[🏀 + 02] - Teste surpresa

O dia havia amanhecido péssimo!

Jay  sequer conseguiu dormir por conta da insônia, e agora, às cinco da manhã, já estava acordado. Bufou frustrado e seguiu até o banheiro. Lavou o rosto e escovou bem os dentes para só então tomar um banho frio. Despiu-se e ligou o chuveiro, se permitindo relaxar com a água fria que escorria pelas costas. Passou sabonete pelo corpo e lavou os cabelos escuros. Longos minutos se passaram e ele ainda estava embaixo do chuveiro, sem ânimo algum para assistir aula.

Tempos depois, desligou o registro de água, pegou toalhas limpas. Saiu do banheiro com uma toalha amarrada na cintura e outra na cabeça para puxar o excesso de água dos fios. Caminhou até o pequeno armário onde dividia com o amigo para pegar seu uniforme, o qual estava todo amassado. Vestiu uma cueca preta da Calvin Klein, logo em seguida a calça cinza que apertava suas coxas grossas. Antes que pudesse vestir a camiseta branca, seu celular apitou, tirando todo seu foco.

Buscou o aparelho em cima da cama, suspirando cansado ao ver a notificação no ecrã. Era uma mensagem de Soha. Mas logo esse suspiro deu lugar a um sorriso cafajeste ao ler o que dizia a mensagem. A menina falava que estava com saudades e que queria repetir a dose de noites passadas e que também, estava sozinha em seu dormitório. Eram seis e meia da manhã.

Jay , ainda sorridente, pensou bem no que responder. Soha era bonita e beijava bem. Tinha um corpo de dar inveja. Mas ela era grudenta ao ponto de não deixar com que o moreno se relacione com mais ninguém, quando ele mesmo deixou claro que era apenas sexo, sem compromisso. De repente, a imagem distorcida de Jungwon  apareceu em sua mente e ele sorriu ainda mais quando pôde ouvir novamente e com clareza o momento em o ruivo o disse:

“— Jay , tem quanto tempo que você não transa? [...]”

“[...] — Então vá procurar alguém com urgência! Santo Deus.”

Ignorando esses pensamentos, ele respondeu a mensagem mandando a menina o esperar por alguns minutos. Bloqueou o celular e terminou de vestir a camisa, sem abotoar os dois primeiros botões. Jogou o blazer vermelho no ombro e passou os dedos pelos cabelos molhados, na tentativa de arrumá-los. Iria seguir o conselho do ruivinho. E daí que ainda eram seis da manhã?

Perderia as aulas da manhã, mas não estava nem aí. Ele nunca foi um ótimo aluno de qualquer forma e não trocaria uma boa foda matinal para ter que ouvir o professor tagarelando pela manhã inteira. Na cama ao lado, Sunghoon  despertou e sentou-se no colchão macio, tentando ainda se acostumar com a sensação de acabar de acordar de um ótimo sono. O jogador se espreguiçou e foi para o banheiro.

Jay , antes de sair, pegou a mochila com poucos livros dentro e se preparou para ir até seu próximo destino quando teve sua atenção direcionada ao amigo que voltou do banheiro. Sunghoon  pulou em sua cama e despreocupado, passou a digitar alguma coisa no celular.

Park ergueu a sobrancelha.

— Não vai se vestir para a aula? — perguntou.

— Agora não. Agora que são seis e dez, a aula só começa às sete. — afirmou — Me admira você já está pronto.

O moreno revirou os olhos.

— Não dormir, cara. Insônia do caralho. — xingou — Estou indo no dormitório da Soha.

Hoon tirou sua atenção da tela do celular e a direcionou para o mais novo.

— Você vai transar uma hora dessas?

O capitão deu de ombros e seguiu até a porta do quarto.

— Vou. — ditou simplório. — Sexo matinal garante fortalecimento do sistema imunológico com aumento das taxas do anticorpo. Além disso, transar logo ao despertar também eleva a produção do hormônio estrogênio.

Sunghoon o olhou desconfiado.

— O que foi? Eu andei pesquisando. Quem falou isso foi a pesquisadora sexual Debby Herbenick, da Universidade de Indiana.

O jogador apenas deu ombros.

— Para essas coisas você se torna um nerd, não é?

Jay apenas sorriu e estava prestes a deixar o quarto, mas parou quando ouviu o outro o perguntar:

— Hoje tem treino. Vai?

— Claro! Ainda consigo ser salvo pelo basquete.

Conformou e saiu enfim.

Ele caminhava despreocupado pelos corredores do dormitório masculino, seguindo em direção ao feminino. Um sorrisinho maroto adornava os lábios finos. As mãos tatuadas estavam dentro do bolso da calça.

Ao chegar em frente a porta do dormitório da garota, deixou duas bainhas leves na madeira. Aquela manhã seria muito proveitosa.

• 🥕 •

O relógio marcava dez e quarenta e sete da manhã. Jay  tinha acabado de tomar outro banho e agora terminava de vestir a calça. Soha lhe encarava ainda deitada na cama. Ela sorria contente por tudo o que havia acontecido. Sentia até como se o moreno fosse seu namorado.

