Capítulo 3
HARRY COLLINS
___Saia já da cama, Harry Collins III !Já está na hora de ir para a aula. __Gritou Alice Collins, enquanto tirava o pesado cobertor do rosto de seu irmão, no caso eu, e abria as cortinas.
Isso me fez acordar com um péssimo humor, e não é como se isso fosse raro numa manhã de uma segunda-feira particularmente fria.
__Eu já estava para levantar, Alice. Eu não sou mais uma criança. Eu já tenho 18 anos! __Retruquei, com uma voz sonolenta e ranzinza como de uma criança, numa controvérsia do que havia acabado de falar.
Levantei-me lentamente, esfregando os olhos, tentando despista-los da forte luz que vinha da janela em frente à minha cama.
O meu quarto era o que se podia ter de mais simples na vizinhança, com uma cama de casal de madeira branca com, infelizmente, um dossel, bem em frente ao lado oeste da casa. Ou seja, eu era cortejado pelos raios solares toda santa manhã. "Se ao menos morássemos em Londres, a cidade eternamente nublada, isso não aconteceria", me peguei pensando, novamente me lembrando da minha última e melhor viagem à capital.
Meu pai, sendo um dos reitores da universidade Oxford, precisou ir cobrir as férias de um dos reitores da Queen Mary University of London, e me levou junto para conhecer a cidade.
Uma das melhores experiências que eu já tive, posso afirmar, após ter conhecido uma trupe de atores que me mostraram o mundo das Mollys Houses, uma espécie de teatro misturado com pub onde, digamos, os excluídos da comunidade padrão britânica podiam ser livres para se travestirem e fazerem suas performances. Como eu poderia imaginar que algo assim existiria no coração da Inglaterra, justamente em 1815?
__Então comece a agir como um adulto de 18 anos, e que vai se casar com Mary-Anne. __Terminou de esbravejar, levando as roupas que eu havia jogado encima da cadeira em frente a escrivaninha para o primeiro andar.
Encima da escrivaninha jaziam mortos livros sobre direito penal e a nova constituição, juntamente com um vaso de suculenta e outro de uma nova espécie de folhagem não catalogada que o amigo explorador do meu pai havia trazido na sua última viagem ao Brasil.
__O café já foi servido.
E assim se começa mais um entediante dia na vida de Harry Collins, com o adicional de ter sido acordado especialmente pela sua irmã ao invés da sua ama, algo interessante a ser investigado. Ah, como eu sentia saudades de ser acordado pela minha mãe.
Terminei de vestir-me, sem muitas delongas, mas cuidando com a cor das minhas vestes. Eu ainda não entendia o porquê da cor preta (não exatamente uma cor, mas convenhamos) ser obrigatoriamente um sinal da minha classe social estável, e achava ridículo tal detalhe, apesar de seguir a norma.
Peguei minha bolsa de couro do cabide, e procurei os outros livros que eu deveria levar para a faculdade hoje.
Ao lado esquerdo havia a minha segunda parte preferida da casa, a minha estante de livros. Melhor dizendo, abarrotada de livros, especialmente com livros de capa verde, a minha coleção particular. Sim, particularmente eu sou viciado em objeto esverdeados, e ainda mais se esses forem livros.
Tá aí também o motivo de eu amar tanto plantas, tendo ainda mais um vaso de sambaia acima da minha cômoda, ao lado direito da cama. Para mim, o meu quarto representava o meu espírito, simples, minimalista, vivo, com um pouco de literatura e sentimentos demais, e às vezes um pouco bagunçado.
Desci quase correndo as escadas ao ver que já eram 8 horas, e a aula do Sr.Phabin começando às 9 indicava que eu estava quase atrasado. Encontrei a minha ama, Mary Jane, subindo as escadas. Olhei a inquisidoramente, ao que ela me respondeu com um simples sorriso de lábios fechados e continuou na direção do quarto dos meus pais.
Obviamente, ela é negra, o que eu acho repulsivo. A escravidão, quero dizer. Apesar de já ser quase certo que a Inglaterra será um dos primeiros países a abolir a escravidão, ainda pode acontecer reviravoltas, e pensar nisso me aflige. Sim, confesso que sou muito apegado à Mary Jane, a ama. Mas ela precisa ser livre e dar estudo para a filha.
Esses pensamentos me passaram rapidamente enquanto eu descia as escadas, até me deparar com meu pai. Ele estava aos pés da escada, se olhando no espelho da portinha do armário de casacos. Por sinal, ele também estava praticamente atrasado. Não que isso fosse realmente um problema para o reitor.
