A Horda Dos Mortos

Patrick voltou sua atenção para Alexis, que parecia não estar entendendo nada, e de fato não estava. Ela olhava para ele como se tudo aquilo não passasse de algo criado por sua mente.
— Vou tirar você daqui — ele beijou sua testa e em seguida terminou de cortar as cordas. Usou o corpo como apoio e a levou para fora da casa.
— Patrick...
— Não diga nada, logo estaremos em casa — ele decidiu  pega-la no colo para facilitar a viagem e em seus braços ela caiu em sono profundo.

Dentro da residência de onde haviam saido ainda existia alguém com vida, Ester movimentou os dedos e seu ódio a fez abrir os olhos. Ela segurou o taco que estava cravado em sua cabeça e o jogou longe. Por alguns instantes ficou imóvel apenas fitando o teto de madeira, pensando milhões de estratégias para acabar com a vida de Alexis.
Por que aquelas pessoas podiam ter a felicidade que havia sido arrancada dela? Era o que pensava constantemente e ao se levantar sentiu dores insuportaveis por todo o corpo. Seu rosto estava completamente ensanguentado e cheio de grandes cortes.

Ela percorreu cômodo por cômodo até encontrar uma tesoura em meio as velharias de um sótão, em seguida andou até um dos quartos da casa e ficou parada de frente a um espelho apenas observando o estrago que Patrick havia feito em seu rosto. Naquele mesmo quarto haviam quatro berços e dentro de cada um uma criança infectada, estas apenas observavam a mulher que por muitas vezes os chamavam de filhos.

— Um homem mau fez isso comigo — disse ela, fitando as crianças através do espelho — mas ele terá o que merece, ele e todos que entrarem no meu caminho.
Ester segurou o lábio inferior, posicionou bem a tesoura sobre ele e de uma só vez cortou, fazendo seu sangue molhar o chão. Em seguida fez a mesma coisa com o lábio superior e por fim cortou o pouco cabelo que ainda lhe restava.

Agora havia se tornado o verdadeiro monstro que desejava ser desde o dia em que havia perdido tudo. Ela andou até um dos berços e ergueu o menino que estava dentro dele.
— Desculpe meus amores, eu amo muito vocês... — ela levou a cabeça do menino até a boca ensanguentada e começou a se alimentar dele — a guerra está prestes a começar. — foi só o que disse enquanto encarava o nada com seus olhos frios.

***

— Ela vai ficar bem, só precisa descansar e depois se alimentar — disse Catia cobrindo a filha que agora estava deitada no sofá da sala.
— Você conseguiu, salvou ela — Tom estava feliz, enfim todos encontravam-se reunidos novamente.
— Estamos em paz agora — ele suspirou aliviado, mas ao mesmo tempo foi um suspiro de remorso pelo que teve que fazer.
Ficou olhando para o rosto pálido de Alexis, ela parecia ter suportado muita coisa ruim.
— Vá dormir, nós cuidamos dela agora — sugeriu Catia.
— É melhor n...
— Vá — Tom insistiu — ela não vai fugir.
— Não quero que fiquem sozinhos, não mais...
— Não estamos, estamos todos juntos e um irá cuidar do outro. Pode descansar sem preocupações — disse Catia enquanto passava um pano úmido na testa de Alexis.

Patrick sem ter outra escolha seguiu o conselho de seus sogros e aceitou dormir um pouco, apesar de ir contra aquela ideia.  Sua vontade era ficar parado de frente a porta principal vigiando tudo para que nada ameaçasse sua família outra vez.
Ele deitou-se na cama em seu quarto e por vários minutos só pensava no fato de que havia matado uma pessoa brutalmente.

Horas depois

Por volta das dez da manhã Patrick despertou ao ouvir vozes alteradas, abriu rápido os olhos e levou os pés para fora da cama.
Se levantou e foi ver o que estava acontecendo, cruzou o corredor e ao descer as escadas viu Alexis sentada no sofá discutindo com seus país.

— Ele acordou, vamos, pergunte a ele. — disse Tom encarando Patrick nas escadas.
— O que esta acontecendo?
— Patrick precisamos sair dessa casa o mais rápido possível — Alexis levantou-se e foi ao encontro do marido.
— Você está tão linda — ele a beijou ignorando suas palavras.
— Você está me escutando? — ela reclamou ao fim do beijo.
— Claro que estou e isso não faz sentido, por que diabos a gente recisaria sair daqui?

— Ester vai vir atrás de nós e ela é mais perigosa do que pensamos, ainda mais agora que não tem nada a perder.
— Ester está morta, eu a matei. Cravei um taco de golfe na cabeça dela.
— Não, não, não, não... Você não está entendendo, aquela mulher está morta por dentro Patrick, ela é quase uma completa infectada.
— Como assim? — perguntou Tom prestando bastante atenção na conversa de ambos.
— Pai — ela se virou para ele — Ester se alimenta da carne dos mortos, a barriga dela está apodrecendo e ela não morreria tão fácil. Por isso estamos correndo perigo.
— Alimenta dos mortos?
— Sim, ela cozinha a carne deles e depois come como se fosse a coisa mais normal do mundo. E não é só isso.
— Ainda tem mais? — Patrick perguntou em um tom de deboche.

— Tem muito mais, ela tem vários bebês infectados espalhados pela casa. Ela sequestra os filhos de sobreviventes como nós e os transforma nessa criaturas. Eu mesma vi um deles, é bizarro, ela é bizarra.
— Amor, descanse, tudo acabou.
— Não acabou, droga! Você é surdo?
— Acalme-se Alexis — pediu Tom.
— Me acalmar? Vocês estão me olhando como se eu fosse a maluca. Sabe o que vai acontecer se ficarmos parados aqui? Ela vai trazer os mortos dela até nós.

— Os mortos dela? Agora vai me dizer que ela também controla eles?
— Não, ela não precisa controlar eles, apenas guiar já que eles não a vêem como refeição. Sabe por que não encontramos muitos infectados pelas ruas? Você sabe Patrick?
— Diga, vamos.
— Por que a maldita juntou todos eles em algum lugar da cidade e vai usa-los contra nós a qualquer momento.
— Claro que vai, ela vai se levantar do chão com um baita taco de golfe enfiado na cabeça e vai chegar aqui com sua horda dos mortos pronta para matar todos nós.
— É bom saber que tudo é uma piada para você Patrick. Já se esqueceu de quem trouxe essa mulher aqui pra casa?
— Eu, e eu mesmo corrigi o meu erro quando a matei.
— Não, você não a matou.
— Me ajuda aqui — pediu Patrick encarando Tom.
— Vocês dois precisam se acalmar.
— Quer saber — Alexis levantou as maos — eu não preciso que vocês acreditem em mim. Eu mesma vou voltar lá e a matarei de uma vez por todas.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top