As horas passavam e Jay  pegou sua mochila a jogando em um dos ombros. Já haviam se passado quatro aulas e a quinta estava próxima do fim. O jogador sequer estava preocupado por perdê-las, porém, teria que ir assistir as da tarde ou sua mãe o mataria.

— Você já vai? — a líder de torcida perguntou em um fio de voz.

— Sim, tenho treino daqui a pouco. Vou almoçar antes, estou morto de fome.

— Mas você já não comeu? E um ótimo banquete.

Jay  sorriu ao entender o duplo sentido na frase da garota.

— Eu adoro o seu humor, Soha. Mas agora realmente preciso ir. — caminhou até a garota e deixou um beijo casto em sua testa — Te vejo depois.

Ele sorriu e saiu do quarto, andando às pressas para não ser pego desfilando pelo dormitório feminino. Dobrou o corredor à esquerda, chegando em seu próprio dormitório. Foi rápido ao trocar seu uniforme por um conjunto confortável de moletom preto. Jogou o uniforme do time dentro da mochila e seguiu até a quadra. Quando chegou ao corredor principal, já estava lotado. Alunos transitavam de um lado para o outro. Uns indo até seus respectivos dormitórios, outros seguindo direto para o refeitório, como uma alcateia de lobos famintos.

Park adentrou o refeitório, rolando os olhos por todo lugar, tentando encontrar uma cabeleira ruiva. Sem entender o porquê procurava pelo Yang , balançou a cabeça em negação e caminhou desleixado até a mesa em que ele sempre ficava com os caras do time. De longe, já podia ver Hansol e Sunghoon  discutindo sobre algo e Niki tentando sair em defesa do Park.

Jay  sorriu de canto, sentando-se no único lugar vago.

— Que porra vocês tem? — perguntou, roubando uma batata frita da bandeja de um dos jogadores.

— Esses idiotas aí que estão discutindo por merda nenhuma. — preferiu o cara que teve uma de suas batatas roubada.

— Cala a boca, seu arrombado. — Sunghoon gritou quase voando em cima do outro jogador.

— Cala a boca você, filho da puta! — Kang devolveu.

O capitão revirou os olhos para tamanha infantilidade. Aquilo não era briga. Briga de verdade tinha socos e sangue.

— Falem logo o que porra está acontecendo! — perdeu a paciência.

— Esse puto possessivo que está se remoendo todo só porque eu elogiei o loirinho. — falou Hansol, contendo um sorrisinho ao ver a feição desgostosa no rosto do jogador.

— Você falou que ele era gostoso e que pegaria ele — proferiu, vermelho de raiva. — É diferente de dizer que ele é bonito. Ele é comprometido comigo.

— Para de ser emocionado, vocês nem namoram!

— Mas vamos!

Com a fala de Sunghoon, Niki que até então estava quieto, revirou os olhos em certo pesar, o que não passou despercebido pelo Park.

— Vocês são dois idiotas. — falou o mentolado.

A mesa em que todo o time de basquete estava reunido, foi engolida por um silêncio ensurdecedor. E continuou assim por longos minutos, até um garoto baixinho usando o uniforme da escola todo engomadinho, um óculos preto de armação grossa e segurando uma bandeja metálica, repleta de comida, aparecer. Seu rosto estava pintado em um tom de vermelho ofuscante, tamanha vergonha. Ele não falava nada, apenas encarava o capitão.

— O que quer? — um dos jogadores perguntou grosso. — Aqui é só para o time.

O garoto assustou-se com a voz repentina, desviando o olhar para o dono da fala.

— Eu sei. — devolveu ardiloso — Só vim deixar o almoço do Jay.

Ele desviou o olhar novamente, pairando seus olhos ferinos no capitão. Sua voz se tornou duas vezes mais dócil quando se referiu ao moreno. Jay ergueu uma sobrancelha ao ouvir tal profanação, mas não reclamou. Seus olhos acompanham o momento em que o garoto depositou a bandeja em sua frente. O garoto estava ainda mais ruborizado. Tinha a atenção de todo o time de basquete sobre si, e ainda a que considerava mais importante: A do capitão.

Sorriu meigo para o moreno assim que ergueu o corpo ao colocar a bandeja com o almoço em sua frente. Jay  ainda o encarava, sem reação alguma. Mas logo sorriu cafajeste. Não conhecia o garoto, tampouco pedira comida a ele, mas se ele se disponibilizou a trazer seu almoço, só tinha que agradecer, afinal, estava mesmo com preguiça de ir pegar a própria comida, além de não ter precisado pagar por ele.

— Valeu, gracinha. — agradeceu, ainda sorrindo presunçoso. — Depois te pago.

— A-ah, não! Não precisa. Sério. — embolou-se nas palavras.

Jay sorriu e o menino saiu dali o mais rápido possível.

Ignorando os risinhos presunçosos dos amigos, ele levou um pouco de batata cozida a boca, mastigando com calma. Acabou se surpreendendo, ao ver que no almoço que recebeu tinha uma caixinha de leite de banana, que coincidentemente, era o seu preferido. Pegou a caixinha e levou até os lábios finos, bebericando um pouco do conteúdo.

Os jogadores ainda gargalhavam baixinho, sussurrando coisas um para os outros, achando graça do episódio anterior.

