[🏀 + 01] - Sonho erótico

— Jongseong! — gemeu esganiçado ao que sentia seu ponto de prazer ser acertado com força — M-mas rápido, p-por favor vá mais rápido!

Os movimentos se tornaram brutos e as estocadas cada vez mais violentas, deixando o moreno louco e o ruivinho pronto para explodir em prazer. Jungwon estava em êxtase, envolvido por um torpor grotesco que nublou sua mente. Ele tentou não gemer nem gritar, mas a forma que estava sendo comido era tão insana, que se via sem opção, a não ser se debater na cama e implorar por mais.

— Eu disse que você ia implorar por meu pau, gatinho.

Park sorriu ardiloso, estocando com ainda mais força. Metia sem pena, fazia o ruivo gritar e a cada novo grito, sorria malicioso. As veias de seus braços estavam saltadas, tamanha força que usava para controlar a cintura do mais novo. Sua mente dava um giro de 360 graus a cada gemido que o ruivinho deixa escapar, o empenhando ainda mais em seus movimentos nada delicados.

Jungwon gemia em desespero, soluçando e movimentando o quadril para baixo, friccionando com o do maior que investia ainda mais forte no interior apertado, fazendo com que ele contraísse involuntariamente em volta do membro teso. Aquilo estava deixando ambos malucos, os aliciando.

— Oh, Jongseong! A-aí! Bem aí!

— Aqui, neném? — o moreno movimentou o quadril com mais precisão, estocando cada vez mais fundo. — Eu vou acabar com você, ruivinho.

Apenas mais uma botada raivosa e o menor já revirava os olhinhos com força, gozando entorpecido tamanho prazer que sentia. Jay grunhiu enfurecido, tomado pelo tesão, vendo a entrada pequena contrair em reflexo, apertando seu mastro, expulsando-o logo em seguida. Então sorriu desacreditado, deixando um tapa bem estalado na coxa branquela que logo adquiriu um tom rosado.

— Porra! O que devo fazer com esse gatinho orgulhoso que não me deixou gozar, uh? — profanou desdenhoso.

Jungwon sorriu. Levantou o tronco do colchão macio o suficiente para ficar cara a cara com o Park. Selou seus lábios, sentindo os músculos do moreno ficarem tensos.

— Quem sabe você não coloque esse gatinho pra mamar? — jogou sua carta sentindo o tatuado tremer entre seu corpo. — Ele adoraria beber um leitinho bem quente agora, hyung.

Park esboçou um sorrisinho cafajeste, agora estapeando a nádega pomposa do mais novo, ouvindo um gritinho manhoso seu. Agarrou os fios de fogo pela destra, deixando o rosto inclinado com o pescoço à mostra, o dando livre arbítrio para atacá-lo. O qual já estava lotado de marcas de seus dentes, lábios e língua. Decidiu então pular aquela parte, por agora.

— Abre a boquinha e põe a língua pra fora.

Jungwon obedece, acatando a ordem do moreno. Park suspirou deleitoso com a visão daquele ruivo sentado em posição de “W” com a língua vermelhinha para fora, pronto para recebê-lo ao que acariciava os mamilos durinhos. Agarrou o caralho ainda duro, masturbando de leve, levando-o em direção ao rostinho coralino, enfeitado por sardinhas adoráveis, dando algumas batidinhas na pele sensível com seu falo grosso, lambuzando a pele sensível com sua pré-porra.

— Chupa.

Ordenou, suspirando deleitoso ao receber um beijinho em sua glande. Agarrou os fios ruivos com mais força, gemendo rouco ao ter seu pau completamente abrigado pela cavidade bucal e quente. Revirou os olhos negros, estocando a boca pequena. Estava louco para fazer o ruivinho engasgar com seu cacete quando uma voz grave soou em sua mente:

— Jay!

Ainda entorpecido pelo prazer que sentia, Park fora abrindo os olhos aos poucos, se acostumando com a claridade. Ao notar onde estava, arregalou os lumes.

— Merda! — levantou assustado, acabando por bater sua cabeça na prateleira com alguns livros que havia na parede próxima à sua cama. Acariciou o recente tombo, chateado. — Justo agora que ele ia me chupar.

— Ele quem? — Sunghoon sorriu do biquinho irritado do mais novo. — Eu já estou te chamando a um bom tempo, cara.

— Não acredito que isso foi um sonho — Park sussurrou, sentindo seu pau latejar por debaixo das cobertas.

— O quê? — Sunghoon não estava entendendo nada.

— Porra, Park! Você me acordou na melhor parte!

O outro jogador de basquete precisou de longos segundos martelando sua mente para entender do que o melhor amigo estava falando e quando enfim entendeu, começou a dar uma de suas gargalhadas escandalosas, ouvindo o outro suspirar enraivecido.

— Não me diga que você teve um sonho erótico, Park!

— Eu não... Porra! — ele xingou ao sentir outra fisgada no membro ereto. — Tô excitado
pra caralho!

— Então você sonhou fodendo alguém? — viu o amigo assentir — Quem foi?

Park vira a cara para o outro lado fingindo analisar suas unhas, as soprando vez ou outra, completamente alheio a curiosidade do amigo. Voltou seus mirones para o mais velho e coçou a nuca.

— O Jungwon, cara.

