Capítulo 1


O espaço era muito apertado e a poeira ainda não tinha baixado. O corpo dele doía e Steve sentiu sangue escorrer pela lateral do seu rosto, também sentia que suas costelas do lado direito incomodando um pouco. Mas não era com o próprio corpo que o comandante McGarrett estava preocupado.

— Danny! Danny! — ele tateou as cegas procurando pelo parceiro — DANNY!

— Eu estou aqui — a voz baixa soou um pouco mais a sua esquerda e Steve se arrastou até ele, mesmo não conseguindo enxergar quase nada a sua frente.

— Como você está?

— Como você achou que eu estou? Acabaram de tentar explodir a gente, estamos presos debaixo de sei lá quantas toneladas de concreto, estamos feridos e provavelmente morreremos aqui — o detetive resmungou.

— Pelo menos eu já sei que você no seu normal — Steve conseguiu chegar até ele e começou a tatear o amigo a procura de ferimentos graves.

— Tira as mãos de mim — Danny bateu nas mãos dele, mas Steve não se importou, ele precisava saber como o detetive estava — eu estou bem, provavelmente estarei morto em algumas horas, mas bem. Alguns ferimentos e uma leve dificuldade de respirar, mas nada fora do normal.

— Bom saber que está bem — Steve se largou do lado do amigo, um deitado bem ao lado do outro, a ponto de seus braços estarem juntos — Por que você correu atrás de mim?

— Ah, claro, nada de "Obrigado meu bom amigo Danny, por ter salvo a minha vida e ter me impedido de explodir em milhões de pedacinhos" — o detive zombou — De nada, McGarrett, foi um prazer salvar a sua vida.

— Eu estou falando sério, tudo estava sob controle.

— Não sei se você percebeu, mas nada está sobre o controle. Não estava antes, não está agora.

Eles estavam investigando um caso que inicialmente pareceu terrorismo, mas na verdade era vingança. Zacarias Reed, um ex funcionário de uma prestadora de serviços resolveu se vingar de toda humilhação que sofreu durante a vida, não se importando nas dezenas de inocentes que morreriam junto. A equipe conseguiu encontrar o esconderijo e o prender, quando haviam alguma pessoas ainda dentro do prédio, Danny percebeu que era uma armadilha, eles conseguiram tirar o pessoal, mas Steve ainda estava lá dentro.

Então ele correu atrás do amigo e conseguiu alcança-lo o puxando para longe da sala se explosivos, só que eles não tiveram tempo de sair do prédio. Quando a explosão aconteceu, eles foram parar no subsolo, presos embaixo dos destroços do prédio e sem saber se sairiam de lá com vida.

— Se você tivesse seguido o plano, você estaria fora do prédio na hora da explosão e estaria a salvo agora — Steve insistiu, os dois falavam olhando para o alto. A placa de concreto que impediu que eles fossem esmagados estava tão perto que se esticassem o braço, poderiam toca-la, mesmo estando deitados no chão.

— Se eu tivesse seguido o plano, você estaria morto e não vejo vantagem nenhuma nisso — Danny mantinha a pose de rabugento, mas McGarrett notou o leve tremor, ele tentava esconder, mas Steve reconhecia o medo naquelas palavras.

— Mas agora você pode morrer comigo — Steve sussurrou.

— Bem, há jeitos piores de morrer — Danny tentou dar de ombros, mas o pequeno movimento doeu — eu já quase morri queimado, afogado, eletrocutado, envenenado, baleado, torturado...

— Teve aquela vez que fomos infectados com o vírus daquela arma química, lembra? — Steve sugeriu.

— Claro, como pude esquecer? Tivemos febre tão alta que começamos a delirar.

— Você nunca me disse com o que delirou, a minha alucinação foi o meu pai — McGarrett comentou.

— Foi com a minha filha, eu já te falei.

— Qual é, não foi só com isso — ele olhou para o amigo — teve mais coisas e você sabe.

— Assim como você não me contou tudo o que viu, não vou contar tudo o que vi — Danny fez aquilo de franzir os lábios, como ele sempre fazia.

— Nós podemos morrer e você não vai me contar isso? Vai realmente levar esse segredo para o nosso túmulo?

— Nosso túmulo? — Danny perguntou.

— Quer dizer, não vão nos enterrar juntos, mas vamos ser enterrados lado a lado, então é quase como se fosse o mesmo.

— Você quer dizer que além de passar quase 24 horas por dia, ainda vamos passar eternidade juntos?

— Sim, somos parceiros.