__Pequeno grande homem, aí está você! __Disse ele, ao se deparar comigo o encarando.
Eu amava aquele alto homem de cabelos grisalhos, porém farta barba preta. Eu o admiro, e herdei dele muitos valores, como por exemplo acreditar na dignidade e liberdade do povo negro. Entretanto, não herdei dele a crença na meritocracia, o que para mim sempre foi uma estupidez.
__Pai, eu já estou com a sua altura. Como pode me tratar assim ainda? __O questionei, enquanto o acompanhava a sala de refeições.
A casa era simples, porém ainda era perseguida pela arquitetura colonial, sendo de madeira branca e de dois andares. No primeiro andar da casa há os quartos dos empregados, da cozinheira e da governanta, no caso a ama Mary Jane, bem como a cozinha, a sala de jantar e o salão principal, e a sala de jogos.
No segundo andar, há os quartos dos meus pais, o quarto de hóspedes, o quarto de Alice, minha irmã, bem como o meu próprio.
Seguindo pela escada, onde quadros de toda a minha família pendem das paredes, encontra-se o meu lugar favorito da casa, a biblioteca, onde eu normalmente passava a maior parte do tempo com a minha mãe, até ela... Bem, vocês sabem. Não? Então, digamos que ela tenha passado ao reino dos céus após ter tido hanseníase, mas comumente chamada de lepra. Foi por ela que adotei a paixão pelos livros, e foi isso que ela me deixou quando se foi.
__Ah, filho, tu sempre serás o meu pequeno. __Disse meu pai, bagunçando o meu cabelo, enquanto eu sentava à mesa para comer um pedaço de pão com geleia.
Ele se sentou à minha frente, pôs o rosto entre as mãos, e me olhou com uma das sobrancelhas levantadas.
__Não se esqueça de chamar o artista do pub para jantar. Preciso falar com esse garoto, avaliá-lo e ver se ele merecer estudar em Oxford tanto quanto tu diz. __Nessa última parte, ele sorriu de orelha a orelha, estava sendo irônico.
Ele já havia decidido dar uma chance ao garoto antes mesmo de conhecê-lo, confiando na minha opinião. Espero que o belo de olhos verdes não me decepcione.
__Tudo bem, irei com Henri William está noite ao Moby Dick, tudo bem? __Perguntei, terminado de tomar uma xícara de café e me levantando da cadeira para pegar a minha bolsa e me encaminhar para Oxford.
Mesmo sendo viciado em café, principalmente sendo puro e com um pouco de canela, eu precisava ir, lutando contra o meu desejo de ficar e continuar tomando café.
__Tudo bem. Não esqueça de passar na livraria do seu sogro e perguntar se o livro que eu estou esperando já chegou. __Ouvi sua resposta, já no hall de casa, com a mão na maçaneta, agradecendo seu pedido que me dava motivos para ir ao meu lugar favorito da cidade, a livraria Dickens & Dickens.
Abri a porta e admirei o lindo jardim que tinha, sendo um grande espaço, onde havia uma fonte ornamentada de margaridas e uma velha árvore com um balanço de madeira, do qual eu brincava quando era menor.
Apesar de o jardim ser encantador, eu ainda preferia passar meu tempo no quintal, onde havia uma grande estufa de vidro, com todos os tipos de plantas de todos os lugares do mundo que tu possas imaginar. Novamente, presentes de Phillip, o explorador. Corri a extensão do gramado, um tanto quanto ansioso e nervoso por estar atrasado.
Como já era de se esperar, a aula já havia começado quando eu terminei de subir as escadas dos 5 andar do prédio principal do campus, onde a sala do Professor Phabin se localizava. Entrei pela porta do fundo da sala, rezando para não ser interceptado pelo professor.
Felizmente, ele encontrava-se tão entretido na sua explicação da reunião constituinte e sua importância legal que não me viu sentando em uma das última mesas, perto da janela, me escorando contra a parede acortinada.
As 4 aulas do dia passaram sem tardar, e logo eu estava fora da universidade, me encaminhando para o centro da cidade.
__A onde pensa que está indo? __Ouvi uma voz atrás se mim, afobada e entrecortada, possivelmente por uma pessoa que estava correndo, e então uma mão pesada e peluda no meu ombro. __Tudo combinado para hoje à noite no Moby Dick?
__Sim, combinado, Henri. Só estou dando uma passada no Dickens & Dickens antes. Dar uma olhada nos livros. __Respondi ocasionalmente, colocando as mãos nos bolsos, enquanto era acompanhado pelo próprio Henri William, uma das únicas pessoas que eu poderia chamar de amigo naquela universidade. Apesar de sua presença ser desagradável na maior parte das vezes que eu a encontro.
