas. Deixou um beijinhos no topo dos fios de cobre, franzindo o cenho logo depois.
- Ruivo?
- Uh?
- Sua raiz tá escura.
Jungwon soltou um risinho.
- Está. Eu tenho que retocá-la.
Jay ficou confuso.
- Retocar? Por que?
- Porque o meu cabelo não é natural e a tinta vai saindo ao longo dos meses.
Agora o moreno estava ainda mais confuso.
- Como assim não é natural?
- Não é, Jay. Eu nasci com os cabelos castanhos assim como o seu. Mas depois eu pintei de ruivo.
- Então você não é ruivinho natural? - seus olhos estavam brilhantes.
- Não. Eu tingi meus fios. Pensei em colorir de loiro assim como o Sunoo, mas então preferi o ruivo.
- O Sunoo também é química?
- Não, ele é natural. A mãe dele é espanhola, então ele é loiro por conta dela.
Jay assentiu.
- Mas e a tia Minji? Ela também é ruiva.
- É. Ela também pintou os cabelos. Eu achei bonito e quis pintar os meus também.
O moreno ficou pasmo.
- Minha vida foi uma mentira?
- Por que acha isso?
- Porque eu realmente pensei que o seu ruivo fosse natural.
Jungwon soltou uma gargalhada gostosa.
- Não, Jay! Não sou ruivo natural até porque é impossível um coreano nascer com o cabelo de outra cor a não ser castanho. E se tiver, deve ser bem raro e eu não sou tão importante a esse ponto.
Park o olhou, seriamente. Fez mais carinhos nos fios macios e lhe disse, olhando nos fundo de seus olhos:
- Amor, se você não for o primeiro para outras pessoas, está tudo bem. - sorriu, deixando um pequeno beijo nos lábios cheinhos - Você sempre será o número 1 pra mim.
O ruivo sorriu feliz, antes de ser atacado por mais um beijo, dessa vez, um contato carinhoso. O ósculo não perdurou muito e logo os lábios foram desgrudados. Depois de um momento, eles ficaram apenas deitados. Jungwon tinha seu rosto no peito do moreno e não sabia em que momento, mas em determinado minuto do beijo, Jay levou sua perna direita para cima de seu corpo e agora acariciava a coxa coberta. Os dois ficaram presos naquele momento por vários minutos e o ruivo fechou os seus olhos, se permitindo relaxar nos braços do moreno.
Um barulho de passos chamou a atenção de Jay e quando olhou pelo canto do olho para a porta, viu Hyun-woo parado ali, encarando os dois, mas precisamente a mão dele sobre a perna do filho. Com um sorriso de lado presunçoso, o tatuado fora movimentando a palma grande, subindo pela coxa grossa até chegar na bunda empinada, Hyun-woo arregalou os olhos. Jay quase soltou um risinho quando apertou a carne da bunda grande na mão e o homem na porta ficou vermelho. Jungwon não reclamou do toque dele e por isso permaneceu acariciando. Quando o mais velho estava prestes a adentrar o quarto, ouviu a esposa o chamar. Bufando, marchou para fora dali.
Jay sorriu vitorioso, também fechando seus olhos.
• 🥕 •
Depois de passadas algumas horas que o moreno foi embora, Jungwon tomou um banho e se preparou para dormir. Ao sair do banheiro, voltou para o quarto ficando um tanto confuso ao ver sua mãe ali, sentada em sua cama.
- Mamãe, oi.
- Oi, amor.
Minji sorriu, dando duas batidinhas ao seu lado, sinalizando para ele sentar ali. Jungwon fez como ela pediu.
- Está acontecendo algo que você não quis me contar? - começou cautelosa mas o ruivo não entendeu. - Sobre vocês dois, amor.
- Há. - ele abriu a boca mas dela apenas um suspiro saiu.
- Se não quiser contar tudo bem.
- Não, mãe, não é isso. É só que não tem o que contar. Nós não estamos tendo nada para possivelmente sua tristeza e alegria do papai.
Ela soltou um risinho nasalado.
- Então vocês só são ficantes? Como dizem os jovens de hoje.
- Bem, eu acho que sim.
- Eu acho que em breve, vocês não vão ser apenas ficantes.
Jungwon encarou a mais velha, surpreso.
- Por que acha isso?
