Capítulo 21 | Fim do Início
Esse é o último capítulo do livro que me acompanhou numa época muito conturbada da minha vida, ele me ajudou a desabafar, me fez ficar com raiva e me sentir insegura, mas também me trouxe conforto e consolo nos meus piores dias. Todos os personagens significam muito pra mim e carregam uma pequena parte da minha história, espero que eles sejam importantes para você assim como são para mim. Apesar das poucas leituras, sou grata a todos vocês que me acompanharam até aqui, obrigada por acreditarem no meu potencial e me incentivarem. E obrigada pela paciência de esperarem pela postagem.
Ps: teremos um epílogo.
Boa leitura.
👑
"Nada pode mudar o que você significa pra mim
Oh, tem muitas coisas que eu poderia dizer
Mas só me abrace agora
Porque o nosso amor vai iluminar o caminho"
- Heaven, Bryan Adams
Charlie se agarrava a Jake enquanto via o barco pouco a pouco chegar à Ó'pio, dali pra frente não havia mais volta, era tudo ou nada, o caminho até ali tinha sido longo e exaustivo, ela não dormia há quase um dia inteiro, todos estavam exaustos. Jake e Sebastian carregavam um semblante abatido com si, Sebastian já criava rugas de tanta ansiedade e preocupação. Charlie não o julgava, pois estava próxima de um ataque de ansiedade.
Havia um único ponto cego na ilha, era por lá que eles acessariam a tal. Segundo Sebastian, lá havia algum tipo de entrada que dava no porão do castelo.
Sebastian havia preparado aquilo, para caso ele precisasse fugir um dia, foi útil pra ele uma vez e seria novamente. Eles estavam num barco de pesca comum daquela região, que era um tanto menor do que o normal e não era rico em detalhes, o que dificultava a visibilidade, mas não havia um segundo sequer que ninguém não pensasse que alguém estaria os esperando numa emboscada.
Sebastian puxou sua arma e foi ágil assim que o barco finalmente chegou a ilha.
- Me sigam. - Sebastian saiu do barco com cuidado, a maré estava baixa, o que facilitou a ação. O mesmo entrou no meio de um enorme matagal que havia ali, ele desapareceu por completo, como se fosse engolido pelo tal. Charlie, Jake e Mille se apressaram em o seguir e não ficar para trás.
No meio de todo aquele mato havia um caminho de terra, ninguém conseguiria os ver andando naquela região, era totalmente encoberta. Eles seguiram Sebastian durante uns 15 minutos, até avistarem a enorme muralha do castelo. Sebastian sinalizou para que ficassem agachados. Dali era possível ver todo caos.
- Ilha Branca está contra-atacando. - Disse Jake.
- Sim, há boatos que Ilha do Norte também se ajuntará. - disse olhando para Jake, que arregalou seus olhos. Ilha do Norte nunca se metia em confrontos vizinhos, para realizarem tal ação isso significava que algo grande havia acontecido, algo que provavelmente envolvia e colocava em risco a economia de sua ilha. Todos sabiam que a segurança de lá era extrema e que sua força bélica era a maior dentre os demais reinos.
O destino de todo o povo estava nas mãos daquele grupo de pessoas.
- Vamos. - disse Sebastian.
Jake segurou a mão de Charlie e um sentimento ruim tomou conta dela, como se aquela fosse a última vez que eles fossem se ver, a última vez que ele fosse tocá-la, olhá-la... Seu coração se apertou e ela sentiu uma enorme vontade de chorar. Ela não podia perdê-lo.
- Eu te amo. - sussurrou baixo, mais para si. Sem esperar escutou um "eu te amo mais" e um olhar de canto de Jake.
Aquilo confortou seu coração para o que ainda estava por vir.
Eles caminhavam por um beco estreito com paredes de pedra, a guerra podia ser ouvida, os barulhos de tiros estavam mais intensos, como se estivessem dentro da cabeça dos mesmos. A exaustão tomava conta dos demais.
Era como se eles estivessem andando em círculos, rumo ao desconhecido.
De fato não era mentira.
- A passagem é pequena e estreita. - Sebastian comunicou.
Logo a tal passagem foi vista, Sebastian tirou algumas pedras da frente, que a camuflavam, e foi na frente. Ele primeiro colocou a cabeça dentro do local, certificando-se que não havia ninguém ali, estava limpo. O tal jogou sua mochila dentro do lugar e passou logo depois com dificuldade.
