Momento
Ficamos mostrando para Melissa, pela internet, alguns lugares interessantes para se visitar. Ivan insistiu para ficar um pouco mais com a gente, mas Alice não permitiu que ele cabulasse o restante das aulas que tinha na central, então ficou combinado que nos encontraríamos no baile, a noite.
Eu havia marcado salão para mim, Dani e Mel às seis da tarde. Já eram quatro e meia, e eu me sentia ansiosa. Queria resolver meu problema com Vítor logo. Era fato que eu gostava muito dele, mas nosso namoro estava desgastado, no momento o que eu sentia por ele não passava de amizade. E havia chegado à conclusão de que ser guardiã e ter um relacionamento com um cara um tanto quanto egocêntrico era complicado.
O fato não era apenas esse, além de ser grudento o mundo tinha que girar em torno dele, aquilo havia acabado comigo. A gente só saia quando ele queria, ele dizia que eu vivia com meus amigos, mas os Deuses sabem a última vez que fui ao cinema com Dani. Antes de começar a namorar ele, sem dúvidas.
- Hey, pensando porcaria? – Perguntou Daniela, sentando ao meu lado, ela havia deixado Melissa no computador, olhei-a com as sobrancelhas levantadas, havia sido pega de surpresa.
- É... Algo assim. – Respondi, ela riu para mim e acenando com a cabeça.
- Deixa eu adivinhar... Hum... Art? – Ela fez um movimento sem som com os lábios para dizer a última palavra, revirei os olhos e bufei.
- Sério, vocês tem fixação com isso. Devia era mandar internar todo mundo. – Falei fingindo preocupação, Daniela riu. Melissa parecia não ligar para o que conversávamos, estava muito distraída vendo as fotos de quando fomos à Europa para perceber alguma coisa.
- Vítor? Ou... Devo dizer o mais novo de todos, Vinícius? – Perguntou. Tive que rir do comentário.
- Vítor. – Respondi risonha, ela riu comigo.
- Droga... Achei que finalmente Arthur ia entrar na história dos relacionamentos complicados de Ady! – Falou apenas para mim, enquanto fazia uma cara de decepção. Joguei o travesseiro em seu rosto rindo, ela segurou o travesseiro no colo e me olhou fingindo espanto. – Sério, Ady, suas histórias dão livros!
- Dani, a história de qualquer um dá um livro, se bem contada. – Retruquei, ela fingiu considerar, então me lançou um sorriso sapeca.
- A minha então... Dá um drama m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o! – Falou, abriu os braços e se deixou cair na cama toda sonhadora, revirei os olhos.
O histórico amoroso de Dani era simples. Ela nunca havia se apaixonado por ninguém de verdade, até Caio aparecer. Ai ele apareceu e... Bom, ela fica toda apaixonada pelos cantos quando o assunto é ele.
Dani parou de sonhar, apoiou a cabeça na mão e olhou diretamente para mim, risonha.
- O que vai fazer? – Perguntou curiosa, franzi o cenho e ela bufou. - Em relação a Vítor, oras!
- Anm... Não sei ainda... – Sussurrei, ela me deu uma leve sacudida no ombro.
- Resolva isso. Olha bem, Ady, você nem gosta mais dele nesse sentido, é besteira ficar insistindo no relacionamento. Fora que ele te prende de uma forma... Estranha, ele mudou desde que vocês começaram a namorar, detesto te ver tentando e tentando esse tempo todo continuar e não dar em nada. Você já fez o que tinha que fazer, agora chega! É impressionante como se sente na obrigação de dar explicações bestas o tempo todo! Eu estou falando sério, agora Ady... – Ela sentou mais ereta na cama, e me lançou o olhar mais penetrante que conseguiu. - O que eu quero dizer é que você é linda, inteligente, precisa ser feliz! E com ele você já foi, você tentou tudo o que pode para voltar a ser, mas não é. Acabou.
- Eu sei. – Falei baixinho, suspirei e olhei para as mãos, ela estava certa, só que... Era realmente difícil.
- Olha, acho melhor andar logo, você havia combinado com ele de irem ao baile hoje, lembra? – Perguntou, revirei os olhos, era verdade isso, tinha que, ao menos, ligar para ele.
- Certo vou ligar então. – Falei e olhei para o relógio.
- Vai acabar com ele? – Perguntou, fiquei olhando pensativa para a varanda e suspirei fazendo um sim com a cabeça. – Por telefone? – Perguntou uma Daniela estridente, olhei para o lado e dessa vez Melissa estava prestando atenção na conversa.
