Capítulo 16
O conde caminhava de um lado para o outro com seus companheiros logo atrás e ao seu lado. Acsa não sabia o que significava aquele passeio pelo jardim ou porque haviam tantos nobres enfileirados enquanto conversavam entre si. Não que ela se sentisse interessada por estar ali, muito menos de participar entre eles, mas quanto mais soubesse o que o conde planejava, mais assustada ficava com as diversas possibilidades que estavam ao alcance dele. Alexey era no momento o homem e governante mais forte de todos os cinco reinos.
Katlin estava logo atrás dela, mesmo que o conde olhasse de cinco em cinco minutos para as duas, Acsa não se importou de levar a moça consigo, segurando seu braço como uma dama e uma cavalheiro, seguindo logo atrás deles.
Eles estavam todos chegando atrás do palácio, no campo de terra vermelha, em que homens estava preparando suas montarias nos cavalos para o jogo de polo, em seus trajes, uns em tons amarelos, outros verdes e outra equipe em roxo. Acsa desejou por um momento estar vestida as calças de montaria, pois sentiu uma enorme vontade de cavalgar naquela manhã. Katlin que sempre tinha um sorriso no rosto, aquela manhã estava séria e cautelosa, nem um pouco confortável no meio de tantos nobres, por mais que trabalhasse para eles, sabia que aquilo era diferente. Era como um camundongo no meio de uma cesta de cobras. Elas se sentaram nas cadeiras com assentos redondos acolchoados, embaixo de uma soleira, por mais que Acsa segurasse um pequeno guarda sol sobre os ombros, comas mas mãos enluvadas em renda branca, no vestido azul escuro, bordado e com um corselete quase púrpura, ela mantém as botas visíveis abaixo da barra do vestido longo. Katlin enchia uma xícara de chá para ela enquanto o jogo começava. Mas ela podia vê a expressão tediosa de Acsa pelos olhos azuis, agora, mais que nunca ela não fazia questão de esconder seu descontentamento.
Na noite anterior, depois que limparam o quarto e a cama e Acsa recebeu um banho quente, vestiu novas roupas de dormir e ficou na cama, as duas conversaram sobre Ilya e Acsa contou a ela sobre a sua árvore genealógica.
"— Primeiro rei, Augustus Victori Mallmann se casou com Carmélia Susan Ruaely, condessa de Rualey. Eles eram primos de terceiro grau, e se casaram apenas por interesse de terras, pois Ilya era anteriormente dividida. Neste casamento, nasceram três crianças, primeiro a princesa Samantha Tifany Mallmann, o principe Demon Augustus Mallmann e Ryan Mallmann. Samantha que era a primogênita se casou com o arquiduque Ferdinand II dono das terras e do condado de Lamburg, juntos tiveram o Grã-duque de Lamburg, Filipe Marcus Belford Mallmann que se casou com Joane Castili, uma natural de Gilian, primeiro casamento por fora de Ilya. Demon se casou com a futura rainha Catharina, maior governante que Ilya já teve, assim que Demon morreu de tuberculose, Catharina governou por quase trinta anos, juntos tiveram Magnum, futuro rei de Ilya que se casou com a descendente de cigana das terras de Abrau, que adiante tiveram diversos abortos e finalmente a princesa de Ilya — Acsa apontou o dedo para si própria enquanto falava.— , Acsa Son-Vac Mallmann nasceu. Enquanto O lorde Ryan se casou com a Lady Magda Teresa, juntos tiveram a futura Grã duquesa Delaroy e dona de boa parte das terras de Trimphord, mais adiante
tendo um filho com o seu falecido marido Duque Gerald, a Marquesa Lizandra Theodora, que teve forte influência no governo de seu tio Magnum, apoiando seu casamento com Amelia.
— Você sabe tudo isso de co?
— Aprender sobre minha linhagem é o mínimo, Katlin."
Então Charles entrou com passos apressados, ele se curvou perante todos os nobres ali, que fizeram o mesmo para ele, mas em um leve aceno de cabeça. Quando chegou na vez de Acsa, ele parecia não olhar nos olhos dela, ou a tratou como se não a conhecesse. Quase se pegou fazendo o mesmo para Katlin, mas se impediu no momento exato, aquilo seria uma uma ofensa a todos ali.
