Capítulo 3
Em ocasiões mais que especiais, os bailes eram sempre muito esperados. Vários bailes de todos os tipos foram realizados em salões públicos e em casas particulares. Haviam, por exemplo, bailes de caridade destinados à captação de recursos, bailes organizados por sociedades e associações, e bailes à fantasia, que embora menos frequentes eram muito populares. Havia também os bailes de debutantes em que as jovens senhoritas eram apresentadas à sociedade. Além das aulas de comportamento, etiqueta e dança. Acsa e membros da família real eram educados em casa, longe das universidades ou escolas publicas, diferente da rainha Catharina que estudou em universidades se formando em história e geografia, esse costume não foi seguido pela monarca e seus filhos seguiram as tradições mais rígidas. Desta forma, Acsa estudou e aprendeu sobre leis, costumes, línguas, história, geografia, filosofia e sociologia, além de se destacar em Artes. Tomou como hobby uma ótima musicista, sabendo tocar piano, violino e até mesmo acordeon.
Acsa não teve a presença da rainha para lhe ensinar como uma mãe lhe ensinaria tudo isso, nem ao menos teve isso de seu pai, então esse trabalho em particular ficou por conta de amas de leite, cuidadoras, criadas e damas de companhia. Não que ela se queixasse deste fato, Acsa se sentia orgulhosa de tudo que aprendera sozinha e nas bases dos próprios estudos, porém, sentia falta do calor materno, que nunca tivera mas que sentia saudades mesmo assim. Contudo, aprendeu algumas regras das festas dadas pela sociedade Ilyana e por mais que não participasse delas com muita frequência e nem por muito tempo, achava encantador, como pessoas foram treinadas como bichos de estimação para fazer e agir como máquinas movidas a carvão em salões dourados e brancos como ouro e mármore.
As garotas com oito anos de idade já eram obrigadas a saber de co as regras do livro da coroa chamado "O guia da sala de baile", nele as jovens aprendiam algumas regras do tipo, como se vestir e quais roupas vestir. Isso inclui os cavaleiro também, tendo seu modo, claro, homens sempre tiveram mais vantagens que mulheres, isso mesmo que fosse em Ilya, Teslia ou no meio do deserto Abrau.
Escutava cansavelmente sua ama de leite, lady Cordelia falar sobre como se portava em sua juventude, enquanto ela lhe vestia com a ajuda de mais três criadas.
— Para as senhoras, um vestido de cor clara, com um decote não muito generoso, apenas revelando os ombros e braços, e luvas longas.— Ela fez uma pausa apertando mais o corpete que lhe tirava o fôlego.— As damas devem levar em uma das mãos um leque feito de marfim ou madrepérola e na outra o seu cartão de dança. Muitas senhoras preferem, como eu — Cordelia fez uma pausa apontando o dedo longo com a unha vermelha e com anéis de ouro para si própria.— um corpete de corte quadrado ou forma de coração rasa
para um vestido com muito decote. Às vezes, o decote e topos dos braços expostos, poderão ser cobertos com gaze ou tule.
Outra puxada forte, fazendo Acsa prender o ar por um momento. Escutou Clarisse sorrir enquanto amarrava fitas no cabelo, fazendo uma espécie de coque com tranças e laços cor de marfim.
— Ah, minha lady, não vamos esquecer dos cavaleiros...Os homens devem usar um terno preto ou fraque, gravata branca, calça preta e sapatos polidos — Ela pareceu empolgada enquanto explicava o que Acsa já sabia. — Luvas brancas são de longe preferível.
Clarisse disse olhando para mim pelo reflexo do espelho.
— Poderá escolher o mais belo para lhe chamar para uma dança, tem essa vantagem por ser uma nobre, Acsa.— Adelis disse e Acsa quase não escutou o que a garota de cabelos loiros disse se não tivesse prestado bastante atenção.
— Bobagem, não ficarei tempo suficiente para que ao menos repare em um para que o convide.— Acsa disse em um suspiro baixo, quase um sussurro.
