Transformação
Acordei com dores, menores do que as de quinta de manhã, e por isso mesmo me obriguei a levantar da cama e tomar um banho. Após tomar os remédios de Gália, eu sentia apenas uma fadiga muscular. Era claro que eu iria para a escola! Era o último dia de aula.
Não arrependi, porque foi a melhor despedida de aula que tivemos. Basicamente não tivemos aula, ficamos despedindo de cada um dos professores que entravam, e muitos deles, inclusive, vinham para nossa sala conversar sobre como seriam nossos futuros. Os futuros nas faculdades, como nossa vida mudaria daquele momento para frente.
Eu e Dani trocamos olhares significativos. Nos duas iriamos para a Academia da Central. Nos duas já tínhamos certeza do que nosso futuro nos esperava, mas para os nossos colegas? Muita coisa ainda tinha para acontecer. Eu conseguia imaginar o desespero e a ansiedade deles.
Quando Mel chegou lá em casa, na noite de sexta-feira, veio com Diego, Guilherme e Arthur. Fiquei muito feliz de encontra-los, porque, definitivamente não os esperava. Quer dizer, achei que Art e Mel ficariam em casa e os outros... Bem, não imaginei que eles viram me ver. O que era uma besteira, porque eles se preocupavam comigo tanto como meus familiares.
Eu estava tomando o remédio de Gália na sala de jantar quando os ouvi entrar. Dani e Ivan estavam na sala de estar, esperando para continuarmos a ver a série que estávamos vendo. Minha primeira reação foi correr ao encontro deles, só que meu corpo quase explodiu de dor e eu voltei a me sentar. Era como se o remédio de Gália tivesse perdido todo o efeito.
Não sei por que, mas os três apareceram instantaneamente na entrada da sala de jantar com expressões de preocupação estampadas na face. Logo atrás Ivan, Dani e Mel me olhavam com atenção. Esperei que a dor passasse e, incrivelmente ela foi diminuindo, diminuindo, até que ficou praticamente imperceptível. Me sentia melhor até do que com o remédio de Gália.
Me levantei calmamente e fui até eles que me receberam com um abraço de grupo me fazendo rir. Mel, Ivan e Dani voltaram para a sala de estar, para dar um pouco privacidade a mim e aos meninos.
- Como você tá, fadinha? – Perguntou Guilherme me fazendo sorri.
Eles estavam tão acostumados a verem meu pai me chamando daquela forma que quando queriam parecer carinhoso me chamavam assim também.
- Anm... Razoável, ontem de manhã foi o pior momento, mas Gália, Viviane e Sabrina vieram aqui e me deram uma ajudinha. – Olhei os três atentamente e, de repente, percebi que meu coração havia se acalmado.
Era como se, naquele momento, eu pudesse passar por qualquer coisa, porque nós quatro estávamos juntos de novo. Era como se juntos, eu soubesse, no fundo do meu ser, que, não apenas tudo ficaria bem, como também, nós aguentaríamos qualquer coisa que estivesse por vir.
Meu olhar se deteve ao de Art. Ele sorriu e me abraçou delicadamente, beijando o topo de minha cabeça.
Ao meu lado, senti Diego ansioso por saber noticias de Sabrina esforcei um pouco a mente querendo ouvir os pensamentos dele. Consegui ouvir um fiapo de pensamento dele sobre ela, então ri.
- A Sá está bem, Diego. Encontrei com ela ontem e ela estava ótima. Por que não dá uma ligada para avisar que chegou e saber como ela está? – Ele ficou um pouco constrangido com meu atrevimento, pediu licença e foi para a sala de estar para ligar para a namorada. – Vocês conseguem se comunicar entre si?
- Aos poucos, sim. – Concordou Gui. Ele se encostou na parede e cruzou os braços, uma típica posição de quando queria analisar toda a situação em que nos encontrávamos. - Às vezes lemos pensamentos soltos uns dos outros, mas estamos preocupados com isso. Acho que devemos aprender a lermos nossos pensamentos logo e depois a bloquear... E, Ady, tenha o bom senso de não ficar ouvindo pensamento alheio. – Ralhou fazendo uma careta para mim. Dei um leve risinho amarelo, concordando.
- Mas os piores momentos, são quando a gente não consegue controlar os pensamentos. – Cortou Arthur, passando o braço envolta do meu ombro como se quisesse me proteger da bronca de Gui.