- Eu também não acho muito justo acabar com alguém por telefone... Apesar de nem saber do que se trata o assunto. – Concordou ela com os olhos fixos em mim. Suspirei, é eu deveria conversar direito com ele, ia ligar e marcar para conversarmos o mais rápido possível no outro dia.
- Certo, vou marcar algo pra amanhã, mas não quero lembrar disso durante a festa hoje, então, eu ligo, marco algo e nos vamos sair para o cabeleireiro e sermos felizes! – Falei, elas riram.
- É isso ai! – Dani levantou da cama e puxou o braço de Melissa. – Vem, vou te mostrar os vestidos da Ady! Só não pode pegar o intocado...
- Intocado...?
- É... É o que ela vai usar...
Revirei os olhos e sai do quarto ouvindo as duas conversarem. Daniela ia adorar arrumar Melissa para a festa. Suspirei enquanto descia as escadas para a sala de estar. Nós morávamos em um duplex no centro de Belo Horizonte, quem olhasse o apartamento de fora nem iria acreditar o que tinha por dentro. Alice que estava sentada no sofá, ao lado do telefone. Ela levantou o rosto da revista que estava lendo e sorriu para mim.
- Eu liguei no salão e vou me arrumar junto de vocês. – Disse, assenti sorrindo, seria legal isso.
- E decidiu o que vai fazer no cabelo?
- Ahn... Algo assim. – Falou me mostrando uma modelo da revista com os cabelos meio presos meios soltos em cachos, analisei a foto e assenti, ficaria bonito. – E você?
- Coque frouxo com cachos caindo pra todos os lados! – Ri fazendo um movimento com as mãos para todos os lados, ela riu também, deixando a revista de lado.
- Como está com Melissa? – Perguntou, indicando o sofá para que me sentasse. Me acomodei ao seu lado e dei de ombros.
- Ela é ótima, está bem interessada em tudo que vê. Dani está a ajudando a achar um vestido pra o baile... Você sabe se papai e mamãe vão?
- Eles disseram que sim, todos os "adultos" vão, para falar a verdade. – Respondeu revirando os olhos.
- É engraçado quando você fala assim: "adultos". – Falei rindo, e ela assentiu risonha.
- É eu sei, isso me torna paleolítica...
- Você decidiu? Se vai mesmo fazer outra faculdade? – Perguntei mudando completamente o assunto. Eu queria adiar o máximo possível o telefonema.
- Ainda não Ady, mas talvez sim. Estou pensando em entre com você... Me diz uma coisa, fadinha, você desceu pra falar comigo ou por outro motivo? – Revirei os olhos, não ia escapar.
- Anm... Outro motivo? – Alice riu, pegou o telefone e me entregou.
- Acaba logo com isso. – Falou, se levantando. Começou a andar para o quarto, mas parou na escada. – Independente da sua escolha, eu vou estar sempre do seu lado, sabe disso.
Fiz um sim com a cabeça e sorri. Todos estariam sempre ao meu lado, nós éramos uma família, essa era a verdade. Só não queria que fizessem tanto alarde quanto ao provável termino do meu namoro. Sei que era uma pessoa sentimentalista, mas pelos Deuses, eu crescera desde os quinze anos de idade quando tinha as primeiras brigas com Vítor, não fazia mais dramas, ao menos, não tanto... E eu só estava acabando um namoro, não era como se eu fosse morar em outro país!
Um namoro de dois anos.
Um namoro que havia significado muito para mim.
Um namoro que durara minha adolescência toda.
Peguei o telefone e disquei o número de Vítor, tentando imaginar algo pra dizer, suspirei esperando que chamasse, até que ele atendeu.
"Agora está disponível?" Perguntou friamente, revirei os olhos, sério aquilo irritava.
"É, mas só tenho trinta minutos, então vou logo ao ponto..."
"Olha, sem chances de irmos ao baile, vou ter que estudar. Então eu pensei em te buscar ai pra você ficar aqui em casa comigo..." Começou ele, revirei os olhos. Sabia que ele arrumaria uma desculpa para não ir, e é claro que ele iria querer que eu não fosse.
"Ahhh sim, enquanto você estuda?" Perguntei tentando não usar um tom tão irônico assim, mas pelo amor dos Deuses, o quê que esse cara queria? Ele realmente achava que eu não iria ao baile por conta dele? Tudo bem eu sempre fazia isso, deixava de sair com os meninos para ficar com ele enquanto ele estudava, ou ficava com os amigos e eu ficava quieta na minha, mas a escolha sempre fora minha, ele nunca havia pedido antes, ao menos... Nunca tão descaradamente.