Sunghoon arregalou os luzeiros, estático. Se surpreendeu com a criatividade do amigo de odiar tanto o ruivinho para chegar ao ponto de sonhar até mesmo transando com ele. Jay era mesmo inacreditável. Ele parou para pensar mais e só quando se deu conta de que Jay sonhou comendo Yang Jungwon, foi que sua ficha caiu. A boca se abriu em surpresa e antes mesmo que pudesse pensar coerentemente, já estava explodindo em galhofadas ainda mais escandalosas.

— VOCÊ SONHOU FODENDO O YANG? PORRA, JAY!

— Isso Sunghoon! Grita mais alto, acho que o pessoal do outro dormitório ainda não te escutou!

— Foi mal. — pediu ainda tentando controlar-se.

Jay virou-se contudo para trás, caindo deitado na cama. Levou as mãos até o rosto e depois para os cabelos, bagunçando ainda mais os fios.

— Porra, por que justo ele?

Suspirou, soltando um urro logo em seguida. De todos os garotos daquele colégio, ele tinha que ter um sonho erótico justo com Yang Jungwon? Já teve inúmeras discussões com ele, como a que aconteceu no dia anterior e isso nunca ocorreu antes, então por quê? Não era frustração sexual, sendo que transou a dois dias. Iria explodir os neurônios.

— Talvez ele tenha mexido com sua mente. Vai negar que ele é gostoso? Que meu loirinho não escute isso.

— Não, claro que não. O Jungwon é gatinho sim, mas ele não faz meu tipo! Sem contar que é insuportável e mimado. Tenho certeza que é manhoso também.

Sunghoon concordou.

Jay pegou a coberta que estava abaixo de sua cintura e a levou até a cabeça, cobrindo o rosto, sentindo-se enrubescer e a timidez o acometer tão de repente. Não era um heterossexual que só pegava garotas, mas se imaginar em uma foda com Yang Jungwon, mexeu com seu psicológico.

Lógico que amava provocar o ruivinho, era um de seus passatempos prediletos. Não o odiava, só o achava chato e fresco. Não negava que o pegaria horrores. Porém, no escuro, para não ter que olhar para aquele rostinho convencido que com certeza ia estar escrito nos olhos bonitos: “eu sou irresistível”. Porque decerto, era.

— Então pegaria?

Park umedece os lábios, pensativo. Sim, pegaria Jungwon, mas não assumiria isso para o melhor amigo nunca. Ele tiraria sarro de sua cara pelo resto do ano.

Por isso mudou de assunto.

— Em que momento o assunto dessa conversa virou aquele ruivo atrevido?

— A partir do momento que você ficou duro com o sonho que teve com ele — Sunghoon gargalhou asqueroso ao ver a cara de desgosto do amigo.

— Vai se foder!

Retirou o cobertor do corpo de uma vez, e levantou-se da cama num pulo. Coçou a nuca, rolando os olhos por todo dormitório à procura de seus calçados. Sunghoon avaliou o amigo por um momento, descendo sua análise para cada vez mais baixo. Segurou-se para não rir outra vez.

— Ah, Jay? — soltou um risinho.

— Uh?

— É melhor você ir cuidar disso — aponta a ereção bem marcada — Antes que a aula comece.

— Porra!

Jay saiu correndo todo destrambelhado para o banheiro, arrancando risos baixinhos do mais velho.

Sunghoon se certifica de trancar bem a porta do dormitório antes de sair para que nenhum zelador entre e acabe encontrando seu amigo em... Bom, um momento não tão apropriado.

• 🥕 •

Quando as aulas deram seus inícios, Jay ainda não havia aparecido. Sunghoon desconfiava que o mesmo não havia conseguido aliviar seu “probleminha” a tempo, por isso o atraso. Então, precisou inventar uma desculpa de que o mesmo não estava se sentido bem, para livrar o seu “couro”.

Mas sua desculpa foi por água abaixo quando um moreno tatuado cheio de piercing todo suado, abriu a porta da sala. Todos ali, direcionaram sua atenção para a porta, encarando Jay apoiado na balaustrada, tentando acalmar a respiração desregulada.

— Já se sente melhor, Jay? — O professor Han perguntou, desinteressado no menino.

— Me sinto melhor...? — ergueu uma sobrancelha.

— Sunghoon avisou que você não compareceria a aula hoje por um mal estar, fico feliz que tenha se recuperado e que pôde estar na aula de revisão. — fingiu, afinal, não fazia diferença Jay está lá ou não.

— Ah sim, o mal estar. Já estou bem melhor agora, senhor Han. — ele olhou para Sunghoon, desentendido.

— Caso sinta algo, sinta-se à vontade para falar.

Park assentiu e seguiu até sua carteira.

— Valeu, cara — sussurrou ao passar pelo amigo que sorriu grande.

Diferente do que o Park e todos ali pensavam, a aula passou voando.

Os 45 minutos de aula, por incrível que pareça, não foram tão demorados como costumavam ser. Logo o professor de história já estava saindo e o de filosofia entrando. Jay suspirou derrotado. Odiava filosofia e o professor ainda mais. Estava cogitando sair da sala com a desculpa que teve uma piora, mas desistiu da ideia ao ver sua mãe, entrando pela porta, deslizando sob os saltos finos.

— Bom dia, alunos.

Um coro de um “bom dia” em resposta foi formado. Somin sorriu e logo tomou sua postura novamente.

