Capítulo 3 - HARRY
Só pra avisar, pra quem é muito fã do Louis, esse cap tem pontos sensiveis, ok?
Eu nunca gostei de Thomas, nunca mesmo. Eu evitava falar disso porque Lottie sabe que eu sempre tive uma queda pelo irmão dela. Mesmo antes de Louis ser famoso.
Conheci a minha melhor amiga no primeiro dia de aula dela na nossa escola, ela estava lutando contra o armário e perdendo, ninguém iria ajudar porque ela era a novata. Mas eu fiquei com pena, ainda mais porque deram um dos piores para ela. A ajudei a abrir, acabamos conversando e descobrimos que tínhamos muito em comum.
Eu não tinha muitos amigos, era o patinho feio do grupo, mas a apresentei os que eu tinha e todos se deram bem. Nossa última aula foi educação física, o que eu era um desastre por ser desastrado. E, para piorar, era queimada, o que, praticamente, colocava um alvo nas minhas costas.
Uns garotos tentaram me acertar, mas eles queriam me derrubar para rir de mim. Lottie ficou muito brava, ela falou que ia resolver aquilo, pegou a bola e foi acertando um por um. No rosto, no peito, nas costas e o último, justo o que me acertou, entre as pernas. Owen caiu no chão, com as mãos em cima do saco e mal respirava. Ele teve que ser levado para a enfermaria.
Lottie apontou para o grupinho de Owen e disse que o próximo que mexesse comigo não teria tanta sorte. Ninguém mais mexeu comigo e ela se tornou minha melhor amiga. Nós dividíamos o armário, já que o dela sempre emperrava, eu conhecia sua mãe e irmã mais nova, ela conheceu a minha mãe e nós sempre estávamos juntos, ou na minha casa ou na dela. Minha irmã mais velha estava na faculdade e o irmão dela era músico, então conversávamos muito sobre a saudade que sentíamos deles.
Minha mãe era divorciada do meu pai há muito tempo e a mãe de Lottie era viúva, elas também se tornaram amigas e saíam juntas. Ter minha amiga comigo fez tudo melhor, nós sonhávamos com a faculdade e tínhamos planos claros de morarmos juntos. Eu já sabia que era gay e Lottie foi a primeira pessoa que soube, lembro que passamos a noite inteira conversando sobre isso.
Ela me disse que seu irmão mais velho, do qual eu ainda não conhecia, mas já tinha vistos fotos e achava lindo, era bissexual e ele era a melhor pessoa que ela conhecia. Aquilo foi muito importante para mim, ela me aceitou e cuidou de mim quando me zoavam na escola. Quando contei para minha mãe, Lottie também estava comigo, inclusive ela que explicou muita coisa para dona Anne.
Um dia eu estava na casa da Lottie, estávamos fazendo as unhas quando alguém entrou na casa fazendo muito barulho. Nos assustamos e ouvimos essa pessoa gritar.
— Oi oi!
Lottie arregalou os olhos e saiu correndo, quase caiu da escada enquanto descia desesperada. O pior é que ela me agarrou pelo pulso e me arrastou com ela, se eu tivesse caído, acho que ela nem se importaria, apenas continuaria me puxando escada abaixo.
Quando chegamos na sala, Fizzy, a irmã mais nova de Lottie, estava abraçada a um rapaz mais velho. Fizzy chorava e pulava, animada pela presença do outro. Lottie gritou quando o viu e, finalmente, me soltou, pulando sobre o rapaz. Eles se abraçavam e pareciam muito felizes.
Foi então que ele levantou o rosto e olhou para mim, ele era a pessoa mais linda que eu já tinha visto na minha vida. Seu rosto parecia desenhado, seus olhos tinham um tom claro de azul, eu sentia que podia olhar para aqueles olhos por dias e não me cansaria. Ele sorria a ponto de formarem ruguinhas nos olhos, o cabelo estava bagunçado e ele não parecia se importar. E a risada era melodiosa, eu sabia que ele era cantor, mas até sua risada parecia música.
