|Capítulo 23|

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Duas horas antes, Beatrice se sentia nervosa dentro do vestido de lantejoula colorido. Se sentia muito próxima do fracasso. Suas mãos tremiam, e ela não conseguia encarar o espelho e ver a graciosidade que sua mãe se referia. Encarou o copo de água gelada. Não via a hora de comer alguma coisa quando sair dali. Quando tocou o copo, sua mãe a puxou.

- Vai vai!- ela praticamente a empurrou.- Você é a próxima!

Bea se preparou, mas sentiu medo. Tinha desfilado antes, no meio de tantas pessoas, mas parecia diferente agora. Era a fase final, ela poderia ganhar. Mas, sem entender aquele sentimento, Beatrice não queria estar ali.

O fato de colocar um pé na frente do outro não parecia simples naquele momento. Avançando na passarela, a única certeza que ela tinha era que queria muito ver o rosto de Peter Coleman naquela plateia, para lhe passar confiança.

Mas, em vez disso, ela encontrou o rosto de Frederick aplaudindo-a, e os flashes atrás dele confundiram sua mente.

Antes mesmo de perceber, Bea estava no chão.

Ao abrir os olhos, ela viu Judith discutindo baixinho com seu advogado no canto do camarim.

- Mãe?- ela sussurrou. Judith se virou, e, como um borrão, Frederick saiu de cena.

- Como você está?

- O que aconteceu?

- Você desmaiou na passarela. Bateu a cabeça, mas por sorte, não foi forte.- Judith suspirou, cruzando os braços.- E também torceu o tornozelo.

- Eu estou com fome.- afirmou a menina. Judith jogou um sanduíche embrulhado na penteadeira.- Já posso comer?

- Você pode fazer o que quiser. Com certeza foi desclassificada.- E a Coleman saiu, sem dar espaços para que sua filha pedisse desculpas ou explicasse algo.

Beatrice encarou o sanduíche por bons minutos enquanto chorava. Destruíra seus sonhos e o de sua mãe, sem mesmo se dar conta. Se passaram, talvez, trinta minutos, enquanto ela se olhava no espelho e tentava pensar em algo para consertar tudo isso.

- Beatrice Coleman?- chamou a assistente de palco. Bea se virou.- Está na hora do resultado final. Você vem?

- Eu ainda estou na competição?

A mulher sorriu de forma doce.

- E por que não estaria? Você não teve culpa do acontecido. E não se considera só a final, e sim toda sua trajetória no concurso.

Bea abriu um meio sorriso. Se levantou, e com a ajuda da assistente, trocou os saltos e limpou a maquiagem.

A final foi surpreendente. Entre as cinco garotas que concorriam, de alguma forma, Beatrice conseguiu se destacar para os jurados.

Diferentemente do que ela e a própria mãe achavam, ela foi mesmo capaz de ganhar aquele prêmio.

Beatrice chorava entre os aplausos, enquanto recebia a coroa e as flores. Procurava por todos os lados sua mãe, mas não a viu.

A mulher estava no camarim, com um sorriso maior do que todos que Bea já viu, dando entrevistas. Elas tiraram algumas fotos juntas, e a garota precisou afirmar para a imprensa que estava bem, e sua mãe não tinha nada a ver com o que havia acontecido.

Quando as Coleman finalmente estavam sozinhas, Judith abraçou sua filha.

- Eu sabia que nós conseguiríamos, que você conseguiria.- declarou Judith. O sorriso no rosto de Beatrice se desfez. Ela entregou o buquê de flores, a faixa e a coroa para a mãe.- O que você está fazendo?

- Você queria esse prêmio mais do que eu mesma. É todo seu.- Respondeu. Bea não tinha certeza se estava fazendo o certo, mas estava farta daquela história. Queria voltar para Ohio, o mais rápido possível. Só queria deitar no seu quarto e chorar. Queria ver seu pai e seu irmão. Queria suas amigas. Gostaria até mesmo de ver Joe.

- Pensei que você estivesse feliz.- comentou a mãe, sorrindo para a coroa em suas mãos.

- Você mesma diz. Eu sou uma boa atriz. Quando poderemos ir embora?

Judith abriu a boca para responder, mas seu telefone tocou. Ela pediu um segundo e atendeu. Estava imóvel. Seus lábios tremeram quando o buquê de flores caiu de suas mãos. Bea perguntava o que aconteceu, mas Judith continuou parada, intacta. A menina tirou o telefone da mãe.

