[🏀 + 09] - Plano infalível

Jay se afastou um pouco para que o ruivo ficasse mais confortável em mandar a mensagem para os pais, avisando-os que ficaria na casa do namorado do amigo. Minutos depois, Jungwon levantou-se do banquinho em que estava sentado e foi até o moreno.

- Eu já mandei mensagens para a mamãe. Ela sempre acorda primeiro que o papai. - o ruivo falou assim que parou ao lado do tatuado.

Park virou-se para ele, sorrindo.

- Então vamos para dentro. Você está com sono.

Assim que Jungwon iria respondê-lo, foi interrompido pelo aniversariante e dono da casa que abordou os dois com um sorriso maior do que o do próprio moreno.

- Vocês já se resolveram?

O tatuado ergueu uma sobrancelha.

- Não estou te entendendo, hyung.

- Deixa pra lá. Vamos, já está na hora de ir deixar o Jungwon em casa.

O ruivo ficou acanhado, indo para mais perto de Jay. Percebendo a sua reação a fala do melhor amigo, Park então envolveu a cintura fina com um de seus braços.

- O Won vai dormir aqui.

Sunghoon pareceu minimamente surpreso, mas não demorou a voltar a sorrir.

- Que bom! O Sunoo vai adorar saber disso. Agora venham, nós vamos para a piscina.

- Às três e quarenta e oito da manhã? - o ruivo perguntou confuso.

- Sim, você não gosta?

- Eu gosto, mas nunca entrei em uma piscina à noite.

- Você não precisa entrar se não quiser. - Sunghoon falou.

Jungwon assentiu e ele e Jay passaram a seguir o dono da casa até a área do quintal onde tinha a enorme piscina. Chegando lá, Sunoo, Heeseung e Jihoon já estavam dentro da água, brincando animados. Os queixos tremiam pelo frio mas nenhum deles parecia se importar. Ao notarem a presença dos outros três que acabaram de chegar, os meninos pararam o que faziam.

Sunghoon tirou suas roupas com rapidez, ficando apenas de cueca. Pulou na água e não demorou muito para se juntar ao Kim mais novo, selando seus lábios. Jay também fez o mesmo, mas não entrou na piscina.

Diferente do melhor amigo, ele não precisava estar na água para beijar os lábios gordinhos do ruivo bonito ao seu lado. Então sem demora, o beijou com carinho, finalizando o ósculo com uma mordidinha no lábio inferior.

- Eu vou pegar uma bebida lá dentro, já volto. - tocou o queixo dele.

Assim que Park saiu, Jungwon olhou para dentro da piscina, encontrando o olhar chocado dos três amigos e o sorrisinho de Sunghoon.

Corando até as orelhas, ele caminhou devagar até a borda da piscina onde se sentou. Não se importou com a calça que vestia e mergulhou os pés na água, sentindo um arrepio na espinha pela temperatura. Assim que ergueu o olhar, se surpreendeu ao ver três pares de olhinhos curiosos em sua direção.

- Mas o que é isso? - perguntou confuso.

- Conta tudo! - Sunoo falou afobado.

- Contar o quê? E cadê seu namorado?

- Foi atrás do seu, agora não enrola e conta tudo o que aconteceu!

- Eu não estou entendendo, Sun.

Já sem paciência, Jin revirou os olhos.

- Não mude de assunto, Yang Jungwon!

O ruivo ficou encurralado sem saber para onde correr. Não tinha mais saídas.

- Nós queremos saber o que aconteceu entre você e o Jay hyung. - Jihoon falou envergonhado.

- É isso mesmo! Não esconda nada.

Jungwon suspirou fundo, juntando coragem para contar tudo o que já havia acontecido aos amigos.

- Bem, isso já está acontecendo há alguns dias. Começou depois que ele se envolveu naquela briga com o Mingyu. Fui eu quem fiz e refiz todos os curativos dele.

Os amigos pareceram surpresos.

- Você? E desde quando você sabe fazer curativos?

- Eu meio que aprendi... pra fazer nele. - assumiu um pouco envergonhado.

Os amigos não falaram nada, esperando que ele continuasse.

- Depois disso, a senhorita Somin me convenceu a estudar com ele na detenção. Ele não parava de me olhar, sequer piscava. Ele me olhava com desejo, eu acho.

