ᴀʙᴀɪxᴏ ᴅᴀ sᴜᴘᴇʀғɪᴄɪᴇ

Yongbok se dirigiu até um dos vários quartos da residência dos Lee's, a porta de correr feita de madeira foi aberta por ele devagar e viu Lee Minho dentro do quarto sentado na frente de uma mesinha, escrevendo alguma coisa em um papel com um pincel, ele levou sua atenção para o recém-chegado e deixou um sorriso escapar aos poucos.

— Como é bom ver um rosto familiar! — ele bufou se levantando rapidamente, como se quisesse fazer isso há tempos e o puxou pelos ombros para mais perto, em um abraço desajeitado — Como foi esses dias de liberdade? Você desapareceu e apareceu agora, nem Bang Chan sabia o seu paradeiro.

Diferente do jeito despreocupado de Lee Minho, Yongbok parecia um pouco tenso e estressado, sentia a raiva aflorar aos poucos à cada palavra proferida pelo outro. Retirou o braço que estava em seu ombro de forma grosseira e se virou para encará-lo, ele parecia confuso com o ato repentino.

— Minho, você sabia?

— Do que você está falando, primo?

O Lee que agora estava com seus cabelos escuros, pegou uma carta escondida no meio dos tecidos de suas vestes e jogou na mesinha em que o Lee estava sentado antes, ele a pegou e leu silenciosamente.

— Leia em voz alta.

Caro senhor Lee, aviso-lhe que tudo correu como o planejado, o corpo de vosso irmão e sua esposa foi descartado de forma segura, mas sinto informar que Lee Yongbok conseguiu fugir e desaparecer em meio as árvores, porém fique aliviado, ele é jovem demais e pensará que foi algum ataque de saqueadores.

Hwang Hyungjoon.

Minho pareceu mais confuso e assustado do que nunca, seus olhos estavam arregalados e encarava o jovem de dezesseis anos na sua frente.

— Bok, não faço ideia do que é essa carta! Onde a encontrou?

— Faz alguns dias que eu tenho recebido cartas estranhas, dizendo a verdade por trás da morte dos meus pais, com símbolos idênticos aos que eu vi na roupa dos assassinos, o pior de tudo é que eu nunca havia percebido o quanto aqueles símbolos pareciam o brasão dos Hwang.

— Isso pode ser falso, você sabe, você conhece meu pai, sabe como ele é e como ama você e amava o irmão!

— É isso que vou tirar à limpo hoje, vou perguntar diretamente para o senhor Lee.

Yongbok não esperou a resposta do mais velho, se virou e saiu do quarto rapidamente, Minho não soube como reagir, se acreditava ou não, aquela acusação era grave e não acreditava que seu pai teria coragem daquilo, apesar da raiva, Yongbok parecia mais sem rumo ainda.

Após o "roubo" que resultou na morte dos seus pais durante uma viagem em família para a vila natal de sua mãe, Yongbok, sendo o único sobrevivente, foi abrigado e cuidado como um filho por Lee Seok Min por cinco anos. Nesses anos, Yongbok mostrou suas infinitas habilidades marciais, mostrando sua competência e conquistando corações em toda a capital, mesmo em tenra idade ele já mostrava que não seria só mais um nome da família Lee, ele teria renome e um motivo para estar em um patamar alto dentre o povo.

Yongbok admirava seu tio e o amava, era uma parte da sua família e acreditou profundamente que conseguiria se sentir parte da família de Seok Min, mas nos últimos dias ele havia recebido todas aquelas cartas estranhas, sem um remetente com pistas do assassinato dos seus pais, mesmo sendo tão jovem, esse Lee tinha um forte senso de justiça e e vingança, queria ver o rosto da pessoa que tirou as pessoas que mais o amou na vida, mas tudo desmoronou ao ser levado até uma pequena cabana dos Lee's em frente ao lago — abana em que Yongbok nunca entrou por ser proibida — onde tinha diversas cartas escondidas dentro de uma caixa pequena de madeira. Todas seladas com a marca dos brasões das famílias nobres.

Tudo desabou por completo ao ouvir da boca do seu próprio tio a verdade, o homem que tanto admirou confessou que foi o mandante do assassinato dos seus pais, tudo por poder, tudo para ser o chefe da família Lee. Nessa noite, Yongbok foi jogado para fora da residência de forma vergonhosa, sendo acusado no meio da rua por calúnia e trair o líder da família, o brasão da nobreza grudado em sua roupa foi arrancado. Foi a noite em que o renome desse Lee foi jogado no lixo.

Após esse momento humilhante, Yongbok desapareceu por três anos, ninguém havia notícias do garoto talentoso e amoroso que conheciam.

Até que um dia, mais precisamente no aniversário de quarenta anos de casamento dos Hwang, Hyungjoon se exaltou, fazendo uma enorme festa extremamente chamativa e convidativa, chamando nobres de todo o país para festejar essa data especial. Foi nesse momento tão importante para os Hwang, que ele apareceu, o homem de cabelos escuros, o lábio superior com um fofo formato de coração, rosto sardento e sorriso brilhante, ele observou os Hwang de forma impassível, principalmente Hyungjoon.

...

A paz acabou de vez duas semanas após o aniversário, o primeiro corpo foi encontrado no meio da estrada principal, morto com um corte profundo e preciso no pescoço, sem sinais de luta, mostrando que aconteceu enquanto descansava dentro da carruagem, e essa pessoa foi Lee Seok Min.

Não só Seok Min foi morto, mas todos os guardas pessoais da escolta do líder Lee, exceto o amigo de infância de Yongbok, Bang Chan, que só foi visto como desaparecido.

Com a morte de Seok Min, Yongbok conseguiu as informações que precisava: os envolvidos na morte dos seus pais.