— Como todos já ficaram sabendo pelos rádios da escola, amanhã acontecerão as votações para a reeleição do presidente do conselho estudantil às dez da manhã. — sorriu à procura do ruivinho — Todos nós já sabemos que temos apenas um candidato para as eleições, certo Jungwonie?

— Sim, diretora, Somin. Só tem eu. — ele respondeu sorridente.

— Sim, querido. — a mulher voltou sua atenção para a turma de jovens que reviraram seus olhos para toda aquela bajulação. — Mas também sabemos que a votação é importantíssima, por isso ela ocorrerá, mesmo todos já sabendo que o Jungwon continuará em seu posto.

O ruivo sorriu, ignorando todos os burburinhos que ecoavam pela parte do fundo da sala. Somin devolveu seu sorriso e lançou uma olhadela pela sala, em busca do filho. Ao encontrá-lo, se retirou. Com isso, deu-se início às aulas de filosofia.

Foram duas aulas da matéria irritante, mas para Jay elas passaram rápidas demais, já que dormiu todas elas. Quando o sinal bateu para as duas últimas aula da manhã, todos os alunos foram direcionados para a cozinha da escola, onde teriam aula prática de culinária.

Park levantou-se com certa calma, ansiando que acabasse logo. Jogou os materiais de qualquer forma dentro da mochila e a colocou em um dos ombros com apenas uma alça. Virou-se para trás, ao ouvir uma voz o chamando, porém ignorou ao reconhecer a quem pertencia o chamado, por fim saiu da sala, seguindo junto dos outros para a cozinha. Nunca foi fã de aulas práticas, ainda mais a de gastronomia. Desde que foi preparar uma sobremesa de banana caramelizada que a mesma grudou no fundo do prato e não caía nem mesmo se colocasse de cabeça para baixo — que foi o que ele fez —, desistiu do ramo da culinária. Porém, logo voltou atrás de sua escolha e precisou aprender o básico, já que na maioria das vezes tinha que alimentar seus irmãos mais novos.

Ao chegar à cozinha, deixou a mochila jogada no balcão de qualquer jeito e se apressou em colocar o par de luvas nas mãos grandes e vestir o avental. Quando estava prestes a se sentar, sentiu novamente aquela pessoa o chamar. Tentou de tudo para passar despercebido mais fora impossível para os olhos de águia da garota, que, assim que o detectaram sorriu enorme.

— Jongseong!

A morena se agarrou no pescoço do mais alto deixando alguns beijinhos no local, se atracando ainda mais com o tatuado que revira os luzeiros a cada novo beijo deixado em sua derme.

— Senti sua falta, Jongseong. Depois de ontem você não me procurou mais. Achei que estivesse me evitando — a menina colocou um bico nos lábios na intenção de ser fofa, o que só a deixou ainda mais irritante. — Quando vamos dormir juntinhos de novo, uh?

— Eu não sei, Soha. — revirou os olhos, tirando a garota de perto de si.

— Como não sabe? A gente transou na sua casa e você até me deu banho depois! Como pode me dizer que não sabe quando será nossa próxima vez? — a Im forçou um chorinho, tanto que uma lágrima solitária rolou de um dos seus olhos. — Você não gostou?

Jay suspirou, tentando não ser rude com a garota. Entedia que ela era do tipo carente que se apegava fácil, mas porra, foi só sexo. E o mesmo deixou bem claro aquilo para ela, que pareceu entender. Mas com o passar dos dias, a morena começou a ficar ainda mais grudenta e dependente de si. Ele tinha até mesmo uma lista extensa de muitas garotas com quem já ficou e até planejava ficar novamente, mas nenhuma delas eram tão manhosas quanto Soha.

— So, olha, foi bom. Foi tipo, muito bom. — os olhos da garota se iluminaram com a possibilidade de ter outra noite com o moreno — Mas foi só uma noite de transa. A gente conversou antes de acontecer e você me prometeu que não ficaria no meu pé a todo momento. — suspirou — Talvez outra hora, ok?

— Tudo bem.

— Minha aula já vai começar, Solzinha. Você deveria ir até sua sala agora.  — falou manso.

Soha assentiu cabisbaixa e saiu, deixando Jay sozinho.

Ele não queria dar falsas esperanças à menina, mas era um tanto carinhoso e gostava de chamar as pessoas por apelidinhos sem graça que ele mesmo criava, o que acabava iludindo muitos de seus ficantes. Mas nunca foi sua real intenção. Soha por exemplo, amava quando ele a chama de “Solzinha” mas sabia que não teria nada com o mesmo além de  sexo.

Depois daquele episódio, a aula se deu início e os alunos estavam animados com o que teriam que cozinhar hoje. O prato da vez era a preferida de Sunghoon e ele estava super animado para cozinhá-lo. Jay suspirou cansado, querendo sua cama para dormir a tarde inteira, mas teria treino de basquete, a única coisa que ele amava. As duas horas que ficaram na cozinha cozinhando, também passaram rápido, ainda mais por ser um passatempo ficar ali. E quando finalmente acabou, Park se levantou com uma pressa impressionante, pronto para sair dali.

Jogou a mochila nas costas e seus olhos pararam no garoto ruivo. Jungwon arrumava seus livros e cadernos de receita com uma calma enorme. Depois, pegou sua garrafinha d'água e abriu a tampinha. Sorveu da bebida incolor, tocando a parte aberta da garrafa com seus lábios cheios. Jay engoliu em seco, vendo aquela cena. Automaticamente lembrou-se do sonho que teve. Coçou a garganta, desviando o olhar. Ao longe, ele viu Sunghoon atravessar a porta da cozinha, saindo.

