Epílogo

Um reino só é o que é, mediante a seu governante. Era o que meu tio sempre dizia.

Nunca concordei com ele, assim como não concordo detalhadamente sobre o que acham sobre os Mallmann.

Sou uma, querendo ou não. E bem, me pediram para que escrevesse sobre os últimos dias da rainha Acsa Son-Vac Mallmann. Ela sofreu e morreu pelo reino. Entendam essa frase pelo duplo sentido. Acsa foi morta na frente de centenas de Ilyanos que aplaudiram quando sua cabeça caiu no chão. Ela não teve culpa, mas uma revolução precisa, e às vezes necessita de medidas extremas. Estive com ela no seu último dia e ela me parecia conformada com seu destino. Querem saber o que eu acho dos Mallmann? Deixo as últimas palavras de sua monarca falar por si. "Honra me fez fazer o que fiz. E algumas princesas, não se tornam um rei."

— Lady Lizandra Theodora Mallmann Delaroy, para o Jornal Ilyano. Verão de 488 depois de Barkov."

William lia em voz alta o jornal da entrevista que eu havia dado escondido dele a pelo menos uma semana atrás, mas que só havia sido publicado hoje por conta do feriado de luto que o conde Alexey havia proposto em nome da morte de Acsa. Assim toda Teslia, Gilian e Ilya consideravam um feriado nacional. Meu marido, um Lorde da câmara e ex piloto do batalhão SKY Riders, não havia discutido nem ao menos imposto sua insatisfação com meu feito, apenas se queixou pelo fato de ter sido feito tudo por suas costas. Mas de fato, não havia contado a ninguém. Ele mancou do meu lado, a perna com a prótese que substituía a original desde o acidente, deixava ele com um leve caxingar, que era apoiada pela bengala de madeira.

— Não sei porque você precisou dar essa entrevista — William disse enquanto me servia do chá.

Em minha mão ainda estava o jornal, o dobrei e pousei sobre meus joelhos. Após quase quarenta e seis anos, sentia que minha visão, finalmente me deixava. Tirei os óculos e me voltei para ele, pegando a xícara de sua mão. Meu marido se sentou ao meu lado, tomando o jornal de minha mão com uma certa cautela, mas eu lhe entreguei o papel de bom grado e dediquei toda minha atenção a meu chá de limão rosa.

— Acho que a história de Acsa precisava ser contada.— Declarei por fim.

— Mas no fundo são palavras perdidas — Ele disse jogando o jornal de lado no sofá. As crianças desceram as escadas correndo e Gareth tropeçou no meu pé, se apoiando em meus joelhos, quase derramando meu chá quente sobre ele.— Gareth, já disse para não correr dentro de casa! Chame seus irmãos e vá para o jardim.

E assim o fez. Correu para fora e eu ainda pude ouvir os gritos e risadas.

— Que avós chatos nós somos.— Dei uma leve gargalhada.

— Somos os melhores, querida.— Ele sorriu segurando minha mão, pude levantá-la e beijar o topo dela.— Tem certeza que está tudo bem? A entrevista sobre sua prima pareceu mexer bem com você.

—William, já faz mais de trinta anos, e depois — Fiz uma pausa para continuar bebendo o chá.— São só palavras perdidas. E como você mesmo disse, no fundo, elas não importam para o povo.

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