Não, hoje não. Era o baile de formatura da Sabrina, havíamos crescido juntos, todos estariam lá! Seria como não ir ao baile de formatura de minha mãe se ela se formasse. Desta vez, seria diferente.
"Claro! Você não vai ao baile sem mim." Disse. Opa! Aquilo não era achar era uma ordem.
"Você realmente acha isso?" Perguntei revoltada.
"Eu não acho, vai ser assim." Disse prontamente. "Você sempre tem um problema de família, agora que tem essa festa e não vai ter problemas, vai vir ficar com seu namorado, já que nunca tem tempo para mim. Te busco daqui duas horas."
"Epa epa epa! Nem sonhando! Vitor, seguinte, amanhã de manhã a gente poderia se encontrar aqui no parque para conversarmos..." Comecei, mas ele me cortou, Deuses, como eu havia agüentado ele por tanto tempo?
"Adelle, me diz quando seus amigos ficaram mais importantes que nos dois? Eu nunca deixei isso acontecer!" - Ah não, vai sonhando...- pensei "Não vou sair pra conversar com você, vamos nos ver hoje."
"Olha, não vamos não, eu vou nesse baile e amanhã a gente conversa." Encerrei, ia desligar quando ele voltou a falar, eu estava mais que irritada, estava passada, como assim?
"Adelle chega!" Gritou ele, tive que afastar o telefone do ouvido, aquela dúvida de acabar ou não? Sobre minha adolescência inteira? Sobre o tempo que passamos juntos e como aquilo significava para mim? Pois é, esvaiu-se, eu iria acabar com toda certeza, sem dó nem piedade. Ele era sempre assim? Caramba, como eu havia agüentado tanto tempo? "Escolhe, agora, nada de amanhã, ou eu ou esse baile idiota!"
Respirei fundo, não, não ia acabar por telefone, ele não ia me obrigar a fazer isso.
"Vi, sério, amanhã a gente conversa...".
"Não! Não tem amanhã! É agora! Acabou então? É isso? Você vai nessa formatura idiota?" Gritou e minha paciência simplesmente explodiu.
"Olha, chega! Acabou, é, é isso sim, eu vou ao 'baile de formatura idiota'! Eu não queria fazer isso assim, ainda mais por telefone e por um motivo tão babaca, mas você é simplesmente impossível! Chaga! Acabou sim."
"Adelle, entenda bem que isso não tem volta!" Percebi que ele usou o tom de voz mais sério que pode. "Eu não vou ficar aturando essa criancice sua...".
"Criancice minha? Ah! Por favor, Vitor, vai procurar outra pra você encher o saco. Chega, acabou sim, é definitivo, ponto final. Não tem volta pra você? Ainda bem, por que pra mim não tem mais. Chega." Falei, e desliguei o telefone.
Eu não tinha vontade nem de chorar, só de gritar e descontar a raiva em alguma coisa. Pelos Deuses, isso era de mais! Ouvi Daniela descer as escadas com Melissa e Alice, elas carregavam minha bolsa e Dani estava com os ombros um tanto tensos. Olhei pra o lado e Claide estava vindo da sala de jantar com um copo de água com açúcar pra mim.
- Eu... Gritei tanto assim? – Perguntei assustada, elas fizeram que sim o que me fez aceitar o copo de água com açúcar de imediato.
- Olha... Eu teria gritado mais, na sua pele. – Concordou Daniela os ombros iam relaxando. – Cara, eu sabia que ele era chato, mas não que era insuportável. "Eu ou o baile?", puts!
- Você deduziu isso ou pegou o telefone do meu quarto e ficou ouvindo? – A olhei nos olhos, levantando uma sobrancelha, já me bastava um ex-perseguidor, agora uma amiga perseguidora era de mais!
- Relaxa, eu deduzi pelos seus gritos. – Daniela respondeu rapidamente, olhei para Melissa e ela assentiu para mim. Suspirei, devolvendo o copo vazio para Claide. O melhor a fazer era tentar esquecer essa briga, peguei a mochila nas mãos de Alice que me deu um sorriso encorajador.
- Vamos logo... – Falei e saímos para o salão.
Contei tudo para as meninas e elas ficaram horrorizadas com a história, então Daniela voltou o papo para "Agora que você e Art estão livres...", que eu logo cortei, o problema é que dessa vez Melissa estava perto e ficou simplesmente encantada com o fato de poder existir um "Ady e Art" um dia. Tentei cortar a idéia, mas nem Alice me deixou escapar dessa vez, revirei os olhos, e coloquei um fim no assunto. Não era o momento para isso, não estava afim de brincadeirinhas sobre namoro sendo que havia acabado o meu há tão poucas horas.
