O Desejo
Oláaa gente! E lá vamos nós lançar mais uma fic kkkkkk dessa vez em parceria com o @ClubinhoDaFic que me deu esse tema maravilhoso sobre elfos (confesso que nunca escrevi sobre) Mas fiz com bastante carinho, espero que gostem <3
A jovem donzela sentou-se na beira da cama do rei, seu pai. Ela observava a respiração do velho homem enquanto ele dormia profundamente. Naquela noite, faziam exatos dois meses em que o rei se encontrava doente, atingido por uma enfermidade misteriosa. Os médicos reais, junto com os curandeiros da cidade, tentaram de tudo para restabelecer a saúde do monarca.
Mas nada havia funcionado, e o rei ficava cada vez mais fraco.
A única que ainda tinha esperanças de que o rei se recuperasse era sua filha mais velha, Sakura, princesa do reino Haruno. Após a morte da mãe, Sakura ficou encarregada de administrar o castelo e a cuidar da depressão que o rei havia adquirido. Seu irmão mais novo, príncipe Hiro, ajudava no que podia, mas por possuir apenas doze anos, o garoto não entendia muita coisa do que se passava no castelo e muito menos no reino como um todo.
Há cerca de dois meses Sakura vivia um pesadelo. Com o rei na cama, a princesa ficou encarregada de governar temporariamente no lugar de seu pai, tomando conta de novas responsabilidades. Era cansativo, era tedioso, era difícil demais. E isso só fazia-a acreditar que realmente não nascera para ser uma rainha. Não se achava forte o suficiente e nem talentosa, muito menos possuía o senso de liderança que um monarca deveria ter. No fundo, ela torcia para que o pai vivesse o bastante para que seu irmão ficasse um pouco mais velho e assumisse o trono de uma vez. Ela achava que Hiro, quando crescesse, seria um ótimo regente.
— Vamos, Sakura, devemos deixar seu pai descansar. — Ela ouviu a voz de Naruto, o filho de um dos conselheiros e seu melhor amigo. Sakura não gostava do tom como todos diziam aquelas palavras, era quase como se estivessem certos de que o rei iria morrer em breve. Porém, naquela noite, estava muito cansada para discutir sobre isso.
Ela suspirou fundo, sem ter o que fazer. Havia tentado todas as maneiras de curar aquela doença maldita. Foi atrás de todos os médicos do reino, sacerdotes, curandeiros e qualquer coisa que lhe desse uma mínima esperança, mas não obteve sucesso. Amava seu pai, não queria perdê-lo logo após a morte de sua mãe. Hiro ficaria arrasado.
No entanto, havia algo que somente ela sabia. Uma última esperança.
Há alguns dias atrás, Sakura acabara ouvindo uma conversa entre alguns médicos que haviam visitado o rei. Eles sabiam que não conseguiriam salvá-lo, mas um deles disse algo que chamou a atenção da jovem: magia élfica. De acordo com o homem, talvez a magia dos elfos fosse a única solução para os problemas do rei. Entretanto, havia um problema. O reino Haruno e o reino élfico viviam em conflito por anos. Os humanos não confiavam nos elfos, e os elfos não confiavam nos humanos. Isso fazia com que fosse quase impossível conseguir qualquer tipo de poção de cura ou magia do país vizinho.
Mas Sakura estava disposta a tentar.
Naruto a acompanhou pelos corredores parcialmente iluminados até seus aposentos, se despedindo da princesa com um leve beijo no dorso de sua mão. Ela não havia contado a ele sobre o plano mirabolante que se formava em sua mente, sabia que Naruto jamais permitiria que ela cometesse uma loucura dessas.
Assim que entrou em seu quarto viu Hinata, sua criada, olhando-a com certa preocupação. Sakura fez um gesto positivo com a cabeça.
— Tem certeza de que vai fazer isso, Alteza? É muito perigoso. — Hinata pegou uma bolsa recém-arrumada de dentro do guarda-roupas. Sakura havia ordenado que ela preparasse algumas provisões para que levasse durante a viagem.
— Absoluta, é o único jeito de salvar meu pai. — A princesa correu para trocar suas roupas. O vestido pomposo deu lugar a uma calça de malha e uma blusa simples de algodão. Se queria sair do reino sem ser notada, teria que se vestir como uma pessoa comum.
O cabelo era o maior problema. A cor rosada de suas madeixas era algo exótico que chamava a atenção. Todos a conheciam pela cor incomum de seus cabelos, e escondê-los seria a parte mais difícil. No entanto, Sakura não tinha muito tempo para pensar em uma solução eficaz, deveria partir naquela noite e o mais rápido possível.
Hinata prendeu seus cabelos e os escondeu debaixo de um véu. Por cima de sua roupa, Sakura usava um manto preto. Ela cobriu a cabeça com o capuz do manto e conferiu sua aparência no espelho, poderia facilmente ser confundida com um garoto se mantivesse a boca fechada.
