Capítulo 59
[...]Seu coração me dá adrenalina que nunca senti antes
Seu coração faz eu me sentir tão bem...
(Still Falling For You - Ellie Goulding)
🔞🔞🔞
Só precisei de uma mísera fração de segundo para reagir e retribuir ao beijo. Meus braços antes estirados ao lado do corpo, foram parar em torno do pescoço de Sarah e os dela abraçaram minha cintura mais apertado, colando ainda mais nossos corpos. Sua língua foi pedindo passagem e eu concedi sem qualquer hesitação.
Céus!
Que saudade absurda que eu sentia do gosto daquela boca, da firmeza com a qual aquela mulher sempre me beijava. Aquele sim é o beijo que eu gosto, os lábios que me agradam da pessoa que eu AMO!
Não houve um dia em que não desejei estar de volta em seus braços e aos seus lábios como acontecia naquele exato momento.
Sinto o coração acelerar feito um trem sem freio à medida que nosso beijo vai avançando. Só aquela cretina consegue isso de mim. Só ela tem um poder absurdo sobre mim que nenhuma pessoa antes jamais teve.
Nosso beijo só vai ganhando mais intensidade e urgência a cada segundo que passa. Deixo escapar um leve gemido quando Sarah suga minha língua, em resposta a Srta. Gostosa geme ao meu ouvir.
Sua língua inquieta passa a explorar cada canto da minha boca enquanto seus braços se apertam em torno da minha cintura, proporcionando a mim àquela altura sentir a excitação de Sarah "acessa" sob o tecido de sua calça.
Naquele momento tudo o que eu pensava e desejava, era em cair em minha cama com Sarah e matar toda a saudade acumulada que sentia daquela cretina gostosa. E adoraria também, que nosso beijo não tivesse fim tão cedo. Estava sendo a melhor coisa do mundo voltar a beijar sua boca depois de sei lá quantas semanas, em que não tivemos contatos.
Mas, infelizmente, para minha completa e inteira insatisfação, contrariando o que eu mais queria e desejava no momento, meu beijo tão maravilhoso com Sarah tem seu fim decretado quando escutamos atrás de mim um pigarro alto, chamando nossa atenção. Nos afastamos com certa relutância e "adeus" beijo maravilhoso.
— Me desculpem, mas... Seu carro, senhora! - todo sem jeito o manobrista estende a chave do veículo à Sarah sem lhe dirigir o olhar de tão envergonhado que está.
— Obrigada! - a Srta. Gostosa apanha a chave nada contente da mão do rapaz. - Vamos.
Com uma das mãos em minhas costas, Sarah me conduz até seu veículo, o mesmo da noite em que nos conhecemos. Lembranças boas me atingem referentes aquela noite.
Sarah abre a porta para mim e ao fechá-la após eu já ter me acomodado no banco do carona, ela pisca um olho de modo sedutor e sorri para mim.
"Só ACHO que ela já te perdoou!"
"Será?"
"Talvez, mas não se anima muito não. Vai que isso foi só uma pequena recaída, e aí quando forem conversar ela mude de atitude e te dê um pé na bunda."
"Obrigada pelo seu estímulo! Ele é bem reconfortante, viu?!"
"Disponha!"
Assim que Sarah se afasta, coloco o cinto e acompanho com o olhar a Srta. Gostosa passar em frente ao carro para vir se dirigir ao lado do motorista. Em silêncio, ela entra no veículo, joga sua bolsa no banco de trás, coloca o cinto e dá a partida no carro.
O mesmo silêncio nos acompanha por alguns breve minutos até que eu sou a responsável em quebrá-lo.
— O que foi aquele beijo? - olho para Sarah ainda tentando me restabelecer do "ataque" que foi seu beijo inesperado.
Juro que o fato dela vir se mantendo calada e não ter mencionado nada a respeito do ocorrido de ainda pouco, me faz temer que Sarah tenha me beijado por puro impulso e agora havia se arrependido.
"Te falei para não se animar."
"Cala a boca!"
"Tá bom. Me calei."
Vejo o canto dos lábios de Sarah se esticarem em um sorriso discreto. Só por isso meu temor de que ela havia se arrependido se dissipa na hora.
— Saudade! - ela me olha por um breve segundo e então vejo com clareza seu sorriso que não mostra os dentes antes de sua atenção se voltar novamente para a pista.
Foi inevitável não sorrir abobalhada e feliz por aquela resposta. Se há saudade é porque ela ainda gosta de mim. Ninguém sente saudade de alguém que não gosta!
"Viu só como posso me animar, sua voz chata?!"