— Filho da puta desgraçado. — murmurou.

Sunghoon havia ido embora sem esperá-lo, provavelmente para pegar uma boa cabine para o banho. Suspirou e também começou a andar. Ao dobrar o corredor, sentiu que estava sendo acompanhado por alguém e suas suspeitas se concretizaram quando ouviu:

— Jongseong-ssi!

Parou de caminhar ao ouvir a voz fina atrás de si. Pensou que somente com o que havia dito para a garota tinha sido o suficiente, mas não foi.

— Oi, Soha.

— Ontem eu fiz alguns biscoitos de chocolate. Mas aí lembrei que estou de dieta. — fingiu pensar em algo. — Mas também lembrei que você gosta! Então vim trazê-los para você. — sorriu grande, recuperando o fôlego. — Pega! — empurrou a vasilha em sua direção.

No primeiro momento, Jay não soube o que fazer. Pensou em apenas sair andando, mas seria rude demais de sua parte. Então, negaria. Não porque não queria, mas porque provavelmente não iria comê-los.

— Muito obrigado, Soha, mas não poderei aceitar. — a morena fez um biquinho. — Entregue-os para outra pessoa

— Por favorzinho, Parkzinho. Eu fiz com tanto amor. — moveu o vasilhame que continha a porção de biscoitos em direção do mais alto, que acabou por se render e aceitar o presente da “amiga”.

Os biscoitos tinham um cheiro maravilhoso, então decidiu aceitá-los para não deixar a mais nova decepcionada.

— Obrigado, Solzinha. Irei fazer um bom proveito!

— De nadinha!

A menina saiu saltitando feito uma gazela e Jay suspirou aliviado, logo escutando um risinho atrás de si.

— Solzinha, é? Ótimo apelido. — Park rolou os olhos encarando o ruivo atrás de si, logo sorrindo debochado.

— O que foi, Jungwonzinho? Está com ciúmes por que não te dei um apelido tão legal quanto o da Soha?

— Euzinho com ciúmes de você? Não brinque com a minha cara, Park. — a atenção do menor pairou na vasilha cor pêssego que o moreno segurava, ficando curioso. — O que é?

— Pra que quer saber?

— Só estou curioso, oras!

— Sabia que a curiosidade matou o gato, gatinho? — desdenhou.

— Pelo menos o gato morreu sabendo, idiota! — colocou um bico enorme nos lábios e, diferentemente do que o que a garota fez, Park achou adorável. — Vai me falar o que é ou não?

O moreno suspirou derrotado, dando por fim a informação que o menor tanto ansiava.

— São biscoitos. A Soha fez e me deu de presente.

— E você vai comer todos? — perguntou, visivelmente interessado.

Jay sorriu do entusiasmo do ruivinho para com aquilo.

— Na verdade não. Não gosto de biscoitos amanteigados e muito doces, mas não quis fazer desfeita com a Sô. — explicou.

Pensou o que faria com aquele tanto de biscoitos, poderia dar para Sunghoon, mas ele também não gostava. Então olhou para Jungwon ali, cheio de entusiasmo, passando a língua afoita pelos lábios, encharcando-os. Aquela cena acabou deixando o Park desconcertado. Lembrou-se do episódio da manhã, quando estava prestes a receber um boquete daquele ruivo. Arregalou os olhos sentindo as pernas amolecerem. Maldito sonho!

Logo saiu de seu transe quando viu os olhos pequenos ainda grudados na vasilha. Perguntou:

— Você quer?

Ofereceu e pôde notar o brilho no olhar dele, jurando que até chegou a ouvir um gemidinho de satisfação. Mas, logo seu semblante mudou, e os braços curtos foram cruzados.

— Não, isso deve ter bastante açúcar. Sem contar que foi essa tal de Sô, quem preparou, sabe-se lá o que ela usou ou onde colocou a mão. — negou, desdenhoso.

Jay revirou os olhos, já perdendo a paciência.

— Deixa de birra logo e aceita essa merda, seu mimadinho dos infernos! — empurrou o pote contra ele.

— Tá, mas só porque estou com fome. E eu não sou mimadinho! — Jungwon proferiu, pegando a vasilha das mãos grandes do tatuado, apreciando o cheirinho maravilhoso.

— Ah, não. Yang Jungwon não é nem um pouco mimado!

— Tchau, Park!

O ruivo deixou um tchauzinho singelo e saiu rebolando, enquanto já beliscava um biscoitinho, adorando o sabor que tinha. Jay observou o balançar daquela bunda enorme a qual sonhou noite passada. Balançou a cabeça como se quisesse espantar os pensamentos pervertidos e rumou até seu dormitório, onde descansaria um pouco antes de ir para a quadra treinar. Depois, teria mais três aulas para enfim, encerrar o dia.

• 🥕 •

Jay se encontrava despojado sob a carteira, extremamente despreocupado ao que a professora falava e o mesmo não fazia questão de saber o que era. Estava concentrado observando o ruivinho de canto de olho, completamente focado na matéria que era passada. Um sorriso ladino surgiu no canto de seus lábios, já podendo ver o ruivo explodindo de raiva.

