|Capítulo 46|
-Você já misturou licor de morango e de abacaxi?- Perguntou Beatrice ao barman. Ele limpava copos sem olhá-la.
- Não.- Respondeu.
- Pode servir uma dose pra mim, então.- Ela deitou a cabeça no balcão. O homem olhava para a garota sem saber se deveria ou não fazer isso.
- Você não acha que já misturou bebida demais hoje, Coleman?- Brian perguntou, tocando o braço dela.
- Não.- Bea colocou mais uma nota de cem dólares no balcão. O barman se apressou a oferecê-la os licores. Bea experimentou, e depois gritou de satisfação.- Eu disse que ficaria bom, experimenta.- Ela praticamente enfiou o copo na boca de Brian.- Ah, é como se eu...- Bea pausou e terminou o copo.- É como se eu escrevesse meu nome em um papel fino e...enterrasse na neve. Puf. Se foi.
Brian franziu o cenho.
- Como você achou esse lugar?- Perguntou ele.
- Eu só achei.- Beatrice não dava muita atenção, apenas pedia outra dose.- Eu te disse, Joseph, eu sou boa nisso de criar bebidas. Pode me contratar pro bar... eu já te disse que sou...empresária?
- Já disse, e, meu nome é Jesse.- Falou o barman.
- Empresária? Ela era da minha turma. Acabamos de nos formar.- Brian explicou.- Eu não sabia que tinha identidade falsa.
- E eu não tenho.- Bea pediu um pouco de rum.- Por quê?
- Como você está bebendo aqui então? Você tem dezessete.
- Brian, Brian...- Beatrice tocou o rosto dele. Ela riu.- Se existe alguma vantagem em se ter o nome Coleman, a vantagem é essa.
O rapaz observou as expressões corporais da garota.
- Há quanto tempo você está aqui?
- Só alguns minutos.- Bea elogiou o rum.
- Há quanto tempo ela está aqui?- Brian perguntou ao barman.
- Chegou por volta das sete horas.
- Céus, Bea...- Brian tentou afastar ela do balcão.- Já é quase meia noite, você precisa parar de beber!
Beatrice puxou seu braço das mãos dele.
- Brian, se você se sentou do meu lado pra encher a porcaria do meu saco, eu quero que vá a merda.
- Desculpa, é só que...- O rapaz percebeu que a música "Run The World" tocava, e por conhecer bem a garota que gostava, ele sabia que Bea era apaixonada por Beyoncé. Brian a puxou para dançar, evitando sempre que Bea girasse muito, e numa tentativa desesperada de afastá-la do bar.- Eu só queria entender o porquê de você estar aqui.- Brian falou por cima da música.- Da última vez que nos falamos, você estava dizendo algo sobre ser a boa garota e ser merecedora dos pais que tem...
Bea riu.
- Nesse exato momento, eu estou sendo merecedora de Peter.- Ela falou, alto.- Estou sendo o pior que posso ser!
Brian não entendeu.
- O seu pai deve estar muito preocupado com você...- Ele começou. Beatrice colocou o indicador nos lábios dele.
- Dane-se!- Ela pensou um pouco.- Espere... Foi ele quem te mandou aqui?
- Não, não!- Brian se defendeu.- Nos encontramos por acaso.-Bea cambaleou e Brian a segurou. Ele sugeriu que sentassem, e conseguiu mantê-la longe do bar.- Mas então, Bea. O que deu errado em ser a boa moça?
Ela colocou os cotovelos nos joelhos e apoiou o rosto nas mãos.
- Quando eu era uma pessoa mais cheia de mim e mais...egoísta?- Bea bufou.- Eu nunca esperava nada das pessoas. Porque não me importava se elas eram boas ou ruins, ou suas ações... Não diziam respeito a mim. Mas, bancar a "boa samaritana" é...- Bea olhou tristemente para Brian.- É cansativo. Você se afeta rápido demais, tem que pensar no que faz, se arrepende, quer o melhor pros outros, é...- Bea se levantou, indo até o bar.- Uma grande merda.
Brian não conseguiu impedi-la.
Após beber mais duas doses de uísque, Bea subiu em um palco de pole dance, e a aprovação do público fez com que o garoto se sentisse obrigado a puxa-la. Então, Bea apenas se deitou no palco e Brian a acompanhou.
- Aconteceu alguma coisa em específico hoje?- Perguntou ele, curioso. Era estranho ver a Coleman assim. Aquele tipo de comportamento não a pertencia mesmo antes dela decidir ser "alguém melhor".
Beatrice se lembrou de ter brigado com Kayla e depois de ver seu pai na casa da amante.