— Charles, meu querido — Alexey disse pegando o comandante pelos ombros.— Já tiveram o prazer de conhecer meu campeão?— Ele apontou para os líderes, em sua maioria homens, que olharam para Charles como se ele fosse um leão em uma jaula.— O comandante Yurian é o nosso melhor soldado, não é atoa que é o comandante do primeiro batalhão da linha.
— Não é para tanto, Senhor.— Charles disse com a expressão tão séria que se não tivessem escutado sua voz, Acsa podia jurar que não viu sua boca se mover.
— Ah, Yurian, não seja modesto.— Eles ficaram em silêncio e o sorriso no rosto do conde estava assustando Acsa, que segurava a xícara entre os dedos, com um olhar perplexo.— Sabia que o comandante Yurian é um mestre na arte do bōjutsu?
— O bōjutsu não é uma arte milenar de Gilian?
Um homem barbudo com um cachimbo na boca perguntou com a sobrancelha arqueada.
— Certamente — Alexey disse com o braço envolta dos ombros de Charles.— Charles passou três anos em Gilian depois da guerra, não é mesmo, Charles?
O comandante acenou com a cabeça, olhando para o homem barbudo.
— O melhor que já vi. Vamos Charles, faça uma demonstração para nós.— Alexey pediu olhando para o comandante de lado.
— Charles...— Acsa olhou para ele com os olhos clementes.
— Tragam os homens aqui, vamos, Charles irá lhes mostrar o que sabe fazer.—Alexey chamou e uma fileira de Doze homens entrou pelo gramado, com trajes que Acsa nunca havia visto. Tipos de roupão branco com camisas pretas por baixo de gola alta, com o tecido tão fino que Acsa pode vê o músculo dos abdomens mesmo por eles.— venham rapazes, vamos fazer uma demonstração com seu comandante.
— Mas são doze contra um.— Acsa se levantou chamando a atenção de todos, que se viraram para olhar.
— Ah, bobagem, Charles poderia lutar contra trinta facilmente, eu mesmo já o vi fazendo — Alexey quebrou o silêncio com uma risada alta enquanto dava tapinhas no ombro de Charles.— Não é mesmo Charles?
Houve um momento de silêncio entre eles e Alexey cochichou algo em seu ouvido, sorrindo como um felino, ele soltou Charles, se juntando até os outros que estavam perto dele.
— Certamente, Senhor.— Charles respondeu.
— Então, façamos as honras?
Alexey apontou para os homens que seguravam bastões com 1,79 m.
— Charles...— Ele viu Acsa balbuciar.
Então tirou primeiro a casaca vermelha do exército, pondo sobre a mesinha. Depois o colete trucado preto, desabotoando botão por botão. Ficando somente com a camisa branca fina de linho, da qual ele puxou as mangas até acima dos cotovelos. Em seguida tirou as botas, jogando elas no canto, pisando os pés descalços brancos com as pontas dos dedos rosados no chão de areia vermelha. Caminhou lentamente até onde um dos homens estava com um bastão erguido para ele.
— Alteza, venha comigo, devemos nos afastar.— Katlin pediu puxando o braço de Acsa levemente para que elas se afastassem.
— Katlin, vai machucar ele! Não vê?— Acsa disse entre os dentes para a amiga.
— Se o comandante aceitou o desafio é porque consegue cumpri-lo.— Ela apenas disse, com a mão firme envolta do braço da princesa.
Charles pegou o bastão, girando ele de uma mão para outra, sentindo o peso da madeira, de um lado para o outro para conhecer seu equilíbrio. Então parou com ela na sua lateral, como se segurasse uma espada, ele ficou em posição de ataque, enquanto os doze homens faziam um circulo envolta dele, o fechando no meio.
Charles observou cada um enquanto girava para observar cada um em posição de ataque. Foi sem avisar quando um avançou para ele e Charles defendeu o ataque, acertando ele na nuca, o jogando no chão. Ficando em posição de ataque de novo, outro correu para ele o barulho das madeiras se chocando enquanto os dois pareciam dançar em ataque e defesa. Charles acertou ele na barriga, fazendo cambalear e cair para o lado. Em seguida outro se aproximou, Charles deu alguns passos para trás, olhando em volta e começaram mais uma vez, até que ele foi acertado no rosto, tirando sangue do nariz, que escorria como uma cascata pela boca, queixo e pescoço. Acsa deu um passo para frente, mas Katlin segurou mais forte seu pulso. A princesa se virou com os olhos arregalados para ela, como se não acreditasse.