Destacou uma folha do caderno amassando-a logo em seguida, mirou na nuca do menino mais baixo e jogou-a. A bolinha acertou em cheio a cabeça do ruivo bagunçando os fios macios. Jungwon virou-se para trás, bufando de raiva e encontrando o moreno lhe encarando. Estava todo desleixado mascando um chiclete há horas que já deveria estar até sem gosto. O sorriso crescia nos lábios finos sempre que o ruivinho o encarava com aquele olhar raivoso.

Jungwon virou-se para frente tentando prestar atenção no conteúdo, mas outra bolinha atingiu sua nuca. Concentrou-se na voz da senhora Choi e continuou escrevendo suas anotações. Jay sorriu do modo como o baixinho tentava se mostrar paciente. Arrancou mais duas folhas fazendo mais outras duas bolinhas. Jogou mais uma na direção do ruivo que nem ao mesmo se importou. Bufou com a reação nada empolgante do mais novo. Desamassou a outra bolinha e pegou uma lapiseira rosa, a qual pegou emprestado de uma de suas ficantes.

Destampou a caneta e começou a escrever no papel. Depois de ter escrito, a enrolou novamente e lançou no ruivo.

— JÁ CHEGA!

Os olhares da senhora Choi e dos demais alunos voltaram-se para o Yang, que já estava vermelho de raiva.

— Jungwon? Está tudo bem? — perguntou-lhe a mulher de meia idade, desconhecendo esse seu lado.

Jungwon estremeceu em vergonha. Olhou mais uma vez para trás encarando Jay com sangue nos olhos, esse que sorriu em deboche.

— A-ah, não. Não é nada!

Ele abaixou a cabeça sentindo as bochechas quentes. A professora pareceu ignorar o episódio recente e continuou com sua aula enquanto os demais alunos conversavam entre si sobre o que ocasionou o breve surto do queridinho. Jay, por sua vez, não segurou a risada alta, acabando por atrair olhares.

— Algum problema, Jay? — pergunta a professora Choi, irritada por sua aula ter sido interrompida pela segunda vez.

— Não, nenhum.

Sorriu sarcástico.

— Espero não ouvir sua voz novamente hoje, Jay. Caso contrário, lhe mandarei direto para a detenção!

— Qual é, velhota, para de ser chata e continua com suas baboseiras.

Os alunos arregalaram os olhos com a sentença do garoto. Jungwon apenas balançou a cabeça em negação já conhecendo o tipinho do tatuado. Jay pareceu não ligar para o olhar de espanto que a mais velha lançou para si. Ao contrário, brincava com o piercing do lábio.

— O que disse?

A mulher perguntou pausadamente, querendo acreditar que o que ouviu fora ilusão da sua mente cansada.

— Além de chata é surda também? — Park indagou, arqueando a sobrancelha bem desenhada enfeitada com um piercing prateado.

— Detenção, Park Jongseong. Agora. — Jae-Min preferiu, usando os últimos resquícios de paciência que lhe sobraram.

Jay sorriu debochado, levantando-se de sua carteira, juntando suas coisas — as quais nem se deu o trabalho de usar, a não ser as folhas do caderno para irritar Jungwon — e rasgou um pedaço de outra folha, escrevendo algo com a mesma caneta. Jogou a mochila preta em um dos ombros e caminhou pelo largo corredor do fundo da sala até o início, com todos os olhares em si.

Parou diante o Yang que o olhou brevemente. Então colocou o pedaço de papel sobre a carteira do menor, tocando seu queixo com a ponta dos dedos antes de sair caminhando preguiçosamente até a porta da sala.

— Não espere chegar em seu dormitório antes das vinte e uma, Jay!

Com sua última sentença, a mulher deu continuidade a sua aula. Jungwon suspirou pesado antes de pegar o papel sobre sua mesa e começar a ler:

“Colabora comigo e ler o que escrevi pra você na última bolinha”

Yang bufou pela milésima vez naquele dia. Aquele demônio dos infernos não fez questão de pôr nem sequer uma vírgula! Ainda esqueceu o ponto final! Não tinha nada que deixasse Jungwon mais irritado do que erros ortográficos. Revirou os olhos pequenos e agarrou a bolinha do chão, desamassando-a. Observou as letras bonitas escritas naquele tom de rosa choque, sorrindo sapeca ao saber que Park Jay tinha uma caneta daquela cor.

“Você fica uma delicinha quando está todo concentrado nessas baboseiras”

Novamente revirou os olhos, irritado.

— babaca — sussurrou baixinho.

Mas não passou despercebido pelos ouvidos apurados da mulher.

— Disse algo, Park?

— Não senhora Choi, não falei nada!

— Espero que junte todas essas bolinhas antes do fim da aula. — intervém.

— S-sim, senhora! Me desculpe.

Aquele dia não podia piorar mais que isso. Jungwon já havia levado duas advertências em um único dia, num curto período de tempo, por conta daquele Cãoelho endemoniado. Passados mais dois minutos, o sinal toca anunciando o fim das aulas.

• 🥕 •


Jay vagava sem rumo até esperar o horário em que iria para a detenção. Eram quase dezessete horas, o horário que as aulas acabaram. O sinal bateu e os passos nos corredores aumentaram, ele soube que já era o momento de ir para a sala de detenção, enrolar o professor que ficaria consigo até o momento de sair e poder ir enfim para seu dormitório.

Levou a mão ao bolso da calça e puxou de lá um pirulito. Desembrulhou o doce e o colocou na boca, amassando a embalagem na palma da mão. Rolou a bola açucarada na boca com a língua e jogou o papelzinho em um lixeiro próximo à sala de detenção. Ao adentrar à sala, não pôde evitar de revirar os olhos ao ver quem iria ficar consigo.