"É, pelo visto pode. Mas eu ainda manteria um pé atrás e não comemoraria antes da hora. Só que tu é uma emocionada e iludida de primeira né?"
"Te odeio!"
"Conta outra novidade porque essa é velha."
Resolvo ignorar a voz chata e focar minha atenção em Sarah.
— Eu também estava com saudades de você. Muitas na verdade. - admito e vejo novamente os lábios de Sarah se esticarem em um novo sorriso. - Me perdoa por ter acreditado na mentira que a tal Thaís inventou a seu respeito. - peço.
Tudo bem que ela me beijou e que isso pode indicar um forte indício de seu perdão. Mas eu preciso ter a certeza de que realmente ela me perdoou, por isso do meu pedido.
— Vamos deixar isso para quando chegarmos na sua casa e eu não estiver mais dirigindo? - ela me olha de relance. - Quero estar com a minha atenção toda voltada pra você para ouvir o que tem a me dizer além de seu pedido de perdão. E, não tê-la dividida com a pista. Pode ser? - toda sua fala pode até soar ríspida, mas é feita de maneira branda e gentil. Então só me resta concordar com o que ela pede.
— Pode, claro!
Óbvio que eu quero logo resolver essa situação entre a gente e me acertar de uma vez com Sarah. Só que mais uma vez terei que esperar. Todavia, a espera será de apenas minutos e não de dias como já vem sendo.
Em silêncio nós voltamos a ficar que nem como no começo daquela pequena viagem. Mas não demora nada para isso me incomodar. Ficar calada tendo Sarah ao meu lado, é algo humanamente difícil para mim.
— Dispensou seu motorista hoje? - puxo o assunto só para matar mesmo o silêncio que impera no carro.
— Sim. Na verdade, ele ficou em Munique, cuidando da filha adolescente que está em recuperação de uma cirurgia delicada a qual foi submetida.
— Filha? Cirurgia?
Não imaginava que Luke tivesse uma filha, ainda mais adolescente. Ele não tem cara de pai. Jurava que o sujeito fosse um solteirão.
— Sim. De uns meses pra cá Abby, filha do Luke, vinha sofrendo de fortíssimas dores de cabeça, segundo a avó da garota relatou ao Luke.
— Por que a avó e não a mãe da garota? - indago confusa.
— É que a esposa do Luke faleceu no parto da Abby. Então quem cria a menina para o Luke trabalhar é a mãe dele, mas ele sempre faz o possível para ser um pai presente apesar da vida corrida que leva há seis anos trabalhando comigo.
Só agora me dou conta do quanto eu desconheço sobre o sujeito que é praticamente a sombra da Sarah.
— E qual foi essa cirurgia que a filha dele fez?
— Então... Segundo Luke me contou, a mãe dele lhe disse na última ligação que trocaram três semanas atrás, que as dores da Abby se tornaram mais fortes ainda. Aí, eu recomendei na hora ao Luke que levasse a filha em um excelente neurologista que conheço. O médico pediu uma bateria de exames e o diagnóstico foi um tumor benigno na cabeça.
— Céus!
— E há quatro dias Abby fez o procedimento cirúrgico pra retirada do tumor, que por sinal foi um sucesso.
- Que bom!... E, por acaso, foi você quem custeou essa cirurgia?
Um procedimento deste, certamente é caríssimo, ainda mais, sendo feito pelo melhor especialista. E, mesmo, supondo que Luke ganhem bem de Sarah por seu serviço, não acho que ele tenha como custear uma cirurgia assim.
- Sim, porém a muito protesto de Luke que queria que eu descontasse os gastos todos com a cirurgia do seu salário ou pior ainda, que aceitasse as economias que tem guardada no banco para a faculdade de Abby como uma parte do pagamento dos gastos e depois faria um empréstimo para me ressarcir pelo restante do gasto. Óbvio que não aceite isto. Onde já se viu?! Jamais permitiria que ele comprometesse o dinheiro que é para os estudos da filha se eu poderia muito bem bancar este gasto mais que necessário.
- Você é uma boa mulher, Sarah! - comento, atraindo seu olhar de relance. Poucas pessoas são capazes de ter um gesto altruísta como o dela com um funcionário.
- Sou boa com quem merece. - sinto naquelas palavras uma alfinetada direcionada a mim. - E Luke e, principalmente Abby merecem. São pessoas extraordinárias.
- Devem ser mesmo.
- E obviamente, que depois de Abby passar por este procedimento, eu disse ao Luke pra ficar com a filha esses dias em que ela ainda permanecerá internada. Semana que vem, ele volta ao trabalho, já que a Abby estará em casa aos cuidados da avó.
