Capítulo III
Ethan Hawkeye☀️
- O que foi aquilo?
Senti uma leve irritação quando ela procurou pelo Brian e por estar interessada se ele namorava a Sarah. Eu o mandei a minha sala para ver como ela estava, talvez durante a conversa tenham criado alguma conexão, descoberto coisas em comum. Seria normal já que devem ter a mesma idade. Mas porque estou pensando sobre isso agora?
O incômodo causado pelo impacto do projétil estava suportável e no banho deixei a água quente cair sobre o ombro. Era típico de um fdp extravagante como Kassian ter uma Magnum Desert Eagle dourada. Um tiro tão próximo daquela arma teria deslocado minha omoplata mesmo de colete, se eu não tivesse um trabalho muscular muito bem feito. Nem quero imaginar o que causaria no corpo desprotegido da Mikaela. E depois tive que apoiar o rifle e aguentar o coice. A dor não foi nada, naquela situação eu só pensava em proteger meus soldados.
- Fod@-se se explodi tudo.
A Federal que arranque do Kassian as informações que precisa ou o entregue à Interpol.
Saí do banho e vesti uma calça de moletom. Procurei um gel para contusão que eu tinha, porque às vezes exagerava no treino e passava para aliviar a tensão muscular.
Então, eu a vi pelo espelho do armário. Com o cabelo molhado e vestindo o meu pijama que ficou bem largo e lhe deu um ar adolescente, tão diferente do mulherão que eu resgatei mais cedo e cuja vida salvei.
Nossos olhares se cruzaram, mas logo sua atenção voltou-se para o meu ombro. Não era um ferimento aberto, mas devia estar bem feio.
- Deixa eu te ajudar. - falou com a voz mansa.
Ela andou até a cama onde eu estava sentado e lhe entreguei o tubo do remédio. Senti o toque dos seus dedos fazendo movimentos circulares leves, com receio de me machucar.
- Pode usar mais força. - Já aguentei dores piores- pensei.
Mikaela parecia indecisa, preocupada em me causar dor. Se soubesse...
- Garanto que tá mais feio do que sério. Precisa usar um pouco de força pra fazer o efeito.
Ela assentiu e iniciou uma massagem mais firme. Eu suspirei e o contato da sua mão na minha pele me causou prazer e alívio. Fechei os olhos enquanto ela estendia o toque até meu pescoço. Eu não sabia como precisava daquilo, meus músculos estavam tensos demais.
Nossos olhos se encontraram novamente pelo espelho e suas perguntas foram pertinentes. Eu devia parecer um louco que arriscava a própria vida por desconhecidos.
Eu acreditava que tudo tinha um propósito. Se fui eu naquele local, naquele momento, era porque sua vida deveria ser salva por mim. Só não imaginava que meu ato daria início a algo muito maior.
Depois que Mikaela saiu do meu quarto, eu tentei dormir sem sucesso. Revi mentalmente toda a ação do dia e tive certeza que não poderia agir de forma diferente ou minha gente iria morrer. Isso, eu jamais iria permitir.
Fui em busca de um pouco d'água e passei pelo quarto que ela ocupava. Tudo estava quieto e a luz apagada. De certo estava dormindo, enquanto eu parecia um zumbi. Fazia tempo que eu não apelava para medicação, mas devido ao dia que me esperava, resolvi tomar para dormir um pouco e apaguei em minutos.
Acordei ouvindo vozes vindas da cozinha e o cheiro do café me atraiu como um viciado. Porr@ eu precisava de um café forte e um banho frio, nessa ordem. Quando cheguei na cozinha, encontrei a cena. Mikaela sentada com as pernas cruzadas sobre a cadeira, o short subiu e suas coxas estavam totalmente à mostra. A blusa caída, deixava o ombro à mostra e o cabelo preso em um coque, revelava a nuca. Linda visão matinal, não pude evitar de pensar. Melhor do que só ter um macho na minha casa, toda manhã. Brian estava de costas, contando uma de suas histórias engraçadas e ela sorria.
A torrada ficou parada a meio caminho da sua boca quando ela finalmente percebeu a minha presença. Ele continuou tagarelando até se virar e dar de cara comigo. Rapidamente fez uma continência, o cínico.
