Capítulo 7

2015 - Itália, Verona

Eu estava na beira do abismo escuro, com o nevoeiro cinza o cobrindo. Onde eu estava? Não fazia ideia, era tudo cinza, sem cor, o chão era duro e rachado um cinza escuro. As árvores eram mortas ressecadas da cor preta. A lua iluminava tudo a minha volta e nuvens escuras a cercavam.

Eu ouvia sons de corvo a minha volta, como se fosse um mal presságio. Estava frio e úmido, meus pés tocavam o chão gelado, enquanto aquele abismo estava na minha frente. O que fazia ali? Não tinha absolutamente ninguém comigo.

Olhei para o lado me vendo, porém eu não estava sozinha, havia uma menina comigo, talvez a mesma idade que a minha, seus cabelos eram loiros e longos, ela obtinha roupas parecidas com as minhas. Ela parecia assustada, estava virada para mim, porém de costas para o abismo.

— Giulia? — ela diz e sua voz é como um eco ali, um alto falante viajando pela imensidão — O que tá fazendo?

Ela perguntou e eu continuei calada encarando ela. Meus olhos estavam sérios, sombrios é como se não fosse eu, mas ao mesmo tempo era. Encarei a cena sem entender, o que nós fazíamos ali? Quem era aquela garota, eu não a conhecia, sequer a vi na vida. Foi num piscar de olhos quando eu avancei sobre a menina.

A empurrando abismo abaixo ouvindo seu grito de pavor e olhos arregalados. Gritei junto com a menina e tentei correr para salva-la, mas já era tarde. Aquela pessoa que tinha minha face, estava na beira do penhasco olhando para o fundo dele, enquanto a menina loira caia, ouvindo seus gritos em ecos.

O pânico tomou conta do meu interior e eu está a chocada até o momento. Vi eu olhar para mim mesma e seus olhos estavam negros, não havia olhos humanos ali, só uma imensidão de trevas. Meu coração estava acelerado e o medo se instalou por todo meu corpo, aquela coisa me olhou no fundo dos meus olhos.

Como se pudesse ver minha alma e a quisesse. E então ela avançou na minha direção abrindo sua boca cheios de dentes afiados e com um grito estarrecedor, gritei junto, no desespero...

Acordo gritando sentindo minha garganta arranhar. Sinto meu corpo tremer e o suor descer por minha testa. As meninas estavam a minha volta me olhando assustada.

— Graças a Deus você acordou, estava gritando que nem uma louca — Hazel disse.

— Teve um pesadelo? — Sam estava preocupada.

— Sim... — murmurei.

A porta foi aberta por uma das feiras, que parecia assustada.

— Ouvi os gritos, o que houve? — alternou os olhos para todas nós.

— Giulietta teve um pesadelo — Sam responde.

— Oh querida, você está bem? — a feira se aproximou.

E então eu a reconheci, ela era uma daquelas que leva as meninas. Recuei um pouco quando ela se aproximou. Acenei com a cabeça sem dizer nada.

— Fale com o padre e peça para ele rezar por você, ok? — disse e eu apenas acenei.

Por um breve momento, tive a impressão que seus olhos não estavam normais e que estavam com aquela imensidão escura. Tremi sentindo uma onda fria percorrer minha coluna. Ela se afastou e foi como se o ambiente tivesse ficado leve.

Tinha algo estranho, que sonho foi esse? Nunca tinha sonhado com algo parecido antes. Sempre tive sonhos estranhos mas não nesse nível, as vezes eram só fleches e vozes na minha cabeça.

Fui ao padre como a freira pediu para que orasse por mim e senti um calafrio. A igreja tinha cheiro de sangue, como se estivesse fresco. Mas não tinha sinal ou rastro de alguma coisa parecida com sangue, a igreja estava absolutamente normal.

— Olá, Giulietta, certo? — o padre Bernardo veio até mim.

— Sim.

— Veio atrás de que minha criança? — ele sorriu, mas seu sorriso não era um sorriso normal.

Tinha algo estranho ele, que fez meus pêlos se arrepiarem.

— Quero que o senhor me abençoe, tive um sonho ruim — apertei os dedos uns nos outros.

— Quer me contar esse sonho, querida? — ele parecia interessado.

— Não, só quero esqueco-lo — engoli seco.

— Venha aqui — andou e eu o acompanhei — Irei colocar um pouco de água benta em você e rezar, assim ficará protegida dos sonhos maléficos.

Ele tocou no recipiente de concreto e tocou o dedo na água e levou até minha testa e rezou. Depois eu sai de lá quase correndo, não queria ficar muito tempo sozinha com ele, não confiava nele nenhum pouco.

