O amor
Ahh o amor... Como diria Luís Vaz de Camões o
"Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem-querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? "
Ou ainda como diria o apóstolo Paulo:
" O amor é paciente, o amor é bondoso.
Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece" - 1 Coríntios 13:4-8
Fato é que todos tem uma definição para o amor. Mas poucos realmente entendem o seu significando. Júlia era uma dessas, que pensavam saber tudo sobre ele. Afinal, viveu na pele os seus efeitos.
Era um dia considerado comum pela maioria das pessoas. Nada de especial havia acontecido até então. A mesma rotina de sempre. Mas foi justamente naquele fadigo dia que ela o conheceu. Foi algo extraordinário. Nunca havia se sentido daquela forma. Seu coração batia acelerado, suas mãos suavam frio, suas pernas tremiam feito duas varas verdes. Aos poucos foi se aproximando daquele Ser, não sabia explicar como, mas algo nele a atraia de tal forma que quanto mais o contemplava mais queria saber a seu respeito.
Começou-se então uma busca desenfreada, pesquisou tudo quanto podia a seu respeito, mas ainda assim não era o suficiente. Queria estar perto dele, queria senti-lo, tocá-lo. Mas temia ser rejeitada, como fora a anos atrás por aquele a quem ela achava que a amava. Temia que Ele descobrisse o seu passado sujo, e a humilhasse, a acusasse sem do nem piedade, afinal vivia numa sociedade assim. Resistiu ate quando pode, porém em uma noite decidiu abrir seu coração. E ao contrário do que ela esperava, Ele simplesmente a amou. Pois o que ela não sabia, era que Ele a conhecia a muito tempo, sabia cada passo que a jovem dava. Qual a sua comida favorita, sua cor, manias, gostos, defeitos, medos ... exatamente tudo. Tinha uma ficha completa com seu endereço. Ele a amava, muito antes dela imaginar.
Ao decorrer do tempo os laços entre os dois foram crescendo, de tal forma que ela não sabia mais viver sem Ele. Logo constatou que era amor. Não qualquer amor, mas aquele capaz de ultrapassar as fronteias do seu coração. Sempre que tinha um problema sabia com quem poderia contar. Seus momentos de alegria, agora eram divididos com Ele.Ahh como ela o amava. Muitos a sua volta invejam aquele amor. Outros a criticavam por se entregar tanto alguém como Ele. Puderas, Ele era apenas filho de um simples carpinteiro. Mas ela não ligava para o que as pessoas diziam, o amava apesar de tudo. Mas com o passar dos anos, surgiram as dificuldades de todo relacionamento. A correria do dia a dia os afastava aos poucos e as coisas começaram a esfriar. Ele por sua vez dizia que sentia sua falta, que ela estava mudando, já não era a mesma Júlia de antes. Ela sempre inventava uma desculpa qualquer, dizia que estava muito cansada, e que em outra hora conversariam.
Era fim de semana, eles tinham combinado de se encontrarem, mas de última hora o celular dela toca. Era Clara, sua amiga de faculdade a chamando para irem numa festinha.
– Oi miga! Vou dar uma festinha hoje aqui em casa. Você está convidada.
– Oi Clara! Hoje não posso. Tenho um compromisso com alguém.
– Que pena! Seria tao legal se você viesse. O João estará aqui, sabia?
– Serio? – Perguntou entusiasmada. – Mas infelizmente eu não posso ir. Além do mais, meus pais estão no meu pé.
– Inventa uma desculpa qualquer. Já sei! Diz que você está indo estudar na casa de uma amiga da faculdade.
– Não sei não Clara. Eu não gosto de mentir.
– Que nada! Larga de besteria, é uma mentirinha de nada. Não vai fazer mal a ninguém.
– Está bem! - Concordou contragosto.