- Porque você é meu filho e eu te conheço. - respondeu - Sei que não demora nem mesmo dois dias com a mesma pessoa por medo de se apegar muito a ela, mas você já está tendo esse rolo com o Jay há cerca de uma semana.
Ele abriu a boca, desorientado.
- Mas isso não quer dizer nada, mãe!
- Não quer dizer nada? Você até foi na festa de aniversário do amigo dele.
- O Sunghoon hyung também é meu amigo.
- E o que explica ele ter vindo aqui? Você nunca trouxe nenhum dos seus ficantes aqui com desculpa de que o Hyun-woo não iria gostar, mas mesmo assim trouxe o Jay. Me explique isso então! - Jungwon iria respondê-la mas ela foi mais rápida e o interrompeu - E não me diga que o motivo foi ele ter vindo te deixar ou que fui eu que o convidei para lanchar!
Jungwon suspirou, sabendo que não tinha mais para onde correr.
- Tá legal! Eu já estou a um bom tempo ficando com o Jay, mas isso não significa que vamos ter algo.
- E por que não?
- Porque nenhum de nós dois queremos ter algo a mais.
Minji sorriu outra vez, tentando confortá-lo.
- Filho, seja sincero consigo mesmo.
- Mas eu estou sendo!
- Tem certeza?
Jungwon abaixou a cabeça.
- Na verdade eu não sei.
Minji acariciou os fios ruivos do filho.
- Sente algo pelo Jay?
- Eu também não sei. Eu gosto de estar perto dele, de ficar com ele. Mas não posso dizer que o amo porque isso é algo muito forte. - sorriu constrangido.
- Eu entendo, amor. Mas você está pronto para se entregar? Quer dar um segundo passo?
Jungwon voltou a olhar para ela. Não era preciso que Minji tivesse falado diretamente para ele saber do que ela estava falando. O episódio que aconteceu a quase três anos atrás, ainda mexia com a cabeça do ruivo e o fazia se fechar para tudo. Depois que vivenciou aquilo tudo com Jaewon, nunca imaginou que poderia amar novamente.
Quando Jay entrou em sua vida ainda quando ele cursava o primeiro ano, não achou que ele o notaria por ser um "nerd", mas foi justamente por isso que ele chamou a atenção do moreno. Os dois primeiros anos foram um inferno. Assim que ele completou duas semanas na escola, foi recebido com um balde de água fria pelos jogadores do time de basquete. Mas, por incrível que pareça, Jay não participou da brincadeira. No final de tudo, ele o deu uma toalha para que pudesse se secar.
Esse momento de gentileza, fez com que Jungwon acreditasse que ele seria uma boa pessoa, mas estava indubitavelmente enganado. Os meses foram passando, e com eles as provocações surgindo. Sempre que Park encontrava com o ruivo, não perdia tempo em o provocar e deixar claro o seu ódio por ele, que mais tarde, Jungwon entendeu que ele não ia com sua cara por ser bom em tudo o que fazia. Mas Jay também era bom em tudo que praticava, menos nos estudos por falta de interesse.
Depois das provocações, vieram os apelidos. Ruivinho foi o primeiro. No início, aqueles apelidos junto das provocações o incomodavam muito, mas com o tempo Jungwon aprendeu a conviver com eles e a ignorar o moreno. Isso perdurou por dois anos. Agora, no início do último ano escolar, a única brincadeira que Jay fizera consigo, fora trocar os testes que eram feitos todo início de ano para avaliar o conhecimento dos alunos durante as férias. Por conta disso, Jungwon ficou com um D, mas logo a verdade foi descoberta e ele ganhou mais um A.
Era notável a súbita mudança que Jay teve e pensando no que sua mãe disse, ainda não sabia a resposta para aquela pergunta.
- Eu não sei. Ainda tenho medo de que tudo vá se repetir.
- Mas será que o Jay fará você sofrer, filho?
- Também não consigo responder isso. O Jay mudou muito e não é mais aquele garoto encrenqueiro sem maturidade. Ele também não me incomoda mais como antes.
- Isso já é um passo, meu amor.
- Eu sei, mas isso não significa que ele queira namorar comigo.
- Pois eu acho que significa sim. Acha mesmo que ele me chamaria para conversar na sala de aula sobre relacionamentos? Ele estava perguntando qual seria o genro perfeito pra mim e se descreveu como um pretendente.