— Aqui está. — Hinata entregou a bolsa de pano para a princesa, na qual continha comida, água, algumas moedas de ouro, um cobertor e uma muda de roupas, caso ela precisasse.
Sakura pegou a bolsa e a agradeceu, agora só tinha esperar alguns minutos até a meia-noite, horário em que todos estivessem dormindo e ela poderia sorrateiramente pegar um dos cavalos do estábulo. No instante em que saía do seu quarto, Sakura viu sua criada pegar uma outra bolsa em mãos. A princesa arregalou os olhos.
— Hinata, o que está fazendo? — Sakura perguntou.
— Eu vou com você, Alteza. Não posso deixá-la sozinha.
Sakura balançou a cabeça, negando a ideia de sua criada.
— Nem pensar, você vai ficar aqui! Preciso que cuide de Hiro por mim.
— Mas... e voc-
— Hinata, eu sei me virar. — Sakura a interrompeu. — Sei como me defender, e estou levando uma de minhas adagas, se esqueceu? — Sakura levantou levemente o tecido de sua blusa, mostrando a lâmina de oito centímetros que carregava consigo.
Hinata hesitou por um momento, ainda não gostava da ideia de ver a princesa sair em uma jornada tão arriscada. A morena mordeu o lábio.
— Por que não leva Naruto? Ele pode ao menos te proteger durante o caminho — sugeriu.
— Não! Naruto não me deixaria ir, jamais. — A rosada segurou as mãos de sua criada. — Por favor, não conte isso para ele. E cuide de Hiro, ele vai precisar de você.
Por um segundo, Sakura imaginou que suas chances de sucesso poderiam ser muito baixas. Talvez ela realmente morresse e aquela fosse a última vez que veria a amiga. Uma onda de sentimentos a invadiu, causando-lhe um aperto no peito. A donzela abraçou sua criada com força.
— Obrigada, minha amiga. Estou contando com você.
E antes que ela derramasse uma lágrima, saiu às pressas de seu quarto, deixando uma Hinata aflita para trás.
Foi fácil para ela pegar o cavalo, já havia combinado com um de seus servos que o deixasse preparado para partir. Sakura montou no animal e, no meio da noite, saiu em disparada pelos fundos do castelo.
"Espere por mim, pai. Eu vou te salvar ", pensava a garota. Esse era a única motivação que lhe dava forças para seguir em frente enquanto galopava a toda velocidade em direção à Elfheim, o reino dos elfos. Pelos seus cálculos, seriam três dias de viagem. Se economizasse bem, as provisões seriam o suficientes para que ela pudesse ir e voltar sem se preocupar com comida e bebida.
O primeiro dia de viagem ocorreu sem nenhuma intercorrência. Sakura galopou por um dia inteiro pela floresta até sentir suas nádegas travarem. Queria chegar o mais rápido possível, mesmo que isso significasse sacrificar os músculos do seu traseiro e pernas. Faltava muito até a fronteira e decidiu parar para descansar pelo resto da noite. Parou próximo a um riacho e desceu de seu cavalo, fazendo um afago ao animal. Ela colocou seu cobertor estendido no chão e sentou-se em cima, pegando um pouco de comida e água em sua bolsa. Nada muito elaborado além de biscoitos, pão, e carne seca. Bem diferente das refeições que estava acostumada a comer no castelo. Viu seu cavalo beber a água do riacho, e Sakura ficou tentada a tomar um banho para tirar o suor do corpo.
"Talvez um banho rápido não seja uma má ideia, não sei quando poderei tomar outro assim que cruzar a fronteira", pensou.
Ela se despiu, retirando peça por peça e jogando-as sobre o cobertor. O lenço em sua cabeça revelou seus longos cabelos soltos, entretanto, preferiu prendê-los para que não molhassem na água. A claridade que a lua cheia proporcionava era o suficiente para que ela enxergasse bem, mas não conseguia ver muito além do local onde estava. Tinha medo de que alguém surgisse das árvores, porém, achou que seria improvável alguém estar ali, naquela mesma região e no mesmo horário.
A floresta era silenciosa, ouvia-se apenas o som de grilos e outros animais de hábitos noturnos. Sakura entrou na água gelada, levando alguns minutos para se acostumar com a temperatura fria. Passou a água pelo corpo, livrando-se daquele suor que tanto a incomodava.
Creck.
De repente, um som vindo da floresta chamou a sua atenção. Um estalo.
Um galho havia se partido.
— Quem está aí? — Sakura perguntou, para o nada. Olhou em todas as direções, mas seus olhos não enxergaram nenhum sinal de vida. Seu coração estava disparado e a adrenalina começava a invadir seu corpo. Lembrou-se da sua nudez e cobriu os seios, afundando-se no riacho.