— Nem pensar, até porque eu quero ser cremado e que minhas cinzas sejam jogadas no gramado dos Jets — o detetive disse solene.

— Sério, em um campo de futebol americano? — McGarrett zombou.

— Qual o problema?

— Fora que suas cinzas vão ser pisoteadas até que não sobre mais nada, nenhum problema.

— E qual o seu plano?

— E também quero ser cremado, mas quero que minhas cinzas sejam jogadas no oceano.

— Jura? Que coisa mais clichê — Danny revirou os olhos.

— Ah, porque ser pisoteado pela eternidade é muito melhor, não é?

— Sim!

— Ok, chegamos em um impasse — Steve disse calmamente — como nossas cinzas vão ficar juntas se não decidimos o local? Porque eu não vou para Jersey.

— E eu nem gosto do oceano, por que eu iria querer passar a eternidade nele até ser devorado por um peixe? — Danny sabia o que Steve estava fazendo, o distraindo para que ganhassem tempo, seja para pensar em algum plano mirabolante ao estilo Steve McGarrett, seja para dar tempo para a equipe os encontrar ou para que morressem em paz, sem medo.

— Certo, nem Jersey, nem oceano. O que você sugere?

— Um lugar seco, quentinho e tranquilo.

— Que tal um vulcão? — McGarret sugeriu — No Havaí temos vários, podemos escolher um.

— Um vulcão?

— Sim, seco, quentinho e tranquilo — Steve enumerou com os dedos — normalmente tem um parque em volta, então a paisagem é bonita.

— Que seja, eu vou estar morto mesmo.

— Então podemos voltar a ideia do oceano.

— NÃO!

— Você é tão sensível às vezes — o SEAL revirou os olhos.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, cada um pensando em suas vidas, mas um ouvindo a respiração do outro. Steve repensou em tudo o que sempre quis falar, mas nunca teve coragem. Quantas coisas na sua vida teriam mudado se ele tivesse tomado atitudes diferentes?

Danny suspirou, ele não queria morrer, não mesmo, mas estava começando a acreditar que tinha chego no fim. Tinha sido uma vida incrível, talvez um dos seus filhos escrevesse sobre ele um dia e contasse todas as aventuras que ele tinha vivido. O detalhe que, provavelmente ficaria de fora, era que a aventura que ele mais quis viver, foi a única que ele nunca teve coragem.

Quando Steve se mexeu do seu lado, Danny contou mentalmente três segundos até que McGarrett começasse a falar. Porque era obvio que ele não deixaria o silêncio durar por muito tempo.

— Vai, me diz! — ele pediu.

— Diz o que? — Danny olhou para ele. Os olhos já tinham se acostumado com o escuro e ele conseguia enxergar Steve agora.

— O que você alucinou?

— Isso de novo? — ele revirou os olhos.

— Danno! Por que você não quer contar? É algum segredo?

— Naquela época eu achei que fosse morrer e não te contei. Hoje que eu também acho que vou morrer, não vou contar do mesmo jeito. Vai que somos salvos e eu vou ter que ser obrigado a te matar por saber o meu segredo?

— Você é muito dramático — Steve que revirou os olhos dessa vez.

— Dramático? Então me conta Steve, o que você viu, além do seu pai?

— Eu vi meu pai — Steve desviou da pergunta, voltando a olhar para cima naquele escuro quase completo.

— Não, você disse que viu o seu pior pesadelo, você achou que eu tinha desmaiado, mas eu te ouvi falando com o Chin. Como sei que seu pai sempre foi o seu herói, então não era o seu pesadelo, o que era?

— Nada — o comandante disse encerrando a discussão.

Eles ficaram um tempo em silêncio, apenas olhando para o nada. A cada minuto que passavam ali a situação só piorava, o ar ia acabando aos poucos e eles não tinham ideia de quanto tempo ainda tinham. Horas? Talvez aguentasse um dia? Dois?

— Eu só queria ter me despedido da Grace e do Charlie — Danny sussurrou por fim.

— Ainda há esperanças, todos sabem que estamos aqui, eles irão nos salvar — Steve tentou ser otimista, mas Danny sorriu de canto, tentando se conformar com o pior.

— Está tudo bem Steve, estou tentando aceitar o fato que desse vez já era. Já escapei da morte várias vezes, a maioria depois que te conheci, então eu sabia que um dia esse momento chegaria. Pelo menos vou morrer sabendo que impedimos esse louco de explodir um hospital e não vou morrer sozinho, estaremos junto até o fim — o detetive suspirou resignado.

— Desde que me conheceu? — Steve perguntou revoltado.

