Um
Olá! Me chamo Viollet e tenho 16 anos, vim falar brevemente sobre a vida e a morte.
A vida... Como ela é preciosa. Principalmente quando é tirada de você. A morte... Como ela pode ser cruel não é? Principalmente quando é oferecida a você. Em um dia você está em casa pensando em ver o garoto que você gosta na escola na manhã seguinte, pensando na entrevista da sua banda favorita que passará dali a três dias, pensando no presente que irá dar a sua amiga no aniversário dela dali a uma semana. Enfim você esta sempre fazendo planos e pensando no futuro porque você acredita que haverá um futuro, você nunca fará planos pensando em uma possível morte como: Irei contar a tal garoto que eu gosto dele antes que eu morra, irei a um show da minha banda favorita não importa o que aconteça, ficarei feliz de fazer isso antes de morrer, tenho que dizer a minha amiga o quanto a amo, não poderei dar o presente dela na sua festa na próxima semana morrerei antes. A diferença é bem visível, em um você faz planos baseado em um futuro que nem se quer tem a plena certeza de que existirá e em outro você simplesmente faz tudo o que quer fazer antes que seus dias acabem. Mas vocês devem estar pensando "Ora! Mas quem fará planos se baseando em uma possível morte?" então eu te pergunto "por que você faz tantos planos para o futuro se não tem certeza de que terá um?" na verdade eu só estou tentando mostrar a vocês que a morte não é algo distante, hoje você esta vivo e amanhã... BANG! Você esta sendo enterrado em uma profunda cova com varias pessoas a sua volta chorando e lamentando a tragédia, a causa da morte? Bom, existem tantas causas por ai que nem precisa escolher uma para este meu "exemplo" como dizia meu querido vovozinho "para morrer basta esta vivo".
Simplesmente aproveite sua vida, não deixe tudo para o futuro porque talvez não exista um. Eu sei que você deve estar pensando "Por que uma garota de 16 anos esta preocupada com algo assim? Esta na flor da idade deveria esta vivendo ao invés de falar coisas melancólicas." Ah! O que eu esqueci de dizer é que eu estou morta. Isso mesmo, você não leu errado, eu realmente estou morta ou pelo menos quase isso, pra te falar a verdade eu também fiquei confusa. Melhor eu te contar minha historia pra assim você compreender, mas para isso temos que voltar lá do início.
Como já disse, eu me chamo Viollet. Sou filha única de Paul e Samantha Stewart , meu pai é um músico renomado e um grande empresário, ele criou uma escola de músicas e algum tempo depois uma gravadora. Minha mãe era uma grande modelo, ela parou sua carreira para se dedicar totalmente a mim assim que soube que estava grávida, depois de uns anos ela fundou uma empresa de cosméticos. Por meio desta pequena apresentação você já deve ter percebido que cresci em um berço de ouro, sempre tive tudo que queria, mas não se engane eu não era como aquelas crianças mimadas, eu gostava de dividir minhas coisas e também gostava de coisas simples, meus pais me ensinaram a ser assim, mas infelizmente as outras crianças não foram ensinadas da mesma forma, não suportava toda aquela baboseira de "eu tenho tal brinquedo" ou "meu pai vai me levar para tal lugar", então consequentemente eu não tinha amigos. Sempre fui uma criança solitária até o dia em que conheci Melissa e Sierra. Eu tinha cinco anos, estava brincando no escorregador de um parquinho que ficava perto da minha casa e minha mãe sentada em um banco folheando uma revista de moda. Eu queria brincar na gangorra na verdade eu sempre quis, mas convenhamos que a gangorra não é um brinquedo pra brincar sozinha, eu sempre ia até ela e sentava e sempre continuava em baixo não tinha ninguém pra sentar do outro lado e me fazer subir, mas eu continuava sentada ali até a hora de irmos embora, era assim sempre que íamos ao parquinho.
- Filha, por que não brinca em outro brinquedo? - Dizia minha mãe enquanto se aproximava de mim.
- Eu já brinquei em todos os brinquedos daqui, mas nunca brinquei nesse. Eu quero saber como é ficar no alto. - Falei sem esconder o desânimo.
- Se você quiser eu posso brincar com você.