Mille foi a segunda e Charlie a terceira, ela passou com facilidade devido sua estatura e magreza. Enquanto seus amigos iam em sua frente, Jake só conseguia pensar em como passaria por aquele buraco. Ele era alto e forte, até mais do que ele gostaria, a ideia de passar por ali era praticamente nula.
Ele tentou de diversas formas, tentou colocando os braços primeiro, as pernas, a cabeça, mas nada facilitava. Seus amigos ajudaram, o que foi de serventia, já que o mesmo conseguiu atravessar a passagem, só lhe custou alguns cortes pelo corpo. Sua camisa também sofreu um enorme rasgo, o que expôs seu abdômen.
Seu rosto estava cortado e sangrava, Mille tirou um frasco de spray de sua mochila e aplicou o conteúdo nos cortes de Jake, para que não infeccionasse. Eles agiram rápido. O porão era frio e úmido, tinha manchas de sangue nas paredes e restos de comida e fezes no chão. Era assustador. Era possível notar alguns cadáveres ali.
Aquilo fez Jake ter ânsia de vômito, ele tentou não pensar nas coisas terríveis que havia lhe acontecido, mas aquilo lhe vinha a mente sem sua permissão, ele espremeu os olhos e tentou pensar em tudo, menos naquilo. O que ele menos queria era um ataque de pânico novamente, ele podia sentir suas mãos suando e o nervosismo se instalando em si. Charlie, quando percebeu seu estado, lhe lançou um olhar preocupante. Ver os olhos azuis de Charlie o olhando como se ele fosse uma de suas coisas mais importantes na vida, de fato ele era, lhe trouxe novamente a realidade, ele manteve a calma e fixou sua mente no que era mais importante.
Sebastian parou em frente a uma enorme parede de pedra e puxou sua mochila das costas, ele tirou uma faca e mais dois revólveres dali. Deu uma das armas para Mille e uma para Charlie.
- Está carregada. - disse logo após Mille fazer menção de checar se a mesma estava. Ele deu a outra arma para Charlie e ela a segurou sem jeito, seu pai havia a ensinado como usar uma daquelas, então o básico para se virar ela sabia. Jake a olhou preocupado.
Sebastian deu a faca para Jake que o olhou feio e lhe tomou o revólver que estava em sua cintura, ele o recarregou olhando debochado para Sebastian.
- Caso você não lembre, eu passei anos da minha vida treinando para momentos como esse, então fique com a faca, ela combina mais com você. - Disse num tom de arrogância e soltou um riso nasalado. Entregou a faca para Sebastian.
Sebastian trincou os dentes e cerrou os olhos em sua direção. Ele trocou sua faca pela arma de Charlie, ela não reclamou, visto que provavelmente Sebastian a usaria melhor.
- Como você pode ser meu irmão? - Sebastian revirou os olhos.
- Não estamos nem perto disso. - Jake Will retrucou.
Charlie e Mille olhavam aquela cena e não sabiam se faziam alguma coisa ou ficavam ali e esperavam até que os dois homens em sua frente se tocassem que aquilo era um tanto imaturo àquela altura do campeonato.
- E então... qual é o plano? - Mille lançou.
- Foi me informado que o Rei está mantendo prisioneiros no pátio central do palácio, as celas dos prisioneiros estão sob segurança extrema, só é possível abri-las através do painel de controle da sala de segurança. - Olhou para as garotas, que concordaram. - vocês terão de dar um jeito de desativá-lo para que consigam salvar os prisioneiros, depois conduzam as pessoas até aqui, para que fujam. - as garotas concordaram novamente. - Eu e Jake vamos cuidar dos soldados e bater um papo bacana com o Rei. A sala do trono fica do outro lado do castelo, nos custará um pouco, mas vamos conseguir. - disse olhando para o tal.
- Como sabe que o Rei estará lá? - perguntou Charlie.
- E porquê ele não estaria? É o lugar mais seguro daqui. - agachou-se ao pé da porta de entrada do porão, ele tirou uma ferramenta que o ajudaria a abri-la, em menos de alguns minutos ele o fez com êxito, essa era uma das poucas coisas que ele se orgulhava, ele era um tanto bom em abrir fechaduras.