— De tudo o que eu te falei, você só escutou essa parte?

— A culpa não é minha se você é atrai essas coisas.

— Eu atraio? Eu? — Danny estava tão irritado que poderia bater no parceiro — Você que age como um louco, sempre correndo no meio de tiroteios e explosões, como um maldito ninja marinheiro!

— Maldito ninja marinheiro? Jura? Podemos morrer e essa vai ser a última coisa que você me disse?

— Eu poderia te chamar de filho da puta, mas eu até que gosto da sua mãe, sabe tirando o fato de que ela é um tipo de super espiã da CIA cheia de segredo, que fingiu a própria morte por anos e tal — Danny bufou — E não sou eu que pega o carro do parceiro e dirige como se estivesse jogando GTA na vida real. Aliás, por que sempre usamos o meu carro e por que sempre é você que dirige?

— Porque eu dirijo melhor — Steve falou como se fosse obvio.

— Todo dia você rouba as minhas chaves e dirige como um louco. Você tem noção do quanto eu gasto com a manutenção do meu carro por mês? Principalmente com você sempre batendo meu carro em outros carros, andando na contramão, arranhando toda pintura passando por lugares que um carro não caberia, mas de algum jeito você faz caber.

— Ok, vamos fazer assim, se sairmos daqui, eu passo a pagar as contas do seu carro, está bem?

— Ótimo, eu vou cobrar mesmo! — Danny concordou — Já que estamos falando em pagar, que tal me pagar todas as vezes que saímos para comer e você, convenientemente, esqueceu a carteira?

— Acontece, sou esquecido — Steve deu de ombros.

— Engraçado, nunca te vi esquecendo uma arma, você sempre tem várias delas, inclusive granadas, mas a carteira na hora de pagar a conta nunca sabe onde foi parar — o detetive olhou para o comandante.

— Como eu disse, acontece — Steve repetiu.

— Outra coisa que vamos acrescentar nessa lista de coisas que você vai me pagar é um jantar por semana.

— O que? Por semana?

— Sim, vamos estabelecer um dia da semana e você vai me levar para jantar e pagar a conta. Com o seu dinheiro que estará na sua carteira. E nada de "esquecer" a sua carteira!

— Claro, mais alguma coisa? — McGarrett bufou.

— A lista é imensa, mas vamos começar por isso — Danny respondeu.

Os dois suspiraram, a dor estava incomodando, mas eles podiam aguentar. Se as placas de concreto se mexessem, eles seriam esmagados e era por isso que sabiam quão difícil seria para o resgate. Talvez eles só morressem ali mesmo.

— Que tal as terças? — Steve sugeriu do nada.

— O que?

— Para os jantares que você falou, que tal as terças?

— Por que as terças?

— Se tivermos folgas no fim de semana o Charlie vem para sua casa, na segunda você é uma péssima companhia e tem jogo da NFL, assim como nas quintas. Então sobra terças e quarta.

— Mas e a sexta?

— Sexta é final de semana.

— Não, sexta é durante a semana. Finais de semana são sábado e domingo — o detetive explicou.

— Você vai implicar com tudo o que eu falo?

— Eu posso morrer daqui há alguns segundos, me deixa ter meus últimos momentos de prazer.

— Vão conseguir resgatar a gente e aí você ter que admitir que é um dramático pessimista — Steve apontou para o parceiro, que revirou os olhos.

— Admito e logo depois você vai ter que começar a pagar as contas do meu carro e me levar para jantar toda semana — Danny retrucou — e eu aceito as terças.

— Nossa, que milagre, o detetive Danniel Williams concordou com alguma coisa que eu falei. Você está ouvindo isso? Até os anjos estão chocados.

— Ótimo momento para falar sobre ouvir anjos — Danny o provocou — quando estamos prestes a morrer.

— Danno — Steve o chamou depois deles ficarem minutos em silêncio.

— O que?

— Qual foi sua alucinação?

— De volta com isso? — o detetive esbravejou.

— Nós podemos morrer e eu vou ficar sem saber o que era?

— Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim — Danny retrucou.

— Eu sei tudo sobre você — Steve respondeu ofendido.

— Claro que não!

— Claro que sim!

— Não, não sabe, mas eu sei sobre você.

— Se é assim, que tal eu conto um segredo e você conta outro, vamos ver quem vai ficar mais chocado? — McGarrett sugeriu.

— Vamos até apostar, porque você vai perder feio — Danny falou rindo.

— Certo, se eu ganhar você vai ter que fazer algo que eu quero, se você ganhar eu faço algo que você quer — o SEAL sugeriu.