__Aham, sei, livros. E a sua garota, a filha do livreiro? Como está o vosso casório? __Por algum motivo, ele havia adotado um perceptível tom malicioso ao falar em Mary-Anne. Isso andava me deixando louco, ele devia falar com mais respeito sobre o meu relacionamento com ela, apesar de eu prever ele estar indo por água abaixo.
Claro que eu não estava criando esperanças para um possível relacionamento com o garoto artista, mas ainda assim eu... o queria, talvez.
__Muito bem. Talvez nós nos casemos na primavera. __Ainda tentava falar de forma ocasional, sem parecer ansioso pelo desaparecimento da presença deste beberão.
Não que eu não gostasse de Henri, mas algumas coisas nele me irritavam. E com isso eu também estava contando o seu peculiar gosto por cerveja e por estar bebaço na maior parte do tempo.
__Que ótimo, vai conhecer uma mulher de verdade antes de terminar a faculdade. Que sorte, é assim mesmo que se faz. Eu, por exemplo, já me deitei com várias, apesar de já ter passado do tempo de terminar o curso. E...
__Nesse momento, a minha mente simplesmente começou a ignorar tudo que saia daquela boca desbeiçada.
"Por que ele ainda não foi embora?", era essa a pergunta pela qual a minha mente circulava quando ele começava a tratar mulher, principalmente Mary-Anne, como objetos a serem conquistados. "Tu claramente também se esqueceu de comentar que havia reprovado em diversas matérias por estar bêbado nas provas, e por isso ainda não terminou o curso. E que só está ainda em Oxford por conta de seu pai ser influente e ter grana. Ah, não esqueça também do fato de só ter "conhecido" essas mulheres pelo seu óbvio vicio em bordeis de quinta categoria", minha mente gritava quanto mais se prolongava a presença do próprio ao qual os meus pensamentos se referiam.
__Sim, sim. Claro! __Concordava automaticamente, não ouvindo uma palavra que era dita.
__Que bom que concorda. Bom, gostaria de continuar a nossa conversa, mas o dever me chama! __Exclamou, enquanto se encaminhava para um beco úmido no centro de Oxford, conhecido por ter uma misteriosa entrada para um bordel.
Acenei me despedindo e continuei meu caminho. Após duas quadras, encontrei a fachada da livraria.
O prédio é de tijolos, pintado de branco e com uma grande vitrine com o nome da livraria pintada em letras garrafais e a apresentação dos mais diversos livros que poderia se encontrar na antiga loja, onde encima há pendurado um grande vaso de flores, presente meu.
A porta é de madeira e com pequena janelas na parte superior, mostrando parcialmente a visão de dentro da livraria. Entrei por ela, dando de cara com o Sr.Cure em seu costumeiro balcão, com o nariz enfiado no livro de receitas da loja.
Diversas estantes abarrotadas de livros antigos estão espalhado no salão iluminado por candelabros. No fundo da loja há uma escada para o segundo andar, onde a família Cure mora, em um único andar.
__Boa tarde, Sr.Cure! Como vai a Sra. e a Srta. Cure? __Perguntei entusiasmado.
O meu ânimo mudava da água para o vinho quando respirava aquele ar de livros empoeirados. Me reclinei no balcão, colocando um dos cotovelos sobre o mesmo, e o encarando risonho.
__Vão muito bem, seu malandrinho. Aliás, não muito bem, já que o senhorzinho faz meses que adia uma certa reunião...
__Eu sei, eu sei. Que tal hoje à noite? __"Graças aos céus arrumei uma desculpa para evitar a presença de Henri William por mais uma noite." __Preciso mesmo falar com Mary-Anne. __O interrompi, falando receosamente.
Já sabia o que estava por vir, o famoso sermão "case logo com a minha filha ou saia daqui com o rabo entre as pernas". E sim, eu estava adiando pois estava confuso. Não que eu não amasse Mary-Anne, mas eu acabei de superar uma paixonite. E agora me aparece outra, da qual eu não sei se fujo ou mergulho de cabeça.
__Espero que essa conversa se trate do dia do casório. __Respondeu o Sr.Cure, fazendo um muxoxo, e voltando os olhos para as contas novamente. __A encomenda do seu pai já chegou, a propósito. Está com Mary-Anne lá no depósito.
Acenei com a cabeça e me encaminhei para os fundos da loja. Às vezes o Sr.Cure é casca grossa, principalmente quando se trata em casar a sua única filha. E também para "proteger" a pureza dela até o casamento, se é que me entende.