- Eu disse que o Jay tá caidinho por você, Won! - Sunoo gritou - Eu disse!

- Eu não sei, Sun. Nós começamos a estudar sobre citologia e ele não parava de me encarar. Falou que queria me beijar mas eu não levei a sério porque ele sempre brincava com isso. E eu também quis brincar com ele e falei que se ele quisesse mesmo me beijar então que beijasse.

- Assim tão fácil?

- Claro que não, Jinnie. Quando ele estava prestes a grudar nossas bocas, eu desviei e falei que ele só poderia me beija, caso respondesse quem foi que criou a teoria da evolução.

- E ele sabia? - Jihoon perguntou sem querer ser invasivo.

- Não, Woozi. Por isso eu perguntei.

- Então como vocês começaram com isso? Quando foi o primeiro beijo?

Sunoo estava confuso e ansioso para saber de tudo o que havia acontecido entre o amigo e o capitão do time de basquete.

- Assim que eu saí da sala de detenção, voltei para a sala de aula. Depois de meia hora de aula, o senhor Kang pediu para que eu fosse verificar se ele havia deixado algo na sala 17, e eu fui. Só que aí quando eu estava saindo, o Jay apareceu como um fantasma e me agarrou de volta para a sala. Eu não estava entendendo nada e ele simplesmente começou a falar sobre Charles Darwin e a teoria da evolução. Depois me perguntou se era o suficiente e quando falei que sim, ele me beijou!

Os três amigos, principalmente os mais velhos, ficaram surpresos.

- E você retribuiu?

- Sim. E desde então ele sempre me beija quando me vê. E eu não me importo.

Enquanto os três amigos gritavam e enchiam o ruivo de perguntas, na cozinha, Jay bebia uma garrafa de cerveja enquanto tentava segurar o seu sorriso pela forma em que seu amigo o encarava.

- O que foi, hein? - perguntou após sorver mais um gole da bebida.

- Vai me contar o que tá rolando entre vocês dois ou não?

- A gente só tá se pegando.

- Só se pegando? Eu vejo a forma como você olha para ele, Jay. E não é do mesmo jeito que você olha para alguém que você "só tá pegando" - infantilizou - A forma que você olha para o Jungwon é diferente da que você olha para a Soha.

Jay suspirou, desencostando do balcão. Colocou a garrafa de cerveja já seca em cima da bancada e encarou o amigo.

- Tá legal, eu vou abrir o jogo. Há alguns meses eu venho sentindo coisas estranhas em relação ao ruivo. E depois dos sonhos, tudo piorou.

- Dos sonhos?

- Sim. Eu sonhei com ele outra vez. Mais as duas vezes que sonhei com ele foi tipo, só sexo. Então achei que talvez essas coisas que sentia fosse apenas desejo. Tesão, entende?

Sunghoon concordou, já entendendo onde o amigo queria chegar.

- E então você descobriu que não é apenas desejo sexual.

Ele concordou.

- Sempre que eu via o Jungwon eu sentia uma vontade imensa de beijá-lo. Eu cheguei até mesmo ter inveja da porra do gloss que ele sempre usa. Eu decidi que ia arrumar uma forma de beijar ele e desde então eu não consigo mais tirá-lo da minha cabeça. É como se eu estivesse hipnotizado. - falou mais como um desabafo - Eu não sei o que está acontecendo comigo, porque há dois anos atrás eu odiava ele, não suportava ficar no mesmo lugar que ele nem mesmo por dois minutos e hoje estar longe dele é uma tortura.

- Eu sei bem o que está sentido, Jay. E também sei uma resposta para todos os seus questionamentos.

- Então o que é, Hoon? Por que eu sinto o meu peito apertar sempre que vejo ele com outro alguém? Ou por que ele não sai da minha cabeça? Eu nunca fui um cara de relacionamentos e também nunca me importei com quem eu ficava, eu só queria diversão. Mais agora do que vale isso? Qual o sentido? Eu já não quero mais viver de pegação só por uma noite com várias pessoas diferentes, mas também não quero um relacionamento sério porque nunca nem tive algo parecido com isso.

Sunghoon sorriu. Caminhou até ele até ficar parado ao seu lado e suspirou quando disse:

- Você está apaixonado, Jun.

O moreno arregalou os olhos e encarou o amigo, assustado.

- A-apaixonado? Não, Hoon, isso é um engano.