- Oh, sim, claro! O que me faz lembrar que foi um saco ouvir os pensamentos de Arthur sobre você, Ady, ele está deprimentemente apaixonado. – Gui cutucou o amigo me fazendo rir enquanto olhava para Art.
Ele fazia uma carranca para Gui, e me puxou mais para perto de si, me confortando em seus braços.
– Alice disse que é mais fácil para a Alfa quando o bando está por perto, então vamos ficar por aqui hoje. Mas você... – E ele puxou Art levemente pelo colarinho fazendo-o me soltar. – Vai ficar com a gente.
Diego voltou da sala e levantou a sobrancelha para a cena que viu: Gui segurando Art pelo colarinho afastado de mim, enquanto eu mantinha os braços na cintura em uma pose brava, com os olhos apertados.
- Voltamos à idade média? Mel dormindo no quarto da dama e o cavaleiro sendo guardado pelos amigos para que não se encontrem durante a noite? – Perguntei, os meninos riram. – Ah, não se esqueçam que a Alfa agora sou eu então...
- Nada disso, mocinha! Você pode ser a Alfa lá fora, aqui dentro, eu sou o mais velho e tenho que preservar a honra da minha senhora. – Garantiu, me fazendo uma reverencia.
Revirei os olhos e bufei no momento em que Gui soltava Arthur e Diego ria, da nossa cara de irritação.
- Ahhhh tenham paciência vocês dois! – Falei pensando nas coisas loucas que poderia acontecer entre eu e Art. Os três se encolheram e fizeram caretas.
- Pelos Deuses, Adelle! Controle esses pensamentos! – Diego estava com os olhos arregalados.
Fiquei assustada e o sem graça. Não tive a intenção de mostrar nada para eles. Ouvi Arthur rir para mim.
- Ady, minha fadinha, você vai experimentar coisas melhores que essas. – Arthur havia estufado o peito e me lançava um olhar malicioso.
Olhei-o de olhos arregalados, Gui e Diego deram soquinhos em Art enquanto o vaiavam, e todos rimos.
- Mas me digam... Onde vocês estavam? – Desconversei, mudando completamente o rumo da conversa.
Eu estava curiosa, acho que todos estavam, na verdade. Gui soltou o ar que segurava, ele já esperava pela pergunta.
- Com você virando Lycan, Ady, nós quatro poderemos fazer algumas missões para os federais apesar de ainda estarmos na Academia. Apesar de você estar entrando na Academia agora. Se você não estivesse com tantas dores, teria ido conosco. – Minha boca se abriu e fechou algumas vezes.
Balancei a cabeça para organizar meus pensamentos. Quer dizer, as dores só começaram depois que eles já haviam ido embora, como todos sabiam que eu estava virando Lycan?
- Alice. Ela disse alguma coisa sobre estabilização de magia. Enfim, não explicou muito, apenas que precisava que fizéssemos essa missão. – Diego quem havia se precipitado para me explicar.
Eu havia ficado tão desnorteada que eles tiveram facilidade para ler meus pensamentos. A informação apenas me causou mais dúvidas.
- Ady, Ady, Ady... – Gui se aproximou de mim com as mãos para cima, como se quisesse para meu fluxo confuso de perguntas em pensamentos. – A gente também não sabe muito. Lils apenas explicou o que estava acontecendo com nós quatro, e, apesar de achar ruim que ficássemos longe de você exatamente no momento em que se transforma, ela disse que era necessário que fossemos em missão.
- Foi esquisito, a gente sabia sobre a sua transformação, mas conseguíamos sentir, sabe? Cada dor que você sentiu, foi um incomodo para nos três. Durante a madrugada de ontem para hoje foi horrível, Ady... nos três não conseguimos dormir. – Arthur havia se aproximado novamente, me olhando como se quisesse esquecer o que tinha acontecido comigo.
Lancei lhe um sorriso terno, estendi a mão para que ele a segurasse, o que Art fez de bom grado.
- Porque vocês não sentem as dores também? – Perguntei confusa, olhando diretamente para Gui, mas foi Diego quem me respondeu.
- Nos já passamos por isso, Ady. A primeira vez que nos transformamos em lobisomem. Só dói a primeira vez. Ë como se aprendêssemos a mudar, depois a magia vem naturalmente.
- Mas vocês vão ter outra forma. – Insisti, confusa.
Arthur deu um leve riso e me puxou para o próprio braços, me abraçando.