- Não precisa mamãe, eu estou com fome. Vamos para casa.
- Tudo bem, você precisa de biscoitos de chocolate com leite quente pra te animar.
Na verdade mãe... O que eu precisava era de amigos.
- Espere... - Uma voz tímida ressoa em meio a gritaria das várias crianças que ali estavam.
Viro-me e logo avisto duas meninas.
- A gente pode brincar com você? Eu me chamo Melissa e esta é a Sierra. - Ela apontava para a garotinha que se escondia atrás dela.
- Eu me chamo Viollet.
Eu fiquei surpresa e feliz, e obviamente logo disse que sim. Naquele dia eu pude descobrir qual a sensação de ficar no alto da gangorra, pude descobrir qual a sensação de realmente se divertir e naquele dia eu pude descobrir como era a sensação de se ter amigos.
Ah... Este dia maravilhoso que nunca sairá da minha mente. Eu me lembro de cada detalhe dele, lembro-me do cheiro das rosas que pairava no ar, lembro-me do lindo canto de um passarinho que tinha seu ninho em uma árvore ali perto, lembro-me da agradável brisa que soprava anunciando a chegada da primavera e o início de uma linda amizade, mas dentre todas estas coisas eu lembro-me do rosto feliz de minha mãe a nos observar enquanto brincávamos. Ah mãe... Como você foi perfeita, não... Você ainda é perfeita.
A partir deste inesquecível dia eu, Melissa e Sierra brincávamos todos os dias naquele parquinho, algum tempo depois começamos a frequentar a casa umas das outras e logo depois já tínhamos nos tornados inseparáveis partilhando de novas experiências e claro que o amor foi o que mais causou alvoroço.
Onze anos depois...
- Acho que ele gosta de você Viollet. -Dizia Melissa totalmente animada.
- Não sei... O que você acha Sierra?
- Eu acho que ele gosta de você.
- Convida ele para o baile.
- Mas o baile é só daqui a seis meses.
- E é ele que tem que convidar a Viollet para o baile Melissa.
- Ah, mas do jeito que ele é nunca irá fazer isso. - Disse Melissa cruzando os braços.
- Mas eu gosto desse jeito tímido dele.
De quem estávamos falando? De David, ele era o garoto por quem eu me apaixonei. David era do tipo bonitão, mas muito tímido, no fundo eu achava que ele gostava de mim mas como eu também era tímida nunca falei pra ele o que eu realmente sentia e nem pude comprovar minhas suspeitas.
- Nossa olha as olhinhos dela Sierra, estão brilhando.
- Você realmente gosta dele viollet, por que não fala isso pra ele?
- Eu... Falar para o David que gosto dele? Ah não, não consigo fazer isso.
- Tenho uma ideia! - Disse Melissa se pondo na frente de Sierra. - Se... Ele te convidar para o baile você se declara pra ele.
- Isso! - Sierra empurra Melissa de sua frente. - Você deve se declarar quando estiverem dançando no baile.
Se o David criasse coragem pra me chamar para o baile estaria comprovado que ele gostava de mim, então com esta comprovação o mínimo que eu poderia fazer era dizer a ele os meus sentimentos. Vai me dizer que vocês também não acharam esta uma ótima ideia?
- Tudo bem, eu aceito esta proposta. - Digo me virando para as garotas. - Ah fala serio! Vocês estão realmente fazendo isso no meio da rua?
Melissa e Sierra estavam constantemente brigando, na verdade aquilo não poderia ser chamado de briga, era um bate boca de 10 minutos e logo depois elas agiam como se nada tivesse acontecido.
E assim foi nossa rotina por mais cinco meses.
Cinco meses depois...
- Gente, reunião na minha casa daqui a dois dias as 20:00 horas.
- Por que as reuniões sempre tem que ser na casa da Melissa?
- Não enche Sierra.
- Da pra parar vocês duas? Estamos no refeitório da escola vocês não vão começar o bate boca aqui né?
- Mas que bate boca?
Sierra e Melissa se olhando fingindo não entender.
- Mas mudando de assunto. - Continua Sierra. - Quero entregar isto a vocês.
Eu logo abri o pequeno embrulho. Dentro tinha um colar com uma pedrinha brilhante em forma de coração.