- Não é, Jay. Você está apaixonado pelo Jungwon, agora só falta aceitar isso.

- Mas como? Como isso é possível? Eu o odiava, hyung!

- Mas hoje o ama. E eu tenho certeza que ele sente algo por você. - reiterou - Todo esse ódio que você achava nutrir por ele era apenas uma parede que você mesmo construiu em torno do seu coração para evitar sentir justamente o que está sentindo agora.

Park suspirou.

- Eu estou tão confuso, Hoon.

- Eu sei que está. Mas se quer ter certeza do que sente por ele, continue com o que estão tendo. Depois quando achar que é o momento, converse com ele.

Jay sorriu, passando a ver toda aquela situação de uma forma diferente.

- Acho que me apaixonei pelo Jungwon bem antes de falar com ele pela primeira vez. É verdade, eu não o odiava, só não queria aceitar que tinha sentimentos por ele. - confessou para si mesmo - Eu só implicava com ele em busca de atenção, porque lá no fundo, eu acreditava que se o atormentasse ele retrucaria, me daria atenção. Porra, eu sou tão infantil!

Sunghoon acariciou o ombro dele.

- Você não é infantil, Jay. Só não sabia lidar com seus sentimentos.

Jay suspirou outra vez. Lidar com tudo aquilo não estava sendo fácil, ainda mais para alguém como ele que não se importava com praticamente nada. Ficar com Jungwon havia requisitos a serem seguidos, e um deles era mudar o pensamento em relação aos estudos. Mudar a forma em que agia pelos corredores da escola, pegando qualquer um que lhe aparecesse.

- Quando você começou a perceber o que sentia por ele?

O tatuado se dissipou de seus pensamentos para dar atenção ao melhor amigo.

- Eu não sei, mas acho que confirmei o que achava que era, na quarta, quando fui pra detenção.

- Por que nesse dia?

- Ele estava lá comigo. Me ajudando com conteúdos de biologia. Eu não entendi nada, confesso. Mas não foi porque eu não quis, apenas estava ocupado demais observando a beleza dele. - colocou pra fora - A forma que ele fica todo concentrado enquanto explica algo é lindo de se ver. Eu não conseguia parar de olhar a boca dele banhada por aquele maldito gloss.

- Então você notou que gostava dele porque o observou por tempo demais?

- Acho que sim - ainda estava confuso - Ele é lindo, cara. Simplesmente perfeito. Eu sou suspeito pra falar porque tecnicamente acho todo mundo bonito, mas eu nunca observei tantos detalhes em uma pessoa como olhei nele.

- O Jungwon é mesmo muito bonito, que o meu loirinho não me escute dizer algo assim.

Park soltou um risinho.

- Ele deveria ser exposto em um museu de obras de artes de tão perfeito que é - suspirou apaixonado - Você já reparou nos olhos dele? São brilhantes e hipnotizantes. E o sorriso? É tão doce, tão sincero. O cabelo é macio, cheiroso, sedoso. A cor é maravilhosa. E o corpo então? É... nossa, nem se fala.

- Certo, Jay, já entendi que você tá apaixonado pelo Jungwon. Mas e aí, o que você vai fazer?

- Eu não sei, hyung. Eu tô confuso pra caralho. Eu não sei se ele sente o mesmo por mim. E se ele me rejeitar ou rir de mim? É capaz dele ainda me odiar.

- Ele não vai fazer isso, Jongseong. E além do mais, ele nunca te odiou.

- Como tem tanta certeza?

- Eu não sei. Só presumi. - deu de ombros - Mas bem, se você conseguir conquistá-lo, terá que conquistar os pais dele também.

Park suspirou.

- Eu tenho um plano, hyung.

- Um plano?

- Isso, um plano. E não tem como da errado. - sorriu - Antes de levar ele pra casa, vou tentar falar sobre tudo isso que estou sentindo e depois levá-lo em segurança para os meus futuros sogros. Eu também vou arrumar uma maneira de conseguir ficar ao menos, meia hora na casa dele e convencer os pais dele que eu sou uma boa opção de namorado para o ruivinho.

- Esse é seu plano?

- Sim. Confia em mim, porque nem eu estou confiando.

Sunghoon gargalhou.