Não obteve nenhuma resposta, apenas o som de uma coruja.
E agora? Deveria sair ou ficar ali?
Pensou que aquilo poderia ser apenas a sua imaginação. Estava sozinha em uma floresta, no meio da noite, indo para o reino onde sabia que não seria bem-vinda. Era normal que estivesse com medo e ansiosa. Mesmo assim, sentiu um arrepio subir pela sua espinha. Ela podia jurar que estava sendo observada.
Balançou a cabeça, deixando os pensamentos de lado. Agora, algo mais importante ocupava sua mente: como diabos ela iria atravessar a fronteira sem ser pega pelos elfos? Não queria ser uma prisioneira, de jeito nenhum! Teria que pensar em um bom plano para quando chegasse a hora.
A rosada saiu da água, secando o corpo com a blusa que usava anteriormente. Ficou agradecida pelas vestimentas limpas que Hinata colocara na bolsa. Não eram muitas, mas daria para trocar de roupa mais uma vez, se fosse necessário. Ela vestiu uma camisa larga e as mesmas calças. Uma roupa simples e sem graça.
Sakura se ajeitou para dormir, iria sair antes do nascer do sol. Sabia que não teria uma boa noite de sono, mas ao menos queria descansar um pouco antes de seguir seu caminho pela manhã. Ficou deitada, imaginando se estariam atrás dela nesse momento, Provavelmente sim. Pensou em Hiro e no seu pai, torcendo para que eles ficassem bem durante sua ausência. Fechou os olhos e rezou baixinho para os deuses, pedindo que lhe concedessem uma noite tranquila.
E que o rei de Elfheim aceitasse sua proposta.
Nos primeiros sinais do alvorecer, Sakura juntou suas coisas, pegou seu cavalo e saiu a galope pela estrada de terra. Ela sabia, pela posição do sol, para qual direção deveria seguir. O reino de Elfheim ficava ao leste, ela só precisava se manter na trilha e logo veria os postos de vigilância. Com a animosidade entre os dois reinos, os elfos e os humanos passaram a vigiar suas fronteiras constantemente, e isso deixava Sakura preocupada à medida que se aproximava. Ainda não havia conseguido pensar em um bom plano para atravessar despercebida. Se dissesse que era a princesa, provavelmente seria morta pelos elfos ou levada de volta ao castelo pelos humanos.
Sakura galopava a todo vapor, sentindo o vento bater contra seu rosto. O manto que usava poupava sua pele do sol escaldante, mas não era o suficiente para que impedisse que algumas gotas de suor se formassem em sua testa. Ela estava viajando há horas e o cansaço começou a ser visível em seu rosto.
Sem que percebesse, e em uma fração de segundos, seu cavalo tropeçou em algo e caiu, lançando a jovem para frente que rolou pela estrada de terra. O cavalo levantou-se novamente, ileso, mas Sakura permaneceu no chão. Ficou inconsciente por um tempo, e assim que abriu os olhos sentou-se com dificuldade, sentindo a cabeça girar. Uma dor latejante a invadiu e um líquido quente escorreu pela sua testa.
Sangue.
Ela passou a mão pelo corte, ficando aliviada ao ver que não havia sido profundo. Logo o sangramento pararia.
"Mas que merda acabou de acontecer?", antes que tivesse tempo de raciocinar, uma sombra surgiu logo à sua frente. Sakura estreitou os olhos e encarou a silhueta, a fim de enxergar quem quer que estivesse ali. Uma espada apontava em sua direção.
— Não se mexa, ou cortarei sua garganta. — Uma voz masculina invadiu seus ouvidos, causando-lhe um calafrio.
A Haruno olhou para onde seu cavalo estava, percebendo que havia outros homens ali. Eram bandidos, com certeza. Estavam roubando sua comida e vasculhando seus pertences em sua bolsa. Percebeu uma corda quase invisível amarrada de uma árvore a outra, onde seu cavalo tropeçara. Ela levou uma de suas mãos em sua cintura, travando o movimento ali, sem saber ao certo se deveria pegar sua adaga ou não. Tinha certeza que acabaria morta se lutasse contra aqueles homens. Se fossem apenas dois, ela poderia ganhar, mas cinco era demais. Sabia que não era experiente o suficiente para correr esse risco.
— O que tem aí, hein? — O homem que estava com a espada perguntou.
Sakura balançou a cabeça em negativa e abaixou o rosto. Não queria que ouvissem sua voz, não queria que descobrissem seu segredo.
Mas o homem era mais esperto do que imaginava.
Ele, com suas mãos sujas, puxou o capuz que cobria a cabeça da jovem junto com o lenço que escondia seus cabelos. Com a ponta da espada, ergueu seu queixo, forçando-a a levantar o rosto.
— Olhem isso, rapazes! Acho que tiramos a sorte grande. — O homem sorriu, malicioso.