E assim Júlia fez. Dispensou o seu compromisso com Ele, mentiu para os pais e foi para a festa. Ao chegar la, sentiu um profundo arrependimento. Algo dentro dela a incomodava, não estava acostumada com aquilo. A música alta estava a sufocando, as pessoas que dançavam em volta da piscina não parecia nem um pouco incomodadas. Quanto estava preste a ir embora, Clara aparece com uma taça de champanhe na mão.
– Você veio!! – Cumprimentou-a com dois beijo na bochecha.
– Errr...mas já estou indo embora.
– Mas já? Você acabou de chegar!
– Não deveria ter vindo.
– Bobagem! Vamos entrar. Quero te apresentar para o pessoal. – Segurou em seu braço e a conduziu para dentro.
– Clara não...
– Pessoal, apresento a vocês minha amiga Júlia!
– Ola Júlia! – Responderam em uníssono, alguns já alterados por conta do álcool.
– Garçon! Um champanhe por favor!
– Não obrigado! Eu não bebo.
– Bobagem! Não tem nada de mais. É só um brinde.
– Não eu...
– É só um gole. – Insistiu Clara.
– Está bem! – Pegou a taça e bebericou um pouco do líquido.
– Aeeeee!!! – Comemoram todos.
– Já está bom Clara. Acho melhor eu ir embora agora.
– Olha só quem acabou de chegar! – Clara fingiu não ouvi-la.- João!! Seja bem-vindo a minha festa. Esta é Júlia uma grande amiga minha. – Disse apresentando a jovem ao rapaz.
– Prazer em conhecê-la Júlia.- Cumpri mentou-a com um beijo em sua mão. – Se bem que já nos conhecemos.
– Sim. Estudamos na mesma faculdade.
– Bem, podem conversar a vontade. Cumprimentarei os demais convidados. Com licença. - Clara disse se retirando. – A-pro-vei-ta! – Sibilaciou para a amiga.
Júlia estava totalmente sem graça, não fazia a mínima ideia de como agir na frente do rapaz. Sem muito o que falar, começou a beber o champanhe. Percebeu que ele a deixava mais relaxada, quando viu já estava tomando outra taça. A conversa começou a fluir de tal maneira, que os dois já estava próximos de mais um do outro. A música outrora agitada fora trocada por uma mais suave. João estende a mão para ela e a conduz ate o centro da pista de dança.
– Eu não sei dançar! – Disse envergonhada.
– É só me acompanhar!
Apesar de alguns pisoes no pé do pobre rapaz, Júlia estava se saindo bem.
– Você é muito linda! – Ele disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha dela.
– Obrigada! Você também é muito bonito. – Disse com as bochechas coradas.
Quando a música termina de tocar ele aproxima os seus rostos e toca seus lábios nos delas. Por impulsa ela se afasta.
– Me desculpe, eu não quis... - O jovem tenta se concertar.
– Tudo bem! E melhor eu ir agora.
Sai sem olhar para trás. Acena para um táxi e vai embora. Seu coração estava descompassado, sua cabeça começava a latejar. Ao chegar em casa se joga na cama e permite chorar. Ao amanhecer seu olhos estavam inchados, para evitar perguntas dos pais, passa uma boa quantidade de maquiagem antes de descer para o café.
– Está tudo bem filha ? Você chegou que horas? Pensei que ia dormir na casa da sua amiga ? - Sua mãe pergunta.
– Sim. Não se preocupe. Terminei os estudos cedo e resolvi vir para casa.
– Tem certeza que está tudo bem ? - Insiste.
– Já disse que está tudo bem. Que saco! – Júlia responde irritada levantando da mesa.
– Júlia, volte aqui!
Desde aquele dia Júlia não foi mais a mesma. Se irritava facilmente. Já não queria conversava com Ele. Seus encontros se toraram raridade. Então o inevitável aconteceu.
– Me desculpe, mas não dá mais. Já não sinto o mesmo por você. Quero viver a minha vida, sou muito nova para me prender a uma pessoa. Tenho muitas coisas para viver. Já não posso amá-lo.