- Eu confio. Mas, Seong, você precisa dar um basta com o que seja lá que tenha com a Soha. Se quer mesmo ficar com Jungwon, tira essa maluca do seu pé.

Jay revirou os olhos ao lembrar da garota.

- Eu vou fazer isso, hyung. Mas não agora. No momento, minha maior preocupação é conseguir fazer com que esse ruivinho seja meu. E também, causar uma boa impressão aos meus sogros.

- Certo, certo. Tudo no seu tempo. - sorriu - Estou feliz por você, cara.

- Obrigado, hyung.

- Vamos voltar para a piscina agora, nossos garotos estão à nossa espera. Além do mais, não é legal dois caras apenas de cueca batendo um papo sobre relacionamentos às quatro da manhã.

Jay sorriu e o seguiu até a área externa da casa, onde estavam os outros quatro.

Quando retornou, Jungwon estava sentado na beira da piscina, enrolado em uma toalha mesmo que não estivesse molhado. Ele observava os demais amigos nadando e rindo na água iluminada pela lua, enquanto balançava seus pés e tomava uma bebida de limão. Park o observou por alguns minutos e pensou na conversa que teve com o melhor amigo há minutos atrás. A essa altura do campeonato, era impossível negar estar apaixonado por aquele ruivo, e confessar era bom. Sorrindo feliz, Jay pulou na água, fazendo com que guinchos frios fossem parar no rosto de Jungwon que o xingou. Ele gargalhou.

- Vem, gatinho - gritou da piscina. - Não seja medroso.

Jungwon deu de ombros, virando o rosto e deixando a taça já seca, um pouco longe da borda da piscina.

- Não, Park. Eu estou bem aqui. - respondeu, tentando parecer indiferente.

- Vem logo, bebê.

- Não vou, Jay. Não quero entrar nessa água gelada

- Ah, qual é, amor. Você vai perder toda a diversão. A água não está tão fria assim. - insistiu.

O ruivo negou veemente.

- Não vou.

Park inclinou a cabeça, sorrindo lânguido.

- Se você não vier por vontade própria, eu vou sair daqui, te agarrar, e te jogar na água.

Jungwon arregalou os olhos.

- Nem se atreva!

- A escolha é sua, bebê.

- Eu já disse que não vou. Não adianta insistir.

- Tudo bem.

O tatuado sorriu perverso, erguendo o corpo másculo. Ainda sorrindo maldoso, saiu da piscina se aproximando do ruivo que ficou surpreso. Os olhos do mais novo foram para o torso despido, engoliu em seco.

Jay estava todo molhado e com o cabelo bagunçado. Ele ainda sorria feito um cafajeste e ao pensar naquilo, Jungwon sentiu o seu coração bater mais rápido e as suas bochechas corarem. O ruivo saiu de seus devaneios, apenas quando sentiu os braços fortes o rodearam.

- Jay, não. Eu não quero. - disse, recuando um pouco.

- Vamos, amor. Só um pouquinho. Eu prometo que não vai se arrepender.

Ele olhou nos olhos âmbar com uma expressão carinhosa. Estava tão perto que Jungwon podia sentir o seu hálito quente. Sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo.

- Jay... - Jungwon sussurrou, sem saber o que dizer.

Olhou por cima dos ombros largos, vendo que os amigos ainda se divertiam. Eles faziam guerras, e atiravam água uns nos outros. Sunoo estava montando nos ombros de Sunghoon e tentava derrubar Jihoon que estava nos ombros de Heeseung. As risadas ecoavam pelo lugar vazio.

- Confia em mim. Você vai gostar.

Assim que Jungwon voltou a encarar os olhos escuros como a noite, mal teve tempo de respondê-lo quando seu braço foi segurado, e logo teve seu corpo puxado para dentro da piscina. Ele então soltou um grito e caiu na água com o moreno que gargalhava alto.

O ruivo sentiu o frio da água gelada e da madrugada úmida e se encolheu, abraçando o próprio corpo. Jay o abraçou, o aquecendo.

- Viu? Não é tão ruim assim. - Jay disse, sorrindo.

- Eu falei que não queria entrar, seu idiota!

- Eu sei. Mas você me ama e por isso não vai ficar chateado comigo.

- De onde tirou que eu te amo?

- Não sei. - falou rápido atacando os lábios dele.