O mesmo espiou pela fresta e pôde ver que mais a frente havia dois homens de guarda.
- Há dois homens lá fora. - comunicou.
- Nós cuidamos deles e damos cobertura às garotas. - disse Jake e Sebastian concordou.
- Vamos lá. - Sebastian e Jake se recostaram à porta e abriram-na, ao passo que o ambiente rapidamente foi tomado pela ação, Jake disparou contra os homens, eles haviam recebido treinamento especial assim como o seu, o que lhe custou um pouco mais de resistência. Sebastian dava cobertura para as meninas, que corriam para um corredor que ficava a esquerda do saguão.
Assim que as meninas estavam a uma certa distancia Sebastian se preocupou em ajudar jake, mais homens se aproximavam devido ao barulho do tiroteio. Jake se escondeu atrás de uma estatua que havia ali para raciocinar melhor, fazia tempos que ele não passava por uma situação desse tipo, eram 7 homens armados até os dentes contra ele, Sebastian parecia mais perdido do que qualquer coisa, cabia a ele salvá-los.
Mas como?
- Aí Sebastian. O que acha de Sr. e Sra. Smith? - não precisou muito para que Sebastian entendesse do que se tratava, eles correram nas direções um do outro e se posicionaram igualmente a cena do filme, eles amavam aquele filme, reprisar uma cena de ação como aquela fazia a adrenalina correr em suas veias. Eles atiraram nos homens com precisão, 4 caíram baleados, os outros 3 esconderam-se atrás de outras estatuas que estavam no local, no total eram 6 estatuas que formavam um enorme circulo no ambiente, Sebastian e Jake estavam no centro, eles atiravam contras os homens e após um pouco de paciência e persistência os outros 3 homens foram abatidos.
Eles se olharam vitoriosos e seguiram a direção oposta que as meninas haviam tomado.
As garotas corriam abaixadas por um enorme corredor, logo foi ouvida a sirene de emergência que anunciava a invasão do palácio, algumas saídas e entradas foram completamente lacradas por grandes portas de aço, o Rei estava muito bem preparado para o que estava por vir. Charlie levou as mãos aos ouvidos e olhou assustada para Mille, ela nunca havia visto algo tão complexo como aquilo, Sebastian também não esperava algo parecido, nesse momento percebeu que os riscos de tudo ir por água a baixo era enorme. Mille olhava ao redor como se procurasse uma saída, ela conhecia o palácio com a palma de sua mão, mas se sentia perdida em meio aquele caos.
- Precisamos ir até a sala de controle, de lá conseguiremos desativar o sistema de segurança, certo? - Charlie falou ao ver o desespero de Mille, a mesma concordou e lembrou-se que a sala não ficava longe dali. ela segurou Charlie pela mão e correu o mais rápido que pôde. Antes que as garotas chegassem a tal sala, um grupo de saldados foi avistado correndo em direção as mesmas, elas se apavoraram, mas por sorte foram puxadas para dentro de um quarto e não foram percebidas no local.
Por um segundo elas olharam assustadas para a pessoa que havia as salvado.
- Mille, sou eu. - disse tirando seu chapeu e revelando seu rosto.
- Amber? Meu deus ainda bem que é você - Mille lhe deu um abraço apertado
Ela e Mille eram um tanto parecidas, possuíam o cabelo escuro e curto, leves sardas, olhos grandes e boca pequena, Amber era mais alta e parecia ser um pouco mais velha que Mille.
-- Eu senti sua falta. Sebastian mandou um recado por Albe que vocês viriam, tudo isso é loucura, mas eu sinceramente espero que tudo termine bem no final. - segurou as mãos de de mille.
- Essa é a Princesa Charlie. - a apresentou. - E Charlie, essa é minha irmã, Amber. - confirmou sua suspeita.
- Trazê-la pra cá foi um erro, é suicídio. - falou. de fato era, mas o tempo era curto e nada mais podia ser feito, a não ser terminar o que havia começado.
- precisamos ir até a sala de segurança para desativar o sistema. - falou Charlie pela primeira vez.
- Eu dou cobertura a vocês, mas antes vistam isso, vai ser mais fácil se vocês se disfarçarem de um de nós. - deu uniformes de soldado para as duas.