– Tudo bem! Eu não posso te obrigar a ficar . Mas saiba que sempre estarei de braços a perto para ti receber.
– Não crie expectativas, eu não voltarei.
– Eu sei que um dia você voltara para mim.
Ela não queria discutir com Ele. Então partiu sem olhar para trás. Começou a se envolver com pessoas erradas, a beber, fumar. A "curtir" a vida como eles diziam. Sua vida agora se resumia a noitadas na balada.
Apesar de tudo, Ele sempre estava ao seu lado. Por mais que ela não o percebesse. Ele sofria a ver a vida que ela levava, mas tinha sido a escolha dela. Quando chorava na calada da noite, Ele era quem enxuga suas lágrimas e ficava até o amanhecer velando o seu sono. Quando não tinha mais forças para caminhar,era Ele quem a carrega no colo.
– Ahh minha querida Júlia, se você soubesse o quanto eu te amo. – Dizia afagando os seus cabelos enquanto a mesma dormia sobre os efeitos das drogas.
A vida de Júlia estava por um fio. Seu corpo estava frágil, já não tinha mais o vigor de antes. Quem a via, não lhe dava mais esperanças. Seu fim era certo. Ela havia escolhido o caminho oposto. Já não tinha mais forças para lutar. Ela desistiu de viver a muito tempo. A morte era a sua única saída. Enquanto caminhava pelo beco de uma rua rumo ao seu destino, Júlia ouviu uma melodia suave invadir seus ouvidos.
Como pode me amar, Deus?
Conhecendo o meu pecado
Sabendo o que eu faço de errado
Como pode me amar assim?
Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu sou falho
E que o meu coração já não bate
Mais como já bateu?
Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu fugiria
Se a porta estivesse aberta
Como pode em mim confiar?
E ainda me pega quando estou caindo
E me abraça quando estou chorando
E segura as minhas mãos
E me leva pra perto das chamas de amor
Que ardem em Teu coração e não se podem conter
Como uma flecha que estoura em meu peito
E me traz de joelhos enquanto eu choro
Tenha o meu coração
Minha alma soluça
Quando eu percebo o contato de Seus olhos com os meus
Como pode me amar, Deus?
Sabendo o que eu diria
Sabendo que eu me frustraria
Como pode me amar assim?
Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu Te culparia
Pelo que não foi como eu queria
Como pode me amar assim?
Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu me fecharia
Quando Você quisesse entrar
Como pode em mim confiar?
E ainda me pega quando estou caindo
E me abraça quando estou chorando
E segura as minhas mãos
E me leva pra perto das chamas de amor
Que ardem em Teu coração e não se podem conter
Como uma flecha que estoura em meu peito
E me traz de joelhos enquanto eu choro
Tenha o meu coração
Minha alma soluça
Quando eu percebo o contato de Seus olhos com os meus
Me leva pra casa
Eu quero voltar
Pois longe de Ti
Não é o meu lugar
Eu corro depressa
Pra Te encontrar
De braços abertos
Como alguém que esqueceu...
De joelhos caiu no chão aos prantos. Lembrou-se de tudo que tinha vivido. Dos dias que passou ao lado dEle. De como era bom sentir Sua presença. De como Ele amava apesar de suas inúmeras falhas. Lembrou-se do dia que o conheceu e de como o amava. Sentiu uma imensa saudade.
– Eu quero voltar ao primeiro amor! Eu quero ti sentir novamente. – Disse de cabeça baixa enquanto as lágrimas escorria por sua face.
– Não sabe como esperei para ouvir isso minha querida!
Ao olhar para cima encontra-o de braços abertos com um imenso sorriso. Com dificuldade se levantou enxugando as lágrimas dos olhos e correu ao seu encontro.
Nós amamos, porque ele nos amou primeiro. 1 João 4:19
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top