Jungwon ficou surpreso pelo beijo repentino mas retribuiu. Ele sentiu uma onda de calor invadir o seu peito e se esqueceu de tudo ao redor. Esqueceu do frio, dos amigos que brincavam, de onde estava. Naquele momento só pensava em Jay e em como ele fazia um misto de confusões sem seu coração.

O tempo parecia não passar e eles se beijavam com intensidade e vontade. Sendo observados pela lua iluminada e as estrelas cintilantes. Aproveitaram cada momento. Ao encerrarem o beijo, ambos se olharam afetados.

- Você é muito lindo. Me deixa louco só de olhar para você.

- Jay... - falou fraco demais.

O moreno sorriu.

Ele pegou a mãozinha do ruivo e a levou na altura de seu peito, a encostando bem encima de seu coração que batia acelerado, quase pulando da caixa torácica.

- Sente isso? - ele assentiu - É assim que você deixa meu coração, amor.

Jungwon ficou surpreso com a confissão mas sorriu.

- O que é isso? Você está se confessando pra mim, Coelhinho?

Jay também sorriu, feito um bobo. Sorria de orelha a orelha, tanto pelo apelido carinhoso quanto pelo sorriso bonito daquele que fazia seu coração errar as batidas. Naquele momento, ambos apenas se encaravam, sem se importar com os quatro pares de olhos que os observavam felizes e orgulhosos.

- Talvez eu esteja. - selou os lábios dele.

- Então talvez você também faça meu coração ficar acelerado.

Ao ouvir aquilo, Park ficou nervoso.

- Ruivinho, você não tá brincando comigo, não é?

- Não, Jun. Eu não estou.

Sorrindo afetado, Jay voltou a beijá-lo. Os lábios tremiam pelo frio e o piercing da língua do moreno batia nos dentes do ruivo, fazendo os dois sorrirem em meio ao ósculo. Eles continuaram se beijando com amor por mais longos minutos até lembrar da realidade e se tocarem de que não estavam a sós.

• 🥕 •

Os primeiros raios de sol começaram a surgir no horizonte.

Jay já estava no quarto há alguns minutos e com ele, o ruivo. Os dois estavam deitados na cama, abraçados e enrolados, conversando asneiras enquanto o sono não vinha.

Park rodeou a cintura do ruivo, e escondeu o rosto quase já sem nenhum hematoma no pescoço marcado. Com os olhos fechados, o moreno foi deixando beijinhos em cada mancha arroxeada que ele mesmo fizera há algumas horas. Os beijos foram subindo e subindo até que os lábios se encontrassem.

Em um movimento ligeiro, Park girou os corpos, ficando em cima do ruivo. Aprofundou o beijo fazendo que suspiros fossem arrancados de ambas as gargantas secas. Os lábios cheinhos estavam molhados pela saliva em meio ao beijo, e Jay nunca pensou que sentiria falta do gloss que os banhava, como sentia agora. Quando a falta de ar se fez presente, o beijo foi desfeito.

- Sabe, ruivinho, eu estive pensado em uma coisa. - falou ao separar os lábios.

Jungwon o ouviu com atenção. Os corpos trocaram de posição, e agora eles estavam um de frente para o outro. Jay deitou sua cabeça no peito do ruivo e ele prontamente passou a lhe fazer um cafuné.

- Que coisa?

- Uma coisa do tipo, e se eu for conhecer seus pais? Quer dizer, o seu pai, porque já conheço sua mãe.

O ruivo arregalou os olhos, surpreso, mas não parou de acariciar os fios moreninhos.

- E por que quer conhecer meu pai tão de repente?

- Não é de repente. Eu já venho pensando nisso há muito tempo. - suspirou com o carinho que recebia nas madeixas - Eu vou te levar em casa, conversar com meu sogrinho e ele vai me amar. É um plano infalível!

Jungwon não conseguiu segurar o riso alto que lhe escapou da garganta.

- Bem, se você chegar na minha casa com a desculpa de que quer conhecer meu pai, ele vai te expulsar de lá a chutes.

- Ele não deve ser tão bruto assim, amorzinho.

Outro risinho escapou do ruivo. Se aquele Coelho ao menos soubesse o que o sogro prometera fazer com seu amiguinho, provavelmente desistiria da ideia de ir visitá-lo.

- Você me deixa ir? - ergueu o rosto para encará-lo, os olhinhos brilhando.

