Dickson

O que aconteceu naquela noite me assombrara pela eternidade. Mal podia dormir sem acordar com medo de ainda estar naquele lugar, era horrível pensar que as poucas memórias com a senhorita Bárbara fossem só um sonho.

Porém, quando eu olhava o ambiente eu estava onde deveria estar, seguro.

Os raios da manhã começaram querendo entrar no quarto, eu me sentei com calma encostando minhas costas no ferro da cama.

Olhava para o nada, o quarto era silencioso, e a moça só viria mais tarde. A enfermeira então entrou, analisou meu ferimento, me entregou um remédio e se retirou.

Quando foi 7:30 eu fiquei um pouco na janela para sentir o sol em minha pele, isso era um costume meu. Enquanto eu aproveitava senti o perfume da mulher, a qual entrou em meu quarto ao bater na porta.

Bárbara Lis

Ve-lo de pé e renovado acalmou o meu coração, o qual ficou agitado com medo de que ele morresse. Senti pena dele, desde o momento que implorou com os olhos que queria viver,mas se sentia fraco, e não sabia mais no que acreditar.

Me ter ao seu lado parecia ser sua última esperança.

Bárbara: Bom dia, como você esta?

Ele foi para cama e se sentou. Fui até a cadeira perto dele e aguardei sua resposta.

Dickson: Me recuperando aos poucos. - respondeu.

Bárbara: Se sente melhor do que ontem?

Dickson: Não muito, porém... a enfermeira me entregou um remédio, em breve estarei bem.

Bárbara: Isso é muito bom de se ouvir.- digo com um leve sorriso. - E sua noite de sono, conseguiu descansar?

Negou com a cabeça.

Dickson: Sabe, eu acordava assustado, com medo de que eu ainda estivesse ferido e sozinho. Aguardando apenas.

Suas palavras me deixava triste, olhar para ele não diminuía a minha pena, eu não sabia o que se passou, e minhas deduções ainda estavam me inquietando, porém ele não falaria nada nessa situação.

Bárbara: O que aconteceu, Dickson?- perguntei. - Por que esta assim?

Dickson: Assim como?

Bárbara: Você está ferido, o que houve?

Era visível ver mesmo de leve que ele não queria conversar sobre.

Bárbara:(Como eu imaginei...)- pensei.-(Mas posso culpa-lo? De modo algum... somente ele sabe o que aconteceu e como o marcou...)

Dickson: A senhorita veio cedo para cá. Tudo para me ver?- perguntou mudando de assunto.

Bárbara: Me sinto responsável por você. Afinal, você salvou a minha vida.- respondi.-( Não poderia abandona-lo... de qualquer forma...)

Dickson: E as crianças como estão?

Bárbara: Ainda não pude ir ve-las, mas assim que estiver melhor podemos visita-las.

Dickson: Tudo bem.

Conversamos bastante, ele comeu pouco mas era melhor do que nada, pois ainda doia seu ferimento. Reconheço seu esforço e por isso não o incomodei.

Quando acabou meu pai veio até nós com um homem, era um policial, eu fiquei assustada já que o motivo era claro para mim. Dickson olhou curiosamente, seu comportamento era diferente.

Bárbara: Pai, podemos conversar antes?

Ele concordou e saímos.

Bárbara: Ele não está em condições de conversar sobre o que aconteceu.

Polícial: Entendo, mas precisamos de informações mesmo que poucas.

Bárbara: O senhor não entende, eu perguntei e ele se esquivou. Meu pai , ele não está bem, fazer essas perguntas o fazendo lembrar irá tortura-lo, de um tempo para que possa se recuperar.

Polícial:Eu não quero ser chato, mas quanto mais demorarmos , a pessoa que fez isso sairá impune.

Bárbara: Como pode dizer que foi uma pessoa?

Polícial: O ferimento foi provocado por uma ferramenta polida, pelo o que seu pai me contou tentaram mata-lo.

Meu coração gelou.

Polícial: Esse homicida está a solto e preciso interrogar a testemunha.

Pai: O senhor sabe que quero o mesmo, mas deixe-me conversar com ele, aguardem aqui.

Meu pai entrou nos deixando ansiosos.

Dickson

Um homem entrou, eu o reconheci, era o pai da moça. Ele se sentou onde ela estava e me olhou como se pensasse no que dizer.

Francisco: Dickson, certo?- perguntou. Concordei. - Eu sou o pai da Bárbara Lis, se lembra?- continuou, novamente concordei. - Que bom, me chamo Francisco. Como você esta?

Dickson: Melhorando.

Francisco: Se sente bem o bastante para algumas perguntas?

Dickson: É sobre o que aconteceu comigo, certo?- perguntei.

Francisco : Sim, soube que Bárbara tentou conversar mas não se sente bem para responder, não posso obriga-lo , pois devo proteger meus pacientes. Se não quiser conversar irei respeitar.

Dickson: Por que é necessário saber?

Francisco: Porquê alguém tentou mata-lo , isso é crime , e o criminoso deve ser pego e julgado.

Dickson:(Peculiar. )- pensei.-(Mas o que posso dizer? Não foi intencional... foi um mal entendido... mas isso bastará para me deixarem em paz?)- continuei.

Francisco: Dickson, você consegue colaborar?

Neguei de imediato.

Dickson: Desculpe Sr.Francisco, eu não me sinto bem para voltar a essa cena.

Suspirou um pouco.

Francisco: Muito bem, como dito eu irei respeitar, mas se sentir em disposição para falar sobre é só me procurar.

Dickson:Obrigado.

Ele se levantou e saiu.

Continua...