— Hazz, vem aqui, esse é o meu irmão! — Lottie disse animada, me puxando.
— Ah, então você é o famoso Harry — ele riu, chegando perto de mim.
— Oi — respondi ficando vermelho, o que o fez rir ainda mais. Mas não de um jeito maldoso, ele apenas estava feliz. Nos altos dos meus dezesseis anos, olhando para Louis que, na época, tinha vinte, eu sabia que me apaixonaria por ele.
— Não fique com vergonha, pelo que sei você é, praticamente, um Tomlinson agora — ele me abraçou e ofeguei de susto, mas também para sentir seu perfume. — Bem-vindo a família!
O contato foi muito mais rápido do que gostaria, mas ele precisava dar atenção para as irmãs, já que não as via há meses. Ele tinha passado uma temporada em Los Angeles. Lottie dizia que uma gravadora grande estava interessada nele e, mesmo sem o conhecer na época, eu estava orgulhoso.
Eu iria embora, mas não me deixaram, Lottie até ligou para minha mãe pedindo que eu dormisse lá. Tentei argumentar que era o momento deles em família, mas ela não me ouviu. Lottie sempre foi meio cabeça dura, quando colocava uma ideia na cabeça, eu sofria para tirar, isso quando acontecia.
— Antes de dormimos — Louis falou depois do jantar, Jay tinha feito as comidas favoritas dele, já que também estava feliz com a surpresa que o filho fez. — Esse é para rainha do mundo — entregou um pacote para Jay, que sorriu animada. — Esse para a pirralha mais irritante, mas que eu amo muito — dessa vez era para Fizzy. — Esse é para minha parceira no crime — Lottie riu, recebendo o pacote.
Jay ficou falando que não precisava, que era muito, mas amou as roupas novas e o perfume. Também tinha uma corrente com uma joia, Louis falou que aquele era o primeiro diamante que dava para sua mãe, mas que logo a encheria deles, porque ela merecia.
Fizzy ganhou um box deluxe de Percy Jackson e estava autografado, até tinha uma camiseta do acampamento meio-sangue. Ela surtou, chorou e abraçou o irmão. Louis ria, dizendo que agora tinha contados.
Lottie ficou paralisada, ela ganhou uma maleta da maquiagem muito cara e um moletom da GAP. Ela gostava muito de maquiagem e de seguir influencers, brincávamos que um dia ela seria uma e eu que tiraria suas fotos. Louis brincou que sua carreira podia começar agora.
— Filho, você gastou demais, não precisava — Jay disse com lágrimas nos olhos.
— Mãe, as coisas estão mudando. Eles realmente estão gostando das minhas músicas. Eu conheci Liam Payne e ele quer gravar algumas das músicas que escrevi. — Jay não ficou impressionada, mas Lottie, Fizzy e eu sim. Liam Payne era um nome em alta, ele vinha crescendo e era uma das promessas da música. — Também conheci Zayn Malik, ele é amigo de Liam e já está chamando atenção. E fiz amizade com Niall, ele está começando como eu, mas estamos indo muito bem.
— Eu fico feliz por você boo bear, eu sempre acreditei que você conseguiria — Jay abraçou o filho e eu não resisti, tirei uma foto com a minha velha câmera.
— Hazz, eu não esqueci de você — ele sorriu, me entregando um embrulho malfeito, mas era fofo. — Olha, eu tentei fazer essas embalagens bonitinhas, mas isso está além da minha compreensão.
— Eu não entendo... por quê?
— Também não sei, eu vejo os vídeos e parece simples. É só dobrar o papel e prender com fita adesiva. Mas quando eu tento fazer, dá tudo errado e eu sempre saio fita adesiva até no cabelo — ele suspirou teatralmente, o que me fez rir.
— Hazz, apenas aceita — Lottie falou, dando um tapinha no meu braço — abre logo!