Pelo resto do caminho até a minha casa nós fomos caladas, comigo remoendo a alfinetada de Sarah. Quando acho que estamos progredindo, ela me mostra seu ressentimento e me vejo sendo jogada dois passos para trás rumo a minha reconciliação com Sarah.
— Chegamos!
Ela anuncia, desligando o motor do carro e eu tiro o cinto de segurança. Sarah faz o mesmo e descemos do carro. Meu coração bate acelerado com a proximidade da nossa conversa.
Atravessando a rua pouco movimentada, seguimos até a entrada do prédio. Meu porteiro nos cumprimenta com um aceno antes de destravar o portão.
Seguimos pelo hall do prédio em direção ao elevador e confesso que estou achando bem estranho o comportamento calado da Srta. Gostosa. Nem parecia que um tempo atrás ela tinha me beijado com tanta paixão e desejo.
Entramos no elevador junto com outro morador. Segundos dentro daquela "caixa de ferro" e Sarah e eu já saíamos, deixando o outro morador seguir seu rumo sozinho.
Diante da porta do apê, apanho de dentro da bolsa a minha chave. Entro primeiro em casa sendo seguida logo atrás por Sarah que se incumbe de fechar a porta para mim.
— Você quer beber alguma coisa? - me viro para ela após depositar a minha bolsa sobre o aparador.
— Não, obrigada. Só quero ouvir o que você tem pra me dizer.
Ela responde direta e sem fazer floreios.
— Se é assim vamos sentar?
Indico a direção do sofá e nós vamos nos acomodar no maior, com Sarah mantendo uma distância razoável entre nós duas após sentarmos.
— Sou todo ouvidos, Juliette! - ela anuncia, cruzando as pernas de modo elegante e depositando um dos braços sobre o encosto do sofá enquanto seus olhos se fixam em mim.
Respiro fundo.
Vê se faz um discurso de perdão descente, insolente.
Não enche!
— Primeiro de tudo... Eu quero te pedir perdão pela minha atitude imatura e precipitada. Me comportei como uma garota ingênua, acreditando logo de cara na mentira de uma pessoa que eu sequer conheço.
— Não vejo como ingenuidade sua. Para mim, você achou mais cômodo pela minha fama de cretina... dar crédito a alguém que não conhece do que em mim. - ela contra-argumenta no ato.
— Não foi isso, Sarah. - rebato. - É que a tal Thaís falou com tanta firmeza e segurança que foi impossível não acreditar nela.
— Thaís faz mentiras parecerem verdades quando é do interesse dela, Juliette.
— Só que eu não tinha como saber isso. Se põe um pouco no meu lugar, Sarah. Se alguém falasse pra você o que ela me disse, você também não acreditaria?
— Eu me pus no seu lugar, Juliette. Na verdade, eu passei por algo bem semelhante ao que você passou, quando liguei para o seu celular e um cara atendeu a chamada, dizendo que eu estava atrapalhando a transa de vocês.
Droga!
Viu o que dá mentir?!
Me deixa.
Desfaz essa mentira logo, insolente.
— Sarah, eu...
— Ao contrário de você... - ela me interrompe, tirando o braço do encosto do sofá, para cruzar as mãos sobre suas pernas que se mantêm cruzadas com elegância. -... Eu não levei a sério o que ouvi. Fiquei puta de raiva pelo que ele disse? Fiquei e muito!... Mas achei mais sensato ir tirar essa história a limpo com VOCÊ pessoalmente. Por isso consegui descobrir onde estava hospedada...
— Como conseguiu isso? Mandou rastrear a chamada como fez na boate?
— Você me fez esta mesma pergunta no dia e responderei o mesmo: Não vem ao caso dizer como descobri. - abro a boca para contra-argumentar, mas Sarah é mais rápida na fala. - O fato é que fui até lá pra falar com você, para ouvir da sua boca a verdade. Em nenhum momento, eu me precipitei e acreditei no que aquele babaca disse. E sabe por quê, Juliette?
Eu tinha até medo de perguntar e saber a resposta, mas ainda sim, lhe indago com receio:
— Por quê?
Se inclinando para frente em minha direção, Sarah só então responde.
— Porque você disse que me amava e eu pensei: "Bom... Se ela me ama não faria isso comigo!".
Fecho os olhos e suspiro.
O pensamento dela também deveria ter sido o meu quando ouvi o que a tal Thaís disse. Só que ninguém pensa como o outro. Cada um tem seu pensamento e sua reação.