- Não.- ela mentiu.
Alguns segundos se passaram, e a música havia voltado para o eletrônico.
- Da próxima vez que quiser pirar de novo...- Começou Brian, olhando os motoqueiros no bar que encaravam os adolescentes.- Pode me chamar. Eu te acompanho. Você passou muitas horas sozinha, é perigoso.
- Eu sou o perigo.- Ela riu, e repentinamente se jogou sobre Brian, os lábios muito próximos dos dele.- Se quiser me levar pra longe...- Ela sussurrou.- Que tal me apresentar de novo a jacuzzi da sua casa?- Beatrice mordeu o lábio.
Instantaneamente, Brian sorriu, se lembrando das boas épocas em que ficava com a Coleman, antes que ela começasse a namorar Edgar.
- Não brinque comigo, Beatrice. Sabe que isso é tentador.- Ele riu, olhando-a por inteiro.
- Acho que fui muito injusta com você.- Ela comentou, passando os dedos finos no rosto de Brian.- Acho que nós dois combinamos, sabe, e...- Bea se aproximou mais um pouco, quase beijando Brian.- Você é minha melhor opção e eu nunca enxerguei isso.
O rapaz sorriu. Parecia a realização de um sonho. Não podia ser real.
- Vamos para a minha casa.- Ele falou, tocando a cintura de Bea.
- Sim!- Ela sorriu entusiasmada.- E depois vamos viajar para a Califórnia! E eu vou te ver surfar...E estaremos bem longe daqui, e da minha família de mentirinha, e do cara que me faz...- Ela parou sua fala.- Ninguém!
A terminação não era coerente, mas Brian ignorou. Esperava que essas coisas acontecessem antes que Beatrice Coleman ficasse sóbria.
Antes que Bea pudesse se dirigir novamente ao bar, Brian agarrou o braço dela.
- Não estamos de saída?- Ele perguntou.
- Nós vamos embora, mas só quando o sol chegar.- Bea sorriu, e levantou os braços enquanto dançava.- Não tenha pressa, eu não pretendo sair daqui por nenhum outro motivo.
- Sendo assim...- Brian a sentou novamente, e colocou uma cadeira frente a dela.- Da última vez, você teve medo de usar por causa do seu pai...- Ele tirou um pacote com "balinha" do casaco e mostrou a Bea. O brilho nos olhos dela sumiu.- E agora?
Ela demorou alguns segundos.
- Anfetamina?- questionou, e ele assentiu, sorrindo. Bea apertou os dedos contra as pernas.- Quais são as sensações?
- Bem...Você fica mais acelerado, melhora as ideias, fica mais comunicativo....Mais alerta, mais feliz, e também dá pra ver umas coisas bem iradas.- Ele riu. Beatrice não pôde evitar de rir também.- Acho que você precisa.
Beatrice não pensou direito.
Ela estendeu o braço para alcançar a droga, mas alguém bateu a mão no pacote e derrubou as balas no chão. Brian se levantou da cadeira com raiva, mas o homem de 1,85 se colocou entre Bea e ele.
- Ela não pode aceitar. Beatrice segue uma dieta rigorosa contra doces.- Joe sorriu ironicamente para um garoto bravo, mas intimidado diante do cowboy.
Joe sentiu alguém estapear suas costas, mas ele sustentava o olhar semicerrado para Brian até que o garoto se abaixasse para pegar sua droga.
- O que você está fazendo aqui?- Ele se virou para Bea, mas os tapas dela eram tão fracos que ele sequer se importou em tentar fazê-la parar.
- O que você está fazendo aqui?- Ele falou, cruzando os braços.
- Não importa, eu não devo satisfações a você!- Beatrice deu as costas, mas Joe a puxou de volta. Ela cambaleou.
- Mas acho que deve a seu pai, que está muito preocupado e bravo com o que você f...
- Eu estou me lixando pra ele, ou pra você, ou pra qualquer um!- Beatrice gritou.
- Você está bêbada, Bea, preciso te levar pra casa.
- Eu prefiro morar aqui do que voltar praquele lu...- A Coleman parou a fala.- Alguém viu meus sapatos?
- Beatrice, vamos embora, por favor...
- Sai, Joe!- Ela o empurrou.- Por que não vai atrás da Kayla? Ou, melhor, por que não pede pro Peter adotá-la também? Ele não está cansado de mim a ponto de querer filhas melhores? Kayla não é perfeita? Pronto!
- Do que você está falando?- Ele perguntou, entrando na frente de Beatrice antes que ela saísse de novo.
- Não importa!- Ela berrou.- Não vou embora! Como você me achou aqui?