Ao entrar no depósito, parcamente iluminado, encontrei Mary-Anne remexendo em caixas e mais caixas de madeira com diversos livros em seu interior. Ela pareceu não notar a minha presença, então aproveitei para assusta-lá, me posicionando às sua costas, segurando as suas ancas e beijando o seu pescoço.
Seu cabelo é curto, cortado um pouco abaixo das orelhas, e sua bela nuca visível, sendo esta parte do seu corpo a que mais me encanta. Senti seu corpo tremer diante do meu toque, e um suspiro escapar dos seus lábios. Logos seus olhos estavam grudados aos meus diante da sua virada brusca.
__ Ora ora, se não é o famoso e misterioso Harry Collins. Por onde andou? __Sua pergunta era incisiva e consegui notar uma certa mágoa escondida por toda essa falsa simpatia.
__Por favor, não haja dissimuladamente. Sei que está chateada por não ter vindo com frequência à loja na última semana e...
__Oh, claro que não. Me interprete desse jeito, mas eu realmente sequer senti sua falta... __Interrompeu Mary-Anne, finalizando em um suspiro dramático.
Cautelosamente, segurei suas pequenas e delicadas mãos entre às minhas e levei ao peito, ao passo que amavas logo se encaminharam à envolver o meu pescoço.
__Tem certeza que não sentiu? __Mordendo o lábio inferior, procurei por seus olhos castanhos, os encontrando presos aos meus lábios.
Espontaneamente, Mary-Anne se inclinou e aprumou seu rosto na curva do meu pescoço, enquanto eu desajeitadamente enlaçava sua cintura em meus braços e entre a pesada vestimenta de cetim, pensando "como pode uma ave tão frágil dessas carregar tamanho alento".
Repentinamente, ela virou-se para encarar meus olhos, erguendo seu fino queixo, e, não resistindo ao seu doce olhar, encostei seus donos lábios aos meus. Logo, meu rosto e corpo ferveram e me contive em não demonstrar tamanha satisfação que estava em revê-la.
__Senti saudades... _Falei, aos descoláramos nossos rostos e nos ajeitarmos para voltar a loja.
__Sei que sim. __Respondeu, com um ar de superioridade, que por conhece-la bem já sabia ser falso, ao ajeitar seu cabelo atrás das orelhas e erguer seu vestido para se pôr a caminhar. __Já chegou a encomenda do seu pai.
Mary-Anne me deu as costas, virando-se a caminho de pilhas e pilhas de livros embrulhados em papel pardo, amarrados em fitas, e apoiados em uma embolorada parede ao fundo da pequena sala que chamávamos de estoque. Ao voltar-se para mim, me entregou um pesado livro embrulhado em papel de seda branca e amarrado em um fino cordão prateado.
__Bom, aqui está. Agora, vá depressa para casa e esteja de volta ainda esta noite para o jantar. Precisamos conversar sobre negócios, se é que me entende. __Sua loira sobrancelha ergue-se interrogativamente, apesar de saber que esta não estava me fazendo pergunta alguma. Era uma clara afirmação, eu iria no jantar.
__Ahn, claro que sim. Estarei aqui prontamente às 18hs. __Engoli em seco, me surpreendendo com tamanho nervosismo que de mim se apossara.
Às vezes me assustava com o jeito mandão que Mary-Anne adotava em certas ocasiões, tentando parecer mais forte que seu pequeno corpo poderia mostrar e intimando-me apenas com seus olhos escuros. Me perguntava se sua mãe também era assim e se era por isso que o Sr.Cure se apaixonara perdidamente.
__Ótimo. Agora, vá! __Disse Mary-Anne, batendo delicadamente suas pequeninas mãos sujas de pó em meu peito e me empurrando para fora da sala.
Respondi a essa ordem com um riso largo e sai descontraidamente , com as mãos atochadas nos bolsos. Mary-Anne não me acompanhou, pelo contrário, continuou no estoque registrando o inventário. Chegando à entrada, o Sr.Cure levantou seus olhos, semicerrando-os, e apertando seus lábios. Interpretei isso como um bom sinal.
__Há algo em que eu possa ajudar hoje, Sr.Cure? __Falei, tentando parecer o mais amigável possível àquele senhor que parecia estar tendo um péssimo dia.
__Não, tudo bem. Aquiete-se em casa, por hoje. _Respondeu entredentes, voltando seus olhos ao livro-caixa.
__Tudo bem! Até mais ver, então. __Ergui a mão em um sinal de despedida, que ao velho passou despercebido.
Envergonhado, e um tanto quanto empertigado, girei cuidadosamente a maçaneta e meu pus à rua. Olhei instintivamente ao céu, e este parecia aço em fogo de tão escuro.