Houve um momento de silêncio e as criadas voltaram ao que faziam e quando ela ficou pronta, calçou os sapatos apertados e o pequeno salto deixou que ficasse algumas diferença mais alta que Clarice, o que não era uma vantagem, mas ela reparou nesse detalhe quando a garota se pôs ao seu lado, admirando o vestido perfeito de tons pastéis com uma camada de tecido que brilhava como pequenas flores de cerejeira em renda. A luva passava dos cotovelos e os dedos longos de Acsa contia tres aneis de cristais e ouro. Sem sua franja longa costumeira sobre a testa, o cabelo estava perfeitamente preso no penteado que Clarice havia feito. Lady Cordelia segurou em sua mão, ajudando que descesse do pedestal em que estava e elas olharam para a princesa como se ela fosse uma deusa ou um anjo. Mas ela não se sentia nem a metade disso.
— Está deslumbrante, princesa.— Adelis disse se curvando.
— Linda como mármore polido — Lady Cordelia deu um longo sorriso.— Tenho certeza que ficarão encantados e eu não me chamo Cordelia Belmon se não achará um pretendente está noite.
Acsa se permitiu sorrir por um momento, os longos cílios se movendo como leques contra o vento, quando foram em direção da porta.
— Neste caso, sugiro que escolha seu novo nome logo, Lady Cordelia — Acsa abaixou o rosto e respirou fundo.— Isso está fora de cogitação em minha devida situação.
Como o previsto, Acsa não ficou por muito tempo e isso não a deixou mais triste, nem pareceu abalar o que havia sobrado de seu ânimo. Quando se sentou na banheira com água quente com a ajuda das damas, o vapor quente deixou sua pele morna e relaxada. Soltou um suspiro, enquanto Clarice retirava as fitas do cabelo escuro longo, deixando as mechas macias e onduladas escorregarem pelas costas, fazendo uma trança frouxa para que não molhasse na água. Ela ficou lá por longos minutos, quase pegando no sono, se não fosse pelas criadas tentando puxar assunto sobre como havia sido o balhe. O mesmo, quis dizer. Cumprimentou os lordes que seu pai apresentou, mesmo que já conhecesse todos. Recebeu os presentes, as jóias, as flores, os acenos de homens bonitos, provavelmente esperando uma chance para dançar com ela. Sentiu muito em decepcioná-los. Mas isso não era algo que era possível dentro das circunstâncias. O rei nunca permitiu tal ato e não seria agora. Ela sabia disso, por mais que não gostasse, sabia que não havia nada que pudesse fazer.
Se levantou com cuidado e com ajuda de Clarice e Lady Cordelia. Se enrolado nas toalhas acolchoadas e logo vestindo suas roupas de dormir e o roupão de seda cristalina. Se deitou na cama que era grande o suficiente para abrigar quatro pessoas adultas e não tão magras. O enorme dossel era alto e as cortinas eram de um tecido azulado e pesado como veludo. Após cada uma delas analisarem se o quarto estava em perfeito estado e tudo nos conformes, apagaram as lamparinas e se retiraram do quarto.
Não havia luz da lua para iluminar sequer um pedaço do quarto escuro e frio, nem outro som que não fosse da chuva lá fora. Ela se encolheu por baixo das cobertas pesadas e sobre os travesseiros macios, respirou fundo, com algo lhe tocando a espinha, como se algo estivesse errado e como se algo estivesse para acontecer. Aquele sentimento estava ali para lembrá-la de algo que ainda não havia acontecido, e ela não dormiu durante aquela noite e não dormiria bem durante o restante dela.
O som de uma porta se arrombando por baixo de um pé pesado e rápido, fez Acsa acorda por um sobressalto. Com o olhar perdido e preocupado ela encontrou a figura alta e escura, como um borrão negro sem rosto na sua frente, com os braços erguidos prontos para segurá-la, mas pelo reflexo, mesmo que ainda lento, fez com que se esquivasse por baixo das cobertas e caísse do outro lado da cama, sentiu uma dor bastante forte no pulso que usou para se apoiar e se levantar, mas a figura agarrou pelo tronco da cintura, lhe tirando do chão e lhe cobrindo com um saco preto sobre o rosto. Havia algo nele, pois quando respirou fundo tomando toda sua força para gritar por ajuda, o odor de ervas fortes fez as pálpebras pesarem como bigornas e ela desmaiou, caiu na imensidão de um sono, que poderia ter sido eterno.
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