- Quem é? O que foi?- ela escutou a respiração acelerada na voz do irmão mais velho de Judith, seu tio, Leo.- Como assim?- Ela escutava, mas não fazia sentido em sua cabeça.- A vovó morreu?

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Na fazenda Pejari, Peter procurava, às pressas, um casaco e as chaves de seu carro. Quase se esqueceu de pegar, também, um par de roupas pretas.

- Arthur...- ele se virou para o filho loiro, que pedia respostas de onde o pai ia. Arthur olhou a camisa preta nas mãos de seu pai, e então respirou fundo. Os olhos verdes se encheram de lágrimas.

- Quem morreu?- perguntou o garoto, quase num sussurro.

Peter o abraçou.

- A vovó Mary se foi, querido.- disse, enquanto acariciava as madeixas loiras do outro. Arthur não tivera tanto contato com a avó como gostaria, já que Judith não gostava de ir a Michigan com frequência. Mas, ainda sim, era sua avó. E ele nem se lembrava qual fora a sua última lembrança com ela.

Após alguns minutos se recuperando, Arthur pegou suas coisas e colocou no carro.

Sentiu alguém atrás dele e se virou.

- Meus pêsames.- disse Joe, coçando a nuca.- sei como é perder alguém que ama.- declarou, e Arthur automaticamente se lembrou que Joe tivera os pais assassinados.

Ele agradeceu, mas, ao observar por mais alguns instantes o olhar do cowboy, ele decidiu propor.

- Por que você não vem com a gente?- disse o Coleman.

Joe travou.

- Não sei se seria uma boa ideia. Não conheço ninguém da sua família materna, Arthur. Sua mãe não vai gostar.

- Mas a Beatrice vai. E pelo que meu pai disse, ela está muito assustada.- Arthur abriu a porta do carro, sugestivamente.- Você é uma das poucas pessoas que ela gostaria de ver hoje.

Joe hesitou, mas não resistiu. Precisava revê-la. Precisava, principalmente, abraça-la e consola-la. Afinal, apesar do término, ele sentia que estar lá faria alguma diferença.

Então, os três encararam duas horas e meia de carro, onde Peter correu mais do que poderia até Michigan.

Ao chegar na casa dos Hawthorne em Michigan, Peter avistou Judith sentada na escada, com as mãos na cabeça. Ele desceu do carro em um pulo, e os meninos seguiram atrás dele.

- Ei.- ele chamou, e Judith ergueu um olhar triste. Ela se levantou.- estou aqui.

Peter abraçou sua esposa, e sussurrou o quanto sentia muito, após beija-la, e reafirmar que estaria ali. Arthur passou pelos dois, em busca da irmã.

Encontrou Bea sentada no chão da sala, abraçando o próprio corpo. Ela usava um conjunto de pijama cinza, mas o cabelo e a maquiagem ainda eram do concurso.

O irmão mais velho abraçou sua irmã, e ela chorou um pouco mais. Arthur murmurou que trouxe algo para Beatrice, e então ela olhou para a porta.

Lá estava Joe, segurando seu chapéu contra o peito. Bea sorriu em alívio, e correu para abraça-lo. Ela sufocou suas lágrimas no peito dele, e ali parecia o lugar mais seguro do mundo. No abraço dele. Bea olhou no fundo dos olhos de Joe e, em uma súplica, disse: "Quero desaparecer daqui. Você me leva?"

O cowboy olhou para Arthur, procurando ajuda. Mas o rapaz estava preso em uma fotografia da avó quando mais nova. Os cabelos loiros pareciam os seus. Ele sorriu e abraçou a fotografia, e então olhou para os dois.

- Leve-a. Eu seguro as pontas por aqui.- falou. Joe assentiu.

Beatrice o conduziu até os fundos da casa, onde eles encontraram um jardim e uma casa na árvore, quase na altura do terraço. Ela subiu e o cowboy a seguiu.

Os dois se sentaram e olharam para o céu. Quanto mais perto, mais bonito ele ficava.

A rainha da beleza de Woodhaven encarou o homem que estava sentando do seu lado.

- O que você está fazendo aqui?- disse, após se recuperar das lágrimas.

- Precisava ver como você estava.

- Não precisava.

- Mas ainda sim, vim. - disse. O silêncio se fez.

- Minha mãe não me contou que ela estava doente. Muito doente.

- Judith deve ter tido seus motivos.