— O que foi? — Jay  perguntou, mesmo já sabendo do que se tratava os burburinhos.

— Namorado novo? — Niki perguntou, segurando o riso.

— Eu nem conheço ele. Dá um tempo, cara.

— Não conhece, mas foderia, não é?

Jay  não disse nada, apenas o seu sorrisinho maroto lhe denunciava.

— Você é tão galinha.

— Ah, mas que culpa eu tenho se todos gostam de mim? — perguntou risonho.

— Eu não sou todo mundo, então não gosto.

O sorriso lânguido que Jay tinha nos lábios, fora morrendo aos poucos ao notar a presença de alguém ao seu lado. E não precisava de muito para saber quem era, conseguira decifrar apenas pela voz irritante.

— Não te perguntei.

— Você é tão idiota. — Jungwon  choramingou.

Sunoo  negou com a cabeça e foi em direção ao quase namorado, sentado no colo desse. Eles soltaram risinhos e logo desencadearam num beijo afoito.

A atenção do ruivo foi tomada por uma voz que o chamava.

— Jungwon?

Era Doyoon, o co-capitão do time.

— Sim?

— Está livre mais tarde?

Jungwon parou para analisar sua agenda super lotada. Depois do horário do almoço teria mais quatro aulas para finalizar o dia. Depois iria até o dormitório, tomaria um banho e revisaria o conteúdo. Em seguida sairia para o jardim ou até o térreo para tomar um ar.

— Em que horário? — perguntou, sem olhar diretamente para o jogador. Estava mais interessado em suas unhas.

— Às vinte. Próximo das vinte e uma.

O ruivo pensou mais um pouco e até esse horário já teria feito tudo o que tinha que fazer.

— Estou livre sim.

O co-capitão assentiu.

— Tá afim de foder? — Doyoon perguntou direto, sem receio algum.

Jungwon  estava surpreso e boquiaberto, assim como todos que estavam naquela mesa.

— Achei que tivesse um pouco mais de modos, Doyoon. — falou ainda desacreditado.

O jogador deu de ombros.

— Você é gostoso e o Hansol disse que é bom de foda e geme bem. Pra que perder tempo?

Ainda mais perplexo, o ruivo encarou Hansol, que tinha seus braços cruzados no peito com uma feição relaxada. Mas também não se importou tanto, não era como se ligasse para o que falavam de si, e quando o elogiavam, principalmente no sexo, se sentia no topo do mundo. Também não estava nem aí se aquela mesa estava com todos do time de basquete da escola reunidos, ele queria mesmo que eles soubessem o quão bom era.

E os caras sequer se importaram com o convite inusitado do co-capitão, sabiam que Jungwon não era nenhum santo e que já havia pegado metade da escola, mas diferente de Jay , não ficava com vários em um único dia, e quando ficava com um, meses depois ficava com outro. E por falar em Jay , ele se remoía em silêncio em seu canto, apertando com tanta força a caixinha do leite de banana, que ela amassou e o pouco líquido que ainda tinha na embalagem, voou para o lado, acertando o rosto do ruivo.

O líquido branco escorreu pela bochecha pálida, chegando no queixo e pingando em seu blazer. Sorrindo sapeca, Jungwon encarou Jay.

— Calma, Park. Eu gosto de leite na cara, mas não desse tipo. — provocou, limpando o rosto. Agora ele não tinha modos algum.

— Tudo bem, Jungwon. — o moreno abriu um sorriso safado — Quer outro tipo de leite no rostinho? Eu te dou o meu.

Yang sorriu ainda mais. Odiava aquele Coelho descarado.

Ao lado, Doyoon pigarreou, incomodado.

— Entra na fila, Park. Eu cheguei primeiro.

Antes que Jay pudesse rebater, outra voz se sobressai sobre a sua.

— Olha, ruivinho, se você não quiser nenhum dos dois, pode dar pra mim, eu aceito uma segunda rodada. — disse Hansol, com um sorrisinho safado.

O ruivo apenas revirou os olhos.

— Em que momento essa conversa passou a ser sobre sexo? Respeitem o Jungwon seus idiotas!

Sunoo revirou os olhos, se agarrando ao pescoço do Jung, deixando um beijinho em sua bochecha.

— Você está quase dando para o Sunghoon, Sunoo, não pode falar nada. E não é como se o Jungwon se importasse por estarmos disputando ele. — o co-capitão falou.

— Olha como fala com meu ursinho, filho da puta. — Sunghoon advertiu.

Doyoon revirou os olhos.

— Eu não estou disputando o Jungwon  — Jay  falou e foi ignorado.

— Você não me respondeu, ruivo. — Doyoon chamou a atenção — Quer ou não foder comigo?

Jungwon o olhou de canto de olho, observando cada detalhe. Ele era alto e musculoso. Seus braços eram bonitos e os músculos estavam apertados no uniforme, mostrando o quão grandes eram. O cabelo era castanho escuro, quase preto, e tinha leves ondulações. Os lábios eram finos e rosados. Era muito bonito.