— Boa tarde, Jay. Estava com saudades da sua cara por aqui. — sorriu sem vontade.

— Vai se foder, filho da puta.

— Senti falta desse seu humor quebrado também. — estalou a língua no céu da boca, suas expressões faciais demonstrando facilmente que sua vontade era de acabar com aquela má educação, esmurrando o rostinho bonito — Já estou ciente do motivo pelo qual está aqui. Sua tarefa de hoje é escrever o nome da Senhora Choi Jae-Min duzentas e quarenta vezes.

Park arregalou os olhos.

— Está brincando, não está?

— Não, eu não estou. E se você ainda quiser terminar antes das dezenove, é bom que comece agora mesmo.

Jay grunhiu enraivecido, sentando-se na única carteira disponível ali, com um caderno aberto numerado até o número 240. Ou seja, todas as linhas que ele precisaria para escrever o nome da senhora Choi. Respirou fundo e começou a escrever o nome completo da professora de coreano, se irritando com as galhofadas altas de Minsung debochando de si. Apenas ignorou e continuou escrevendo.

Na décima linha já estava cansado. O tempo parecia não passar e ele já estava com fome. Se pegou imaginando no que Jungwon estaria fazendo agora. Provavelmente, estava estudando em seu dormitório. Depois de um tempo, ele xingou baixinho, irritado ao olhar o relógio na parede e ver que não havia se passado nem meia hora desde que entrou naquela sala.

Ergueu a cabeça e não se poupou quando sorriu da cena em que estava sendo proporcionado. Park Youngjae estava dormindo com a boca aberta e roncando alto. Retirou o celular do bolso traseiro da calça abrindo a câmera e focando no rosto do homem adormecido. Abriu na aba “vídeo” e começou a gravar um breve filme do Park babando na cadeira. Finalizou a filmagem com um olhar divertido. Encarou o caderno aberto mais uma vez e suspirou. Começou a escrever de novo e dessa vez se empenhou para sair logo dali.

Os minutos passavam e a mão direita do moreno já doía a ponto de cair. Nem nas noites em que batia umas três não doía tanto. Porra.

O relógio marcava seis e meia da noite e o tatuado não estava nem na metade. Começou a escrever um pouco mais rápido e até arriscou escrever com a mão esquerda mas desistiu na primeira linha. Só depois das sete e quarenta e cinco que o moreno já estava por fim, liberado. Suspirou cansado encostando as costas doloridas na cadeira, estalou os dedos e fechou os olhos com força, respirando fundo. Encarou o inspetor que ainda dormia feito um porco.

Estava tão cansado que abaixou a cabeça por alguns minutos cochilando inevitavelmente alí mesmo.

Acordou assustado com um ronco alto e olhou para Youngjae que parecia lutar internamente com os demônios do sono. Levantou-se, cansando. Caminhou até o homem levando consigo o caderno já concluído. Com a caneta, o rebelde começa a rabiscar coisas esquisitas no rosto enrugado do mais velho. Desenhando um bigode torto por conta da posição em que o mesmo se encontrava e mais outras coisas.

Ao finalizar sua “obra de arte”, o mesmo abre a câmera novamente e tira uma fotografia do homem. Caminha em direção a impressora que havia ali, e imprime a foto que havia tirado há pouco. Dobra a mesma e coloca em cima das coisas do mais velho. Voltou até a mesa em que Youngjae dormia desleixado, cutucando-o.

— Ei? — balançou seu braço na intenção de acordá-lo, porém, sem sucesso. Rolou os olhos — Ou, filho do capeta.

Youngjae abriu os olhos.

— O-oi! O que é, porra?

— Acabei, posso vazar?

O inspetor o encara desconfiado, mas pega o caderno de suas mãos observando as três primeiras linhas vendo que realmente está com o nome da senhora Choi escrito.

— Vá, vá!

Park ergue as mãos para o céu como se agradecesse e já estava prestes a deixar aquela sala de tortura quando Youngjae o chama. Revirando os olhos, pergunta o que ele queria.

— Te falei que era para escrever o nome da senhora Choi Jae-Min duzentas e quarenta vezes e não o nome “Yang Jungwon”!

Jay engasga com a própria saliva, não acreditando naquilo.

— M-me dá essa merda aqui. — tomou o caderno das mãos do outro, analisando o que estava escrito e constando que ele havia sim, escrito o nome daquele ruivinho em quase todas as linhas — Mas também tem o nome da Senhora Choi.

— Nas dez primeiras linhas, Jay! — Youngjae suspirou, passando a mão no rosto cansado, removendo metade da tinta de sua testa. Park contém a risada. — Vai embora.

O moreno não espera mais nem um minuto antes de correr para fora dali. É impossível não conter a risada ao ouvir o Park gritar.

— Park Jay!

Provavelmente ele já teria visto a foto. Sorriu vitorioso.

Próximo às escadas, encontrou um certo ruivo que estava dominando seus pensamentos, quase cochilando sentado no terceiro degrau e um enorme bico nos lábios, enquanto apoiava a cabeça no braço esquerdo. Ficou por uns longos minutos a fio, maquinando o que Jungwon fazia ali naquela hora.

Yang foi abrindo os olhos aos poucos e Jay sorriu travesso.