Elas o vestiram imediatamente e pegaram suas armas e equipamentos essenciais, largaram todo o peso desnecessário de suas mochilas ali e por fim sairam do local. A sala não ficava longe dali, logo foi avistada, mas elas não esperavam que ela também estivesse trancada pelo sistema de seguança. Amber quebrou a proteção do painel de segurança da porta que estava ao seu lado e com cuidado deu um tiro no mesmo, o que resultou numa mini explosão, mas que de qualquer forma abriu a porta.
Assim que a porta foi aberta, 2 homens foram vistos dentro da sala, eles eram fortes e altos, as meninas engoliram em seco. Amber tomou a frente.
- O chefe da guarda real nos mandou aqui para checar se estava tudo certo, como a porta estava trancada tivemos que destruir o painel. lamento. - disse.
- Como vê está tudo certo, saldado. Não lembro de ser permitido acesso a sala de segurança a guardas de combate como você, não deveria estar la fora ajudando no confronto? - disse ríspido.
- Vou precisar que saiam da sala ou nós precisaremos tomar medidas para tal coisa. - Amber o desafiou, não havia medo em seus olhos.
Os homens se aproximaram e as garotas sacaram suas armas, que logo foram jogadas ao chão com força bruta. Charlie estava suando frio de tanto medo.
Amber socou o rosto de um dos homens e o caos foi instalado, um dos homens agarrou Charlie, que se debatia em seus braços e tentava escapar, mas ele era uma muralha de músculos, tornando impossível escapar dali. Ele a jogou no chão com força. A mesma por um segundo pensou que estava morta, por conta da dor extrema que sentiu. Ela avistou sua arma caída ao chao e a pegou, no mesmo momento o homem a segurou novamente e socou seu rosto com tanta força que o fez sangrar, Charlie colocou o dedo no gatilho e atirou contra o ombro do homem, que rapidamente lançou sua arma para o outro canto da sala. Amber batia no outro homem com todo seu ódio cumulado, ela já estava um tanto ferida pelos golpes e quedas que havia levado, mas a força que havia dentro de si era imensa, ela possuía sangue de uma verdadeira guerreira. Fazia o que queria, na hora que queria, nenhum homem iria a impedir naquele momento.
Mille localizou o painel de segurança e correu para o tal, ao passo que o homem atingido por charlie lhe puxa a fazendo bater a cabeça no chão, indignada com a violência contra sua irmã, Amber puxa a faca do sujeito que lhe batia com agilidade e lança contra o homem que havia batido em sua irmã, a faca lhe atinge no abdômen, e sem perder tempo Charlie lhe da um chute no lugar onde a faca estava cravada, em questão de segundos o homem cai ao chão agonizando. Charlie ajuda Mille e a mesma cumpre seu objetivo, ela começa a digitar alguns codigos no painel para desativar o sistema, como ela sabia como fazer isso era um mistério.
Amber pega uma cadeira e lança contra o homem, que fica desorientado, tempo que foi necessário para a mesma localizar alguma arma perto de si, Charlie vendo sua situação, correu pela sala e pegou a arma, logo tratou de a jogar em direção a Amber, que a pegou no ar, mirou e atirou no homem, o tal cai ao chão inerte.
- Otário. - sussurrou Amber e limpou o sangue que escorria de seu nariz.
Em poucos minutos Mille conseguiu desativar o sistema de segurança e as portas trancadas finalmente foram abertas. Logo os prisioneiros seriam libertos.
As três sairam da sala orgulhosas do trabalho que haviam feito e se dirigiram ao pátio para resgatar os prisioneiros e conduzi-los ao porão que dava acesso ao ponto cego da ilha.
O caminho seria conturbado, mas elas se sairiam bem.
Jake e Sebastian seguiam sua parte do plano e se aproximavam da sala do trono, pouco tempo antes eles haviam enfrentado mais um grupo de soldados raivosos, um deles por pouco tirou a vida de Sebastian, mas Jake o salvou o jogando contra o chão e atirando no outro cara. Ele tinha um enorme instinto protetor dentro de si, algo tão forte que ele não podia controlar, ele daria sua vida por seus amigos sem pensar duas vezes, para ele não fazia sentido viver num mundo onde alguém que ele amasse não estivesse presente.
A sala do trono já era visível, havia apenas um soldado em frente a entrada e Jake o derrubou antes que o mesmo conseguisse entender a situação.
- Eu quero fique aqui. - disse Sebastian.