- Bom dia, Capitão.
- O que faz aqui tão cedo?
- Trouxe o café, Capitão.
- Estou vendo... - falei mal-humorado.
- Está servido, Capitão?
Ele faz um café americano fantástico e sabe que eu necessito comer pela manhã. Golpe baixo do meu irmão. Eu me sentei ao lado da Mikaela que permaneceu calada e peguei seu prato com ovos, bacon e queijo. Brian se aproximou com o café expresso e me serviu. Dei o primeiro gole e o mundo se abriu para mim. Me tornei um novo homem.
- Você não devia comer isso pela manhã.
Eu pensei que não combinava com uma modelo comer tanto.
- Eu sou como os dragões, posso comer o que eu quiser.
- Tem mais aqui. Não briguem crianças.
Brian a serviu novamente e se sentou nos olhando comer. O garoto gosta de cozinhar tanto quanto de espionar as redes.
- Alguma novidade, Brian?
- O Secretário de segurança quer uma conferência com a gente e o Comandante ainda hoje.
- Isso vai dar merd@
- A Federal sem provas, vai ter que liberar o árabe.
O olhar de surpresa da Mikaela encontrou o meu por cima da xícara que exalava o cheiro de chocolate.
- Sarah acabou de chegar.
Brian avisou ao vê-la pelo monitor de segurança que ficava na parede entre a entrada e a cozinha.
- Bom dia, Cap. Brian. Mikaela.
- Bom dia, Sarah.
- Já sabem o que nos espera?
- Sabemos. Terminem o café, sairemos em seguida. - determinei.
Mikaela Evans⭐
Bastou a bela jovem chegar e eu já não era mais o centro das atenções do Brian. Era nítido seu interesse pela moça, mas ela o mantinha distante, mesmo adorando os agrados que ele lhe fazia.
- Senta aqui, Sarinha. Vou preparar uma tapioca especial para você, com queijo coalho e banana.
Ela sentou-se no lado oposto ao meu e depositou a sacola que tinha nas mãos na cadeira vazia ao lado.
- Brian, nós temos que ir para a Central. Não inventa. - ela o censurou.
- Só demora 5 minutos, o tempo do Cap tomar banho. - falou já separando os ingredientes com rapidez de um cozinheiro.
A agente relatou a ordem do Comandante para que todos se apresentassem na Central ainda pela manhã. Ela estava séria e parecia bastante preocupada com a situação do Capitão. Brian recebeu a mesma convocação e somente Ethan não havia visto a mensagem porque teve um sono pesado, devido ao medicamento que tomou, como deixou escapar.
Eu permaneci calada, enquanto eles discutiam as implicações da decisão do líder da missão. Ter explodido a aeronave que resgataria Kassian para salvar os agentes e civis que ainda se encontravam na mansão, poderia lhe causar sérios problemas com o Secretário de Segurança.
- Pouco importava que eles estivessem atirando em tudo que se movia. Aquele federal fdp só queria as provas e as armas.
O Capitão e o tal agente da Federal pareciam desafetos de longa data.
- Se bem conheço Marco Aurélio, ele está doido pra comer seu fígado. - Brian se aproximou da mesa para servir a jovem.
- Deixamos a cena do crime para ele e suas hienas. É só ter competência para fazer o Kassian falar. - a jovem acrescentou, enquanto degustava a iguaria preparada pelo amigo.
- Ele não vai falar, nunca. - afirmei e todos me olharam.
- Ele tem imunidade. - Sarah ressaltou.
- Terrorismo e tráfico de armas são crimes internacionais. - Ethan contrapôs.
- Ele vai pedir a intervenção do pai, através do consulado.
- O Príncipe Kahled não deve estar nada satisfeito, mas é seu filho. É de se esperar que o proteja. - ela enfatizou.
- Não se souber com quem Kassian esta envolvido. - comentei, enquanto bebia o capuccino feito por Brian.
Ethan virou-se para mim e eu perguntei.
- O nome Faizel lhe é familiar?