- Reconheci a placa do seu carro. Estou te procurando pela cidade há duas horas.- explicou Joe.
- Cara, ela tá bem aqui comigo. Você pode ir embora.- O Hammar respirou fundo, se virando para Brian.
- É mesmo?- perguntou ironicamente.
- É, sim, e nós temos um compromisso quando sairmos!- Disse Beatrice.- Pode seguir o caminho da roça!- Ela riu alto do seu próprio trocadilho.
Joe respirou fundo.
Ele deixou uma breve mensagem de texto para Peter informando que encontrou Bea e podiam ficar despreocupados.
- Bea, quem é esse cara?- Perguntou Brian.
- Ninguém!- Ela falou, se virando pra dançar.
- Qual é o seu compromisso com o garotinho aqui quando vocês saírem?- Questionou Joe, mas nenhum dos dois responderam. Ele sentiu uma raiva crescer em seu peito, mas não se permitiria ter ciúmes das ações de Bea estando bêbada.- Eu posso propor algo melhor...- começou Joe, mas a garota sequer o olhava, continuava dançando.- Beatrice, se vier comigo, nós podemos...- Ele pensou rápido.- Podemos invadir a adega secreta de espumantes do seu pai, e bebermos sem a autorização dele, só nós dois.- Joe sabia que não existia nenhuma adega secreta de Peter, mas seria interessante para Bea a proposta apenas por estar quebrando regras.
Ela sorriu de canto.
- E o que mais?- Perguntou.
O cowboy sorriu maliciosamente e sussurrou algo por alguns segundos no ouvido de Beatrice. Brian cerrou os punhos ao ver a Coleman fechar os olhos e morder os lábios e, depois, ela sorriu.
- Brian, acho que não vou poder ir com você hoje.- Disse a garota, passando por ele. O garoto olhava incrédulo para Joe.
- Sinto muito.- declarou o homem, guiando Bea até a porta. Quando chegaram na rua, Brian os seguiu.
- Coleman!- Ele chamou, e os dois se viraram. Joe parecia impaciente. - E aquele papo de que você estava sendo injusta comigo?- Brian estava indignado.- Nós íamos relembrar os bons tempos, não é?
- Sim, mas acontece que eu ten...- A garota parou e vomitou atrás de seu carro. Joe suspirou, se aproximando de Brian.
- Então, Brian Davey.- Joe o empurrou levemente para a porta da boate, enquanto Bea vomitava.- Eu sei que garotos como você, riquinhos, que se acham descolados por vender drogas e por dar festas ilegais em casa sentem a necessidade de ter uma garota popular, gostosa, seja o que for. Quero que uma coisa fique bem clara na sua cabeça: Essa garota não é a Beatrice.- Joe praticamente ronronava.- Já escutei seu nome várias e várias vezes, e sei que você é o tipo de garoto que eu quero muito, muito longe dela. As aulas acabaram, portanto vocês não têm mais motivos para se encontrarem. Se eu apenas sonhar que você pensou em oferecer drogas para Beatrice ou chamá-la para qualquer um desses seus programas idiotas, você vai se ver comigo.- Joe sorriu, vendo que Bea o olhava entediada e com os braços cruzados.- Tenha uma boa noite.
O rapaz decidiu que iriam no carro da Coleman e depois ele buscaria sua caminhonete.
❀ • ✄ • ❀
Na fazenda, Joe conseguiu convencer a garota a tomar um banho gelado e, após isso, ela se jogou de toalha na cama no cowboy e permaneceu imóvel até as dez da manhã do dia seguinte.
Quando Bea acordou, reclamando de dor de cabeça e dizendo que a luz estava machucando seus olhos, Joe ofereceu um remédio, fechou as janelas e depois entregou a bandeja de café da manhã para ela.
Após tomar metade da vitamina de banana, Beatrice olhou Joe de cima em baixo. Depois, percebeu que usava uma camisa dele como pijama, e tinha um pequeno curativo no nariz, por conta do soco que levara ontem.
- Eu me lembro de ter terminado tudo com você ontem, o que eu faço na sua cama?- Perguntou. Joe riu.
- Se isso for horrível pra você, saiba que nós não ficamos.- explicou. Ela assentiu. Talvez estivesse mais triste agora.
- Como vim parar aqui?
- Do que se lembra de ontem a noite?
Ela pensou um pouco.
- Balada. Luzes. Strip-tease.- disse ela.
Joe arregalou os olhos.
- Strip-tease?
- Ah, não.- Ela corrigiu.- Isso foi outro dia.- Os dois riram, se lembrando.- Pole dance. Tanto faz...como eu? Ah, quer saber, tanto faz.