- Ah que lindo. - Dizia Melissa segurando o colar no alto.
- Eu vi eles em uma loja perto de casa e achei a nossa cara, estes colares serão o símbolo da nossa amizade. - Sierra disse meio sem jeito.
A verdade é que ela nunca foi boa nisso de demonstrar carinho, pra ser sincera ela nunca foi boa em demonstrar seus sentimentos. Então quando Sierra fazia algo do tipo significava que era algo realmente especial para ela.
Logo chegou o dia da reunião na casa da Melissa. Só faltava a Sierra chegar.
- Meninas me desculpem... - Diz Sierra adentrando no quarto fazendo com que eu e Melissa pulássemos de susto. -... Mas é que eu tive que vir a pé e...
- Senta logo Sierra. Bom, estamos aqui porque o baile é daqui a um mês e precisamos resolver a situação da Viollet.
- Resolver o que? Ela já aceitou a proposta e agora é só esperar pra ver o que o David vai fazer.
- Eu penso da mesma forma da Sierra. - Eu disse meio com medo do que a Melissa tinha em mente. - Não tem o que se fazer.
- Se ele te convidar você vai para o baile com que roupa? Qual penteado? Maquiagem?
- Ah sim, é isso. - Eu disse totalmente aliviada.
- Melissa... - Sierra dizia séria
- Sim?
- Onde está colar que eu te dei?
- Ah... Bom... Eu tirei por um tempo e esqueci de colocar de novo.
- Então coloca agora.
- Agora temos que resolver os assuntos sobre o baile.
- Você o perdeu Melissa? Eu não acredito! Como você pode perde-lo depois de eu ter dito que ele era o símbolo da nossa amizade? - A voz de Sierra estava alterada.
- Eu não o perdi ok? Só não sei onde o deixei. Você também não precisa ser tão dramática Sierra.
- Dramática? Você sabia que ele era especial.
Em poucos minutos as duas estava se esbofeteando, mas dessa vez era diferente, era realmente uma briga. Eu gritava desesperadamente para as duas pararem com aquilo mas era em vão. Fiquei totalmente sem ação, a única coisa que pude fazer foi sair correndo dali.
Quando me dei conta estava em uma rua totalmente escura, um lugar desconhecido que dava medo. Sentei-me no chão e abracei minhas pernas, eu estava perdida. Depois de um tempo pude ouvir Sierra e Melissa gritando por mim, me levantei rapidamente chamando pelas duas.
- Melissa, Sierra eu estou aqui!
Pude vê-las na outra ponta da rua e quando ia começar a correr em direção a elas senti alguém me puxando pela mão, eu não consegui ver quem era por conta da escuridão a única coisa que vi foi o objeto reluzente, que logo identifiquei como uma faca.
- Por favor, me deixe ir, eu não tenho nada. - Eu implorava enquanto chorava ao ser que me segurava. - Não se preocupe, se você me soltar não contaremos nada a ninguém. - Dizia enquanto olhava em direção as meninas que assistiam a tudo completamente imóvel, provavelmente por conta do medo.
Eu senti uma dor insuportável no meio do estômago, como se algo estivesse me perfurando, sem coragem de olhar para baixo senti um liquido quente ensopar minha blusa, eu não tinha forças pra falar absolutamente nada, nem pra me manter de pé. Eu me encostei-me à parede atrás de mim e escorreguei até sentir o chão, meu corpo começou a adormecer, minha boca estava seca e a escuridão tomava de conta da minha vista, pude ver ainda os pés daquele ser se movimentando em direção a Sierra e Melissa, eu tentava gritar desesperadamente para que elas fugissem mas minha voz não saia, o preto agora tinha tomado de conta da minha vista. Eu já não sentia mais nada.
Morri ali, naquela noite. Um assassinato cruel não é mesmo?
Eu não sei o que esta acontecendo, mas neste momento estou no quintal da minha casa. Talvez uma segunda chance? Dizem que quando um assunto não é resolvido em vida o espirito volta para resolvê-lo. Definitivamente não sei o que está acontecendo, mas se voltei para este mundo a única coisa que sei é que irei descobrir quem cometeu meu assassinato e então irei me vingar.
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