Desembrulhei com calma, tentando não rasgar o papel e evitando que Lottie arrancasse da minha mão e rasgasse tudo de curiosidade. Eu ofeguei surpreso de novo, era uma camiseta de F.R.I.E.D.S., minha série favorita, uma bandana azul com estrelas brancas e um colar com um pingente de máquina fotográfica. Era dourado com um cristal onde seria a lente. Tampei a minha boca para impedir de passar vergonha, foi o melhor presente que eu já tinha ganho.
— Lottie me avisou que você é da família e que eu não podia esquecer de você. Ela também falou que é sua série favorita e quando estava indo para o aeroporto, passei na frente de uma loja. Minha irmã me disse que você gosta de tirar fotos.
— Sim — concordei na hora. — Obrigado! Eu nunca mais vou tirar!
— Deixa que coloco em você — minha amiga disse animada. Ela ficou de pé atrás de mim, colocando o colar no meu pescoço.
Eu realmente cumpri a promessa, mesmo oito anos depois, o colar ainda estava no meu pescoço. E eu ainda tinha a mania de segurar o pingente quando estava nervoso ou pensando.
Lottie e eu nos formamos no ensino médio e entramos na faculdade, Louis tinha se tornado um dos cantores mais famosos do Reino Unido, logo depois conquistou o mundo. Eu não o via com muita frequência, mas toda vez que isso acontecia, eu me sentia com dezesseis anos de novo.
Não fiquei esperando por ele, porque eu sabia que ele não me via como alguém para namorar, fora que ele ficou preso em um contrato por anos, tendo que fingir namorar uma garota. Eleanor até era legal no começo, ela aparecia nas festas de família, tirava umas fotos e ia embora, era simpática.
Mas depois ficou chata, não queria falar com ninguém e me tratava como se eu não existisse. Se bem que eu até entendo, ela também estava presa e deveria estar de saco cheio daquilo.
Eu tive namorados, términos dramáticos e outros que nem fizeram muita diferença. Também fui traído e Lottie passou noites comigo assistindo séries e tomando sorvete. Tenho orgulho de dizer que me diverti muito, minha amiga e eu sempre íamos em festas, mas nossas notas eram boas. Louis fazia questão de pagar pelo apartamento que morávamos, ele pagava a faculdade de Lottie e quis pagar a minha, mas eu consegui bolsa e recusei.
Teve uma vez que eu estava na sala tendo um grande amasso com meu namorado da época e Louis entrou de surpresa. Eu estava sem camisa e no colo do meu namorado, me levantei no susto, procurando minha camisa e meu namorado fechando a calça.
— Bonito, hein? — Louis disse cruzando os braços.
— Merda — esbravejei — Lou, podia ter avisado que vinha.
— Mas aí não seria surpresa — ele me provocou e olhou feio para o meu namorado — e você? Quem é?
— Devon — meu namorado respondeu — você é o Louis Tomlinson?
— Sou sim e você é o que do Hazz?
— Nós estamos saindo. Cara, eu não acredito que é você — ótimo, Devon também era fã. Revirei os olhos e Lou sorriu maldoso para mim.
— Eu falei que conhecia ele, é o irmão da Lottie.
— Mas eu não acreditei — Devon confessou envergonhado.
— O que? Estamos juntos há meses e você achou que eu estava mentindo? — perguntei revoltado. — Eu tenho toda linha de merch dele, eu sempre uso.
— Sim, mas achei que você só era fã — Devon deu de ombros e Louis ria de mim.
— Lottie não está — falei para Louis, que não se importou, ele se sentou no sofá, do lado de Devon.
— Eu espero — o cretino colocou as mãos atrás da cabeça e os pés na mesa de centro. Coloquei a mão no rosto, eu mereço?
— Pode me dar um autografo? — Devon perguntou e eu guinchei de raiva, o que aumentou a alegria de Louis.
— Claro, mas preciso saber as suas intenções com o Hazz, porque ele é da família e não posso deixá-lo nas mãos de qualquer um.
— Não vou passar por isso — suspirei, indo para cozinha com meu celular.