Do outro lado da mesa, Jay murmurava coisas inaudíveis e sequer comia mais de sua comida. Ele observava Jungwon encarando Doyoon de uma forma tão profunda que poderia até mesmo presumir que os dois se fundiram. O ruivo sorriu fraquinho, olhando para o co-capitão e o capitão bufou irritado, mas não entendia o porquê de tanta raiva. Ele odiava Jungwon .

— Me encontre em meu dormitório às vinte e quarenta. — ditou simplório. — Vamos Sun. — o loiro pulou do colo do ficante, deixando um beijo casto em seus lábios — Tchau, meninos.

Jungwon  agarrou a mão do amigo e saiu rebolando, com destino para o próprio dormitório onde planejava dormir antes das últimas aulas do dia.

• 🥕 •

Jay estava no meio da quadra, segurando a bola de basquete com firmeza. Ele olhou para os seus companheiros de equipe, que estavam espalhados pela área, esperando por sua jogada. Os Devils estavam treinando para os futuros jogos e cada lance era importante.

O capitão respirou fundo e fez um sinal com a cabeça para Niki, que estava na ala esquerda. O mentolado entendeu o recado e correu em direção ao garrafão, se desvencilhando dos defensores. Jay lançou a bola com precisão e Niki a pegou no ar, fazendo uma enterrada espetacular. Graças a sua altura e habilidade com as mãos, Nishimura era um ótimo jogador.

Os outros jogadores comemoraram, batendo palmas e gritando elogios. Jay sorriu, orgulhoso de seu amigo e de si mesmo. Como o capitão do time, ele tinha a responsabilidade de liderar e motivar seus colegas. Park gostava de jogar basquete, e sentia que era bom nisso. Apesar de ser apenas um treino, ele não ia deixar de dar seu melhor, nem desistir de seus objetivos. Estava determinado a vencer e a levar seu time junto com ele para a vitória. E ele tinha pena do time adversário que os enfrentaria.

Depois da enterrada de Sunghoon, o técnico do time apitou e pediu um tempo. Chamou os jogadores para o banco e os elogiou antes de dar instruções.

— Meninos, vocês são feras! — falou sorridente e orgulhoso — Park, você foi espetacular hoje. — deixou um tapinha em seu ombro

— Valeu, treinador.

— E Nishimura, que lance foi aquele? Esplêndido! Se continuarem assim, a vitória já está garantida. — falou animado — Mas eu percebi que vocês ainda estão um pouco lentos, precisam melhorar isso.

— Sim, treinador, iremos melhorar. — respondeu Niki, confiante.

— Lee? — o treinador chamou a atenção de um dos pivôs — Como um dos jogadores principais, você está passando tempo demais com a bola em mãos. Sua posição é ficar dentro do garrafão e esperar que lhe passem a bola para mandá-la direto para a cesta. Cuidado com o tempo que leva para fazer isso. — alertou. — Jogou bem, garoto.

— Obrigado, treinador. Eu irei melhorar.

— Sei que vai. — bagunçou os fios descoloridos — Agora quero que todos prestem atenção. O treino de hoje foi maravilhoso, mas precisam melhorar a marcação, a movimentação e principalmente a comunicação. Acredito que com três treinos por dia, vocês vão dominar isso.

O treinador disse sério.

Apesar de ter sido bastante elogiado e tendo consciência do quão bom era, Jay se sentiu inseguro. Deduziu que o time estava indo bem, mas que ele não estava fazendo o seu papel de capitão direito, por isso ainda tinha algumas falhas.

Os olhos dos jogadores acompanham o momento em que o treinador caminhou calmamente até sua bolsa, tirando de lá um quadro branco. Quando voltou até o banco onde todos estavam, começou a explicar.

— A algum tempo, eu venho percebendo essas falhas. Por isso acabei maquinando uma estratégia que poderia ajudar. — começou, deslizando o dedo contra o quadro — Irei trocar alguns jogadores de posição para que a partida flua melhor. Vocês precisam se adaptar às diferentes situações de jogo. Eu quero ver mais variedade e criatividade nas jogadas.

Os jogadores assentiram, prestando bastante atenção em cada palavra dita.

— Jay, você atua como pivô, substituindo o Minseok, já que é o mais alto do time e tem boa presença e domínio na área pintada. Doyoon ficará com a posição de ala-pivô, atuando ao lado oposto do Jay. Minseok, você ficará com a posição de ala, é um bom arremessador, reboteiro e defensor, além de ter boa velocidade e força física. Hansol também ficará como ala.

Os citados concordaram.

— Treinador, acha que me sairei bem atuando como ala? — perguntou Minseok, ressentido.

— Claro que sim, Lee. Você tem tudo para ser um ótimo ala. — reforçou — Continuando... — pegou sua prancheta para verificar as mudanças — Niki por ser o menor do time, ficará com a posição de armador, mas não pela altura, Riki. Você é um ótimo estrategista e tem um bom controle de bola e visão de jogo, é muito ágil também. Sunghoon atuará como ala-armador por ser um bom arremessador de média e longa distância e ter boa capacidade de infiltração e defesa. Irá auxiliar o Nishimura com as estratégias de jogo, Sunghoon. — esclareceu olhando para cada um — Os que não falei o nome, continuam na mesma posição.

Os jogadores concordaram outra vez esperando por mais informações.