- É, ela teve.- Bea respirou fundo.- sabia que, se eu soubesse, desistiria do concurso pra ficar com minha avó.

Joe não sabia o que dizer. Não se surpreendia, nunca, com as ações de Judith Coleman.

- Eu sinto muito pela sua avó.

- Eu sinto muito por não ter tido tempo suficiente.- A voz de Bea falhou, de novo.- Por ter ficado tão cega com esse concurso que não enxerguei o óbvio. Sinto muito por Peter ter que dirigir até aqui. Sinto muito por todas as coisas que eu não mereço, como aquela coroa. Como a minha família. Como a avó incrível que tive e não aproveitei. -Joe a abraçou no momento exato em que as lágrimas a desfizeram, e ela o apertou em um abraço sofrido.- Sinto muito por ter sido a pior pessoa do mundo com você e você ainda estar aqui comigo.

Nesse segundo, os fogos de artifício se acenderam no céu. Era ano novo, e ele não havia começado bem. Bea segurou o rosto de Joe com as duas mãos.

- Você poderia estar em qualquer lugar do mundo agora, Joe Hammar. E não na bagunça da minha vida.

Joe sorriu, e seus olhos verdes refletiam os fogos que iluminavam o cenário.

- Eu podia mesmo. Mas gostar de você, Beatrice, tem consequências.- Foi a vez dele de acariciar o rosto dela.- E eu enfrento todas elas.

- Você vai me desculpar pelo dia do estacionamento? Ainda podemos consertar isso? Eu não posso mais deixar as coisas escorregarem entre meus dedos.

Joe a beijou.

- Que dia do estacionamento? Eu nem me lembro.- ironizou.- Esqueça isso, Bea. Me deixe cuidar um pouquinho de você.

E ela deitou em seu colo, enquanto eles assistiam juntos ao espetáculo que era um novo ano.

O dia estava amanhecendo quando Bea decidiu ler as mensagens de "feliz ano novo" deixadas por suas amigas no grupo. Ela também recebeu elogios e parabenização das meninas, que de alguma forma souberam sobre a coroa do concurso. Ela agradeceu, mas não quis falar muito sobre o assunto, apenas reforçou que estava com saudade de suas amigas e precisava revê-las logo.

Quando Joe e Beatrice saíram da casa da árvore e decidiram encarar o luto do resto de toda a família, eram seis da manhã.

Bea adentrou a casa onde as luzes não se apagaram durante a noite. Joe estava atrás dela.

Ao passar pela porta, Judith, que dormia no ombro de Peter, acordou. Ela avaliou Beatrice por alguns segundos, ainda desnorteada, e depois seu olhar de desprezo estava sobre Joe. Ela nunca gostara dele, desde que era apenas um menino assustado que Peter decidiu cuidar na fazenda, assim como seu irmão mais velho. Ela se revoltava só de pensar em sua filha, que teve uma criação tão diferenciada ,se relacionando com aquele cowboy.

- Onde esteve por toda a noite?- perguntou a mãe.

- Na casa da árvore.- respondeu.

- E por que ainda não está vestida?- questionou, vendo que a garota usava o mesmo pijama da noite passada e não vestes pretas, como todo o resto da casa. Peter se levantou do sofá, e Arthur desceu as escadas.

Beatrice encarou sua família.

- Porque eu não vou ficar. Quero ir pra casa, agora.- explicou Bea.

- Você enlouqueceu?

- Não. Não quero ficar.- disse Bea simplesmente.

Peter colocou uma mão sobre o ombro da esposa, pedindo calma.

- O que esse garoto colocou na sua cabeça?- Ela elevou o tom de voz.- Você não tem nenhuma consideração por sua avó, Beatrice?

A menina respirou fundo, quase chorando.

- É justamente por considerar o que vovó Mary me disse que vou embora. Não tem a ver com Joe ou com a vovó, mãe. Tem a ver com você.- As lágrimas que Bea tanto segurava, caíram. - No Natal, vovó me disse com todas as palavras que eu não deveria me matar por algo que não tinha certeza se queria. Era sobre você, o tempo todo, Judith. Sobre as escolhas que você me força a ter. Sobre ter me privado de ficar com a vovó, pelo concurso, sabendo que ela poderia morrer. Minhas últimas lembranças com Mary são doces, e eu não quero vê-la sem vida ou sendo enterrada. Não quero e não vou. Isso não vai me fazer bem, e eu só vou sobreviver a isso se for embora de Woodhaven, o mais rápido possível. - esclareceu.