— Aceito, você começa.

— Quando eu estava no treinamento da marinha eu era o mais novo, por isso alguns dos cadetes mais velhos pegavam no meu pé e eu não podia responder. Uma noite eu me irritei, sabotei o carro de um dos tenentes e deixei que os cadetes levassem a culpa. Eles ficaram presos por um mês e ninguém nunca soube que fui eu.

— Apesar de ser assustador pensar que você já tinha essa mente maléfica com dezesseis anos, não me surpreende, porque é algo que você faria — Danny deu de ombros — Quer tentar de novo?

— Seu segredo é tão ruim assim? Bem, sabe aquele ex-namorado problemático da minha irmã que sumiu por um tempo?

— Sei, Mary chorou por uns dias até que resolveu bloquear ele em tudo e seguir em frente — o detetive comentou — você não o matou, né?

— O que? Não! Apenas descobri que ele tinha multas em atraso e usava maconha de vez em quando. Então pedi um mandado de prisão por causa das multas, quando a polícia pegou ele, encontrou as drogas e ele teve que ficar uns dias na prisão.

— Percebeu que todas as suas histórias terminam com alguém sendo preso?

— Pelo menos não matei ninguém — Steve comentou e Danny concordou — e o seu segredo?

— Sou bissexual.

— O que? — Steve girou seu pescoço tão rápido, que até estralou e começou doer. Seus olhos estavam arregalados e ele sentiu que aquele foi um daqueles momentos que o cérebro tem um apagão temporário e não consegue registrar o que está acontecendo ao redor.

— É isso, sou bissexual.

— Desde quando? — McGarrett ainda estava com problemas para acreditar que aquilo era real.

— Que pergunta é essa? Desde que eu nasci — Danny fez careta.

— E por que EU nunca soube disso?

— O que você queria que eu fizesse? Quando a gente se conheceu eu estava apontando uma arma na sua cara, queria que eu abaixasse minha arma e falasse "Olá, prazer, sou o detetive Danniel Williams, sou de New Jersey, odeio o Havaí e, a propósito, sou bissexual"?

— Ok, não, mas somos amigos há muito tempo e por que você nunca contou?

— Sei lá Steve, nunca falamos sobre sexualidade, nunca achei que fosse necessário. Se eu tivesse namorado um homem eu falaria, só não aconteceu — o detetive deu de ombros — Por que? Não vai me dizer que você é um homofóbico e vai começar a me odiar agora.

— O que? Não! — McGarrett exclamou, ele virou seu corpo totalmente para o amigo, mesmo que isso tenha exigido um pouco esforço e tenha feito suas costelas incomodarem — Alguma vez eu dei a entender que eu não te aceitaria e foi por isso que você não me contou?

— Claro que não. Primeiro, você não tem que aceitar porra nenhuma, eu sou muito bem resolvido da minha sexualidade e não é a opinião de outra pessoa que vai interferir nisso. Segundo, se eu achasse que você é esse tipo de gente, eu nem te manteria na minha vida. Já basta minha ex.

— Rachel não gosta de você ser bi?

— Ela acha que isso foi só "uma fase", mas me pediu para não falar com Grace e Charlie "porque isso pode os influenciar" — Danny revirou os olhos.

— Que idiota! — Steve exclamou e Danny sorriu concordou.

— Como podemos ver, eu ganhei a aposta, então se sairmos vivos daqui eu penso em algo que eu queira que você faça.

— Espera, como vou saber que você não está inventando só para ganhar a aposta?

— Você está brincando?

— Não, como posso ter certeza?

— Por favor — Danny revirou os olhos — Como eu te provo que sou bissexual?

Os dois se encaram, mesmo no ambiente com pouca luz, um olhando nos olhos do outro. A boca de Steve secou e ele não ia falar o que estava pensando, mas seu coração acelerou um pouco.

— Já sei — o detetive sorriu — tem um clube LGBT em Waikiki. Vamos lá e você pode ver por seus olhos mesmo.

Steve parou por um segundo e pensou neles em um clube, não é como se nunca tivessem saído juntos. Mas ele teria que ver Danny beijando outro homem e era esse problema.

— Não mesmo — o SEAL negou com a cabeça e Danny riu.

— Então vai ter que acreditar nas minhas palavras — ele deu de ombros.

O detetive suspirou e voltou aos seus pensamentos. Ele tinha visto Grace crescer e tinha muito orgulho da sua princesa. Infelizmente ele não poderia ver Charlie crescer e por uma merda do destino (leia-se sua ex mulher) tinha perdido muita coisa da vida do filho, mas esperava que o tempo que passou tentando recuperar tivesse sido o suficiente para ele saber o quanto o pai o amava.