— As novas posições são: Jay como pivô, Doyoon, ala-pivô, Minseok e Hansol, alas. Niki como armador e Sunghoon, ala-armador. Alguma dúvida?

— Não, senhor. — responderam em uníssono.

— Ótimo. Quero que treinem por mais 4 quartos de 10 minutos cada. Ao longo da partida vão revezando com quem está nos bancos. Agora voltem para a quadra e joguem com determinação!

Os jogadores assentiram e se levantaram, batendo as mãos com as dos outros. Eles voltaram para a quadra, prontos para continuar o treino.

Assim que a partida se deu início, Niki pegou a bola e passou para Sunghoon , que estava na ala direita. Jung driblou o seu marcador e passou para Doyoon, que estava na zona do lance livre. Choi lançou a bola para Jay, que agora estava como pivô. O moreno arremessou de três pontos, e acertou a cesta. Os jogadores comemoraram novamente, e o treino seguiu em um ritmo intenso e divertido. Jay  estava feliz, e pensou que aquele era o melhor jeito de passar a tarde.

Jogar basquete era uma das poucas coisas que gostava de fazer, e fazia com louvor. Gostava do seu time e estava determinado a vencer todos os jogos que viriam pela frente.

• 🥕 •

Depois das quinze horas e meia, o treino acabou e todos os jogadores se dirigiram até o vestiário. Alguns tomavam banho para remover o suor e cansaço e outros já estavam indo para a sala de aula. Niki  e Sunghoon  haviam acabado de entrar nas cabines para tomar banho. Doyoon tinha uma toalha em volta do quadril e terminava de secar os fios macios.

Parado próximo aos uniformes, Jay  terminava de tomar sua segunda garrafa de água quando sentiu braços curtos o envolverem pela cintura. Virou-se para trás lentamente, encontrando Soha o encarando com um enorme sorriso nos lábios pintados de vermelho.

— O que faz aqui? — perguntou para a garota.

— Estamos com aula vaga, então eu e as meninas viemos ensaiar a coreografia para o próximo jogo. A professora de artes está doente.

Soha cursava o segundo ano e agora teria aula vaga.

Park assentiu, deixando a garrafa seca em cima de uma mesa. Saiu do abraço da mais nova e caminhou até seu armário, pegando o uniforme da escola. Já tinha tomado banho e agora só faltava se vestir. Deixou que a toalha que tinha nos quadris deslizasse pelas pernas fortes, ficando inteiramente nu.

Soha tinha a visão de suas costas despidas. As pernas lisas e grossas, a bunda redonda e durinha, a coluna perfeitamente alinhada, os músculos grandes e tensos. Ela quase o devorava com o olhar.

Doyoon que já estava pronto para sair do vestiário, não pode deixar de sorrir daquela cena.

— Só não vai transar aqui dentro, Park. Ou o treinador vai cortar suas bolas fora. — Choi debochou.

Soha virou o rosto, corada. Ela não tinha visto os outros jogadores, por isso achou que estava sozinha com o moreno.

Jay  terminava de vestir a cueca, quando virou o rosto para encarar o co-capitão.

— Pode deixar, Doyoon. Eu sei muito bem escolher o lugar certo para transar ao contrário de você.

— O que quer dizer com isso? — o Choi arqueou a sobrancelha.

— Você está planejando transar com o Jungwon hoje no dormitório dele. — falou entredentes, empurrando a carninha da bochecha com a língua. — E se você não percebeu, ele não dorme sozinho.

O co-capitão o olhou com um sorrisinho e uma feição divertida.

— Bom pra mim, assim eu como ele e aquele loirinho gostoso também.

Nesse momento, Sunghoon saía da cabine de banho possesso. Nada cobria suas partes íntimas e por esse motivo Soha gritou assustada ao ver seu corpo despido. Doyoon engoliu em seco ao ver o rosto vermelho do jogador. Engoliu a saliva mas não podia engolir suas palavras. Era tarde demais.

— O que disse, porra?

— Que vou dormir com o Yang. — sorriu amarelo.

— Não, você disse que ia transar com o Jungwon e com o Sunoo  — quase gritou — O Sunoo não, Doyoon! Porra, mano!

— Foi mal, Hoon, eu não sabia que você tava aí!

— Se eu pegar você com o nome do meu namorado na boca de novo, eu quebro tua cara, seu merda. — avisou indo vestir seu uniforme.

Ao vestir a roupa saiu do vestiário na velocidade da luz.

Niki, que também já estava vestido, encarou os amigos e negou com a cabeça.

— Que climão, hein. — e também saiu.

Doyoon não ficou para trás e saiu do vestiário, deixando apenas Jay e Soha a sós.

Park acabava de abotoar seu blazer, quando novamente sentiu os bracinhos da garota em volta de seu corpo.

— Eu não sabia que o Doyoon era tão baixo para chegar a esse nível. — falou, empurrando seu rosto contra as costas largas, ronronando como um gato.

— O que quer dizer?

— Ele vai transar com o Jungwon, não vai? — Park assentiu a contra gosto — Ele é baixo ao ponto de transar com o Jungwon.

Jay  outra vez saiu dos braços da garota e a olhou, incrédulo.