- Faizel Baraki é um fantasma. Ele é o juiz e o executor de muitos soldados e inocentes. - ele confirmou a fama do árabe.
- Faizel é o mentor por trás do Kassian.
O silêncio que se seguiu só foi interrompido pelo barulho da xícara, quando a coloquei de volta sobre o pires, pois minha mão tremia à simples lembrança daquele homem.
- Mikaela, você já viu esse homem?
- Pelo menos duas vezes. E gostaria de nunca ter visto.
Eu estremeci só de lembrar daquele olhar frio e cruel. Como um escorpião enterrado no deserto, à espera da sua presa. Percebi que a sensação do Ethan era bem similar a que eu tinha. Automaticamente, ele levou a mão na altura do quadril e fechou os olhos.
- Ethan? - o irmão o chamou, atento ao seu gesto.
- Tudo bem.
Ethan respirou fundo duas vezes e falou com a voz controlada.
- O Comandante precisa saber dessa informação.
- E eu, faço o quê?
- Você vem com a gente.
- Só uma coisinha. - falei e gesticulei para mostrar o pijama masculino que vestia.
- Trouxe o que eu pedi? - Ethan perguntou a moça.
A morena de cabelos e olhos negros, esticou o braço com a sacola que havia trazido consigo. Ela esquandrinhou meu corpo, escondido pelo conjunto dois tamanhos maior que o meu, me fazendo sentir um Hobbit.
- Foi o menor tamanho que consegui e acho que acertei no número do tênis.
- Obrigada. - agradeci sincera ao pegar a sacola.
- Por nada. - respondeu com um sorriso tímido.
- Vou me trocar.
Ethan e eu levantamos juntos e saímos da cozinha em direção aos quartos. Antes de entrar no que eu ocupava, o chamei.
- Capitão, obrigada por pensar em mim. Quero dizer, pela roupa.
- Imaginei que você não quisesse voltar a Central com aquele vestido.
- Porquê? - provoquei.
- Não me pareceu... confortável.
- Ah, tá. - respondi sorrindo
Ele se virou e entrou. Eu ainda fiquei olhando a porta se fechar.
Retirei da sacola as roupas que ela trouxe. Uma camiseta verde oliva e uma calça cargo cinza chumbo, apenas um número maior que o meu. Um par de tênis que me serviu perfeitamente.
Agora eu tenho um vestido, uma muda de roupa e um pijama emprestado, que aliás cheira maravilhosamente bem. Já vivi com bem menos e com bem mais.
- Ok. O estilo militar me favorece.
Como modelo, algumas vezes tive que entrar em roupas que não me deixavam respirar. Em outras, a roupa era ajustada com tantos alfinetes, que era uma sorte não terminar o trabalho toda machucada. Enfim, havia o glamour que as lentes capturavam e os sacrifícios por trás delas, mas era divertido.
Fotografar com jóias era muito mais fácil. Mãos e colo precisavam estar aveludados e uniformes para destacar as peças de ouro e pedras preciosas.
Se eu senti falta nos últimos três anos? Não deu tempo de pensar ou lamentar. Eu estava decidida a sair do casting e quando conheci o Kassian, me pareceu a hora certa. Até pouco mais de um ano depois...
- Não ficou ruim.
O vestido que eu usava no dia anterior não comportava um soutien. Meus seios eram do tamanho perfeito para preencher decotes e lingeries com sensualidade e sob a camiseta de malha não foi diferente.
- A lingerie eu vou ter que providenciar.
Já pronta, saí do quarto e dei de cara com o Ethan. Na verdade quase nos chocamos no corredor.
O Capitão estava de roupa social e os indefectíveis coturnos. A calça que julguei apertada demais em pontos estratégicos, a camisa de botões marcando o peito e as mangas dobradas até o antebraço. As veias do pescoço saltaram e o pomo oscilou quando ele engoliu em seco quando seus olhos azuis focaram meus lábios. Num ato reflexo, ele umedeceu os próprios e eu acompanhei seu movimento, deslizando a língua sobre os meus.