Ele também sentia por sua família, seus pais já tinham perdido um filho, agora perderiam o outro. Esperava que o fato dele morrer em um ato heroico abrandasse a dor e tivessem orgulho dele. Também tinha sua equipe, sua "Ohana" como dizia Steve. Ele os amava como sua família verdadeira, sabia que seria difícil para eles perderem o comandante e um membro da equipe de uma vez, mas eles eram capazes de se reerguerem e seguirem em frente. Danny tinha muito orgulho de todos eles.

Pensar que morreria ao lado de Steve era, de um jeito bizarro, confortador. Talvez ele sempre soubesse que isso aconteceria, principalmente pelo jeito que aquele psicopata dirigia. Eles eram uma boa dupla, provavelmente Steve era a pessoa mais importante de sua vida (tirando seus filhos, que eram outro patamar). Eles se conheciam só pelo olhar, poderiam terminar as frases um do outro, sempre sabiam quando o outro precisava de alguma coisa, mesmo que essa coisa fosse apenas um simples abraço. Danny amava Steve no sentido real da palavra e até era meio poético morrerem juntos.

Danny revirou os olhos mentalmente, devia ser a falta de oxigênio no seu cérebro que estava o fazendo pensar assim. Ele sabia sobre seus sentimentos, mas aquilo acabava ali, literalmente.

— Danno — Steve sussurrou.

— Sim? — ele se virou para o amigo, eles estavam mais próximos do que ele pensou.

— Sobre os segredos... eu estava pensando....

— Nem vem, você não vai tirar a minha vitória — Danny brincou e Steve engoliu em seco.

— Não é isso, eu...

Ele não teve tempo de terminar a frase, um barulho muito alto veio de cima, tudo começou a tremer e poeira caía sobre eles. Algumas partes do concreto se soltaram da grande placa e caíam perto deles.

— Danny — Steve conseguiu puxa-lo antes que fosse esmagado por uma grande pedra. Eles tossiam e não conseguia respirar direito, o pó se prendia nas vias respiratórias e os asfixiava aos poucos — Danny, como você está?

— Eu... não consigo respirar... não... consigo...

— Não! — ele segurou o rosto entre as mãos — por favor Danny, respira comigo, devagar, Danny não fecha os olhos, por favor!

— Steve... — ele se agarrou as mangas da blusa do parceiro como se aquilo fosse salvar sua vida, por mais que puxasse o ar, parecia que não vinha o suficiente.

— Não Danny, você não pode me deixar... Danno... por favor... — Steve estava ignorando sua própria necessidade de ar pelo desespero de ver Danny morrendo na frente dos seus olhos.

Mais barulho, mais poeira por todos os lados e mais pedras se soltando. Steve se debruçou sobre Danny, o protegendo com o próprio corpo. Ele repetia o tempo inteiro "Eu não posso te perder! Eu não posso te perder!".

— Steve! Danny! — eles ouviram uma voz conhecida os chamar.

Steve abriu os olhos confusos e tinha luz ofuscante, ele não estava entendendo o que estava acontecendo e a luz forte o fazia enxergar mal, mas alguém o puxou pelos ombros. Falavam com ele, mas estavam tentando tirar Danny dos seus braços e ele não queria soltar. O detetive ainda estava agarrado em sua roupa, ele também não queria se soltar, então ninguém iria tira-lo dali.

— Steve, solta o Danny. Steve sou eu — o SEAL piscava sem conseguir enxergar direito, sua visão estava turva, ele não conseguia pensar direito — Steve é o Chin, solte o Danny.

— Chin? — ele perguntou confuso, sua voz falhando e saindo áspera.

— Sim, solte o Danny, vocês precisam de atendimento médico.

Steve olhou para o lado e Kono estava com Danny, tinha mais gente, eles os puxavam. Logo estava olhando para o céu noturno e colocaram uma máscara de oxigênio no seu rosto. Ele olhou para o lado e Danny estava na outra maca,  os dois sendo atendidos e tinha muita gente atrás da barricada da policia.

— Dramático pessimista — ele disse com a garganta machucada, apontando para Danny, que sorriu.

— Jantar — o outro respondeu apontando de volta.

Eles foram levados para as ambulâncias e Steve relaxou sentindo os medicamentos fazerem efeito. Chin estava do seu lado e Kono tinha com o loiro. Danny estava vivo, então tudo estava bem. 


Primeiro capítulo, o que acharam?

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