Estava esperando a hora que me arrependeria ou que a tristeza batesse, mas a raiva era tamanha que essa hora não chegava.
A arrumação foi rápida, Dani maquiou e vestiu Melissa. Eu esperava que Arthur não ficasse irritado, por que ela não estava nem um pouco boneca. Melissa extremamente sexy para uma menina de quinze anos. Daniela desistira dos meus vestidos "comportados", e pegara um de Alice, preto longo e justo, Melissa tinha belos seios e contornos deixando-a extremamente bonita nesse vestido, parecia mais velha, sem dúvidas.
Decidi ir com meu longo azul, era colado até a cintura e abria em uma saia rodada, todo de seda estampado com flores, eu gostava dele, não ficava nem vulgar nem menininha de mais. Daniela estava com um vestido justo e tomara que caia preto, que ia até a metade das cochas. Os cabelos lisos estavam presos em um coque oriental e os saltos agulha lhe davam mais quinze centímetros, eu ri para ela, só daquela forma para que conseguisse chegar a minha altura.
- É e você ainda me coloca um salto! Eu vou ter que comprar alguma coisa de trinta centímetros desse jeito! – Falou fingindo irritação. Ouvimos um celular vibrar e ela correu para pegá-lo - Ahh "my little brother" chegou! – Disse, Após confirmar que era Caio mesmo. – Melissa quer ir comigo ou vai esperar Adelle e Alice?
- Vou esperar, combinei com Art que iria com elas. – Respondeu Melissa vidrada no computador, ela já estava pronta, o vestido precisou de alguns ajustes rápidos por que Melissa era um pouco mais baixa que Alice e tinha um pouco mais de seios, mas Claide havia arrumado mais cedo. Ela estava com os cabelos longos soltos com grandes cachos. Clinger, o cabeleireiro, demorara quase três horas para deixa-los assim. Ainda mais com uma Mel inquieta querendo entender, ver e tocar em tudo que podia. O resultado agradara a todas nós, Mel estava linda. Ela adorara o visual, e a maquiagem de Dani dera o toque final.
- Encontro vocês lá então! – Antes de Daniela sair do quarto, parou na porta e fez um gesto com as mãos imitando uma gato, eu e Melissa rimos e ela desapareceu pela porta.
Continuei me arrumando, até que o olhar de Melissa sobre mim, me fez virar para saber o que estava acontecendo.
- Alguma coisa errada? – Perguntei, me olhando no espelho, ela fez um não com a cabeça e sorriu.
- Só acho que você é realmente linda. – Falou encabulada, me fazendo rir para ela.
- Obrigada, Mel. – Respondi carinhosamente. Ela deu de ombros, retribuindo o sorriso. – Espere até ver Alice... Chega a ser revoltante...
- Ah! Ela não conta. – Nos duas rimos, concordando, voltei a me arrumar. Mas ela virou a cadeira do computador para mim. – A Dani tem um caso com o irmão dela, digo... Isso é...
- Ele á adotado. – Respondi, fazendo-a levantar uma sobrancelha de entendimento, sorri com sua expressão.
- E os pais dela? Eles sabem? – Perguntou curiosa, dei de ombros me sentando na cama, já havia dado os retoques finais na maquiagem e estava pronta, agora só faltava esperar Alice.
- Eu acho que sim, e que se fazem de desentendidos. Digo, eles gostam do Caio como se ele realmente fosse um filho, e amam Dani, é lógico, e se "descobrissem a verdade" não acho que teriam coragem de mandar Caio para fora de caso, muito menos a filha deles. Apesar de que Caio está pensando em alugar um apartamento pequeno aqui no centro, ele já está com vinte anos e... Bem a família deixou uma herança um tanto rechonchuda par ele...
Melissa fez uma expressão de entendimento, ficamos em silêncio por um tempo até que ela resolveu voltar às perguntas.
- Art sempre me contou mais ou menos sobre a "vida paralela" de vocês, Caio não é das famílias que vieram para cá na época da colonização e faz parte do grupo? Eu faço parte da família, será que poderia entrar? – Perguntou ansiosa, o que me fez sorri. Seria interessante ela entrar no grupo, mas não acho que seria possível.