— Não acha que minha cama é mais confortável, bebezinho?

— Vai se foder — murmurou irritado — O que quer aqui?

— É para ser sincero? Porque se sim, eu quero te beijar muito agora.

Jungwon arregalou os olhos e ele não conteve a risada. Havia encontrado uma nova forma de irritá-lo.

— Estou falando sério, Park. — emburrou-se.

— O que você faz aqui a essa hora, uh? — sentou-se ao seu lado, retirando um cigarro da carteira. — Quer um?

— Não, muito obrigado.

Jay acendeu o cigarro rapidamente, tragando com força e jogando a fumaça no rosto do ruivo que tossiu.

— Sabe que não pode fumar aqui, não sabe?

— Sei, mas não ligo.

— Você é insuportável. Tinha mais era que ouvir o que te disse ontem.

Jay sorriu grogue, soprando novamente. Olhou para Jungwon.

— Você chorou muito depois disso?

Jungwon abriu a boca, mas nada dela saiu. Ficou por um tempo raciocinando o recente episódio e nesse momento os olhos já estavam bem arregalados e não existia mais resquícios de sono. O ódio lhe consumiu.

— Por que você simplesmente não esquece que eu existo? — levantou em um pulo, ficando de frente para ele.

— Porque sei que vou cruzar com você em algum corredor. Também estudamos juntos, ruivinho. Não dá para evitar. — soou pretensioso, soprando mais fumaça.

— Só estamos juntos porque você é burro e repetiu por dois anos!

Park bateu a pontinha do cigarro no chão, apagando-o. Levantou-se e caminhou até o ruivo, ficando em sua frente.

— E você se incomoda com isso?

Levou a mão até a madeixa ruiva que caía sobre os olhos de gato e a colocou atrás da orelha quentinha. Depois, acariciou o queixo pequeno. Jungwon se arrepiou com o contato e logo se afastou. Sorriu amargo.

— Me incomoda sim! Porque se você não tivesse sido reprovado eu não teria te conhecido!

— E por que você não queria me conhecer?

Jungwon parou para pensar um pouco. Qual seria o motivo para ele não querer conhecer Jay? Vários, mas nenhum veio à sua mente no presado momento.

— Porque você é um idiota egocêntrico! E eu não gosto de pessoas assim.

Jay sorriu, nada convencido daquela desculpa esfarrapada. Voltou a levar sua mão até os fios de cobre da cabeleira rebelde, sorrindo ladino ao ter o menino se afastando.

— Por que está me tocando tanto?

— Porque quero te beijar.

Jungwon arregalou os mirones e entreabriu os lábios, sem acreditar. Jay era um idiota e estava mais do que nítido que ele não queria o beijar, e sim, tirar uma com sua cara.

Por isso decidiu retrucar a provocação.

— Não vai dar. — sorriu ardiloso. — Realmente não dá certo.

Park fez um biquinho, se fingindo de vítima. Tragou outro cigarro com força, levando a fumaça preta para os pulmões. A soprou novamente no rosto do ruivo, que mais uma vez, tossiu sem fôlego.

— E se eu te pedisse mais uma vez um beijo, você me daria?

Jungwon acabou de tossir e encarou o outro com certa raiva. Já estava perdendo a paciência e estava morrendo de sono, ter Jay ali o perturbando não estava em seus planos.

— Lógico que não! Ficou maluco?

— Qual é, neném? O que custa você me dar um beijinho?

— Custa a minha vida! E eu também te odeio!

— Porra, você é mais complicado do que eu pensei! — negou com a cabeça — Colabora com o hyung, ruivo.

— Hyung? De onde tirou isso?

— Sou mais velho que você — ditou simplista.

— É, mas isso não quer dizer que vou te chamar de hyung!

— E de sunbae? Você é meu hoobae, não é?

— Não, não sou seu hoobae porque cursamos a mesma série.

— Eu já sou veterano.

Jungwon revirou os olhos.

Jay gargalhou alto, descartando o cigarro já no fim, no cantinho da parede. Sua atenção caiu sobre os braços de Jungwon, que segurava contra o peito uma pasta transparente, lotada de papéis.

— O que é isso? — apontou para a pasta que ele segurava.

— São alguns documentos que preciso para meu currículo na universidade. Não que eu te deva alguma satisfação.

Jay revirou os olhos para a infantilidade do outro. Logo lembrou-se que naquele horário, a diretoria já estava fechada.

— Invadiu a diretoria? — ergueu a sobrancelha.

Jungwon arregalou os olhos, sentindo-se ser confrontado.

— Não! Pedi para o coordenador! Ele só me pediu um saquinho dos biscoitos que minha mãe faz em troca, poxa.

— E você deu?

— Sim.

— Deu mesmo?

— Uhum.

— Deu pra ele, Jungwon? — sorriu malicioso.

— Dei, mais que droga! — o ruivo se tocou do duplo sentido apenas quando o moreno começou a rir — N-não nesse sentido, Park! Aish! Você é um idiota.

— Para mim você não dá, não é, Jungwonzinho, mas para o senhor Seo, aí já é outra coisa.

— Pare de falar essas coisas! Você é muito obsceno!

— Eu me referia ao saquinho de biscoitos! Você nunca me presenteou com um.

Jungwon bateu o pezinho no chão e emburrou-se.

— Eu vou embora.

— Agora vai mesmo?

— Vou!