Jungwon quase derreteu com aquilo.

- Por mim tudo bem.

O moreno sorriu, selando os lábios dele.

- Você é lindo. Acho que estou apaixonado por você. - antes que pudesse pôr freios na língua, já tinha falado.

O ruivo ficou surpreso. Ele abriu os lábios e um ofego saiu por eles. Não podia acreditar no que ouvia, não podia se entregar a uma recaída e passar por tudo o que passou novamente. Jay o encarava com um semblante ilegível e aquilo só o deixava ainda mais nervoso. Sua cabeça girava o deixando tonto. A intensidade no olhar penetrante do moreno o deixava desconcertado.

Um barulho de uma chamada começou a tocar, dissipando os pensamentos do ruivo. Ele desviou o olhar, quebrando o contato e agradeceu mentalmente quando Jay arrumou uma forma de pegar seu celular sem precisar sair do abraço quentinho. Ao atender a ligação, o sorriso dele surgiu imediatamente. Uma curiosidade de saber quem estava do outro lado da tela atormentava o ruivinho.

- Oi, meu amor. - Park falou sorridente.

Jungwon sentiu um gosto amargo na ponta da língua.

- Park, quando volta pra casa?

A voz do outro lado da ligação deixou o mais novo em alerta. Era uma criança.

- Eu não sei, Minmin. Ainda nem dormi para ser sincero. - Jay respondeu.

- Não dormiu? Desde ontem?

A voz parecia preocupada.

- Não. Nem um pouquinho.

- Depois sou eu que durmo tarde. E a mamãe só briga comigo.

Outra voz surgiu, essa um pouco mais rude. Jay sorriu ainda mais.

- Olá para você também, Junghee.

O menino revirou os olhos.

Ao perceber que as pessoas com quem o moreno falava eram apenas os seus irmãos mais novos, Jungwon relaxou os músculos tensos. Repetiu o papel do mesmo, e agora ele quem estava deitado sobre o peito despido. Uma das mãos foi até o outro peito, onde a descansou ali. Sem ao menos perceber, levantou um pouco a cabeça e deixou um beijinho no peito do capitão. Ele estremeceu, engolindo em seco.

- O que foi, Jay?

A voz mansinha tornou a ressoar.

- N-nada.

- Vai ver ele preveu que o papai tá em casa.

Jay arregalou os olhos.

- Ele está em casa?

- Uhum. Chegou ontem. Perguntou por você e ficou bravo quando a mamãe falou que estava em uma festa do seu amigo.

Jungmin ditou calmo, com medo de despertar ódio no mais velho.

- Ele falou que você nunca tava em casa e que fez bem em te colocar em um colégio interno. Disse também que você parecia gostar de lá, já que já estava por lá há quatro anos.

Junghee continuou.

Jungwon sentiu quando o peito dele ficou mais rijo. Com cuidado, acariciou a pele quente, tentando acalmá-lo. A respiração que antes estava desregulada, fora se regulando quando sentiu o toque da mão macia.

- Ele me prendeu na porra de um colégio interno que nem tem férias no meio do ano e acha que vai me prender em casa também. - sorriu seco - Está redondamente enganado.

- Não fica assim não, Jun. Ele só quer o seu bem.

Jungmin tentava acalmar ele. Já Junghee sorriu maldoso.

- Não, Minmin, ele não quer o bem dele. Não quer o bem de nenhum de nós. O papai vive para o trabalho e sempre está viajando por conta dele. Ele reclama que o Park nunca está em casa, mas ele também nunca está.

Jungwon ficou surpreso ao ouvir aquilo, mas não interferiu nos assuntos dos irmãos. Jay suspirou fundo.

- Não diga isso, Hee! Está enganado, o papai trabalha duro para conseguir nos sustentar. De onde você acha que vem todos os nossos luxos? Escola boa e cara para mim, você e o Goo? Acha que essa casa enorme que moramos foi um presente dos Deuses? Não seja tão injusto com nosso pai.

- Eu reconheço tudo o que ele já fez por nós, Jungmin, mas nenhum dinheiro do mundo é superior a carinho, amor e atenção. Quantas vezes ele já nos deu isso? Apenas a mamãe se importa com nós. Você é muito inocente e precisa acordar desse sonho.

- Você só está chateado porque ele não fica em casa sempre. Ele está aqui hoje, Junghee! E só vai para o Japão semana que vem!