— Por que acha isso? O Jungwon é gostoso pra caralho.

Falou sem pensar e automaticamente os olhos negros se arregalaram. Não podia acreditar que tinha mesmo dito aquilo.

Certo, Jungwon era bonito. Muito bonito. Tinha um corpo delineado e desejável, não podia negar, mas dizer isso na frente da garota com quem estava tendo um lance era burrice.

A Im o olhar desacreditada, ainda tentando raciocinar o que Jay tinha dito.

— Então você também quer transar com ele?

Ela perguntou enraivada e Jay  deu de ombros.

Ele era impossibilitado de responder algo como aquilo. Nunca pensou que um dia desejaria o ruivo ao ponto de até mesmo sentir ciúmes dele. Ele não gostou nada da ideia de Jungwon  ficar com Doyoon naquela noite e aquilo não poderia negar para si mesmo. E para piorar, o sonho que teve com o mesmo sempre vinha à tona o fazendo perder todos os seus argumentos. E agora percebeu o quão burro foi ao contar aquilo ao Yang, porque agora ele não podia o ver, que fazia piada com aquilo. Era irritante.

— Você não me respondeu, Jay!!

Park revirou os olhos.

— Olha, Soha, eu não tenho tempo para isso. — ditou, sem paciência — Eu preciso ir para aula agora e já estou super atrasado.

— Eu só quero saber se você também quer transar com o Jungwon, você não vai morrer se me disser.

— Eu não te devo satisfação da minha vida, Im. E para que você se interessa tanto em saber?

Ela deixou um sorrisinho maroto escapar.

— Para ter certeza de que ele é ruim de cama e me certificar de ser bem melhor. Afinal, não posso perder meu lugar como sua preferida. — tocou os ombros tensos e deixou um beijinho nos lábios finos — Até mais, Jong-seong.

E saiu.

Park respirou fundo, sem entender nada do que ela havia dito. Acabou chegando a uma conclusão que nunca percebeu antes: Soha era maluca.

Decidindo ignorar tudo aquilo, abriu seu armário e jogou o uniforme do time ali. Juntou seus materiais de qualquer maneira — os quais tirou da mochila apenas para fingir que estava estudando quando um inspetor passou por ali — e os jogou dentro da mochila.

Fechou a porta do vestiário e correu apressado pelos corredores a fim de chegar a tempo na sala. Sua cabeça estava pesada e dolorida por ter gastado todas as suas energias treinando pesado. Quando parou em frente a porta da sala, parou um pouco e levou as mãos aos joelhos para recuperar o fôlego. Ao se recompor, murchou completamente ao ver a sala já com a porta fechada. Xingou baixinho.

Caminhou até a mesma deixando duas batidinhas na madeira antes de abrir uma parcela dela, o suficiente para encaixar seu rosto. Os olhos da turma estavam todos vidrados na porta, o encarando.

Sorriu amarelo quando o professor Seo o fuzilou com o olhar.

— Posso entrar...?

Perguntou um pouco receoso, mas logo ergueu o corpo e ficou despreocupado. Nunca se importou por chegar atrasado antes, então por que estava tão nervoso?

— Ande logo. Da próxima vez chegue no horário. — alertou virando-se para a turma.

Jay suspirou e adentrou a sala, olhando brevemente para dentro, procurando um lugar vago no final. Frustrou-se ao ver que todos já estavam ocupados. Entretanto, sorriu cínico ao ver que a segunda carteira próxima a porta estava livre. Nunca foi fã de sentar na frente, mas na primeira carteira estava Jungwon.

Caminhou até lá e sentou-se. Estralou os dedos das mãos e relaxou, esperando até que o professor começasse com suas baboseiras sobre o assunto daquela aula.

— O que faz aqui?

Ouviu Jungwon perguntar.

— Uh? — fingiu-se de desentendido — Eu vim assistir a aula de história porque amo o senhor Seo, ruivinho. O que mais poderia fazer aqui?

O ruivo revirou os olhos.

— Me refiro aqui, na frente. Você só senta lá trás com os encrenqueiros.

Jay assentiu, olhando para o menor de forma cafajeste.

— Só queria ficar mais pertinho de ti, amor. — sorriu debochado quando ouviu o menino gargalhar cinicamente.

— Conta outra, Park. Nós dois sabemos que não vamos com a cara um do outro.

— Eu vou com a sua, bebê. Você que não vai com a minha.

Jungwon  iria retrucar a provocação, mas calou-se no momento em que viu o professor se posicionar em frente a sala. Virou-se para frente, depositando toda sua atenção no homem mais velho.

— Boa tarde, queridos. — o professor Seo cumprimentou sorridente. — Vimos sobre a revolução francesa em nossas últimas aulas e vocês estão bem entendidos sobre o assunto, certo Jungwon ? — encarou o ruivo. Seu sorriso se tornando duas vezes maior.

— Sim, senhor Seo. É um assunto muito delicado e interessante. Se focarmos bem, podemos entender. — respondeu confiante.

Alguns alunos resmungaram baixinho por tamanha bajulação.

O senhor Seo sorriu bem mais.

— Isso mesmo, querido. — sorriu — Já que estamos bem entendidos do assunto, hoje iremos praticar com um teste surpresa!