- Você vomitou na sua roupa, mas acho que já deu tempo de secar. Eu lavei de madrugada.- Falou.
A garota assentiu, terminando de tomar seu café da manhã. Sentiu que precisaria agradecer Joe, e então o fez.
- Mas me diz aí, eu estou tomando café aqui em cima por que querem me impedir de quebrar a cara da sua amiguinha de novo?- Ela falou, e os dois riram.
- Na verdade não sabem que você está aqui, chegamos tarde. Mas é um bom argumento.- Após dizer isso, um silêncio incômodo pairou sobre eles.- Eu não queria tocar no assunto, mas não me aguento. Escute-me, por favor.- Pediu Joe, e Bea levantou o olhar.- Ontem, eu errei muito.
- Não quero falar sobre ontem, Joe...
- Não, espere.- Ele pediu mais uma vez.- Eu te chamei de covarde quando você quis embora, eu disse que você precisava dar uma chance pro amor, disse que eu podia te ajudar, eu só soube te julgar e apontar pra você...- O Hammar respirou fundo.- Eu pensei bem. Eu errei, errei muito. Estou tentando há meses fazer você entender o amor que sinto por você, estou tentando fazer com que você se sinta segura e confiante do meu lado, e na melhor oportunidade de te mostrar o meu amor, eu fiz tudo errado. Eu te dei as costas. Eu...- Joe a olhou, e ela estava focada no que ele dizia.- Não quero que você tenha que me retribuir, Beatrice, ou que se sinta pressionada. O amor leva tempo, transforma, mas principalmente, ele compreende e espera. Ontem, eu deveria ter te mostrado isso.- O rapaz tocou o rosto dela.- Você pode me odiar, Bea, mas eu sempre vou querer estar perto e cuidar de você. Porque eu te amo.- Escutando isso, a garota olhou para baixo.- Tendo isso dito, também preciso avisar que seu pai quer que vá pra casa e está uma fera.
Beatrice parou de comer. Ela pensou um pouco.
- Ah, então Peter quer lavar as roupas sujas?- A garota sorriu, se levantando.- Ótimo. Vai ser divertido o "senhor exemplo" jogar algumas coisas na minha cara.
- O que você vai fazer?- Perguntou Joe.
- Você terá notícias. Onde estão minhas roupas?
Joe se dirigiu a porta.
- Vou buscar.
Eles desceram as escadas silenciosos, mas, ao ver que Frankie e Kayla Paxton estavam sentados no sofá, Beatrice foi até eles, e Joe não conseguiu impedir.
- Bom dia.- Ela disse, colocando as duas mãos nos bolsos da calça jeans preta. Frankie olhou para a garota com uma expressão nada agradável. Kayla não se deu o trabalho de virar o rosto com curativos para a outra.- Eu não encontrei meu pai depois do ocorrido de ontem, mas, como sei que ele vai me mandar pedir desculpas, vou me antecipar. Antes de me desculpar, eu queria que o senhor Frankie escutasse o meu lado da história.- Joe massageou as têmporas, sabendo que aquilo não seria nada bom.- O que eu fiz com sua filha, foi errado, eu sei, não poderia ter deixado acontecer. E, por conhecer meus pais, o senhor sabe que aquilo não é da minha índole. Acontece que eu odeio, com todas as minhas forças, a personalidade da sua filha. Sabe por quê? As ações da Kayla nos últimos dias me provaram que ela é igualzinha a mim.- O olhar de Kayla e Jordan, que também estava na sala, encontrou Beatrice.- Porque ela não se importa se vai ou não prejudicar as outras pessoas, e eu vi no fundo dos olhos dela ontem o quanto ela se esforçou pra me machucar. Olha, senhor Paxton, ontem eu estava em um dia terrível, isso não justifica a agressão, mas sua filha teve o que ela queria: ela esperava que eu saísse do controle. Embora o rosto dela esteja, assim...- Beatrice conseguiu não rir.- Acho que eu saí mais machucada. Além de estar envergonhada, eu senti medo.- A Coleman olhou agora para Joe.- Eu senti medo porque, sei que Joe se apaixonou por mim sendo alguém tão ruim quanto Kayla. Tive medo de perdê-lo. E eu também me senti péssima por pensar que, eu era da mesma forma que ela foi comigo, várias vezes. Eu senti uma repulsa horrível por quem eu sou. Mas sua filha, agiu de má fé ontem, e Joe está aqui pra provar.- o rapaz assentiu.- Sinto muito que você tenha que reconhecer a filha que tem nessas condições, então por isso peço perdão a você. Mas não a ela. Não a ela, porque ela sabe que mereceu, e ela teve sorte de ter feito isso com alguém como eu, que sou muito equilibrada. Nem sei o que aconteceria com ela se tivesse se atirado pra cima do Jordan.- Bea riu um pouco.- Eu não sou ninguém para julgá-la, sei disso, mas eu também sei que na vida a gente precisa apanhar um pouco, principalmente se for alguém com mau caráter. Sei disso porque eu, Frankie, tenho apanhado bastante da vida ultimamente. Acho que eu descontei todas as minhas frustações nela, e peço perdão por isso também. Mas talvez aí esteja a diferença entre eu e Kayla: Eu reconheço que não mereço nada do que tenho e preciso me esforçar pra ser melhor, todos os dias. Espero que um dia ela também possa.- Bea não deu espaço para que dialogassem, e então, apenas passou pela porta. Joe e Jordan se entreolharam brevemente e saíram também.