Judith se virou para Peter, com um olhar cabisbaixo.

- Seus filhos nasceram para me odiar.- sussurrou. Peter a abraçou.

- Nossos filhos.- corrigiu, sabendo que ela só disse aquilo por estar cansada.- deixe que ela vá, Judith. Beatrice sabe o que faz e tem bom motivos pra ir. Arthur e eu ficaremos até o final.- disse o Coleman, e a mulher assentiu, se sentando no sofá, em desistência.- Beatrice, vou ligar para Dominic para resolver a questão da sua passagem e a autorização para você viajar. Só um momento. Enquanto isso, arrume suas coisas.

Ela subiu as escadas, apressada. Arthur foi logo atrás para ajuda-la. Joe preferiu ficar do lado de fora da casa, com Peter.

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Após isso, os dias pareceram se arrastar devagar. Era dia 14 de Janeiro, o último sábado do recesso escolar. Na Segunda- feira, as aulas voltariam normalmente. Desde o dia que Bea voltou para Columbus, não teve a chance de rever as amigas. Todas elas tinham compromissos com suas famílias, e duas delas estavam em viagem.

Mas, felizmente, hoje seria um dia de reencontros. Elas marcaram uma tarde na piscina, todas elas, e podiam trazer convidados. Desde a última semana, Beatrice decidiu não pensar na morte da avó, e sabia que a mesma gostaria mesmo que ela vivesse todas as suas aventuras inesquecíveis.

Festa na piscina com as amigas era uma delas.

As garotas mataram a saudade enquanto estavam na borda da piscina, exibindo suas mais variadas boias e dançando todo e qualquer tipo de música.

Andrea estava desenhando na barriga de quase cinco meses com o protetor solar. Ela fez uma carinha sorrindo, e as outras riram.

- Afinal, nós não íamos conhecer o famoso Blake?- questionou Scarlett.

- Ele está chegando.- Respondeu a loira, sem desfazer o sorriso ao olhar para a barriga.- É que pedi para que fosse ao mercado.

- Desejo de grávida?- Indagou Briella.

- Pão de alho.- explicou Andrea.

As garotas fizeram um "uhhh" juntas.

- Coitada dessa criança.- ironizou Bea.

Lilli se sentou na beira da piscina se gabando da bebida rosa que tinha nas mãos.

- Tem gosto de rosa.- afirmou, apontando para o barzinho perto da churrasqueira que deixava a cobertura Coleman ainda mais completa.

- Vou fingir que não sei que você é menor de idade. E você também.- comentou a policial Scarlett, olhando para Lilli e Diane.- Você também, mocinha.- ela piscou pra Bea, e as duas riram.

Nesse momento, elas não tiveram tempo de ver, mas algo pulou na piscina, molhando todas as seis.

Arthur surgiu, limpando o rosto, e atrás dele seu melhor amigo, Levi.

- Desculpa não ter cumprimentado antes, garotas.- brincou.- Estávamos com muito calor.

Beatrice limpou o rosto com água e jogou uma boia que caiu perfeitamente nos ombros do irmão.

- Filho de Lúcifer.- ela mostrou a língua.

- Pai! Bea está te ofendendo!- gritou Arthur.

Peter apareceu na varanda, com um óculos de sol, apreciando um picolé.

- Vocês dois, não briguem na frente das visitas.- disse.- E Beatrice, abaixa essa música!

A garota assentiu e se levantou.

- Antes disso, oi Levi, quanto tempo e, eu não estava com saudades.- declarou a anfitriã, tendo liberdade o suficiente com o melhor amigo de seu irmão. - E, essas são minhas melhores amigas: Andrea, Diane, Scarlett, Briella e Lilli.- cada uma fez um gesto, se identificando.

O garoto latino dos olhos escuros, pele bronzeada e beleza desconcertante, sorriu para as garotas, que retribuíram.

Bea se dirigiu até a sala, tentando não escorregar por estar molhada, e abaixando o som.

No mesmo momento, a campainha tocou.

Ainda com um copo de uísque na mão, Bea foi até a porta.

Avistou seu par de irmãos favoritos, parados ali, com seus costumeiros chapéus e camisas xadrez.

- Ora ora. Convidados surpresa.

Joe e Jordan adentraram a casa, observando a movimentação da cobertura Coleman. Joe não queria, mas não pôde evitar de observar cada curva que desenhava o corpo de Beatrice naquele biquíni verde. Por fotos de seu portfólio, Joe já tinha visto ela com esses trajes. Mas, agora, em sua frente, com água escorrendo em todas as superfícies, ela parecia meramente divina.