- Com a desculpa que tem reunião da empresa.

- Mas é a verdade!

Jay sentiu sua cabeça girar com a discussão dos mais novos.

- Meninos, já chega. São cinco e quarenta da manhã de um domingo e vocês deveriam estar dormindo.

Tentou pará-los, mas foi ignorado.

- Park Jungmin, acorda! Ele não está indo para uma reunião da empresa! Nenhuma reunião dura um mês! Está na cara para onde ele realmente vai e é só você que não percebe!

- Junghee, não. - Jay advertiu.

- Não, Goo. Ele precisa saber. Não é mais uma criança.

Jungwon estremeceu, se sentindo culpado pelo o que ouviria agora.

- Do que eu preciso saber, Junghee? Para onde o papai está indo senão a reunião importante que me falou?

- Ele está indo trair a mamãe! Acha que eu não sei dos casos que ele tem com outras mulheres que também são enganadas por não saberem que ele é casado? Você acha que é fácil não ter provas o suficiente das merdas que ele faz para poder contar a mamãe? Você não sabe porque vive no seu mundinho perfeito cor de rosa e não enxerga a realidade! Porra!

Jay apertou o celular em sua mão com mais força. Sentiu o coração se quebrar em pedacinhos ao ver os olhinhos de Jungmin se encherem de lágrimas.

- Se não acredita em mim, pergunte para o Jay!

- Hee, eu te disse que não era para falar isso para ele. Não dessa forma.

- Para de tentar passar a mão na cabeça do Jungmin! Nós temos a mesma idade e nem por isso você me trata com tanto afeto!

Jay suspirou. Jungwon ficou tenso.

- Ele é mais sensível e sentimental, Junghee. Você é frio e antissocial. Se eu te chamar de "amorzinho", "bebê" ou "pequeno", você volta um soco na minha cara e grita para que eu pare com "essas boiolices". Você já tem mais maturidade e entende o que está acontecendo, o Jungmin não. Isso não é hora para ciúmes e nem ser tão insensível.

- Para demonstrar afeto não é necessário apelidos, Jay.

- Para, Hee. Eu trato vocês dois da mesma maneira, você que não me deixa ser mais carinhoso. E não pronuncia meu nome corretamente. Sabe que eu não gosto.

Junghee apenas deu de ombros.

- Para. Chega de brigas.

Jungmin interrompe. Logo seu cenho franziu ao ver algo que chamou sua atenção. Querendo dissipar seus pensamentos e mudar de assunto, perguntou:

- Jayzinho, de quem é esse cabelo laranja?

Jungwon arregalou os olhos e puxou os fios de cabelos de perto da câmera. Jay sorriu.

- Não adianta tentar esconder, garota. Nós já vimos.

Junghee falou rudemente.

- Não é uma garota. É o meu garoto.

Jay corrigiu. Sem que o ruivo percebesse, levou o celular até ele, mostrando o rostinho corado ainda deitado em seu peito nu, aos irmãos.

- Oh, você é bonito.

O gêmeo mais novo sorriu, esquecendo-se da recente descoberta.

- Obrigado. Você também é bem bonito. - devolveu o sorriso.

Junghee bufou irritado.

- Aposto que só disse que o Minmin é bonito porque parece com o Parkgoo. Cuidado pra ele não te colocar chifres.

Dito isso, o menino foi até sua cama e se deitou, se enrolando dos pés à cabeça. Jungwon ficou sem palavras.

- Não liga pra ele, novo cunhado. O Hee tem muito ciúmes do Jayzinho e um pouquinho de inveja também porque a mamãe não deixa ele namorar.

Mesmo sem querer, Jungwon gargalhou fraquinho. Jay o abraçou ainda mais.

- Tudo bem, eu não fiquei chateado. E eu não sou o seu cunhado.

O moreno revirou os olhos fracamente ao ouvir aquilo.

- Certo, agora eu vou desligar, Jungmin. Já estou com sono.

- Tá, só quero falar uma coisa antes para o seu namorado. Qual o nome dele mesmo?

- Eu sou o Jungwon, e não sou namorado do seu irmão.

Jungmin concordou.

- Olha, Jungwon, aproveita o Parkgoo na semana tá bom? Não rouba ele de mim do Hee nos finais de semana, por favor.