- Na verdade Caio é um guardião, só que da Europa. A gente não sabe muito bem a história dele. Nem a Dani sabe. Só sabemos que ele é Guardião, tem o mesmo poder da Dani, veio treinar com a Alice e vive na central. Nunca treina com a gente, apesar de ajudar as vezes. – Ela fez um sim e continuou me olhando curiosa, balancei a cabeça. – Mel, hoje eu acho difícil te aceitaram como guardiã. Não somos nós quem escolhemos quem entra ou sai, você já nasce Guardião. Cada estado tem um grupo diferente, quando o estado é muito pequeno há um grupo para dois ou três deles. O caso é que nós, assim como nossos pais e avós, fomos treinados para ir lá fora, lutar e manter a ordem desde pequenos. Minha mãe teve a escolha entre me colocar para fazer escolhinha de balé ou de uma arte marcial, quando descobriram que eu tinha a magia comigo e poderia ser uma guardiã o balé foi descartado. Fiz Kung Fú e capoeira desde os quatro anos de idade. Além disso você tem que manifestar a magia. Há as pessoas que mexem nas papeladas, que não saem do departamento, fazem o trabalho de contatos e coisas assim, e temos nós que somos... Soldados.
- Eu teria que aprender a lutar então. Mas eu faço Taichi, se bem que Taichi não é lá uma luta... Mas eu sei que é bem parecido com Kung Fu. – Disse desanimada, fiz um sim com a cabeça, e ela suspirou meio triste.
- Olha, tem muita gente que aprende a lutar depois de velha, não acho que esse seria o único problema...
- É que, na verdade, vocês foram treinados desde pequenos, além de terem manifestado alguma coisa de mágico e eu como não conseguia enxergar e nunca manifestei nada...
- Exatamente. – Falei, meio chateada, se fosse para pensar bem, eu não sabia se a magia havia aparecido para Melissa, mas se sim, era para ela ser uma guardiã também.
- Quando a magia manifestou em você? – Perguntou uma Melissa curiosa, eu sorri com a lembrança.
- Quando eu ouvi o pensamento do seu irmão. Devia ter uns quatro anos... Depois ouvi os de Guilherme e Diego. Os três tinham acabado de voltar da central, estavam treinando a transformação de lobo para humano e vice-versa. – Disse, ela riu e arregalou os olhos.
- E o que ele estava pensando? – Perguntou curiosa, eu ri.
- Em roubar o chocolate belga que mamãe tinha guardado na estante para depois do almoço. Era feriado e estávamos todos na casa da Pampulha para um dia de piscina.
Pensar em Mel como uma guardiã. Seria legal ter mais uma menina conosco.
Alice parou na porta, sorridente e esperando que a notassemos. Melissa havia prendido a respiração o que me fez olhar na direção que ela olhava. Apenas suspirei. Não dava mesmo para competir com Alice. Ela havia feito o penteado que disse que faria, a maquiagem estava acentuando seus olhos cinza e os lábios, um vestido simples e preto envolvia seu corpo completamente até o tornozelo, não era todo justo, dessa vez ela havia optado por um com uma alça apenas, justo até a cintura e que abria em uma saia rodada. As sandálias douradas e os acessórios dourados davam luz a tudo.
- Você está magnífica! – Sussurrou Melissa, Alice sorriu e balançou a cabeça.
- Que isso, bondade sua, Melissa. E olha só o que a Dani fez com você! De menininha à uma garota e irresistível, hein?
- Você acha que está vulgar? – Perguntou preocupada, levantou da cadeira do computador e foi até o espelho dar uma olhada em seu visual. Eu e Alice fizemos sons de descrença.
- Você está linda, não se preocupe. – Disse Alice, ela olhou para o relógio dentro do quarto e dele para nós. – Vamos?
Nos duas assentimos, Melissa colocou o computador em modo de espera e descemos para encontrar meus pais na sala. Eles aprovaram os vestidos e elogiaram bastante Melissa. Minha mãe me abraçou levemente assim que me viu.
- Claide falou que você acabou com Vitor... Está tudo bem? – Perguntou preocupada, fiz um movimento com a cabeça para ela não se preocupar e dei um meio sorriso.
- Acontece, não vou morrer por conta disso. – Disse simplesmente, ela beijou o topo da minha cabeça e sorriu.
- Se precisar de alguma coisa...
- Eu aviso, pode deixar. – Ela assentiu e foi para o lado de meu pai. Eu ainda estava extremamente irritada com o telefonema para achar ou sentir ou pensar alguma coisa além de ódio.
Descemos juntos para a garagem do prédio, decidimos que Alice nos levaria em seu carro e meus pais iriam no deles, assim eles poderiam voltar a hora que quisessem sem preocupar. O baile de Sabrina prometia ser lendário.
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