- Sabe, ele nunca se importou com quem beijava. Mas comigo ele pedia permissão e se eu falasse não, ele continuava insistindo mas não avançava.
- Isso é outro sinal de ele querer namorar você.
- Não, mãe, eu acho que não
- E por que não?
- Porque, por mais que ele tenha mudado, ainda é o Jay.
Minji concordou.
- Às pessoas merecem uma segunda chance, filho. - ela acariciou os fios ruivos com mais carinho - Mas não se envolva demais se perceber que isso não vai pra frente.
Jungwon sorriu.
- Eu estou bem, mãe. Não vou deixar que o passado me assombre. - concluiu - E se eu não namorar o Jay, não tem como ele me machucar.
Minji concordou e se levantou.
- Bem, eu vou indo. Já está tarde, filho. É melhor dormir agora para não acordar indisposto amanhã. - beijou a testa dele - Pode conversar comigo sobre isso, tudo bem?
- Sim. Obrigado.
A ruiva sorriu. Antes dela sair do quarto, alertou:
- É melhor que use uma camiseta com gola alta ou use maquiagem - Jungwon franziu o cenho mas logo arregalou os olhos ao se dar conta do que a mãe dizia - Se seu pai ver isso é capaz dele cumprir todas as ameaças que vem fazendo desde semana passada.
Então saiu.
Sentindo o rosto pegar fogo, levantou-se da cama num pulo e foi até um grande espelho que tinha em seu closet, vendo o pescoço ainda pior do que na noite passada. Havia esquecido completamente daquele detalhe por isso colocou um pijama fininho e com gula curta. Teve sorte de ter sido sua mãe a estar em seu quarto e não seu pai. Na verdade, Jay teve sorte.
Depois de conferir o estrago em seu pescoço, voltou para o quarto prestes a dormir como a mãe aconselhou, mas antes que se deitasse, ligou o celular vendo que tinha uma mensagem.
Pegou o aparelho, sorrindo ao ler o conteúdo da mensagem.
Park:
Amor, eu estou muito triste. Tentei ser legal com seu pai, mostrar meu charme a ele, dizer que sou legal, mas ele falou que vai arrancar meu pau fora! E agora? Como vou te namorar sem um pau?
[22:22]
Ao terminar de ler, sorriu ainda mais. Digitou rapidamente.
Jay! Não fique assim! Não leve para o coração o que meu pai diz.
[22:30]
Antes que fechasse o aplicativo de mensagens, outra chegou.
Park:
Mas ele falou que ia me matar se eu ficasse com gracinha para cima de você. Eu faço isso?
[22:30]
Me responde, gatinho.
[22:30]
Jungwon sorriu da última mensagem mas não respondeu no momento em que viu. Foi até o banheiro, lavando o rosto como sempre fazia antes de ir dormir. Secou com cuidado, e só quando voltou para o quarto, respondeu a mensagem do moreno que foi rápido em visualizar.
Bem, você faz um pouco. Sempre vem com cantadas baratas e me chama por esses apelidos bregas, mas eu não me importo! Eu gosto. Não fique triste, no fundo o senhor Yang gosta de você.
[22:35]
Ele me odeia! Pelo menos minha sogra não quer minha cabeça.
[22:35]
Jungwon outra vez sorriu feito um bobo diante aquela mensagem. Quando foi digitar, bocejou em meio ao sono.
Bem, pelo menos um deles gosta de você. Agora eu preciso dormir para acordar disposto para as aulas amanhã. Você deveria fazer o mesmo. Boa noite.
[22:35]
Digitou rapidamente. A resposta não tardou a chegar.
Park:
Tenho insônia, gatinho. Então provavelmente só dormirei mais tarde.
[22:35]
Mas vou tentar ter uma boa noite de sono para que eu não precise ficar pegando suas respostas das atividades 😉
[22:35]
Boa noite, amor.
[22:36]
O ruivo soltou outro risinho. Digitou para que o moreno não se preocupasse com as atividades porque ele não se importava mais com aquilo. Porém, pensou mais um pouquinho e apagou tudo o que havia escrito. Jay precisava conseguir fazer as atividades sozinho. Então para que não ignorasse a última mensagem dele respondeu com um emoji.
❤️
[22:37]
Depois de mandar a mensagem, desligou o celular e o colocou para carregar. Fechou os olhos para dormir e evitar o constrangimento pela última mensagem enviada.
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