Carne Para Mim


4 Minutos depois...

Atende seus filhos da put*! — Ester andava de um lado para o outro segurando o celular perto a orelha — como ele esta? — ela virou-se para Rodolfo, que tentava a todo custo acordar o filho deitado sobre o sofá.
— Esta quente, muito quente. Tem algum remédio que possamos dar a ele?
— Precisamos leva-lo ao médico.
— Eu sei. Mas tem algum remédio? Principalmente para febre?
— Tem, na gaveta do nosso quarto.
— Ótimo, vamos dar a ele e em seguida saímos para o hospital.
— Esta bem.

Rodolfo andou apressado até seu quarto e começou a revirar gaveta por gaveta. Estas estavam cheias de objetos inúteis, papeis e algumas bijouterias.

— Ester! Não esta aqui!

Passado alguns segundos sua mulher entrou no quarto.

— Tem certeza? Eu juro que havia colocado aqui — ela começou a procurar dentro das gavetas e realmente o remédio não estava ali. Ficou na ponta dos pés e passou a mão em em cima do guarda roupas e lá estava a pequena caixinha com os comprimidos — Achei.

Eles saíram do quarto e ao chegarem na sala não encontraram Jonathan.

— Jonathan! — chamou Ester, olhando de um lado para o outro.
— Ele acordou, graças a Deus — Rodolfo ficou aliviado — Jonathan!
— Onde ele foi? — Ester rodeou o sofá e dali pode avistar o filho, ele estava na cozinha de frente para a pia — ele está na cozinha.
Ela foi em direção ao filho mas notou que algo estava diferente. O menino não possuía tantos cabelos como antes. Estava calvo.

— Jonathan? — Ela parou na porta da cozinha e Rodolfo ficou logo atrás. O menino se virou lentamente e Ester levou a mão a boca ao ver a situação em que seu filho se encontrava.
— Meu Deus — disse Rodolfo, não acreditando no que via.
Jonathan não possuía mais lábios, seus olhos estavam completamente brancos e ele havia perdido boa parte do cabelo.
Jonathan grunhiu encarando as pessoas que um dia haviam sido seus pais e em seguida começou a ir em direção a ambos.
— Jonathan — Ester começou a chorar. Seu peito doía cada vez que olhava para o filho naquele estado.
— Ester, afaste-se — Rodolfo a puxou para trás.
— Eu não vou me afastar, é o meu filho.
— É o meu filho também. Mas olhe para ele. Que diabos aconteceu?

Rodolfo se pôs a frente e tentou dialogar com o menino que em resposta avançou no pai. Rodolfo segurou seus braços.

— Jonathan pare com isso — pediu Ester.
— Acalme-se Jonathan — A criança tentava compulsivamente morder as mãos do pai.
— O que deu nele?
— Eu não sei. Me traga o lençol da cama.
— Pra que?
— Traga logo!

Ester saiu apressada e Rodolfo ficou parado, apenas segurando os braços de seu filho que parecia ter uma energia infinita. Ele conseguia ouvir o som dos dentes do menino batendo repetidas vezes um contra o outro como um animal raivoso.

— E agora? — perguntou Ester com o lençol em mãos.
— Enrole ele em Jonathan e depois amarre firme.
— Mas e se isso machucar ele?
— Faça logo o que eu mandei.

Com dificuldades eles conseguiram imobilizar o filho usando o lençol. A única parte que ficou para fora foi a cabeça.
Rodolfo deitou o filho no chão da cozinha, tomando cuidado para não levar uma mordida.

— Vamos chamar uma ambulância.
— Como? Esqueceu que ninguém atende?
— Então vamos leva-lo ao hospital. Ele precisa de um médico urgente.
— O cabelo dele caiu e os olhos ficaram brancos. Eu nunca tinha visto isso antes.
— Vou pegar as chaves do carro. — Ok.

Ester saiu mais uma vez do local., ela estava com medo de perder seu filho para seja lá o que for que estivesse acontecendo.
Minutos depois retornou com as chaves e segurando Pablo, seu bebê.

— Vamos.

Rodolfo pegou Jonathan no colo e teve que segurar firme pois a criança ficava rosnando e se debatendo. Em um certo momento de descuido o menino quase conseguiu abocanhar o rosto do pai.
Saíram para fora de casa e Ester rodeou o carro que estava próximo a entrada da garagem. Ela abriu uma das portas traseiras e Rodolfo colocou Jonathan sobre os assentos, o menino continuou a se debater.

Já dentro do veículo Rodolfo pegou a chave e assumiu o volante.
— Coloque o cinto — pediu ele enquanto ligava o carro.
— O que acha que ele tem? — Ester fitou o filho que ainda agia de uma maneira estranha.
— Parece um tipo de raiva.
— Estou com medo.
— Não tenha, os médicos vão cuidar dele, prometo.

Rodolfo deu partida e enquanto seguiam para o hospital ele estranhou a movimentação estranha nas ruas. Carros, ônibus e vãs seguiam na direção contraria em alta velocidade como se fugissem de algo.

— Que diabos esta acontecendo nessa cidade? — perguntou Ester balançando seu bebê.
— Não faço a menor ideia. Todas as casas por onde passamos estão com as portas fechadas.
— Acha que tem haver com isso que o Jonathan pegou?
— Pode parar, nosso filho não pegou nada e logo vai voltar ao normal.

Rodolfo passou por um cruzamento e notou uma pessoa agachada no chão próximo a uma lata de lixo, ela parecia mexer em algo mas como estava de costas era impossível ver o que era.
Próximo a tudo isso havia uma casa e três pessoas saíram as pressas dela, dois homens e um menino.
A pessoa que estava agachada parou de fazer o que estava fazendo e se focou na movimentação.

— Droga — disse um dos homens que havia acabado de sair da casa.
— É um deles! É um deles cara — confirmou o outro ao notar o amontoado de tripas próximas ao infectado.
O infectado, um adolescente que aparentava ter uns dezessete anos, não possuía lábios e usava um capuz. Ele foi em direção a um dos homens que ficou sem reação, apenas observando a criatura se aproximar.

Rodolfo parou o carro bem próximo a cena, aquele adolescente estava igual ao seu filho: sem lábios e agindo de uma forma estranha. Ester também ficou observando a tudo.
O adolescente avançou em um dos homens mas este o empurrou.

— Saía de perto de mim aberração — disse ele, olhando para o chão a procura de qualquer coisa que pudesse usar como arma.
O outro homem afastou o menino de tudo aquilo e também começou a procurar algo para defender seu amigo.

— Não deixe ele te morder.
— E acha que eu estou tentando fazer o que? — ele chutou o infectado, mas isso não o afetou muito e em resposta a criatura avançou mais uma vez. Mas agora com mais brutalidade e conseguiu derrubar o homem que acabou tropeçando em um degrau enquanto se afastava.
Rodolfo vendo aquilo saiu rápido do carro na intenção de ajudar e Éster fez o mesmo, sem saber que aquela decisão seria o primeiro passo para a perda de sua sanidade.

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