— Hazz? — Lottie atendeu a ligação preocupada — aconteceu alguma coisa?
— Sim — gemi frustrado.
— Devon foi um idiota com você? Se ele fez alguma coisa, o meu taco de beisebol está atrás da porta do meu quarto. Estou indo para casa e vou arrebentar a cara dele.
— Não, ele não fez nada.
— Então o que foi? Eu saí de casa para vocês transarem, mas deu ruim? Ah, ele broxou? Poxa, Hazz, sinto muito, acontece. Tente relaxar, assiste um filme, não precisa terminar por isso.
— Lottie! Não foi isso! — falei alto, mas baixei o tom para que não me escutassem. — Seu irmão nos interrompeu.
— Meu irmão? — ela perguntou totalmente espantada.
— Sim! Louis está aqui e interrompeu Devon e eu. Agora eu descobri que Devon não só pensou que estávamos mentindo sobre conhecer o Lou, como ele é fã! Vem para cá agora, porque quando eu saí da sala, seu irmão estava perguntando quais as intenções dele comigo.
— Meu Deus — ela começou a rir até perder o folego, pelo menos ouvi a porta do carro fechando, quer dizer que ela estava a caminho. — Então, você e o Devon estavam fazendo o que quando o Louis entrou?
— Lottie! — gemi frustrado.
— Ok, ok, estou indo, mas vou querer os detalhes.
Voltei para a sala, Louis estava no mesmo lugar, bem no meio do sofá. Ele estava relaxado, como se aquela fosse a casa dele. Devon estava de um lado, o que só me restou o outro lugar ao lado de Louis.
Às vezes eu acho que a vida ri de mim, Louis é minha paixão de adolescência e resolveu aparecer juto naquele momento, quando eu estava prestes a transar com meu namorado. E ainda ficou sentado entre nós. Revirei os olhos, não é possível que essas coisas aconteçam só comigo.
Quando Lottie voltou para o apartamento, estávamos nós três quietos, assistindo futebol e eu nem gosto de futebol. Eu estava com a expressão de que queria morrer, Devon admirado com Louis e aquele cretino tranquilo, se divertindo. Lottie teve outra crise de riso.
Anos depois, Jay estava lutando contra um câncer agressivo, Fizzy estava morando conosco no nosso novo apartamento, outro presente de Louis. Lottie e eu nos revezávamos para ficar com Jay no hospital e Fizzy em casa. Fizze passava os fins de semana na casa da minha mãe, era assim que Lottie e eu conseguiamos descansar. Louis fazia de tudo para nos visitar, entrando em rotinas loucas de viagens para estar mais perto da família.
Quando o médico contou que Jay tinha falecido, estávamos apenas Lottie e eu na sala, Fizzy tinha ido comprar um chocolate quente e Louis estava chegando no hospital. Eu abracei Lottie e tentei ser a força dela, nós caímos no chão enquanto ela chorava muito, mas eu segurei minhas lágrimas por ela.
Ficamos um tempo ali, ela entrou para se despedir da mãe e eu estava me preparando para contar para Fizzy o que aconteceu. Mas, antes de contar, Lottie chamou a irmã.
— Eu falo para ela, você pode contar para o Louis? — ela pediu e como eu negaria algo naquele momento? Apenas concordei e beijei sua testa.
Me afastei do quarto, indo me encontrar com Louis, mas eu pude ouvir o grito de Fizzy, o que cortou meu coração. Louis tinha acabado de descer do carro, ele estava muito cansado, mas tentava manter a energia pelas irmãs. Sorriu quando me viu, mas algo em meus olhos o fez entender que eu tinha péssimas notícias.
— Não... — ele murmurou.
— Sinto muito — respondi.
Ele tampou o rosto e se encostou no carro, as lágrimas escorrendo. Se eu pudesse, tiraria sua dor. Não era justo ele passar por aquilo, ele se sacrificava tanto pelos outros. O abracei e ele se agarrou em mim, nós ficamos muito tempo ali e eu deixei que ele chorasse. Assim como sua risada era minha música favorita, seu choro era a música que mais machucava.