Jungwon empolgou-se e a maioria dos alunos daquela sala resmungaram. Jay  sorriu. Jungwon  estava em sua frente. Aquilo seria tão fácil quanto jogar basquete. Pensou.

Ainda sobre os resmungos dos alunos, o professor começou a distribuir os testes. A fila de Jungwon  foi a última e quando recebeu a folha virada para baixo, sorriu meigo para o mais velho.

Ao passar pela carteira do capitão, o senhor Seo lhe lançou uma olhadela desconfiada.

Assim que o teste de história foi posto em sua frente, Jay  suspirou. Passou a folhear as folhas, sentindo a cabeça girar ao ler algumas questões. Aquilo era impossível de ser respondido por um ser humano!

Ficou frustrado ao ver que aquilo não tinha nada a ver com o que aquele velho caduco explicou nas aulas anteriores. Ou tinha e ele que não prestou atenção. Teve vontade de rasgar toda a folha em pedacinhos e jogar na cara daquele velho que já deveria ter se aposentado.

Não sabia de nada daquela prova e provavelmente zeraria mais um teste e outra notinha de amor enfeitaria seu boletim. Chateado, começou a preencher a data, a série e seu nome. Murmurou algo inaudível ao notar que conseguiu errar o próprio nome!

Saiu de seus devaneios quando ouviu um risinho. Ergueu o olhar para a direção do som, arqueando a sobrancelha quando viu Jungwon o olhando, tapando a boca com a pequena mão, tentando esconder o riso.

— Quem que erra o próprio nome?

De início não respondeu. Ficou calado apenas observando o ruivo. Jungwon  estava com as bochechas róseas, a mãozinha ainda cobria a boca, e os olhos estavam risonhos, quase fechados em linhas.

Jay abriu a boca mas dela nada saiu. Era inegável o quão bonito Yang  Jungwon  era, mas se recusava a assumir para si mesmo. A implicância que sentia por ele fazia com que seu orgulho não permitisse dizer em voz alta que aquele ruivo era atraente. Muito atraente.

— O que foi? — perguntou sem entender o porquê de moreno lhe encarar tão fixamente.

Jay negou com a cabeça e voltou sua atenção para a folha sobre a mesa. Jungwon  também virou-se e se concentrou em seu teste.

Aquela era a última aula do dia e os minutos iam passando. O rebelde nem mesmo havia saído da primeira questão. Bufou irritado. Começou a se esgueirar, tentando ver por cima do ombro do ruivo. Porém, não via nada. Jungwon  praticamente se deitava sobre a folha impossibilitando sua visão.

Encostou de volta as costas na cadeira e desistiu do teste. Já estava contentado que teria mais uma nota vermelha. O professor passava pela sala observando cada aluno. Ao parar ao lado do tatuado, ergueu a sobrancelha vendo o teste em branco. Mais à frente sorriu vendo que Jungwon  fazia tudo corretamente.

Park tentou mais uma vez ver pelo do ruivo, mas sem sucesso.

— Pare de tentar ver pelo meu, Jay! — Jungwon  olhou para trás, irritado — Se queria tirar uma nota azul, deveria ter estudado e prestado mais atenção nas aulas! — sussurrou para que somente ele pudesse ouvir.

— Eu não preciso estudar, Yang . Sou bom em tudo o que faço. — gabou-se — Mas essa merda está impossível!

— Já que sabe de tudo, se concentre e faça o seu!

Não disse mais nada e virou-se para frente, ocupando-se em fazer o seu próprio simulado.

Jay sorriu ardiloso.

Meia hora já havia se passado e o moreno não tinha nem sequer tentando. Para seu azar — e desgosto — o senhor Seo desfilava calmamente pela sala, sempre fazendo questão de parar ao seu lado e sorriu de escárnio, deixando a entender que ele zeraria mais um teste.

Tentou outra vez curvar-se e enxergar por cima do ombro do ruivo, falhando miseravelmente como das outras vezes. Sem carta alguma na manga, decidiu apelar para as provocações.

— Psiu, Jungwon. — falou baixinho — Gatinho, me ajuda.

Jungwon parou de escrever e virou-se lentamente. Jay o encarava com um olhar pidão e falsa inocência.

— Eu não posso! Se te ajudar o professor vai notar e zerar nós dois! — sussurrou.

Park olhou para o senhor Seo, o vendo completamente desligado do mundo real, focado somente em entender o que se passava no universo do livro que lia.

— Ele não vai ver. Está ocupado.

Jungwon olhou para o mais velho constatando de que não seria pego no flagra, logo levou seus olhos para o tatuado.

— Ainda assim, não posso fazer isso. É errado.

— Qual é, bebê, me ajuda só dessa vez. Eu juro que tentei prestar atenção nas aulas, mais essa porra tá completamente diferente do que esse velho maluco falou.

Jungwon assentiu, concordando que o conteúdo do teste o professor pouco falou.

— Não posso. — falou por fim, voltando a rabiscar seu teste.

Jay anuiu enraivecido, vendo que sua única alternativa era dormir e esperar até que o tempo estimado para a resolução do teste chegasse ao fim. E foi isso o que fez.