- Mas chego lá e você o quê? Me confirma que transou com o sujeito. Foi uma decepção enorme pra mim. Sabe?... E é por essas e outras questões que eu sempre evitava romances e apenas me envolvia superficialmente com as mulheres, pra evitar decepções deste tipo.
— Eu fui uma decepção pra você? - abro os olhos e lhe encaro com tristeza.
— Quando confirmou que transou com aquele cara... sim, você foi uma tremenda decepção, Juliette. Não esperava uma atitude como aquela sua. Mas também não importa mais já foi. Você transou com o cara e ponto. Sem contar que esse não é o assunto principal da nossa conversa.
— Eu menti quando confirmei que transei com ele. - conto de uma vez. Estava torcendo para Sarah acreditar em mim e para essa mentira que inventei não pesar a ponto de custar a minha reconciliação com a mulher sentada diante de mim.
— Mentiu??
Sarah se afasta, voltando a ficar com sua postura ereta. Em seu rosto uma expressão de surpresa misturada com dúvida e descrença.
— Sim! - confirmo me aproximando um pouco e com cautela de Sarah no sofá. - Pedi ao Owen, o cara que falou com você, que na verdade é um amigo que fiz em Chicago, pra que ele dissesse aquela história mentirosa. Fiz isso, porque estava com raiva de você pelo o que escutei da tal Thaís. Queria apenas te magoar como eu me magoei ao ouvir o que a sua amiga disse. Mas a verdade mesmo é que eu não transei com o Owen e nem ninguém. Acredita em mim! - deposito minha mão direita sobre as dela que continuam cruzadas sobre suas coxas.
— Não te parece um tanto incoerente que me peça pra acreditar em você quando não fez o mesmo por mim quando te pedi?
Ela tem razão. E eu começo a achar que minha reconciliação com ela parece bem distante depois disto.
— Parece. - confirmo, engolindo o nó que se forma em minha garganta e baixando a cabeça. - Você estará na sua total razão se não quiser acreditar. E eu terei que aceitar isso.
E aceitar que ela não será capaz de me perdoar por ter duvidado dela e do seu amor. E mais ainda, por ter de modo bem infantil, inventado aquela mentira toda.
— Realmente não transou com esse cara? Não houve nada entre vocês, Juliette?
Levanto a cabeça para encarar Sarah.
Transar com Owen, eu não transei. Isso eu posso confirmar sem qualquer culpa. Agora, quanto a afirmar que não houve nada entre nós, aí, será mentira minha se afirmar isso, porque rolaram beijos entre nós dois. E por mais que revelar isso provavelmente, custe a minha reconciliação com Sarah, eu não quero esconder tal fato. Até poderia, mas não me sentiria bem carregando essa omissão, caso a gente se acerte, o que estou achando muito difícil de acontecer pelo andar da carruagem.
— Transar com ele, eu não transei, juro pra você, Sarah. Mas... A gente ficou e trocou beijos em uma festa que fomos lá em Chicago. - conto de uma tacada só esse restante.
Imediatamente, Sarah retira suas mãos que até aquele momento ainda se encontravam sob a minha e leva uma delas até os olhos, apertando o canto deles com os dedos polegar e indicador.
— Mas foram beijos sem importância alguma pra mim, Sarah. - me apresso em explicar. - Além do mais, enquanto eu beijava o Owen só pensava em você, imaginava que era você.
- Isso aí, por acaso, é para me reconfortar? - ela indaga ao retirar a mão dos olhos para me encarar.
- Não. É só a verdade. - digo baixo. - Era você que estava na minha mente quando eu bei...
— Basta! - ela me interrompe, erguendo a mão espalmada, que outrora apertava seus olhos. - Não quero saber ou ouvir mais nada sobre esse assunto. Até porque, eu não posso e nem tenho o direito de te cobrar nada por ter ficado com alguém.
Não gosto nem um pouco dessa sua última frase.
— Por que diz isso?
Ela desvia o olhar de mim pela primeira vez desde que nos sentamos ali e encara suas próprias mãos que outra vez estão descansando unidas sobre as pernas.
- Porque nós não estávamos juntas. Deste modo, cada uma poderia muito bem ficar com quem quisesse.
— Você também ficou com alguém? - indago com medo da resposta.
— Sim! - Sarah admite, erguendo os olhos e encarando os meus.
Obviamente um nome só povoa minha mente.
— Anitta? - arrisco, meio que ciente de ser a minha prima.
— Sim. - Sabia! — Nós transamos e não é mentira minha. - ela faz questão de frisar muito bem isto.