Jungwon sorriu, corando.

- Jungmin, cala a boca. Você está assustando ele.

- Não, Park, tudo bem. Pode ficar tranquilo, Jungmin, eu não preciso do Jay me atazanando até nos finais de semana. Se quiser, pode trocar de lugar comigo e ficar logo a semana toda com ele.

O moreinho sorriu.

- Gostei de você, cunhado.

E desligou.

Jay olhou o ruivo estupefato.

- Mas que criaturinha sem freios.

- Eu também gostei dele. Dos dois. Mesmo que o Junghee não tenha gostado nem um pouco de mim.

- O Hee só é um pouco revoltado e tem ciúmes até do vento. Com o tempo ele se acostuma com você e quem sabe, até simpatiza.

O ruivo ficou confuso.

- como assim, "com o tempo"?

- Você acha que eu vou te largar depois de ter viciado em sua boca? Em você? Nunca, ruivinho. Se depender de mim, a gente já se casa hoje mesmo.

O ruivo ficou afetado.

- Você teve uma mudança tão rápida, Park. Nunca imaginei que você largaria todas as pessoas que pegava para ficar com apenas uma. - suspirou - Quanto tempo pretende ficar comigo?

- A vida toda.

Jungwon sorriu amargamente.

- Duas semanas. Esse é o tempo máximo. Depois disso não duvido nada que vá pegar outras pessoas. A Soha.

Jay o abraçou com carinho.

- Não, amor. Eu não quero mais ninguém. Eu sei que isso tudo é muito confuso para você, pra mim é muito mais, mas eu sei que só quero você. - beijou os lábios dele - Eu conversei com o Hoon hyung sobre tudo isso e consegui enxergar com mais clareza. Não tenho total certeza, mas posso te dizer que eu realmente não quero mais ninguém. E na primeira oportunidade que eu tiver, vou me resolver com a Soha. Ela precisa entender que eu jamais quis algo com ela e nem vou querer.

Jungwon ouviu tudo com cuidado, deixando que ele desabafasse. De repente, lembrou-se do momento que Jay falou achar estar apaixonado por si. E agora a conversa que teve com os melhores amigos, fazia total sentido.

- Ainda assim, não consigo acreditar.

- Eu sei, amor. Mas eu vou te fazer mudar de ideia. - o beijou outra vez - Acha mesmo que eu já pedi para conhecer os pais de qualquer outra pessoa que eu já fiquei? E pode não parecer, mas eu tô morrendo de medo.

O ruivo gargalhou.

- Você não vai mudar de ideia sobre isso, não é?

- Não, eu não vou.- o beijou novamente - Confia em mim, amor.

Jay voltou a beijá-lo com carinho, tocando as bochechas coradas. Aos poucos o ruivo fora relaxando e se entregando àquele contato bom. Quando separam as bocas, o moreno voltou a dizer:

- Eu sei que sou um filho da puta, um babaca do caralho, mas eu estou mudando por você, gatinho. - secou uma única lágrima que rolou pelo olho pequeno - E eu nunca serei igual o idiota do Jaewon.

O ruivo ficou tenso.

Kim Jaewon fora seu primeiro namorado. A primeira paixonete que teve quando se descobriu homossexual ainda no fundamental. Começou a namorar Jaewon no finalzinho do último ano do fundamental, mas o relacionamento durou pouco. Jaewon o traía antes mesmo de começarem a namorar e isso perdurou até a metade do primeiro ano do ensino médio, quando Jungwon finalmente descobriu quem era o babaca por quem estava apaixonado.

Deixar de amá-lo não foi fácil. Ainda mais quando descobriu que o cara que achava que era seu príncipe encantado, era hetero. E que tudo o que tiveram não passou de uma aposta idiota entre ele e seus amigos doentes a qual se tratava de "vamos apostar entre nós para ver quem tira a virgindade do ruivinho". Mesmo sabendo daquilo, ainda assim, doeu esquecê-lo.

Desde então, Jungwon se fechou para relacionamentos e passou a seguir o mesmo dilema que Jay; pegar vários e não estar nem aí para nada. Lembrar de Jaewon o fazia sentir como se estivesse sendo apunhalado no coração.

- Confia em mim, amor. - Park voltou a dizer.

Porém, Jungwon não o respondeu. Deixou que o tempo lhe desse a resposta.

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