O tempo foi passando e os alunos se empenharam para acabar de resolver o simulado a tempo, enquanto que Jay só se preocupava em sair daquela sala claustrofóbica. Já havia desistido da ideia de tentar ver pelo do ruivo há muito tempo e mesmo que tentasse, não daria mais tempo, visto que restavam apenas sete minutos para o fim da aula.

Ainda estava meio sonolento porque tinha acabado de acordar do pequeno cochilo e acabou se assustando quando algo caiu em sua mesa.

Um papelzinho bem dobrado pairou sobre sua carteira, ainda conseguiu ver a mãozinha do ruivo. Sorriu mínimo.

Curioso, abriu o papal encontrando ali as respostas do teste escritas nas letras bonitas e redondinhas do ruivo, em uma caneta laranja. Ainda tinha um coração desenhado no cantinho. Imaginou que aquilo fosse um detalhe da própria folha, mas preferiu pensar que fora o ruivo quem desenhou para si.

— Valeu, gatinho.

Jungwon deu de ombros.

O rebelde passou a transcrever as respostas em seu teste, mudando algumas para que o professor não acabasse desconfiando. Era lógico que Jungwon  gabaritaria o teste como todos os outros, mas Jay  acertar cem por cento levantaria suspeitas. Ele precisava apenas do suficiente para não ficar com nota vermelha, então não se preocupou tanto.

Quando o tempo estimado para a resolução chegou ao fim, o professor passou recolhendo os testes. Jay  relaxou na carteira e soprou um chiado descontraído.

O velho parou ao seu lado e ergueu a sobrancelha.

— O que foi? Está impressionado por eu ter conseguido resolver? — perguntou cinicamente.

Seo não deu importância para sua fala e recolheu o teste de Jungwon, sorrindo para ele. Foi impossível não revirar os olhos.

— Está se achando por ter feito o teste, não é? — o ruivo perguntou risonho — Mas saiba que se não fosse por mim, você teria outra nota de amor.

Park franziu a testa, sorrindo logo após.

— O que seria de mim sem você, hein, ruivinho?

— Nada, seu patife. — sorriu de canto.

O sinal bateu e os alunos correram desesperados para fora da sala. Jungwon levantou-se para guardar seus materiais, acabando por se assustar quando alguém esbarrou em si, fazendo com que seus livros e cadernos fossem ao chão.

— Merda. — abaixou-se para pegar suas coisas.

— Ou, filho da puta! — Jay xingou a pessoa afoita, e foi ao encontro do ruivo para ajudá-lo.

Jungwon levou as mãos até um livro no mesmo momento em que o moreno levou a sua. As mãos se tocaram por frações de segundos, assustando os dois. O ruivo se afastou.

— O que foi, gatinho? Te garanto que quem toca em minhas mãos sai abençoado.

— acho que você se confundiu com amaldiçoado — limpou as mãos suadas.

Jay o entregou as coisas que havia recolhido do chão, o vendo guardar tudo rapidamente.

— Vamos?

Jungwon o olhou desentendido.

— Vamos para onde?

— Sair daqui, a aula já acabou. Ou você vai ficar aqui sozinho?

— Não. Mas também não vou sair com você.

Park sorriu cínico, dando de ombros. Jogou a mochila em um dos ombros e saiu.

O ruivinho foi logo atrás.

Os dois dobraram o corredor principal e seguiram juntos. Jay riu ao notar que sempre que aumentava os passos, o ruivo tentava o acompanhar com as perninhas curtas.

Como quem não quer nada, Park se aproximou do mais novo e jogou o braço pelos ombros dele, o abraçando pelo pescoço.

— O que pensa que está fazendo?

Fez uma careta se contorcendo para sair de perto dele. Jay  gargalhou.

— Estou te acompanhando para seja lá onde você for.

— Estou indo para o dormitório agora. — olhou o horário em seu celular — Já são quase dezessete horas e o jantar é servido às dezoito, preciso de um banho antes. Já estou atrasado.

Falou por fim, conseguindo se livrar do “abraço” do outro.

— Você leva isso tudo para tomar banho, Cenourinha?

— Claro. E pare de me chamar assim.

— Por que eu deveria parar de te chamar assim?

— Porque eu não gosto! — dobraram mais um corredor — Por que ainda está me seguindo?

— Vou te esperar para irmos jantar juntos.

Jungwon  estancou no lugar com os olhos arregalados.

— Esperar onde?

— No seu dormitório.

— Ah, mas não vai mesmo! Você por acaso ouviu que eu vou tomar banho?

— Ouvi.

Ele sorriu cínico e Jungwon revirou os olhos.

— Eu não vou jantar com você, pode esquecer. — voltou a caminhar.

— Vai sim.

— Não vou, Park!

Os dois seguiram em silêncio até chegarem em seus respectivos dormitórios.

— Irei deixar que tome seu banho até porque também tomarei um. — começou — Mas não demore muito e nem pense em fugir. Jantaremos juntos.

Jungwon outra vez revirou os olhos e adentrou seu dormitório. Jay  fez o mesmo, despreocupado. Iriam jantar juntos sim e não tinha como o Yang  fugir porque eles só estavam divididos por uma porta.

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