Paz? Desculpe, está em falta em nosso estoque.
"Dizem que nosso destino está ligado a nossa terra, que ela é parte de nós assim como nós somos dela. Outros dizem que o destino é costurado como um tecido onde a vida de um determina a de muitos outros. É a única coisa que buscamos, ou que lutamos para mudar, alguns nunca encontram o destino, mas outros são levados a ele."
Mérida- (filme "Valente").
Já se passou duas semanas desde que Linda foi até minha casa. Relutantemente eu resolvi perdoa-la. Eu sei que não devia, mas... Não consigo ficar com essa culpa dentro de mim, me sentindo responsável por não ajudar ela nesse momento difícil. Até por quê, eu conheço bem minha amiga, e sei que se eu não cuidar dela, ela vai voltar a tomar vários remédios de uma vez só ou então... Tentar se machucar novamente. E isso eu vou tentar evitar até quando não puder mais. Quero deixar o passado onde é seu lugar, no passado!
Esse final de semana eu tenho pouca tarefa para fazer, então resolvi tirar um tempo para mim e decido ler um livro.
Olho para a pequena poltrona acinzentada, que fica ao lado da minha janela. Senti-me pego meu livro favorito "O pequeno príncipe". Ao começar a leitura, escuto o barulho de uma notificação.
- Não... Logo agora? -sussurro.
Me levanto da poltrona e caminho até minha cama, onde se encontra meu celular. Coloco o livro em cima da cama e olho a notificação no celular. É de um número desconhecido.
- Oi, lembra de mim?
Logo clico na foto de perfil da pessoa e vejo quem é. Ao olhar a foto, não posso acreditar no que meus olhos vêem. É Otto Mithra, meu melhor amigo de infância. Perdemos o contato quando me mudei para cá, e agora não posso acreditar que vou falar com meu velho amigo, novamente! Em seguida, dígito:
- Otto, é você mesmo?
- O Batman que não é.
- Ainda bem, sempre detestei morcegos. :)
- Kkkkk você não mudou nada, hein.
- Você também.
Eu estava com tantas saudades de Otto... Somos quase a iguais na personalidade, ele é bastante tímido e fofo, suas piadas são tão ruins, que acabam se tornando engraçadas, e claro... É muito bonito. Com seus olhos castanhos claros, sua pele pálida, e corpo levemente malhado. Ele só aumenta seu charme quando coloca seus óculos, e ajeita seu cabelo para o lado preto, com um corte estilo "Ive League", (sem falar que sua altura também chama muita atenção).
Não é difícil dizer que ele não chama atenção por onde passa. Só queria que ele tivesse a consciência disso. Geralmente ele acha que não tem nada de interessante e que ninguém nunca vai gostar dele. Confesso que nessas horas eu quero matar ele no tapa.
- Então, como estão as coisas por aí?
- O de sempre... Tirando o fato de minha companheira de minhocas não está mais aqui comigo. :(
- Já disse para você não falar mais isso, tínhamos 8 anos. (- _ -)
- É justamente pelo fato de você me mandar não falar isso, que faço questão de te lembrar sempre!
Passamos algumas horas conversando e colocando o papo em dia. A conversa estava tão boa que nem vi o tampo passar. Quando olho no relógio, já são 18:00 horas.
- Mds, preciso ir fazer a janta. Minha mãe já vai chegar e ainda não fiz nada.
- Sempre esquecida não é mesmo, dona Aysha? Vai lá, e diz que mandei um beijo pra tia.
- Ha ha ha... Até mais!
Colocando o celular para carregar, eu me dirijo até a cozinha. Mas chegando lá, tenho uma surpresa.
- Mãe? Já chegou... Eu nem ouvi a senhora chegar.
- Sim, resolvi chegar um pouco mais cedo e preparar uma jantinha especial para nós. - diz ela erguendo as mãos e mexendo os dedos freneticamente.
- Um... E qual é o motivo da comemoração? - pergunto.
- Consegui um emprego! - diz ela, toda entusiasmada.
- Oba! Agora eu quero te ajudar também!!
Ao sentarmos a mesa, explico a ela o por quê eu demorei no quarto.
- Então mãe, sabe quem falou comigo hoje?
- Quem?
- Otto!
- Sério? Faz tempo que vocês não se falavam, não é? Como ele e sua família estão?
- Estão bem, ele mandou um beijo para você.
Ela não fala nada, apenas da de ombros. Ela jamais agiria assim, tenho certeza que algo aconteceu.
- Mãe? Tem alguma coisa que não está me contando?
- Tem... - ela solta o ar, como se prendedor a respiração por muito tempo.
- Seu pai ligou. - ela diz isso e olha para mim.
- E o que ele falou?
- Disse que estava com saudades e queria te ver.
A olho por um segundo e em seguida abaixo a cabeça e volto a comer.
- Filha eu sei que vocês nunca foram muito próximos, mas por quê não dá uma chance a ele?
Meu pai sempre me deu bons conselhos e me ensinou o que é certo e errado. Mas, sinto que nunca tivemos uma relação verdadeira de pai e filha, sabe? Nunca saímos para passear, ou tomar sorvete. Nunca nos sentamos e assistimos a um filme, nunca ouvi da boca dele que estava orgulhoso de mim, nunca ouvi um "eu te amo", e quase nunca nos abraçamos. Na verdade, sempre sentir que morava com um total estranho.
- Vou pensar, mãe. Eu prometo! - ao falar isso, me levanto da mesa e levo a louça até a pia. Depois disso, dou um beijo de boa noite nela e vou dormir.
Chegando no quarto, pego meu livro que ainda não acabei de ler e me ajeitando na cama, eu começo a leitura. Amo viajar nessas histórias, quando leio, sinto que vou para outros lugares, sinto que posso ser quem eu quiser e fazer o que eu quiser. Eu experimento um pouco da liberdade. Quanto a meu pai, não sei se consigo falar com ele.
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