Um coração nobre não pode suspeitar que haja nos outros a baixeza e a malignidade que não existe nele.
Jean Racine

Ao chegar no colégio, logo me deparo com Lin falando com seu grupinho popular. Enquanto as observo, paro e penso que, eu facilmente poderia dizer que suas duas amigas (a tica e a teca), se parecem muito com Drizella e Anastasia. Se brincar, a Lin vira a Cinderela. Prontinho, mais três atrizes para um novo filme live action da Cinderela.

- Olha só quem chegou, bom dia! - ela vem em minha direção e me da um abraço, mas logo volta sua atenção ao grupinho dela.

Ela sempre me ignora quando está de papo com outros... Nada de novo por aqui. Sigamos!

Após o comprimento "estilo flash", entro na sala e logo me sento no meu canto favorito. Desde o começo do ano, eu sempre preferia sentar na cadeira da frente, encostada na parede que fica perto da janela. É um bom lugar para prestar atenção na aula, e quando ela começa a ficar chata, é só me virar para a janela.

Enquanto retiro meus materiais da bolsa, olho rapidamente para a frente, e meus olhos castanhos encontram os olhos azuis de Matthew White (meu crush). Ele me olha e acena, eu aceno de volta e logo me viro para meus materiais. Não nos falamos muito, apenas algumas vezes, quando ele precisa de ajuda com alguma matéria.

- Por que eu nunca consigo falar com ele sem parecer um bixo do mato assustado? - sussurro para mim mesma.

A aula de química está tão boa, que nem vejo o tempo passar. Quando dou por mim, já são 8:30, e saimos para o intervalo.

Estou a caminho de comprar meu lanche, quando escuto Lin gritar:

- Ei, aonde pensa que vai mocinha?

É engraçado, há cinco minutos atrás eu estava me sentindo o cosplay do homem invisível...

- Estou indo comprar meu lanche, Lin. - reviro os olhos em direção ao balcão. Ela é uma ótima amiga, mas as vezes é tão sem noção...

- Ok, vai comprar, e depois volta aqui. Você vai sentar com a gente, hoje.

Olho acima do ombro dela, e vejo as duas cobrinhas que andam com ela. Eu não sei o motivo, mas eu não gosto delas de jeito nenhum.

- Está bem, mas não prometo ser legal com elas. - faço um gesto com a cabeça apontando em direção a elas.

- Uhum... Vamos? - ela me pega pelo braço e me leva até a mesa.

A sigo, e me assento com tica e teca. Enquanto como, as observo falando sobre coisas como unhas, cabelo, maquiagem, cremes e etc. Não que eu não goste dessas coisas também, mas não faço delas o centro da minha vida.

Ao inclinar minha cabeça para o outro lado do refeitório, não posso deixar de notar a presença de Matthew... Ele é tão lindo... Tudo nele contrasta perfeitamente, seu cabelo loiro escuro e corte social, juntamente com sua pele pálida e seus ombros largos. E ele sempre fica bem com camiseta branca e calça jeans escura.

Eu facilmente o colocaria dentro de um celta preto, o sequestraria... Brincadeira.

- É sério que você ainda é apaixonada por ele? Eu pensei que isso tinha acabado a muito tempo. -indaga, Lin.

- Não entendi, do que está falando Lin? - faço-me de desentendida.

- Não se faça de sonsa, você gosta dele a um bom tempo e ainda não falou para ele?

- Você sabe que sou tímida não é? E outra, acho que eles jamais ficaria com uma garota como eu... (Auto estima baixíssima da gata).

Ela não diz nada, apenas me observa e fica calada. Alguns minutos depois, ela sai da mesa e some por um tempo.

Uns 5 minutos depois, Lin aparece e me manda ir com ela.

- Espera aí, mas para onde vamos? - pergunto confusa.

- Só vem comigo, vamos comprar algo. - ela pega meu braço e sai me levando entre a multidão de adolescente a nossa frente.

Vamos andando (quase correndo) e em seguida avisto Matthew e seus dois amigos inseparáveis. Quando menos espero, ela puxa meu braço e me jogou na frente dele. (Meu Deus, e agora o que é que eu faço?)

Ele, seus amigos e eu estamos nos olhando sem entender nada. A situação está para lá de constrangedor a... Só escuto a voz de Lin dizendo:

-Vai, diz a ele que você gosta dele.

Eu entro em choque! Não sei quanto tempo passou, mas ainda estamos sem entender nada e confusos demais com tudo que está rolando. Quando finalmente saio do transe e tenho alguma reação, eu (não sei como) mas me viro e saio calmamente dali.

Não sei da onde tirei forças para não desmaiar alí mesmo. Voltei a mesa onde estávamos, e esperei Lin alí.

- Você ficou maluca? Sabe o quanto isso foi vergonhoso? - grito em tom baixo e ainda tremendo.

- Ah, desculpa... Eu só pensei que ajudaria você a se declarar de uma vez, Sha. - diz ela, parecendo indiferente sobre a situação.

- Achou? Isso foi ridículo, não precisava disso Lin! - eu me retiro dali, pego minhas coisas e vou para casa. Não quero ficar nem mais um minuto aqui.

Antes de sair, eu escuto passos atrás de mim e logo em seguida uma voz que dizia:

- Ei, desculpa mesmo. Olha, ele disse que não está interessado porque ele tem namorada e...

Sequer deixo ela terminar a sua fala, nem olho para ela, saio e vou direto para casa.

Assim que chego em casa, nem comprimento minha mãe. Vou direto para meu quarto, tiro meu casaco e me jogo na cama. Eu só quero chorar e esquecer tudo isso que aconteceu. Me pergunto o tempo todo, como ela pode? Ela queria me ajudar, mas tinha mil maneiras de fazer isso. Que ódio que eu estou!

Eu me viro para o lado e ouço minha mãe bater á porta.

- Filha? Tá tudo bem? A janta está pronta.

- Tudo bem, mãe. Não quero comer.

Ela sabe quando preciso de um tempo, então não insiste.

- Tudo bem, boa noite!

Por que minha vida não pode ser como nos filmes? Onde a nerd sempre termina com o popular. Mas esqueço que não estou em um filme clichê. Só quero chorar e me manter trancada aqui para sempre!

Após horas chorando feito uma condenada, eu acabo caindo no sono.

É isso pessoal, será que Aysha deve perdoar a Lin? E quanto ao Matthew, o que será que ele vai fazer a respeito? Veja nas cenas do próximo capítulo.

Ah, assim que eu terminar o capítulo 3 eu posto, obrigada por ler até aqui. Bjs!