Sabendo que este logo desabaria, e que Deus ouça, não sobre a minha cabeça, aprumei-me dentro do meu sobretudo e rumei em direção ao lar.
Por nenhum motivo consciente específico, peguei o caminho mais longo, justamente o qual eu passaria em frente ao Moby Dick. A suja sarjeta da estreita viela parecia ainda mais imunda hoje, o que destacava a brancura impecável da fachada do pub. E isso se deu ao fato de meus olhos deslocaram-se como um inseto à uma lamparina para a porta do local.
Esta encontrava-se fechada, e pois subi o olhar até a segunda parte da residência. Às janelas vi de relance um cabelo castanho escuro balançar de cá para lá rapidamente.
Virei meu rosto a encarar meus Oxfords recém limpos, temendo ter sido visto. Porém, ao levantar os olhos novamente, lembrando a estupidez de tal impulsivo ato, me deparei com uma janela limpa de qualquer indivíduo.
"Estará eu alucinando a tamanho desejo de ver o pequeno artista novamente? Não será possível que tamanha luxúria provoque tais alucinações!"
Meneei a cabeça, espantando os pensamentos, e voltando a seguir meu caminho, não me deparando com mais nada até chegar ao jardim dos Collins. Bati à porta, que prontamente foi atendida por Mary Jane.
__Já não era sem tempo! Seu pai está louco atrás de ti. Anda-te ao teu encontro. _Disse ela, recolhendo me e voltando aos seus deveres rapidamente.
Subi às escadas, rumo ao escritório, onde certamente encontraria o meu pai. Bati à sua porta, e logo ouvi sua pesada cadeira ser arrastada no piso de linóleo. Uma pesada mão se apossou da maçaneta e abriu de supetão a porta.
__Aí está o meu pequeno grande homem. Por onde esteve? __Essa não agora estava sobre o meu ombro, forçando-o um pouco para baixo e puxando para adentrar o aposento.
Direcione-me à uma poltrona que localizava-se confortavelmente em frente à lareira, e em seguida meu pai acompanhou-me sentando-se à minha frente.
__Estive na Dickens&Dickens e lhe trouxe isto. _Apresentei-o ao pacote e reclinei-me na poltrona.
__Hm, bom. E encontrou o Sr.Cure por lá? __Respondeu meu pai, largando o pacote encima de um criado-mudo ao seu lado, sem lhe dar muita importância. Porém, em dado momento, seus olhos semicerraram-se aos meus, espreitando os meus movimentos. Sabia o que queria ouvir.
__Encontrei-o sim, e ele me convidou para jantar lá nesta noite. Trataremos de negócios...
__Que maravilha! Então já está sendo bem vindo à família. Isso é realmente muito importante, sabe? __Interrompeu-me, batendo as palmas com um estalo e parecendo eufórico com a novidade. __Pois bem, vá rápido se arrumar, penteie-se e use do perfume que acabei de trazer de Paris. Tente parecer um digno cavalheiro, hein? Não me desaponte!
__Disse, esfregando os joelhos como uma criança ansiosa pelo começo de uma nova brincadeira. De imediato, se pôs de pé, e o acompanhei, logo sendo posto porta à fora.
"Eu? Decepcionar o Sr.Collins? Nunca nunquinha nessa vida. Toda via, qual era de fato o interesse dele no meu casamento com Mary-Anne? Ele não estaria tão animado se este meu casamento fosse com uma "zé-ninguém" (utilizando de seus próprios termos). Então o que a família Cure pode lhe proporcionar para o empolgá-lo tanto?" Encucado com tais pensamento, fui até o meu quarto e fiz o que foi aconselhado.
Às 17:20, já tinha me posto ao jardim novamente, decidido a comparecer a este jantar. Me encaminhei rapidamente entre as vielas que levavam ao coração do centro, com os céus rugindo às minhas costas, anunciando sua queda.
Ao virar a esquina, quase tropeçando no calçamento e me estatelando à fachada de uma padaria denominada "Minerva Tradições", senti pingos caírem sobre minhas bochechas, e logo outros caíram com ainda mais força e rapidez.
O céu desabava sobre mim brutalmente, enquanto eu tentava me proteger com meu sobretudo sobre à cabeça e procurando um lugar aberto para me abrigar. Uma luz chamou a minha atenção no meio de todo o breu que havia se tornado a rua.
E justamente essa luz advinha de um estabelecimento que eu estava determinado a evitar hoje: Moby Dick.
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