- Sabia que aceitaria meu convite, cowboy.- ela brincou, tomando um pouco de seu uísque.

- Eu não vim para sua festa.- comentou.- Eu te disse. Estou trabalhando.

Beatrice revirou os olhos.

- Sendo assim, você veio atrás de Peter Coleman?

Joe assentiu. Bea gritou um "Pai, os Hammar estão aqui".

- Jordan, Joe, oi...- Scarlett comentou, aparecendo na sala, tentando não disfarçar o sorriso ao ver Jordan. Ela já estava um pouquinho bêbada, possivelmente.

Jordan sorriu, e ela conseguiu chamar sua atenção e leva-lo para a cozinha, por algum motivo.

- Acho que a Scarlett vai beijar o seu irmão agora.- comentou Bea, baixinho.- Podíamos fazer o mesmo.- ela tocou os lábios do cowboy.

Joe sorriu, olhando pra cima, a procura de Peter.

- Já disse que não devemos fazer isso na frente da sua família, e... Scarlett e Jordan estão conversando sobre nossos pais.

Bea travou.

- Seus pais?

- Sim. Ela se ofereceu pra fazer uma investigação sobre o assassinato deles. Nada de beijos. Eles só estão conversando.

Bea assentiu.

- Ela não me contou. Mas, que bom, não é? Teremos uma resposta.- Ela olhou em volta, e não viu seu pai.- Não tem ninguém da família aqui, então... - Ela sorriu de canto e puxou Joe para um beijo lento e demorado.

- Ótimo, você nos denunciou molhando toda a minha camisa.- Ele reclamou.

Beatrice terminou de beber seu uísque.

- É só tirar.- Ela piscou para ele e se virou, vendo Peter descer as escadas.

- Ah, que bom que vieram. Podem subir para meu escritório?

Joe concordou, indo chamar Jordan na cozinha. Antes, ele sussurrou para Bea.

- Antes que eu me esqueça... Seu tornozelo... melhorou? Você está bem?

- Sim senhor. - Ela sorriu, voltando pra piscina.- Melhor agora.

Após isso, foi a vez de Blake chegar.

- Ah, que bom, eu te amo!- exclamou Andrea.

- Acredito que isso não seja pra mim.- disse Blake, assistindo a namorada grávida abrir o saquinho com pão de alho com brilho nos olhos.

As meninas e ele foram apresentados.

Durante esse meio tempo, Beatrice pediu para que Diane não deixasse Lilli e Dylan sozinhos.

- Não é nada pessoal, sabe.- Ela comentava, passando protetor nas costas de Diane.- É só que eu conheço o Levi desde pequena. Ele é muito pegador, e não queria que Lilli caísse nas mentiras dele. Ela é muito preciosa.- As duas observaram os dois sentados na borda da piscina, um sorrindo para o outro.

- Ela parece feliz.- declarou a amiga.

- Elas sempre parecem. Mas Lilli com certeza ia querer um romance, e Levi só quer levar ela pra cama. Já vendo tudo.

Diane se virou para Bea.

- E isso não é exatamente o que você faz com o cowboy?

- Ai!- Beatrice bufou.- vai devagar.- ela não tinha argumentos.- É diferente.

Diane deslizou para dentro da água.

- Lilli sabe se cuidar, eu a conheço há anos. Espero que Joe também saiba.

E ela mergulhou.

Beatrice deu de ombros e foi buscar algo pra comer, enrolada na toalha, e viu brevemente sua mãe passando pela porta. Elas não estavam se falando muito bem, e Judith não aprovara aquela festa.

Bea deu de ombros.

Viu Peter, Joe e Jordan descendo as escadas, e não podia perder a oportunidade de refazer o convite.

- Fiquem, por favor.- Ela pediu, na frente do pai.

Os irmãos trocaram olhares.

- Por mim, vocês podem ficar, não se preocupem. Eu estou um pouco cansado, vou subir, na verdade.- declarou o agrônomo Coleman.

- Viu? Sem mais trabalhos hoje. Sem desculpas.- Bea sorriu, colocando as mãos para trás do corpo. De longe, Scarlett gritou "Entrem logo!"

A campainha tocou, e Peter disse que abriria.

- Doutora Mabel. É um prazer tê-la em minha casa.- ele disse, chamando os olhares para a porta.