Como tinha sido desde o dia que conheci Lottie, eu estava com eles em casa segundo. Sendo consolando Fizzy, dando todo suporte para Lottie ou confortando Louis. Eles eram minha família. Minha mãe e Gemma nos ajudaram a organizar tudo, afinal nenhum dos três Tomlinson's estava com cabeça para aquilo.
Queria poder dizer que foram os únicos momentos de dor, mas um ano depois Fizzy faleceu. Ela tinha um defeito no coração, o tratamento veio tarde demais e a perdemos. De novo, fui eu que tive que dar a notícia e dessa vez o choque foi muito maior, já que não esperávamos. Ela só tinha dezoito anos e estava começando a faculdade.
Louis cancelou todos os compromissos e ficamos duas semanas dentro do nosso apartamento, apenas Louis, Lottie e eu. Eu disse que ficaria fora, que eles podiam ficar só os dois, já que era um momento muito delicado. Nunca quis forçar minha presença, eu os amava e os queria bem, mas entenderia se eles precisassem ficar sozinhos.
Nenhum deles me deixou sair.
Na noite que Lottie me acordou porque estava com muita dor, eu quase morri do coração. Ela estava reclamando de dor há uns dias, mas o médico disse que não era. Lottie desmaiou de dor e senti minha alma saindo do corpo. Corri com ela para o hospital, mal demos entrada e já me avisaram que ela faria uma cirurgia porque o apêndice estava rompendo.
Liguei para Louis tremendo, nem sei como consegui achar o contato dele. Por que sempre eu que tenho que contar?
— O que? — a voz que eu detestava atendeu o telefone.
— Thomas, é o Harry — falei me controlando.
— Eu sei, consigo ler o identificador "Hazz" — ele debochou e eu respirei fundo.
— Preciso falar com o Louis, por favor, é urgente.
— E o que você quer com meu namorado? — Louis teve outros namorados, mas esse era o que odiava. E eu nem gostava de usar essa palavra.
Eu tentava ser legal, tentei ser simpático, mas Thomas sempre me tratou mal. Então me afastei, até deixei de acompanhar Lottie em alguns shows e compromissos com Louis, porque eu não queria arranjar confusão. Mas naquele dia eu estava estressado demais.
— Se eu liguei para ele, é porque quero falar com ele. Diga que é sobre a Lottie.
— Então a Lottie que ligue — ele desligou na minha cara.
Respirei fundo e tentei ligar de novo, mas ele desligou. Eu não ia passar por isso, não precisava. Desde que começou a namorar aquele modelo arrogante, Louis estava mais distante, só ficava nos Estados Unidos e mal vinha para Londres.
— Harry? — Zayn falou quando me atendeu. Eu nunca ligava para eles, mas era uma emergência.
— Desculpa incomodar, mas eu preciso de ajuda.
— Está tudo bem, pode ligar quando quiser, eu já te disse. Já resolveu abandonar os Tomlinson e vir fazer parte da família Malik? — ele brincou e eu ri, o que foi para aliviar o nervosismo. — O que aconteceu?
— Lottie está mal, eu trouxe para hospital e ela está passando por uma cirurgia de emergia. Disseram que é o apêndice e ele estava estourando, eu não sei o que fazer. Liguei para o Lou, mas aquele namorado metido dele atendeu. Thomas não gosta de mim e acho que estava com ciúmes, sei lá, ele é um babaca. Acontece que ele desligou na minha cara e não me atende mais, então não tenho como falar com o Louis, você pode tentar? — falei de uma vez.
— Calma, onde você está?
— No Charing Cross Hospital — respondi suspirando. — Estou esperando alguma atualização da cirurgia.
— Eu vou ligar para o Louis, Liam e eu estamos trabalhando, mas assim que pudermos vamos aí, ok? Vai ficar tudo bem, me atualize de tudo o que acontecer.
— Tudo bem — me sentei na sala se espera, eu iria passar horas ali.