Todos os nomes estavam com ele agora, todos de famílias nobres ou renomadas na Academia Militar, sendo muitos deles conhecidos e um deles professor da Academia.

Família Yang, Kim e Seo.

Na noite seguinte, a família Kim foi massacrada e os corpos foram encontrados na manhã seguinte, como aconteceu com Seok Min. Logo a capital entrou em alerta, a segurança das famílias nobres ficaram mais rigorosas, os soldados reais procuravam pelo assassino noturno de forma afinca, com medo de que o rei pudesse ser um dos alvos. Na próxima noite, a família Seo e por último na lista, a família Yang, cada família nobre caindo uma por uma aos seus pés, da mesma forma que fizeram com seus pais, estavam sentindo a mesma dor que sentiu na época.

Agora só tinha dois alvos restantes, os Hwang e Lee.

Yongbok achou que seria mais divertido deixar os Hwang por último, pois foram eles que tanto havia procurado por todos esses anos anos, deixaria o melhor por último. Por isso entrou na mansão Lee, saber todos os esconderijos e pontos cegos deram frutos, suas fugas noturnas com Minho não eram tão inúteis quanto imaginava.

Yongbok ficou escondido e Bang Chan o esperou do lado de fora, até que já fosse tarde da noite, Minho provavelmente estava dormindo, os guardas estavam perdendo seu ritmo na patrulha, então apressou-se em sair do seu esconderijo e se dirigiu diretamente ao quarto de Sana primeiro, deixaria Minho por último, como imaginou, ela estava em um sono profundo, então não hesitou em matá-la como fez com todos os outros. Deixou o corpo de Sana intocado, imperceptível que estava morta até que se aproximassem e percebessem o sangue que aflorava do corte recém-aberto em seu pescoço.

Lembrou daquele momento, dois anos atrás, quando tentou pedir ajuda para Sana, implorou para que ela o ajudasse e acreditasse nele, para que não tivesse uma visão errada sobre o que aconteceu no dia em que foi expulso, mas ela virou as costas para ele e o abandonou, o acusando de tentar caluniar seu pai e tentar matá-lo.

Ela merece...

Então, finalmente foi para o quarto de Minho, ainda tinha uma pequena luz de vela acesa, ele ainda estava acordado.

Yongbok abriu a porta do quarto sem se importar, Minho se virou para ele rapidamente, surpreso por terem entrado em seu quarto sem aviso prévio, mas ao ver quem era, deixou um sorriso pintar sua face, parecia aliviado em rever seu primo que cresceu ao seu lado. Não se conteve, a saudade que havia sentido nos últimos três anos foi algo sufocante, Bang Chan e Yongbok desapareceram e deixaram-no sozinho, após o abraço, também não conseguiu conter um soco fraco que deu no ombro do mais novo, um soco de advertência.

— Como você pôde sumir e não dar mais notícias?

— Você está horrível — Yongbok disse encarando as marcas escuras abaixo dos olhos do seu primo — têm dormido nos últimos dias?

— É difícil dormir depois de tantas desventuras acontecer, tenho tentado assumir o cargo de líder, mas não consigo sozinho, acabo tendo que pedir ajuda, o filho dos Han's tem me ajudado bastante nos últimos dias, mas mesmo assim fico acordado até tarde. — Minho bufou pesadamente, como se precisasse reclamar disso para alguém — Por que não apareceu antes?

— Talvez eu estivesse sentindo vergonha o suficiente para não querer dar as caras, ou poderia ser por causa da raiva que senti e acumulei. — ele apertou a sua espada já dentro da bainha — Minho, você conseguiu esquecer tudo o que o senhor Lee fez?

— Não teve um dia sequer que eu não tenha pensado naquilo, Bok, quero que você saiba que eu nunca perdoei meu pai ou pensei nessa possibilidade, o que ele fez foi desumano, tirou a vida do seu próprio irmão, alguém que cresceu ao seu lado e sempre o apoiou, é imperdoável.

Imperdoável...

As palavras de seu primo fez o moreno pensar no que havia feito, no que estava fazendo, Sana cuidou dele como uma verdadeira irmã mais velha, o protegeu dos valentões da academia quando ele era novato, cuidou de suas feridas do treinamento, fez comidas deliciosas para ele e Minho. Mas ele teve a coragem de tirar a sua vida como se não valesse nada.

Gritos preencheram o corredor, passos rápidos e pesados ecoaram, Yongbok já sabia do que se tratava, o corpo havia sido descoberto e estavam à procura do assassino.

- Me desculpe, Minho.

Yongbok saiu correndo do quarto antes que chegassem no local e o prendesse, Minho não sabia o que estava acontecendo então correu para fora, os gritos de que havia acontecido um assassinato dentro de sua residência o desesperou, correu na direção contrária dos soldados, que tentavam o segurar e perguntar se estava bem, mas ele ignorou todos e se dirigiu ao quarto de Sana, que estava com a porta escancarada.

As lágrimas desceram pelo seu rosto rapidamente, enquanto estava sem reação ao ver a cena na sua frente, sentia um grito de dor preso em sua garganta que não conseguia soltar pois nenhum ruído sequer conseguia ser emitido no momento.

Sana estava lá, o lençol grosso estava manchado com seu sangue, a pele pálida e o corte profundo em seu pescoço, os olhos fechados de forma pacífica como se só estivesse em um sono extremamente profundo, sono esse em que nunca mais acordaria.

A única ação que conseguiu realizar foi segurar a mão de sua irmã mais velha, até as forças de suas pernas o abandonaram e os seus sentidos para entender o que acontecia ao seu redor ficaram confusos. Perdeu a pessoa que mais o amou e se importou com ele.

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