- Negativo, eu vou com você. - disse Jake. - Só Deus sabe o que o Rei vai fazer. - finalizou.
- Inicialmente fique longe. - pediu e Jake confirmou a contra gosto.
O Rei já esperava pela aparição de Sebastian, ele pretendia matá-lo, mas veria o quão longe o tal chegaria. Em seu sangue corria o pior dos ódios, para o Rei, Sebastian era uma escória que ele havia que convier, fruto de um erro. No dia da morte de sua esposa, ela havia descoberto sua traição, ela sentiu nojo dele, ela não entendia o motivo que o levou a isso, o casamento dos mesmo estava em perfeita ordem. Ela disse para ele que só continuaria sua união com o tal por conta de seu filho e povo, mas que seu amor por ele havia morrido naquele momento. E foi por conta disso, por conta de todo esse estresse, que seu pequeno herdeiro decidiu vir ao mundo prematuramente, com apenas 8 meses de vida, ele veio ao mundo em meio ao caos e foi tirado de seus pais, tirado de seu povo, e teve sua mãe morta.
Jake parecia confuso, sua mente era bombardeada por um turbilhão de pensamentos negativos e perguntas sem resposta.
Sebastian suava frio, mas não se deixava abalar, continuou o percurso até o Rei, que o olhava com ódio reprimido. Sebastian fez uma reverência debochada e o olhou sem ânimo algum.
- Acredito que goste de ver a morte face a face. - jogou o Rei ao ar.
- Você não sabe o quanto, vossa majestade. -
- Me dê um bom motivo para não matá-lo. - limpou o cano de sua arma com seu manto.
- Eu sou o motivo. - disse Jake Will, aproximando-se. Ele estava impaciente, Sebastian o olhou preocupado.
- Quem é você? - disse o Rei com rispidez e apontou sua arma em direção a Jake.
- É seu herdeiro legítimo em carne e osso. - começou Sebastian. - Ele foi criado por amigos do guarda que o levou dessa ilha, Jake foi criado como um cidadão de ilha Branca. Com o tempo o mesmo passou a morar no palácio e virou o guarda pessoal da princesa. Neste tempo em que fiquei fora eu o encontrei. - finalizou, a ansiedade corria em suas veias.
O Rei ficou pálido, ele não conseguia acreditar no que estava diante de seus olhos. Ele não podia negar seu parentesco, as suas semelhanças eram gritantes. Jake era um reflexo mais novo de si. Mas apesar dos fatos, preferiu acreditar no contrário.
- Você é uma praga abominável, seu bastardo imundo. - cuspiu no chão com ódio. - Você é o real culpado de tudo isso, você fez de minha vida um inferno, quanto mais te olho mais desejo que tivessem o levado ao invés de meu herdeiro, meu filho Louis, fruto do meu relacionamento com a mulher mais amável que já existiu, com quem eu cometi o pior dos erros. - olhou com amargura para Sebastian, o mesmo tinha uma expressão fria.
- Não pode culpa-lo de seu erro. - Jake se pronunciou. - Vossa majestade será o único a conviver com tal culpa até o dia de sua morte, Sebastian foi fruto de uma traição somente sua, o rei que deveria honrar e respeitar sua rainha, o que não o fez. - disse com falsa calma, mas por dentro estava uma pilha de nervos, pensava que o Rei o mataria ali mesmo.
Bem, foi quase isso.
O rei disparou contra seu ombro, um grito foi ouvido, Jake agonizava com uma dor que irradiava de sua alma, era insuportável. Ele caiu de joelho, Sebastian socorreu o mesmo, colocando a mão sobre seu ferimento na tentativa de estancar o sangue.
- Verme, meça suas palavras. - disse entre dentes, mas não era culpa de Jake se a verdade doía.
Sem pensar duas vezes, Sebastian disparou contra o Rei, falhando miseravelmente, sua mão tremia e o suor frio escorria por seu pescoço, os olhos frios do Rei o fitaram e ele ergueu sua arma, no mesmo momento Jake empurrou Sebastian para atrás de uma estátua dourada que ali havia. O rei riu com escárnio e finalmente levantou de seu trono, girando a arma entre seus dedos.
- Chega de enrolação, vou matá-los e depois destruir cada pedaço da querida Princesa de ilha Branca. - cuspiu suas palavras com ódio aparente.