— Vou ligar para o Louis, depois te ligo — Zayn falou e concordei, não havia muito o que fazer. Minutos depois meu celular tocou, dessa vez era o Lou, respirei fundo antes de atender.
— Hazz, por favor, como a minha irmã está?
— Lou, ela está em cirurgia, não tem o que fazer agora. Respira, venha para cá o mais rápido possível, tudo bem? — respondi com o máximo de calma que eu consegui. — Quando você chegar, ela já vai ter saído da cirurgia, vamos te esperar no quarto.
— Mas ela... e se...
— Calma, demos entrada aqui, ela passou por exames e estão tratando. O mais importante era saber o que ela tinha, agora já estão resolvendo isso. Venha, porque ela vai querer te ver. Está tudo bem e, quando ela sair, vai estar dopada por um tempo, vai dar tempo de você chegar, não se preocupa.
— Harry, sério, muito obrigado. Eu vou chegar logo, vou pegar um jatinho, já estou a caminho do aeroporto.
— Burguês — brinquei e ele riu um pouco — Te espero aqui, mas relaxe um pouco, não posso lidar com dois Tomlinsons hospitalizados de uma vez.
— Tudo bem, eu estou indo.
Enquanto eu estava sozinho na sala de espera, fiquei repensando. Por mais que eu negasse com todas as minhas forças, lá no fundo eu tinha esperanças de que Louis me veria de forma diferente. Que um dia ele também teria sentimentos românticos por mim, mas era besteira da minha parte.
Ele estava bem com Thomas e não era só porque eu não eu gostava daquele metidinho arrogante, que queria que desse errado. Ok, eu queria sim e adoraria que eles terminassem, mas não parecia que ia acontecer. Lottie até falou que Louis estava pensando em assumir um relacionamento publicamente.
De todo meu coração, eu queria que Louis fosse muito feliz, mesmo que não fosse comigo. Estava tudo bem, ele era mais importante que qualquer paixãozinha. Mas eu não queria ficar por perto, ainda mais se a pessoa que o fizesse feliz fosse justamente Thomas.
Era isso, eu me afastaria de vez, só manteria Lottie na minha vida. Podia até aceitar aquele emprego e mudar de país. Se eu já via Louis pouco, morando na Austrália seria quase impossível. Lottie ficaria chateada, mas ela me entenderia. Eu amava os Tomlinsons e sabia que eles me consideravam família, mas Louis mal se lembrava de mim, então ele não precisava de mim em sua vida e estava tudo bem.
A decisão durou horas, Lottie já tinha saído da cirurgia, mas ainda dormia. Eu estava sentado na poltrona do seu lado, apenas esperando Louis chegar e pronto para me afastar da vida deles. Mas aí um Louis vestindo um moletom azul escuro enorme, tanto que cobria suas mãos, com olhos vermelhos e tremendo, entrou no quarto.
— Hazz — ele me chamou e começou a chorar.
O abracei e o levei para se sentar do meu lado. Ele se agarrava a mim e me agradecia, ao mesmo tempo que falava que não sabia o que faria se perdesse Lottie. Ele chegou a falar que só tinha Lottie e eu, que tinha pânico de nos perder. Como eu poderia me afastar?
— Vai ficar tudo bem — afaguei suas costas.
— O que ele disse? — Lottie perguntou brava.
— Deixa para lá — eu pedi, limpando as lágrimas.
Depois que Lottie se recuperou, Louis decidiu, sem nem perguntar nossa opinião, que faríamos parte de equipe e trabalharíamos em sua turnê. De começo e achei que seria só Lottie, mas eu estava convocado, ainda mais depois que Lottie declarou que não iria sem mim. Eu ri de nervoso quando Louis disse que seu novo assistente Theo já estava me cadastrando como o novo fotografo oficial da turnê.
Eu realmente tinha largado meu emprego quando cuidei de Lottie, mas estava pensando na possibilidade de aceitar aquele na Austrália. O que não aconteceu, porque menos de uma semana depois, eu estava voando com Lottie para Alemanha, onde eu trabalharia no meu primeiro show como fotografo.