Merda! Merda! Merda!
Por mais que eu não tenha gostado nem um pouco sequer de saber que ela e minha prima tinham transado, isso aconteceu quando Sarah e eu não estávamos juntas como ela bem disse. Portanto, eu não posso cobrar nada dela a esse respeito, assim como Sarah não pode me cobrar nada.
— Acho que nós só tomamos essas atitudes todas por conta da minha precipitação em ter acreditado na Thaís.
Todo aquele "caos" que nos assolou e fez das nossas vidas um inferno, tinha uma única culpada: eu!
- Pelo menos, você é consciente de sua precipitação. - ela diz se levantando do sofá.
O desespero me assola. E achando que Sarah iria embora dali, eu me apresso em dizer:
— Me perdoa, Sarah. Eu devia ter acreditado em você quando disse que aquela mulher mentiu e inventou que vocês transaram.
- Devia mesmo! - ela resmunga, parando diante da janela do apartamento para o meu completo alívio, já que pensava que ela estava se dirigindo a porta de saída do apartamento.
- Reafirmo que fui imatura e precipitada na ocasião. Mas eu estou arrependida do meu comportamento. Me perdoa e volta pra mim! - peço enquanto ela se mantém de costas, com as mãos enfiadas dentro do bolso da calça.
Dois segundos foi o tempo para ela se virar e passar a me olhar de maneira incisiva, com uma expressão impassível, que não me dá qualquer margem para saber o que está pensando e a qual decisão estará chegando depois de tudo que ouviu de mim.
Os segundos só fazem passar e nada dela falar uma palavra, o que aumenta a minha apreensão e angústia.
- Diz alguma coisa, por favor. - imploro se pondo de pé. - O que eu posso fazer para que me perdoe?
- Você duvidou de mim. E é isso que está pesando, Juliette.
Ela não vai me perdoar.
- Eu entendo. - encaro o tapete sob meus pés e sinto os olhos se encherem de água. - Você não consegue me perdoar por isso, não é?
- Carla disse para eu deixar meu coração falar mais alto do que o meu ressentimento.
- Mas seu ressentimento está falando mais alto. - resmungo e ergo os olhos para encontrar os dela me encarando.
Sarah fica me observando em silêncio por uma fração apenas de segundos antes de se pronunciar outra vez.
— É, o ressentimento está falando sim mais alto.
- Então isso é um não ao meu pedido de perdão e para que volte a mim. - é mais uma afirmação que um questionamento.
Ela caminha lentamente até mim sem tirar seus olhos dos meus.
- Sabe qual é a sua vantagem nisso tudo, Juliette? - balanço a cabeça em negação. Não vejo qualquer vantagem na situação que passamos. Ainda mais depois de tudo o que ela disse. Sarah então prossegue após parar diante de mim, há centímetros de distância: - A sua vantagem é que estou com os quatro pneus arriados por você! E isso, acaba ofuscando o meu ressentimento. - ela sorri e toca meu rosto com carinho. Diante dessa declaração e suas ações, toda minha angústia que existia por concluir que não havia mais volta para nós, se dissipa. - E só por isso vou te perdoar e virar a página do que houve.
Meus lábios se esticam em um sorriso de alegria, alívio, felicidade e mais outros tantos sentimentos que explodem dentro de mim.
Me atiro em seus braços e minha boca busca pela sua no mesmo instante, e trocamos um beijo longo e mais intenso do que havia sido o de um tempo atrás enquanto esperávamos o guardador trazer o carro de Sarah.
— Que espécie de feitiço você jogou em mim, hein Juliette?
Ofegante, Sarah sussurra após nossas bocas se separarem, pondo fim ao beijo demorado que trocamos.
— O mesmo que você jogou em mim, cretina. O feitiço do amor.
Sorrimos e juntamos nossas testas.
— Saudades do seu beijo, da sua boca e de você!
— Eu também estava morrendo de saudades de tudo isso. - guardo seu rosto entre minhas mãos.
— Tem uma coisa da qual senti saudades, que faltou colocar nesta lista.
Pela cara nada inocente que ela exibe ao falar, não é tão difícil assim imaginar a quê Sarah está se referindo.
— E que coisa seria esta?
— Fazer amor com você!
Abro um enorme sorriso.
Eu também sentia saudades disso.
Cada célula do meu corpo ansiava por isso e por Ela, essa diaba loira.
— Nós podemos resolver isso agora lá no meu quarto. - meus lábios roçam os de Sarah.
— Oferta mais que aceita!
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Ô, reconciliação sofrida e que quase não sai, foi essa, minha gente.
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