O sangue de Jake gelou, ninguém tocaria em Charlie, ninguém. O tal pegou sua arma e disparou contra o Rei, que foi atingido no joelho e caiu, o mesmo se arrastou até um ponto do salão e apertou um botão de emergência que havia ali, logo guardas invadiram a sala e começaram a disparar contra os meninos, que deram tudo de si. Sem esperar, Charlie, Millie e Amber adentraram a sala do trono. Amber pulou nas costas de um dos guardas e o golpeou no pescoço com uma adaga, enquanto Mille, num disparo, conseguiu atingir um dos homens no braço, o que o desestabilizou. Amber distribuía chutes e socos em outro homem, com sangue nos olhos.
Charlie escondeu-se atrás de um pilar e correu com seus olhos em procura de Jake e Sebastian, ela os avistou atrás de uma estátua, disparando contra os guardas reais, Jake estava ferido, percebeu. Ela manteve a calma e olhou através da mira de sua arma, mirando no homem que atirava contra os meninos, ela manteve a concentração por alguns segundos e finalmente tirou coragem para fazer o disparo, acertando-o no abdômen. Charlie correu em direção a Jake, que deu um grito em negativo e correu em sua direção com o pouco de força que lhe restava. No mesmo momento, Charlie viu o disparo que o Rei havia feito em sua direção, ela viu a morte face a face.
Antes que a mesma fosse atingida, o corpo de Jake a abraçou com força, protegendo cada centímetro dela, ele inspirou seu aroma doce e olhou para Charlie, para seus olhos cor de oceano e se perdeu ali uma última vez, eles o acalmavam, era como se ele estivesse na beira do mar com as ondas atingindo seus pés, num típico dia ensolarado e refrescante, com a brisa com cheiro de maresia batendo em seu rosto e bagunçando seu cabelo. Ali era seu paraíso, ele pouco se importava com a dor insuportável que sentia, ele só queria estar com ela mais uma vez, nada no mundo inteiro mudaria o que ela significava para ele.
Charlie chorava e gritava com Jake, ele parecia estar paralisado, não a respondia, nem parecia escutá-la. O sangue já havia ensopado sua roupa, o buraco em seu peito jorrava tanto sangue que Jake caiu de seus braços, ela cuidou para que sua cabeça não batesse no chão e chorou compulsivamente sobre o tal, Jake piscava os olhos repletos de lágrimas e fixava seu olhar perdido no teto. Na mente do mesmo passava um flashback de todas as lembranças vivenciadas, as boas, as incríveis, as ruins, as péssimas e as que ele nunca imaginou que passaria, ele ficou feliz por morrer protegendo a coisa que ele mais amava na vida, a única pessoa capaz de trazer a tona aquilo que ele possuía de melhor, ele sabia que ele seria capaz de morrer por Charlie no momento em que ele pôs os olhos nela pela primeira vez, ele lembrava como se fosse hoje. A pequena princesa, mirrada e sardenta, que carregava com sigo um espirito de uma grande mulher, mas que ainda não havia descoberto. Mal sabia ela que a tal era responsável por mantê-lo vivo durante grande parte de sua vida, ela foi seu porto seguro, sua salvação, o propósito que ele sempre esteve procurando para sua vida monótona, trágica e sem cor, e ela sem saber coloriu tudo com seus cabelos cor fogo e sorriso radiante. A única coisa que lhe doía era pensar que a deixaria sozinha naquele mundo em que ela se sentia perdida, mas morreria mil milhões de vezes se fosse necessário para salvá-la.
O mundo estava se acabando ao seu redor, mas era como se só os dois estivessem ali, Sebastian, Mille e Ambar se desesperaram e gritavam, Mille imediatamente prostrou-se sobre Jake para evitar que mais sangue escapasse do tal, mas foi vão. Charlie não conseguia prestar atenção e pensar em nada a não ser em perder seu melhor amigo e o homem de sua vida, ela segurou a cabeça dele entre suas mãos, olhou em seus olhos e suplicou para que ele fosse forte e não a deixasse, mas já era tarde de mais. Jake pronunciou um último eu te amo e a olhou mais uma última vez antes de seus olhos se fecharem e então a escuridão, juntamente do vazio dentro de si, enfim reinar.
"Isto não é o fim. Não é sequer o início do fim. Mas é, talvez, o fim do início."
- Winston Churchill
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