— Por Abramov, vocês se esquecem que falam de um homem e não de uma máquina!— Disse com a voz embargada.
— Não um homem qualquer, Acsa.— Ela respondeu séria.— É o campeão. Confie nele.
Acsa voltou a olhar para eles. Ainda restavam nove, que o cercavam em um círculo mais apertado. Ele não limpou o sangue e o mesmo continuou escorrendo até manchar a camisa branca completamente.
Ele deu um giro rápido, movimentando o bastão ele o acertou, uma, duas, tres vezes e o derrubou, já se virando para enfrentar outro que se aproximou pelas costas dele. Acsa via o peito dele ofegante, arfando enquanto lutava com cada um, até que no segundo, foi acertado pelo bastão no joelho, fazendo ele rugir de dor e cair no chão, se apoiando apenas por uma mão. Ele tentou se levantar, sem pisar com a ajuda da perna direita, ele pulava sobre um pé, com uma cara de dor, arfando. Continuou.
— Alguém precisa parar isso, está machucando ele, Katlin! — Ela abraçou Katlin enterrando seu rosto entre os seios de Katlin.
Ele derrubou o penúltimo, ainda sobre uma perna, girou o bastão indo na direção do seguinte, que parecia ser maior que Charles, com a mesma agilidade atingiu o comandante nas costas, o derrubando, fazendo com que apoiasse o peso do corpo sobre os dois braços, ainda segurando o bastão, ele impulsionou-se para cima, ficando novamente de pé. Os dois avançaram e continuaram se atingindo e defendendo, até que Charles deu a volta, com um golpe acertando ele nas costas, e depois outro no abdômen. O homem caminhou cambaleando na direção de Charles, caindo na metade do percurso até que chegasse perto o bastante dele.
Ele parou pulando, ficando de frente para os nobres que começaram a aplaudir e sorrir entre si.Acsa queria chorar de tristeza. Charles estava visivelmente gravemente ferido no joelho, mal conseguia apoiar o peso do corpo na perna direita, se curvou fazendo uma reverência e encarou o conde, como se esperasse sua permissão. E foi exatamente isso. O conde acenou com o queixo e Charles mancou pelo gramado para a direção do palácio, Acsa se soltou de Katlin sem que ela percebesse, indo até ele, pondo seu braço envolta do pescoço e ombros. Charles olhou para baixo com os olhos arregalados e a boca entreaberta, ele parou de andar.
— Acsa.— Olhou para ela.
— Vamos, eu ajudo você.— Ela disse fazendo uma expressão de força para erguer o peso dele como se estivesse tentando erguer um elefante na ponta dos dedos.
— Acsa, não, por favor, pare.— Ele sussurrou entre os dentes.— Vai complicar as coisas para mim...e para você.
Acsa olhou para ele, confusa e com a sobrancelha erguida, quando escurou a voz do conde no fundo.
— Alteza!— Ele berrou. Acsa se virou para olhá-lo por cima do ombro, ainda segurando Charles.— Volte aqui agora.
Ela estava vermelha de ódio. Gostaria de estrangulá-lo até a morte. Ela parou e respirou fundo. Charles tirou o próprio braço por cima dela e voltou a andar sem olhar para trás. Mas a frente foi ajudado pelos guardas a ser levado para dentro. Acsa ergueu o peito e o queixo e caminhou até Alexey, passando pelos olhos dos homens que olhavam para ela como se fosse um pedaço de carne. Ela parou na frente dele. Alexey desceu até o ouvido dela, colando sua boca no lóbulo de sua orelha.
— Próxima vez que me fazer essa vergonha na frente de meus camaradas eu mato seu namoradinho e mato você em seguida, então não me aborreça.— Ele beijou o pescoço dela, Fazendo Acsa apertar tanto o punho, que sua unha lhe cortou a carne da mão. Katlin se aproximou dos dois, se curvando para o conde.— Tire ela daqui, Katlin.
— Sim, senhor.
Katlin segurou Acsa pelo braço e a levou na direção do palácio.
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