- Eu disse que ela não ia ficar satisfeita com a resposta que tínhamos. – Ele beijou levemente o topo da minha cabeça, e percebi que se demorou, sentindo o aroma dos meus cabelos.
- É magia, Ady. Nem sempre ela faz muito sentido. – Concluiu Gui, encerrando o assunto.
- Tudo bem! – Murmurei, me aninhando aos braços de Art, então, me virei novamente para Gui. – Mas afinal, o que vocês foram fazer?
- Alice teve uma pista sobre Adão no Pará. Ela resolveu nos mandar para lá para fazer uma reunião com os guardiões da região e tentar descobrir mais alguma coisa.
- E por que não mandaram os federais? – Perguntei, confusa, novamente. Diego quem respondeu.
- Estão todos muito ocupados em proteger a Mel, Ady. Quanto menos dos federais se deslocaram, melhor para a segurança dela.
- Ah... E vocês acharam alguma coisa?
Apesar de dar de ombros, Gui tinha uma ruga ao lado dos olhos. Aquela ruga só aparecia quando ele estava extremamente preocupado.
- Nada de mais, a pista era falsa.
- Que pena... – Murmurei, sem jeito.
Eles assentiram, um tanto desanimados por não terem conseguido nada, e, no fim, terem feito uma viajem que não valeu a pena, e os manteve longe de mim exatamente na época da nossa transformação.
Um pouco mais tarde, jantamos com o restante da minha família que estava ali. Papai pediu algumas pizzas porque o que quer que tivéssemos na geladeira não daria para todo mundo.
Depois do jantar resolvemos rever a trilogia do Senhor dos Anéis. Mel ainda não a tinha visto e Alice adorava a história.
- Vocês sabem que elfos não existem...
Alice jogou algumas pipocas na boca e as mastigou lentamente, aproveitando o momento. Ela estava esparramada na poltrona que costumava dizer que era dela. Os pés esticados em um banquinho, em uma posição que parecia extremamente confortável.
Era fato, quando Alice falava daquela forma, nossa atenção se voltava para ela. E ela se divertida com a situação. Obviamente, quando uma Primeira resolve falar sobre alguma coisa dos místicos, nós paramos de fazer o que quer que estamos fazendo e prestamos atenção.
- Mas existe uma raça bem próxima. – Continuou falando como se não fosse algo importante. – Essa raça vive em um continente que não é identificado... Os guardiões tomam conta para que não seja identificado. Eles se chamam Niritus.
Olhei-a curiosa, esperando que falasse mais alguma coisa, mas o assunto parecia ter terminado ali. Nós a conhecíamos bem o suficiente para saber que não falaria mais nada, então desistimos de ficar esperando.
Arrumamos a sala de estar para que os meninos dormissem ali e ficamos o resto da noite estirados nos colchões e sofás vendo o filme.
Arthur havia se deitado no canto do sofá e me puxado para perto de si, para que eu me aconchegasse a ele, mas Gui fez questão de empurrá-lo para o lado e se aconchegou no canto do sofá. Ao meu lado, Ivan veio gingando e se deitou, esparramado.
Suspirei, pedindo aos Deuses por paciência. Arthur também não tinha uma expressão de muitos amigos. No fundo, nos sabíamos que eles queriam implicar com a gente.
Quando deu meia-noite as dores começaram a voltar. O meu bando pareceu ficar incomodados também. Como eles haviam dito que se sentiram durante a viagem. Mas só de eles estarem por perto, percebi que eu sentia muito menos dores do que quando eles estavam distantes.
Vovó veio com um chá que Gália havia mandado para o dia, antes de se retirar para dormi. Cai em um sono sem dores nem sonhos, no instante que acabei de tomá-lo.
Acordei sem ar de manhã, quando já estava claro. Pelo visto, havíamos todos dormido na sala. Mel estava jogada em um dos colchões, ao lado de Dani e Ivan, enquanto eu estava estirada no sofá e Arthur, Diego e Guilherme estavam em colchões a minha volta.
Os meninos acordaram junto comigo e, aos poucos, Dani, Ivan e Mel também se levantaram com a movimentação.
Meus músculos pareciam queimar e meus ossos começaram a doer também. Lágrimas que eu não conseguia contar saiam dos meus olhos, abundantemente, por conta da dor. Eu me sentia enjoada. Em algum momento, Diego apareceu ao meu lado com uma bacia e coloquei para fora todo jantar que eu havia comido na noite passada.