A experiencia estava sendo incrível, me diverti muito e, como Lottie diz, também pudemos aproveitar. Saímos em vários bares e sempre tentávamos fugir do resto da equipe e de Louis. Todos eram muito legais, mas tinha momentos que queríamos apenas sair, beijar e transar com alguém. Só que, por sermos os mais novos da equipe, éramos tratados como os irmãos mais novos que precisavam de proteção. Era legal ser mimado, mas às vezes atrapalhava nossos esquemas...
Quem obviamente, não gostou, foi Thomas, que torcia o nariz toda vez que me via. Lottie e eu tivemos longas conversas sobre isso e eu a impedi de fazer algo. Louis amava Thomas e eu estava lidando com isso, em algum momento Thomas também pararia de ser um pé no meu saco.
Mas o ápice foi um dia que estávamos em uma arena no Canadá, preparando o show que seria no dia seguinte. Louis e a banda estavam sentados no chão do palco e me aproximei com Lottie. Louis cantou uma música que ele estava escrevendo e, em algum momento da música, ele cita que os olhos da pessoa brilhavam como esmeraldas, mas ninguém se importou, era só mais uma música.
Horas depois eu estava esperando por Lottie, quando Thomas entrou no camarim. Dessa vez ele não me ignorou, veio direto até mim e me olhou de cima a baixo.
— O que foi? — perguntei sabendo que ele estava tentando me irritar.
— Eu entendi o seu planinho, mas não vai dar certo — esbravejou e eu revirei os olhos — Não se intrometa no meu caminho, Styles.
— Eu não sei do que está falando e nem quero saber. Também não quero brigar, então, com licença — tentei sair, mas ele entrou na minha frente.
— Louis é meu namorado e você não vai tê-lo, entendeu? Você acha que eu não percebi seus olhares? Todo mundo sabe que você é apaixonado pelo Louis, inclusive ele, mas nunca falou nada por dó de você. Você fica forçando um espaço nessa família e não percebe o quão patético é? Todo mundo morre de pena, você corre atrás do Louis como um cachorrinho corre atrás do dono. Mas ainda não entendeu que só está aqui por causa da Lottie? No minuto que vocês brigarem, Louis chuta você para longe. E, se eu fosse você, já começava a procurar outro emprego, quando está turnê acabar, você está fora. Ele não vai querer um garoto patético correndo atrás dele o tempo todo.
— Se essa é sua opinião, ok — respondi controlando minha voz e segurando as lágrimas. — Já terminou? Como eu te disse, eu não quero brigar.
— Quando tudo isso acabar, você vai embora e eu vou estar do lado do Louis.
— Se você acha isso, tudo bem.
— Esse é meu último aviso, fique longe do meu namorado!
— Abaixa esse dedo — Lottie falou entrando no camarim e olhando feio para Thomas, que tentou disfarçar. — O que está acontecendo aqui?
— Nada, só vim ter uma conversinha com o Hazz — ele só me chamava assim para debochar. — Mas já terminamos.
— Que bom, agora nos dê licença, porque temos que trabalhar — ela praticamente o expulsou
Quando contei o que tinha acontecido, Lottie queria ir atrás de Thomas com seu taco de beisebol, que ela tinha trazido na mala, mesmo eu dizendo que ela era louca. Niall escutou nossa conversa, mas ele disse que não contaria ao Louis, a não ser que fosse necessário e eu não via uma situação em que fosse, então concordei.
Só que, semanas depois, eu estava de frente com Thomas depois dele ter feito a maior burrice que alguém poderia fazer na vida. E ainda tinha audácia de tentar falar com Louis, como se tivesse uma explicação plausível.
— Obrigada Louis! — umas das meninas que saiu na foto com Louis pulava de felicidade. Ela era a última do grupo para sair da sala — Hazz, você é muito talentoso e obrigada também.