Aumentou os passos e saiu andando tão rápido, que era possível ver a poeira subir ao que seus pés batiam ao chão.

— Ei, Jungwon. Espera aí!

Park correu em direção ao menor, parando quando o alcançou.

— Se for para me irritar, pode dar meia volta.

— Que isso, ruivo. Nosso dormitório é no mesmo corredor, vou com você.

Jungwon apenas o deu uma olhadela desconfiada.

Seguiram os dois pelo corredor escuro, iluminado apenas pela luz da lua. Aquele horário os corredores principais ficavam apagados. O silêncio pairou entre eles e Jay caminhava com as mãos dentro dos bolsos, chutando pedrinhas imaginárias. Até que lembrou-se do episódio ocorrido na detenção. Encarou o rosto do ruivo e ficou o olhando por algum tempo. Então decidiu perguntar.

— Jungwon?

— O quê.

— Você mexe com magia negra ou coisas do tipo?

Jungwon estancou no lugar e o encarou como se ele fosse maluco. Ergueu uma sobrancelha. Jay também parou.

— Você andou bebendo aqui dentro? — indagou — Não duvido nada.

— Eu não bebi, Jungwon. Só... me responde.

— Onde quer chegar com essa conversa? — perguntou, sem entender.

— Hoje, na detenção, meu castigo foi escrever o nome da senhora Choi Jae-Min duzentas e quarenta vezes.

Jungwon franziu o cenho, ainda sem ver coerência naquilo.

— E então? — incentivou-o a continuar.

— Acontece que eu só escrevi o nome daquela velha nas dez primeiras linhas.

— E o que eu tenho a ver com isso? E por que você acha que eu mexo com bruxaria?

— Porque no restante das linhas, eu escrevi o caralho do seu nome!

Jungwon ficou sem reação com a sentença proferida pelo outro. Depois, ficou surpreso e por fim, confuso.

— Você escreveu meu nome duzentas e trinta vezes consecutivas?

— Sim!

— E por isso acha que sou um bruxo?

— Exatamente!

De repente, Jungwon começou a gargalhar descontroladamente. Sua barriga começou a doer, e sem querer, deixou que sua pasta caísse. Abaixou-se para recuperá-la, ainda em meio a sua crise.

— Para de rir!

Ainda tentando se recuperar de sua grande crise de risos, Jungwon limpou uma lágrima que escorreu do canto do olho.

— V-você é muito idiota, mesmo! — ricocheteou — Por que eu iria perder o meu tempo fazendo uma magia negra para você?

— Eu não sei! Talvez para se vingar?

— Me vingar do quê? Por você ser um tremendo idiota?

— Esse é seu único argumento? Falar que sou idiota?

— É porque você é um idiota!

Jay revirou os olhos.

— Você não me respondeu.

— O quê? — bufou.

— Se você é um bruxo.

Jungwon teve que se segurar para não rir mais uma vez.

— Não, Park, eu não sou um bruxo, nem feiticeiro, nem nada do tipo!

Falou, e voltou a andar. Jay o seguiu.

— Eu não entendo. Por que eu iria escrever seu nome esse tanto de vezes?

— E eu que tenho que saber? Você quem escreveu.

Jay pareceu pensativo com a fala do outro e passou a ficar calado. Porém, seu silêncio não durou muito, já que lembrou do episódio da manhã.

— Não foi só isso. Teve outra coisa.

O ruivo suspirou, se preparando para o que viria.

— Qual foi essa outra coisa?

— Eu tive um sonho hoje. — falou virando-se para olhar o ruivo.

— E deixa eu adivinhar, sonhou comigo?

— Sim.

Jungwon o olhou incrédulo, sem acreditar.

— E sonhou com o que?

— Te comendo.

— O quê? — arregalou os olhos.

— No meu sonho a gente transava, Yang. E você implorava por mim. E eu acordei duro pra caralho. — falou sem ressentimento algum.

— Nunca que isso ia acontecer! Como você sonha com uma coisa dessas? E ainda mais comigo?

— Eu não sei! Por isso achei que você fazia feitiçaria.

— Ah, claro que se eu mexesse iria fazer você ter um sonho erótico comigo. Lógico que não! — suspirou irritado — Jay, tem quanto tempo que você não transa?

— Dois dias. — deu de ombros.

— Então vá procurar alguém com urgência! Santo Deus.

— Eu não vou buscar por alguém, Park. Esse alguém vem até mim.

— Tá bom, senhor convencido.

Voltaram a caminhar, mas Jungwon não ficou calado por muito tempo.

— Então você faltou na aula hoje de manhã, por que estava duro? — segurou-se para não rir — Ficou ereto por sonhar me comendo?

— Fiquei, porra. Vai ficar jogando na minha cara agora?

— Vou.

Não demorou muito e eles chegaram ao corredor de seus dormitórios. O de Jay era o quarto número 22 e o de Jungwon o 24, não era tão longe um do outro. Park conferiu o horário no relógio de pulso, eram quase vinte horas e trinta. O ruivinho seguiu mais adiante e parou em frente a porta de seu dormitório. Olhou para trás e Jay ainda estava parado, olhando-o.

— Boa noite, Park. E tome cuidado para não sonhar comigo com a boca no seu pau. — acenou e adentrou o quarto.

Jay ficou de boca aberta para tal profanação e ficou ainda mais sem reação. Balançou a cabeça para afastar os pensamentos e também adentrou seu quarto.


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