Me senti um lixo. Os três me olharam com olhares compreensivos. Eles haviam passado pela mesma situação na primeira vez que se transformaram.
Gui havia sumido na cozinha e quando voltou estava com o chá de Gália em suas mãos. O bebi em grandes goles, sem nem me importar se queimava ou não minha garganta, se estava mais forte ou não. Gui deu um leve riso, e passou a mão em minha cabeça, como se eu tivesse feito o certo.
Ele foi o primeiro a se transformar, depois Diego, depois Arthur, o que fez com que ele cuidasse dos outros dois também. Tentei imaginar o Gui, aos seis e oito anos cuidando de Diego, que tinha quatro aninhos, e depois de Arthur.
- Tava mais forte. – Comentei, devolvendo o copo para Gui. Ele deu de ombros com um sorriso malandro no rosto.
- Dobrei a dose. – Arregalei os olhos, assentindo.
- Vai fazer algum mal, isso? – Perguntei, apreensiva e ele riu.
- Nah, só vai te ajudar. – Garantiu, sorridente.
Tive a sensação de que na hora que a lua nascesse não faria diferença nenhuma tomar o chá ou ter alguém para fazer magias de cura. Eu sentiria meu corpo queimar, meus ossos quebrarem, minha pele esticar e iria doer, mas enquanto eu pudesse adiar as dores, eu adiaria.
Quando meus pais e minha avó e Alice desceram para o café da manhã, minha avó se aproximou de mim e me deu um abraço gostoso, sussurrando feliz aniversário em meu ouvido, para só então todos se lembraram que era meu aniversário.
Eles fizeram uma pequena bagunça nos colchões para me abraçar e me dar parabéns.
Mel pulou em cima de Art e me tirou de seus braços para me abraçar, me fazendo rir. Ivan desapareceu escada acima e quando apareceu novamente tinha um embrulho nas mãos. Mamãe então pareceu se lembrar de algo e sumiu escada acima, depois de um tempo apareceu com uma caixinha nas mãos e me entregou.
- É meu, da vovó e do seu pai, tá bem? – Fiz um sim com a cabeça e abri a caixinha.
Lá dentro tinha as chaves de um carro e a documentação para fazer a autoescola, eu pulei nos braços de meus pais agradecendo. Teria que tirar carteira de motorista durante as férias, porque quando a Academia começasse, seria um caos. Os meninos falavam que o primeiro mês era o mais puxado.
Gui apareceu com uma caixinha na minha frente e Diego com outra, sorri para os dois e as peguei, mas Gui insistiu para que eu abrisse a dele primeiro. Era um colar lindo, com uma corda preta fina trançada e um pingente de pedra da lua em forma de um lobo uivado, junto com o colar havia uma pulseira de várias pedras da lua minúsculas. Tirei o colar da caixinha e pedi para Art coloca-lo em mim.
Depois abri a caixinha de Diego, era um colar, mas com uma correntinha de prata e a pedra era um cristal no formato de um lobo uivado. Eles riram.
- Resolvemos juntar os presentes, um colar para que você possa usar durante o dia e um para que você possa ir às festas! Sabemos como vocês mulheres são chatas com essas cosias. – Comentou Diego, enquanto ria.
Abracei aos dois firmemente, estava agradecida pelos presentes.
Dani, Ivan e Mel voaram em cima de mim com pacotes de presentes. Dani me deu um livro de romance comum. Nada que contivesse alguma história dos místicos ou fantasia. Apenas um romance de adolescente. Dei-lhe um olhar agradecido. Ela sabia o quanto eu gostava daquelas histórias "tranquilas" de vez em quando. Não posso chama-las de normais porque, no fim das contas, a minha realidade é o que é normal para mim.
Claide havia preparado um ótimo café da manhã para nós e quando deu dez horas Sabrina e Caio apareceram para passarmos o dia todos juntos.
Sabrina me abraçou com delicadeza e surrou um feitiço para afastar a dor que estava voltando.
O almoço saiu tarde naquele dia, Ivan havia levado o Xbox que ganhara com o kinect para jogarmos. Vini me ligou desejando parabéns, agradeci e ele disse que passaria na minha casa durante a semana para me dar um abraço e podermos jogar conversa fora. Eu gostei da ideia, gostava dele, fora uma pessoa legal comigo e me ajudara na época de Victor. Art ficara me olhando intrigado durante toda a ligação.