Ethan olhou ostensivamente para a camiseta e seu olhar pareceu atravessar o tecido, queimando a minha pele. A reação foi imediata e minha face corada, entregou o que percebi. Eu tentei diminuir o movimento do meu colo e não evidenciar o quanto estava agitada, mas foi impossível controlar meu corpo.
Quem duvida que o gelo queima, nunca foi atingido por dois diamantes incrustados em uma efígie angulosa, circundada por uma barba feita para parecer sexy e displicente. Um raio laser faria menos estrago e causaria menos calor. O corredor ficou abafado e a pouca distância entre nós só fazia aumentar a temperatura. Se eu levantasse o braço, esbarraria no seu peito e quase o fiz. Abriria dois ou três botões e tocaria a musculatura bem trabalhada, desceria até os gomos do abdômen e... Mikaela, contenha-se. A parte racional da minha consciência ordenou.
O silêncio constrangedor foi quebrado por sua voz ainda mais rouca, quase autoritária.
- Espere aqui.
Ele entrou no seu quarto e eu voltei a respirar, me abanando com minha mão. Quase fui flagrada nesse estado frenético, pois ele não levou um minuto e retornou.
- Melhor você vestir isso.
Olhei para sua mão e ele segurava uma jaqueta, diferente da que havia me emprestado antes.
- Pode esfriar mais tarde, apesar do calor que tá fazendo aqui...
Explicou-se, mesmo sem haver necessidade.
- Aaah, claro. Obrigado.
Peguei a peça e a vesti. Ele pareceu satisfeito, pois a jaqueta me cobria quase que totalmente.
- Quando vão me entregar minhas roupas e meus documentos?
Perguntei ao me lembrar que estava praticamente vivendo da caridade de todos ali.
- Vamos saber o que foi decidido nessa reunião com o Comandante e o Secretário.
- Capitão, eu quero minha vida de volta. Que o Kassian pague pelos seus crimes. Eu não fui cúmplice dele nessa loucura.
Seu rosto não deixou transparecer qualquer julgamento sobre mim.
- Você acredita em mim? Acredita, não é?
Parecia óbvio ou eu não estaria na sua casa, porém era importante para mim ouvir a opinião dele naquele momento.
- Acredito em você, Mikaela. - disse por fim, para meu alívio.
Ethan estendeu a mão para mim e eu a segurei. Seu toque era firme e me deu a segurança que eu precisava para segui-lo. Sabia que ele nunca me soltaria.
- Vamos.
Quando chegamos na sala, onde os dois agentes nos esperavam para partir, não passou despercebida a atitude de proteção de Ethan para comigo.
Sarah me passou em revista, pois reconheceu a jaqueta. Não consegui decifrar seu olhar. Brian se aproximou de mim, sorrindo como sempre e retirou o próprio boné, colocando na minha cabeça.
- Agora sim. Tá completo o estilo.
- Estou disfarçada de soldada de elite. - brinquei.
- É só ter umas aulas de tiro e está pronta para sair em campo.
- E quem disse que eu não sei atirar?
- Mikah, você é uma caixinha de surpresas.
Ethan olhou para o irmão, o censurando por me chamar pelo apelido. O rapaz não conseguia se conter, era de sua natureza ser afetuoso e expansivo.
- Podemos ir? Não vamos deixar o Comandante esperando. - chamou nossa atenção.
Saímos da casa e nos dividimos em dois SUVs pretos. Brian deixou sua moto e foi com Sarah. Ethan me indicou o outro carro e eu entrei, sentando ao seu lado.
- Coloca o cinto. - dar ordens para ele era tão natural quanto dar bom dia.
- Você dirige como o Foxie? - provoquei.
- Fui eu que ensinei a ele. - sorriu convencido.
O mesmo percurso da noite anterior foi feito em menos tempo ainda. Ethan dirigiu concentrado e com segurança, mas no limite da velocidade permitida. Ele estava sério e eu fiquei em silêncio, observando os veículos que ficavam para trás como borrões.
A reunião com os seus superiores definiria se ele sofreria alguma repreensão, devido aos seus atos no dia anterior.
Eu imaginava se poderia sair ilesa daquela situação. O fato era que de algum modo, Kassian ligou meu destino ao do Ethan para sempre.
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