Capítulo 16 | Acontecimentos Destrutivos
Narração feita por Jake.
Quase 72h em cativeiro.
Aquilo que na melhor parte da minha vida eu havia jurado proteger para todo o sempre, havia sido tirado de mim de forma brutal, meu único trabalho era proteger Charlie e eu havia falhado miseravelmente. Há tempos eu não sentia algo parecido, desde a morte dos meus pais, que haviam sido assassinados por ordens do Rei Luke, friamente mortos como se fossem lixo.
Eu lembro daquele dia como se fosse ontem. Eu finalmente iria começar a estudar com uma instrutora local, finalmente minha mãe havia arrumado dinheiro para tal coisa, o que era bem difícil, visto que vivíamos numa situação miserável.
Aquilo tudo era muito novo pra mim, naquele dia eu estava tão feliz que fui correndo para conversar com minha mãe. Ela era não só minha mãe, mas minha melhor amiga, eu pouco me importava se ela era minha mãe biológica ou não, eu sabia que eu tinha sido adotado quando bebê, mas isso não significava nada. Eu amava minha mãe, por meu pai eu tinha um misto de sentimentos. Eu sentia um pouco de rejeição da sua parte, mesmo com todas as minhas tentativas falhas de ser o filho perfeito. Ele bebia muito, ele bebia tanto que as vezes nos batia, mamãe sempre dava um jeito de me proteger e me falava que eu deveria ignorar as idiotices que meu pai falava.
Naquele dia, era aquele dia que tudo estava ocorrendo tão bem e leve, que comecei a me questionar se tudo aquilo era de fachada, se tudo aquilo acabaria, de fato acabou prematuramente, tão rápido quanto começou. Antes que eu pudesse me dar conta, tiros foram disparados e meu pai havia sido morto na porta de casa. No mesmo momento minha mãe abriu uma espécie de armário oculto, me empurrou lá dentro e o fechou. Eu só conseguia ver borrões atravéz das frestas do armário e escutar vozes. O homem que havia matado meu pai perguntava do "garoto", minha mãe nunca falaria, ela morreria pela minha segurança, e ela o fez. O homem disparou contra sua cabeça e explodiu seus miolos. Foi uma cena aterrorizante e completamente traumatizante. Era como se eu também tivesse morrido naquele dia.
E era como se eu tivesse vivenciando aquilo tudo novamente.
Tudo tinha acontecido rápido de mais para que eu pudesse assimilar, em um segundo estávamos todos em casa lendo a carta do Rei, no outro Charlie estava imóvel ao chão e baleada no abdômen, eu fiz o possível para ajudar, eu daria minha vida por ela naquele momento e quando eu vi seus olhos fecharem foi como se o mundo desabasse pra mim e nada fazia mais sentindo, Charlie era a responsável por me trazer de volta a vida, ela me fazia lembrar que ainda valia a pena viver depois de tudo que havia acontecido, perdê-la era como perder a mim mesmo.
A casa foi invadida, Richard tentou impedir e foi morto com 2 tiros no peito, bem na minha frente. Lia e Melanie foram baleadas na perna e desmaiaram. Antes que eu pudesse agir, senti o impacto forte da arma bater contra minha cabeça e tudo se apagou num piscar de olhos.
A partir daquilo, acordamos num inferno. A partir daquele momento minha vida virou de cabeça para baixo, eu nunca cheguei a imaginar quantas coisas ruins aconteceriam conosco, porque era irreal de mais para se pensar.
Eu me sentia sem forças, me sentia um lixo, sujo, completamente repulsivo. Eu nunca esqueceria as coisas que fizeram comigo, as coisas que disseram, suas vozes. Eu tinha sido violado, não só fisicamente, mas mentalmente, eu não passaria um dia sem lembrar do ocorrido.
Eu não conseguia me mover, eu poderia morrer ali mesmo e não me importaria. Mas ela estava viva.
Charlie
Ela precisava de mim, apesar de ser um completo fracasso humano, eu deveria suportar tudo isso por ela, ela estava aterrorizada com tudo o que havia acontecido, a verdade é que ela não sabia nem um terço de toda a verdade, principalmente o que ainda viria.
- Jake? Você está vivo? - ouvi sua voz debilitada sussurrar
Era melhor que não.
- Estou aqui. - falei sem me dar o trabalho de olhá-la, eu sentia vergonha da pessoa que eu havia me tornado, não queria que Charlie me visse dessa forma.
Eu só queria que tudo isso evaporasse.
Abro os olhos e percebo que ainda estávamos na mesma situação, não tinha acabado.