- Vinicius? – Perguntou quando desliguei, assenti com a cabeça concordando e ele sorriu.
- O que você acha? – Perguntei curiosa. Queria ver qual seria a reação de Arthur sobre a situação.
Ele fez uma cara séria e revirou os olhos.
- Hum... – Resmungou me fazendo morder o lábio inferior levemente. Então ele riu, me puxando para um abraço. – Acho ótimo Ady. É bom você ter amigos fora dessa loucura toda que nos vivemos. Falar sobre coisas normais.
- Você tem? Amigos assim? – Perguntei curiosa. Ele suspirou e sorriu, assentindo.
- É essencial pra que a gente não enlouqueça. – Garantiu, me dando um beijo na testa.
Carlos, amigo de Victor também me ligou desejando felicidades. Agradeci e perguntei, por educação como Victor estava, ele disse que estava bem, curtindo a faculdade, o que me deixou aliviada.
Recebi vários outros telefonemas de amigos e parentes desejando parabéns e querendo saber se haveria festa. Respondia que não, que com o fim das aulas estava tudo meio apertado para mim naquele momento. Para o pessoal da escola, apenas disse que faria alguma coisa depois dos vestibulares.
Fizemos uma minifesta em minha casa só para os guardiões e minha família e quando começou a escurecer, e a dor começou a ficar incontrolável, nem os chás nem a magia de Sabrina adiantava mais. Alice me colocou no carro junto com Art, Gui e Diego e fomos para a sede.
Caio nos guiou pela central até o quarto havia sido preparado para mim e para os meninos. Assim que entramos ele nos entregou uma espécie de roupa, parecia um grande macação de mergulhador.
Gui levantou uma sobrancelha confuso.
- Pra que serve?
- Bom há alguns séculos, um dos Primeiros que é Modelador de Matéria e tem uma queda para essas coisas de magia e tecnologia, desenvolveu essa roupa. Eu dei uma aprimorada, sabe? É só para vocês não ficarem sem nada quando as transformações acabarem, entendem? – Explicou Caio animado.
Olhei a roupa em minhas mãos. Tinha uma textura macia. Alice me ajudou a coloca-la no banheiro e quando me olhei no espelho me senti bem, confortável, até.
Conversamos até a hora em que a lua começou a aparecer, era uma forma de tentarem me distrair da dor. Mas assim que a Lua Cheia brilhou no céu, os três se transformaram em Lycans, e a minha dor explodiu. Eu queria não gritar, mas era impossível. Meu corpo queimava, quebrava, esticava, tudo ao mesmo tempo. Percebi que a forma Lycan de Art acariciava meus cabelos.
Diego saiu um momento do quarto para chamar Alice e Gália. A dor aumentou escandalosamente e eu achei que fosse desmaiar, vomitei novamente, e Diego já estava com uma bacia ali para me amparar.
De repente percebi que meu corpo estava em posições esquisitas, de formas esquisitas. Os ossos se quebravam e eu gritava. Até que tudo parou e eu pude respirar novamente. Não sentia mais dor, nem nada, apenas força. Um turbilhão de pensamentos invadiram minha cabeça me obrigando a fechar os olhos. Percebi que eram os meninos, eles estavam aliviados e impressionados com minha forma.
Levantei-me e olhei para as mãos, eram patas, mãos de Lycans. Abaixei o rosto e olhei meu corpo, senti-o tremer. Eu parecia com a fera do a Bela e a Fera da Disney, mas com cabelos. Me sentia forte, cheia de energia, como nunca me senti antes, mas um pouco sem graça pela aparecia.
A roupa que Caio havia passado cobria - com pelos - nossas partes intimas quando estávamos transformados, uniformemente. Éramos feras, animais perfeitos.
Ouvi Art uivar e olhei-o de lado, os outros se uniram a eles e logo depois fiz o mesmo. Queríamos sair dali, queríamos correr pela mata, aproveitar nossas forças, nossas agilidades. Alice abriu a porta e indicou para que saíssemos. Então corremos.
Saímos da sede e subimos para o parque das Mangabeiras. Os humanos normais não poderiam nos ver, pois éramos mais ágeis que seus olhos. A lua estava maravilhosa e brilhante no céu, quando paramos, estávamos em cima da montanha, podíamos ver o mirante e a cidade lá embaixo, uivei novamente. Aquela noite eu tinha virado a alfa do meu bando.
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