Desde que comecei na turnê, eu vinha ganhando seguidores nas redes sociais e as pessoas estavam me chamando de "Hazz" me vez de Harry, culpa dos Tomlinsons. Eu achava engraçado, mas não queria ser famoso.
— Agora eu posso falar com você? — Thomas pediu para Louis, que soltou seu braço.
— Não, eu tenho planos. Se quiser, mande um e-mail para meu assistente que ele resume a história para mim — Louis respondeu, chegando mais perto de mim.
— Louis, eu sei o que parece, mas não foi isso — Thomas insistiu e eu tive que segurar minha risada sarcástica. "Não era o que parecia ser?", então que era? Ele estava salvando a garota de um engasgamento fazendo sucção nas suas vias aéreas?
— Então eu não vi um vídeo de você, hoje mesmo, usando a minha jaqueta, me traindo com uma modelo? Porque foi isso que pareceu — Louis debochou. — E para você Hazz, o que pareceu?
— Isso também — concordei, guardando minha câmera.
— Louis, vai querer mesmo discutir nosso relacionamento na frente dele? — falou com desprezo, apontando para mim. — Ele é apaixonado por você há anos, é obvio que vai tentar nos separar.
Por um momento meu corpo travou no lugar, eu não acreditava que ele tinha falado aquilo. Mas Louis começou a rir.
— Sério, Hazz, já que você me ama há tanto tempo, que tal nos casarmos? Já, praticamente, moramos juntos, só vamos deixar nosso relacionamento mais prazeroso — ele falou malicia, me fazendo rir. — Vamos aproveitar que fiquei solteiro hoje e oficializar nosso relacionamento?
— Assim tão fácil? Me leve para jantar primeiro — respondi e foi a vez de ele rir.
Até o segurança que acompanhava a sessão de fotos riu, apenas Thomas não achou engraçado. Ele estava cada vez mais vermelho e eu acreditava que ele ia me atacar a qualquer minuto.
— A sessão de fotos acabou, o senhor pode se retirar. As fotos estarão disponíveis no nosso site em até 48 horas — Theo disse de modo profissional, entrando na sala.
— Eu não vou sair assim — Thomas esbravejou.
— Pode acompanhá-lo até a saída? — Theo pediu para o segurança, que concordou.
— Lou, por favor — ele ainda teve a cara de pau de insistir.
— Thomas, não temos mais nada. Tudo o que for seu que estiver na minha casa, vou pedir que entreguem no seu apartamento. Também vou mudar as fechaduras e senhas, então nem precisa devolver a chave. Vou te bloquear em qualquer aspecto da minha vida que eu puder e nunca mais tente conversar comigo — Louis falava sério. — Se um dia eu quiser conversar, te procuro. Mas como eu te disse várias vezes, quando eu corto alguém da minha vida, é para sempre.
— O quarto do hotel também está no meu nome, eu vou ficar lá e te esperar! — ele gritou — Você vai me ouvir e vai me perdoar.
— Fique com o quarto — Theo deu ombros. — Hazz, me dê a chave do seu quarto.
— Por quê? — perguntei entregando o cartão do hotel para ele.
— Vou passar no hotel e já organizo a mudança das coisas do Louis para o seu quarto. Já que vão se casar, podem começar a dormir juntos — ele respondeu tranquilamente. Louis riu alto e eu neguei sorrindo.
— Você não pode fazer isso! — Thomas praticamente gritou. — Não pode me trocar por ele! Eu sou o que você precisa! Você me ama!
— Quem é o patético agora? — perguntei e ele se virou para mim, seu rosto vermelho da raiva.
— O que?
— Lembra quando me acusou de forçar um espaço nessa família? Foi quando disse que eu era patético correndo atrás do Lou, mas o que você está fazendo agora?
— Isso não acaba aqui — ele respondeu como um vilão de novela mexicana e eu ri.
— Sim, acabou, pelo menos para você. E, olha que engraçado, eu ainda estou aqui e você está sendo chutado para fora.
Pisquei para ele, enquanto o segurança o arrastava para fora.
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