A mulher baixa dos cabelos castanhos usava uma saia tubo preta e uma regata branca, acompanhada de um scarpin branco. O jaleco de médica estava em seus braços. Atrás dela um rapaz usando as mesmas cores e segurando outro jaleco sorria para o anfitrião.

- Boa tarde, Sr. Coleman.

- Pode me chamar de Peter. Entre, por favor.

- Na verdade, não queria incomodar, só vim buscar minha filha.

Nesse momento, Bea cruzou os braços e gritou: "Diane! Sua mãe está aqui."

- Espere aqui dentro, por favor.- Peter estava bastante receptivo, mas a forma como ele olhava para Dra. Mabel parecia que o dia do hospital, em que as meninas se conheceram, não fora o último encontro dos dois.

Mabel e o rapaz adentraram a casa, elogiando o local.

Diane apareceu na sala mas, ao ver o garoto que acompanhava sua mãe, puxou a toalha de Bea, às pressas.

- Ei?- a Coleman questionou, mas, ao avaliar o garoto, percebeu quando ele se apresentou, a comparação com o nome "Charles". Era esse então, o rapaz que fazia a respiração de Diane se desregular? O coração bater mais forte?- Ah, esse é o...

- Momento que eu vou embora.- Completou a menina, cortando a amiga.- Mãe, pode esperar um segundo?- pediu.- Vou vestir minha roupa.

Mabel assentiu. Bea prestou pouca atenção na conversa da doutora e seu pai, mas reafirmou o que já sabia: Charles era estagiário da mãe de Diane e elas moravam longe, por isso decidiu busca-la mais cedo.

- Eu poderia tê-la levado em casa, sem problemas.- Disse Peter.- Elas estavam se divertindo.

- Ah, eu não sabia.- Mabel ofereceu um sorriso doce.

Bea tentou se concentrar na proposta de fazer Jordan e Joe ficarem na festa da piscina, mas não parecia estar sendo eficiente.

- Filha, pode me fazer um favor?- Peter interrompeu as tentativas dela.- Pode buscar no meu escritório um cartão do Dominic para a Mabel? Eu estava falando que ele é um ótimo advogado. Ela está precisando.

Bea assentiu, obedecendo às ordens do pai.

- E vocês dois...- ela encarou os Hammar.- Esperem. Se eu voltar e vocês não estiverem mais aqui...Se considerem mortos. Eu ainda não usei todos os meus argumentos.

Eles assentiram, e Bea subiu as escadas.

Antes, vestiu um kimono para poder andar pela casa. Depois, abriu a porta do escritório de Peter. Ela raramente ia até aquele lugar, então não sabia bem onde procurar o cartão de Dominic. Beatrice tinha o número do advogado, inclusive, mas sabia que seu pai ainda era o único retrógrado a trabalhar com cartões.

Não encontrou na mesa nem nas gavetas. Decidiu procurar nas prateleiras. Mexendo entre os livros, ela percebeu um envelope escondido. Sua curiosidade não permitiria sair daquele lugar sem ler o que tinha em algo tão bem escondido por Peter.

Entre coisas que Bea não entendia, ela leu em uma das folhas: "Diagnóstico de Angina. Paciente: Peter Coleman".

Ler que seu pai era paciente de algo fez com que suas mãos tremessem. Mas, na ansiedade, ela percebeu que não compreenderia nada daquelas palavras. Preferiu pesquisar o significado na internet.

Antes mesmo de terminar de ler, a visão de Beatrice estava ficando embaçada. As lágrimas que se formaram de imediato a impediam de ler corretamente. Respirou fundo e terminou. Após concluir tudo que conseguiu daquelas folhas, ela jogou o celular no chão e seguiu, com o envelope em mãos, até a escada.

No alto da mesma, chorando, encarou Peter Coleman.

- Encontrou?- o pai perguntou, mas logo seus olhos encontraram o que ela tinha em mãos. Peter respirou fundo. De alguma forma, Mabel pareceu entender do que se tratava, e tocou o ombro do homem.

- Peter...- ela disse com a voz embargada e os outros na sala, seus amigos e irmão, a olharam.- Você tem uma doença cardiovascular e não nos disse nada?- Peter não respondeu, principalmente com o olhar confuso de Arthur sobre ele.- Peter!- Beatrice gritou.- Há quanto tempo você está escondendo isso da gente?

Publicado em:22/09/2017
Atualizado em: 23/01/2023

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