- Jordan vai atrás, assim que eu te deixar em casa nós vamos buscar meu carro na porta da boate.- Explicou Joe, pegando as chaves do carro de Bea. Eles entraram.- Ontem você me disse que essa sua redescoberta não valia a pena... o que foi esse discurso de hoje?
Bea não o olhou.
- Ontem eu estava bêbada. Vamos logo embora, o dia ainda vai ser muito longo.
Sem mais perguntas, Joe dirigiu calmamente até a cidade. Ele perguntou se Beatrice precisaria de companhia para encarar o pai, mas ela disse que não. Assim, Joe e Jordan foram embora.
❀ • ✄ • ❀
Quando Beatrice abriu a porta do apartamento, os outros três Coleman a esperavam.
Judith foi a primeira a correr até a filha, tocando no curativo do nariz dela.
- Eu disse que ela estava machucada.- Falou a mãe.
- Joe disse que é só um cortezinho, não foi nada.- explicou a menina.
- É claro que vai estar machucada.- Peter se levantou da poltrona.- Ela agiu ontem como uma selvagem!- Ele parecia mesmo bravo.
Bea cruzou os braços.
- Bea, nós sinceramente não entendemos o que você fez com a garota.- Disse Arthur, calmamente.
- Não importa mais. Eu já me desculpei.
- Não importa mais? Mesmo?- Peter começava a alterar seu tom de voz.- Acho que pedidos de desculpa não vão cicatrizar o rosto da Kayla mais rápido, nem menos consertar minha relação com o pai dela, ou te livrar de uma denúncia se ela quiser fazer!
- Calma, Peter, ela deve ter tido motivos...- tentou Judith.
- Nada justifica a violência, Judith!- Ele falou.- Beatrice nunca, em toda a vida dela, apanhou pra aprender alguma coisa. Por que faria isso com outra pessoa?
- Foi um impulso.- Explicou a menina, ainda em tom baixo, de braços cruzados.
- E também foi um impulso sumir por horas sem dar notícias? Você fez de novo, Beatrice, de novo!- Quando Peter começava a gritar, Arthur o segurava, pedindo para que ele se lembrasse das recomendações médicas e mantivesse a calma.- E pra que serve a porcaria de um celular se você não atende?
- Eu joguei meu celular fora.- Ela disse.
Peter coçou os cabelos loiros, contraindo os lábios.
- Você enlouqueceu? Isso tudo foi birra pra me deixar ainda mais preocupado?
Beatrice se aproximou do pai.
- E quando foi, exatamente, que você teve tempo pra ficar preocupado, Peter? Depois de ter voltado da casa da sua amante?- Após dizer isso, todos ficaram calados. Judith se sentou no sofá, com a cabeça baixa. Arthur olhava confusamente para os dois.
- O que você...está...dizendo?- As palavras se perderam na garganta de Peter.
- Nossa... parece que a sua raiva se dissipou.- Beatrice murmurou.- Você não vai explicar, Peter? Sabe por que você não pôde impedir que eu fizesse as coisas que fiz ontem? Sabe por que você não pôde me ajudar quando eu precisei? Porque você estava ocupado demais, assistindo filminho com a sua outra família.- Ela falou, e Arthur continuava olhando para os dois, sem entender.
- Como você...- Peter olhou para Judith, os olhos semicerrados.
- Enquanto o meu mundo estava ruindo, Peter, você estava sendo o homem mais feliz do mundo na casa da Mabel! E não olhe assim pra minha mãe, não! Não tente transferir a culpa da sua traição!
Publicado em: 21/10/2017
Atualizado em: 16/07/2020
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