Perseus estava sentado em um dos degraus do jardim, desenhando algo em seu caderno, enquanto eu encarava o seu azulado e limpo. Fechei meus olhos e eu respirava levemente sentindo a brisa no meu rosto. Era um dos poucos lugares que eu me sentia segura.

Senti um ar mais forte no meu rosto e abri os olhos, Perseus estava debruçado sobre minha cabeça a soprando meu rosto.

— Precisamos voltar — disse ainda na mesma posição.

— Precisamos? — fiz biquinho.

Seus olhos desceram para a minha boca e senti meu corpo tremer. Desfiz os biquinho envergonhada.

— Sim, depois voltamos coelhinha — sorriu e se ergueu.

Estendendo a mão para mim. Me sentei e peguei em sua mão, sentindo todo meu corpo esquentar. Toda vez era assim, o toque de Perseus era diferente. Ele sorriu mostrando suas covinhas e senti minhas bochechas esquentarem. Ele pegou minhas coisas e as suas e as levou consigo, não me deixando carregar nada.

A tarde caiu e com isso o tempo também mudou. Estava escuro, nublado, com nuvens negras, parecia que iria cair um temporal. Estavamos sentados na missa, ouvindo o padre dizer as mesmas coisas que sempre dizia.

— Tinha um demônio no meu quarto ontem — Max sussurrou com a voz trêmula — Ele estava no canto do quarto me observando, com olhos vermelhos. Tive vontade de gritar, mas não consegui era como se eu estivesse mudo.

Meus pêlos se arrepiaram e de repente, era como se algo pesado tivesse se posto sobre a capela.

— Você falou com seus pais? Sobre ser batizado?

— Eles disseram que fui, mas eu não me lembro deles me contando isso antes, eles nunca foram ligados nessas coisas — suspirou.

— Ele pode aparecer, mas não vai te tocar — disse para tentar aliviar.

— E se foi ele que me atacou no banheiro? — deduziu — Acha que estou ficando louco? As orações não estão adiantando.

— Orações?

— Quase todas as noites, sou trazido para cá, fecham tudo e começam a rezar em outra língua. A senhora Smith disse que para me curar — deu de ombros.

Isso era tão estranho quanto bizarro.

— Mas parece que pioro a cada dia — completou.

— Silêncio vocês dois! — somos repreendidos pela freira que nos observa séria.

Volto meu olhar para frente, mas tenho uma sensação ruim, que tudo a nossa volta é apenas uma ilusão. Eles escondem coisas, sei disso. Max não é esquizofrênico, ele ver coisas, sei que ele vê. Isso deveria ser um lugar sagrado e demônios não deveriam estar aqui.

Sinto um frio percorrer minha coluna e um sopro no na minha orelha direita como se alguém tivesse perto dela. Sinto como se meu corpo fosse cair e como se uma mão tivesse me tocando, me desperto como se estivesse dormindo e olho para o lado, vendo que não tinha nada.

Aquela sensação ruim não vai embora de ser observada. Eu apenas queria sair dali o mais rápido possível.

Talvez eu estivesse ficando louca, mas senti uma presença comigo, como se estivesse me observando. Não me atrevi a abrir os olhos, mas era como se ele soubesse que eu estava acordada. O ambiente estava gelado e o absoluto silêncio, me mantive quieta como se nada estivesse acontecendo.

Rezei na minha mente o terço, segurando o crucifixo com força que estava no meu pescoço. Senti um pequeno vento afastar meus cabelos e senti meus pêlos se arrepiarem e senti vontade de chorar. Tinha algo aqui eu não estava doida. Um hálito quente estava próximo da minha orelha.

Porém só estava ali e não fez nada. Era como se quisesse apenas dizer que estava ali e nada mais. Acho que nunca rezei tanto na minha vida de alguma forma funcionou. Aquele ar gelado foi embora e senti meu corpo leve.

Finalmente abri os olhos e não tinha nada lá, absolutamente nada. Mas eu sabia que não tinha sido loucura da minha cabeça, que tinha algo na espreita aqui, apenas esperando que eu abrisse meus olhos.


Um capítulo de boa noite para vocês, tô com sono, mas vim aqui postar e deixar com gostinho de mais.

Chega ao fim a primeira fase deles de 11 e 13 anos, aproxima é 13 e 15 e assim vai

É necessário fazer toda esse ciclo para entender a história, de como eles se conheceram até os tempos atuais que vão surgir futuramente

A história é sobrenatural, esqueci de citar isso, eventos estranhos e bizarros ainda irão acontecer ainda mais

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