Levanto com muita dor e dificuldade, me sentia pesado e detonado, mas eu precisava ver como estava Charlie, ela precisava de mim, eu também precisava dela.
Enxerguei sua estatura pequena jogada ao chão sujo e acorrentada pelo pescoço. Meu coração fragmentou-se ao ver a cena, parecia um filme de terror sem fim. Me forcei a me mover em sua direção e percebi que ela não estava acordada. Ela parecia morta. Sua aparência era deplorável, não chegava aos pés do que realmente era.
A toquei com delicadeza no ombro, mas a mesma não se mexia.
- Charlie? - a mesma não respondia.
Entrei em Pânico.
Seu abdômen estava totalmente encharcado de sangue, por conta do ferimento mal cuidado. Levantei sua camisa e puxei as faixas que estavam isolando o local. Seu ferimento estava feio, totalmente infeccionado. O chão estava coberto de sangue em algumas partes. Era macabra a cena. Me importei em fazê-la acordar, a balancei, chamei seu nome e tudo que eu havia conseguido era um resmungo sofrido.
Meu coração estava há mil. Eu precisava agir ou iria perdê-la.
Me aproximei da porta e sem pensar duas vezes gritei com todas as minhas forças. A vida dela dependia de mim, então pouco me importava o que aconteceria comigo naquele momento. Alguns segundos depois a porta se abriu bruscamente e eu fui lançado ao chão sujo com um golpe.
Engoli o sangue acumulado em minha boca e me mantive forte.
- Ela está morrendo, aposto que seu Rei não ia querer que isso acontecesse. - falei com amargura. Não me dei ao trabalho de olhá-lo.
Levei outro chute no estômago e o homem saiu apressado pela porta. Ouvi algo que parecia informações dadas em outro idioma, russo talvez. Eles pareciam aflitos, temiam por suas vidas. A verdade é que seu Rei poderia ser um tanto cruel, quem o desrespeitasse e não cumprisse suas ordens sentiria na pele o verdadeiro inferno.
Dois homens e uma mulher vestida com um jaleco branco encardido adentraram o local, pegaram-na e a levaram, eles tratariam dela, disso eu tinha certeza.
Quando me permiti suspirar aliviado pela situação, fui brutalmente tirado da sala e arrastado pelo corredor por dois homens que tinham quase o dobro da minha altura, eu sabia o que aconteceria. Comecei a me debater com todas as forças que ainda me restavam, mas elas não foram suficientes para impedir que eu fosse lançado naquela sala novamente.
- A primeira vez não foi suficiente? Você quer mais? - ouvi a voz que eu mais odiava naquele momento. - Você quer mais? - desse vez berrou e cuspiu em meu rosto.
Eu queria ter forças para revidar. Mas eu estava ferido, fraco e impotente. Eu também sabia os riscos, da primeira vez bati em seu rosto e recebi plena punição. São muitos homens, eu sou apenas um, eu queria ver Charlie bem e longe daqui, queria que ela me olhasse com seus olhos de oceano e eu simplesmente poderia me perder em seus lábios, era a verdadeira paz em sua mais pura essência para mim. Eu precisava vê-la só mais uma maldita vez para me sentir melhor, mas era como se eu nunca mais fosse fazer isso. Me sentia vazio e incompleto. As chances de escaparmos era quase nula, mas, sem mim, talvez Charlie tivesse sucesso, eu não passava de um peso morto.
No momento eu já havia desistido de tudo, absolutamente tudo, eu era um inútil e incapaz, eu não valia mais a pena, eles ficariam melhor sem mim.
Continuei pensando nos olhos de Charlie.
Pensei no seu sorriso.
No som da sua voz.
Em cada chicoteada que me era transferida, eu pensava nas coisas boas que já tínhamos vivenciado, eu me sentia pronto para morrer alí, só queria que acabasse o mais rápido possível. A dor era agonizante.
- Suas vidas imprestáveis não merecem um pingo da minha misericórdia, ordeno que desapareçam imediatamente. - falou alguém que eu jamais pensaria encontrar naquele lugar.
- O s-senhor por aqui? Peço mil perdões alteza, não se ire contra nós. - disse um dos homens e todos curvaram-se numa reverência.
- Deem glória por suas vidas, irei poupá-las por ora. - disse. - vão. - em menos de um segundo a sala estava vazia, somente nós dois estávamos alí. Eu devia estar enxergando coisas, por conta da dor absurda que eu estava sentindo, não era possível. Esfreguei os olhos e não conseguia acreditar em quem estava ali.
Sebastian
Agora sabemos mais sobre o passado de Jake, quais suas teorias sobre isso?
E sobre Sebastian?🤭
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