Alice pensou estar ficando louca. Ela jurava ter visto o garoto sumir bem na sua frente, mas certamente haveria alguma explicação, era impossível.

"Ei, pare com essa brincadeira! Não tem a menor graça, está me ouvindo?!" - gritou, impaciente.

Logo, algo se iluminou entre as folhas espalhadas pelo chão. Ela se ajoelhou e as afastou com as mãos, vendo que se tratava de um pequeno buraco.

Incentivada pela curiosidade, ela começou a cavar até revelar um túnel coberto de musgo e terra, mas que era suficiente para seu corpo magro passar.

Ela analisou mais uma vez a imensidão escura da floresta e depois analisou a luz que vinha daquele túnel.

"Bom, meu avô sempre diz que há uma luz no fim do túnel, e parece que eu a encontrei. " - Alice pensou alto e, sem mais delongas, adentrou o pequeno espaço, sujando todo o seu vestido de terra.
*
Ela foi engatinhando até chegar no final do túnel, pulou para o chão e ao analisar o lugar percebeu que estava em uma espécie de caverna subterrânea.

A caverna era bastante fria. O medo do desconhecido fazia Alice dar passos cautelosos adiante.

Mais a frente, escutou algumas vozes discutindo.

"Ela está aqui! Está aqui!" - uma voz masculina repetia com euforia.

"Senhor, me desculpe. Falhei em minha missão, mas farei de tudo para levá-la de volta!" - a voz parecia mais jovem e um pouco familiar para Alice, mas ela não teve tempo para distingui-la, pois sentiu algo gelado tocar-lhe a nuca.

"Não se mexa!" - Alguém sussurrou firmemente, era a voz de uma mulher.

" Coloque suas mãos para trás, devagar!" - ordenou, ainda com a voz num tom baixo. Alice obedeceu, temerosa. Assim que o fez, a mulher amarrou suas mãos.

"Ótimo. Agora caminhe lentamente." - a mulher a conduziu para um lugar longe das vozes que discutiam fervorosamente.

Alice tentou olhar para trás, mas apenas viu um deslumbre dos cabelos da mulher voando no ar. Eram brancos como a neve.

"Onde estou?" - Alice arriscou perguntar para sua raptora, mas a mulher não fez menção em respondê-la. Ela ainda mantinha sua arma apontada para Alice, e caminhava como se fosse sua sombra.

"Por favor, eu preciso voltar para casa! Meu avô deve estar preocupado!" - lamentou-se ao pensar no avô desesperado à sua procura, de repente um calafrio arrepiou todo o seu corpo fazendo-a sentir mais frio.

Andaram por um longo caminho da floresta, quando de repente a mulher ordenou que Alice parasse.

"Feche os olhos!" - Ordenou, e Alice obedeceu prontamente.

Alice sentiu quando algo fora injetado em seu braço, uma leve tontura a atingiu, mas não desmaiou.

"O que é isso?" - Alice disse meio grogue. A mulher riu da ingenuidade da mesma e respondeu:

"Seja bem vinda ao meu inferno particular." - E quando Alice abriu os olhos pôde ver, o que antes era uma floresta escura e sem vida, agora brilhava num branco quase transparente, e um pouco mais longe havia um majestoso palácio de gelo.

"Eu sou Morgana White, mas concedo-lhe a permissão de me chamar de: A rainha do gelo." - Alice a encarou por um breve momento, pois não conseguiu sustentar o olhar.

O rosto da rainha branca parecia brilhar intensamente como se pudesse cegar qualquer um que a olhasse por mais de alguns segundos. Alice admirou os longos fios brancos do cabelo de Morgana e reparou também em seus olhos que eram quase totalmente brancos.

" E respondendo sua pergunta, querida Alice. Você está no país das maravilhas, onde não há nada de maravilhoso! Hahaha" - Morgana ria copiosamente, uma risada exagerada e horrenda que causava calafrios em Alice. Ela estava com muito medo, e por um breve segundo, pediu para que o garoto da fumaça verde fluorescente voltasse para rir de suas perguntas tolas, porque ao comparar a risada de escárnio dele com a risada da rainha de gelo, ela preferia mil vezes a dele.

"Vamos, mexa-se! Não tenho todo o tempo do mundo." - Morgana disse ao empurrar Alice na direção do palácio. Por medo, Alice seguiu em silêncio.

O palácio de gelo era surpreendente, tanto na beleza como na imensidão.

Ao se aproximarem a temperatura diminuiu absurdamente, fazendo os dentes de Alice bater um nos outros.

"Não se preocupe, garotinha. Você vai se acostumar com o frio." - Morgana riu, maliciosamente.

Enquanto as duas adentravam no hall do palácio, Alice observava que não havia sequer um ser vivo presente. Só as duas.

"Quem mais vive aqui?" - Alice perguntou ainda vidrada nas paredes de gelo liso.

"No meu palácio só eu e meu fiel escudeiro, Scokie. Você vai conhecê-lo em breve." - Morgana respondeu enquanto escoltava Alice para o andar de cima.

"Não entendo como uma pessoa pode viver nesse lugar totalmente isolada." - Alice comentou com um tom de voz triste, mas a rainha de gelo pareceu se irritar com o comentário.

"Não estou sozinha! Já disse que tenho o Scokie!" - bradou assustando a garota.

"E onde ele está agora?" - A pergunta, um tanto inofensiva de Alice, acertou em cheio à rainha branca. Se ela tivesse um coração, estaria em pedaços.

Scokie era seu parceiro, mas ainda assim preferia o outro lado. O lado inimigo.