— É uma mulher? — Um dos ladrões se aproximou, devorando Sakura com os olhos.
— Sim, podemos brincar com ela hoje à noite, o que acham?
O medo tomou conta da jovem.
— Se encostarem um dedo em mim, vão se arrepender — Sakura chiou, se arrastando para trás.
Os cinco homens, que agora estavam reunidos ali, gargalharam diante da ameaça proferida pela garota. Ela encarou o rosto de cada um, todos eles com a mesma expressão nojenta em suas faces.
E todos eles eram humanos.
Ela tirou sua adaga da cintura, apontando em direção à eles. Suas mãos tremiam e seus pulmões respiravam com dificuldade, estava entrando em pânico. Não podia deixar que a tomassem sem lutar. Sim, lutaria até o fim pela sua vida e dignidade.
Um dos homens se aproximou, e Sakura o golpeou com a adaga em sua perna.
— Sua vadia! — Ele gritou de dor enquanto tirava a adaga que acabou ficando presa em sua carne. — Vamos, peguem ela!
Ela tentou correr, mas foi jogada no chão novamente. Um deles agarrou seus pulsos contra o chão de terra, enquanto outro montava em cima de seu ventre, impedindo-a de se mexer. Sakura gritava e esperneava, pedindo por ajuda, mas mesmo ela duvidava que alguém apareceria por ali naquela estrada deserta. Ele deu um tapa em seu rosto, mandando-a ficar quieta. Passou a mão imunda por baixo de suas roupas, mas antes que o homem conseguisse despi-la, uma flecha atravessou seu peito.
Sakura arregalou os olhos, vendo a ponta da flecha manchada de sangue. O homem deu alguns espasmos antes de cair para o lado, morto. As risadas deram lugar ao silêncio, que tomou conta do local. Os ladrões restantes sacaram suas armas, olhando em volta. Os pulsos de Sakura foram soltos. Estava livre outra vez.
Outra flecha veio tão rápido quanto um raio e atingiu mais um, que morreu instantaneamente. Sakura não conseguia mexer um músculo sequer, temia que se mexesse, seria o próximo alvo das flechas que vinham dentre as árvores.
Os bandidos restantes ficaram apavorados, sem saber o que fazer. Um deles correu, mas foi atingido nas costas. Os dois que sobraram largaram tudo e começaram a gritar, cada um correndo para um lado na esperança de sumir entre a mata. Porém, antes que saíssem ilesos, ambos foram abatidos.
Num piscar de olhos, todos os homens estavam mortos.
Sakura olhou para aquela cena, sem entender o que estava acontecendo. Quem teria atirado? Por que ela não foi atingida?
Ouviu o barulho de folhas balançando e, subitamente, um homem pulou de uma das árvores, parando bem à sua frente. O homem que ela julgou ser seu salvador usava uma capa que lhe cobria da cabeça aos pés e uma máscara que deixava apenas seus olhos negros à mostra.
Ela ficou paralisada. Seria morta também? Ou ele iria roubá-la igual os outros fizeram?
O homem misterioso se aproximou lentamente e agachou ao seu lado. Olhando fixamente nos olhos da donzela que eram tão verdes quanto um par de esmeraldas. Ele guardou seu arco em suas costas.
— Você está bem? — ele perguntou, sua voz soava como uma doce melodia para os ouvidos da garota.
Sakura assentiu com a cabeça, incapaz de responder. Ele ergueu uma de suas mãos e, gentilmente, roçou seus dedos na bochecha marcada da garota. Uma sensação estranha surgiu naquele momento, fazendo-a recuar em resposta.
— Perdoe-me, não queria te assustar — disse ele. — Só estou um pouco... intrigado.
A princesa engoliu em seco, não podia ficar sem dizer nada para sempre. Tinha que agradecê-lo por ter salvo sua vida. Ele se levantou, estendendo sua mão para ela.
— B-bem, obrigada — agradeceu, um pouco sem jeito, ficando de pé logo em seguida. Rapidamente, Sakura ajeitou suas roupas bagunçadas. Ela evitou olhar para o homem desconhecido que ainda permanecia ali, encarando-a.
— O que uma humana faz tão longe de casa? — ele perguntou, sem rodeios.
Sakura ficou surpresa com a pergunta. Pelo jeito que ele dissera, o homem à sua frente não era um humano. Ela finalmente o encarou, tentando ver suas orelhas ou qualquer indício do que quer que ele fosse. Deu um passo para trás, receosa.
— Você é um elfo? — questionou ao homem, ignorando a pergunta que ele fizera. Ele inclinou a cabeça para o lado, curioso.
— Sim. Tem algum problema com isso?
Se ela tinha algum problema com isso? Bom, não exatamente. Apesar de seus reinos estarem em conflito, Sakura nunca havia conhecido um elfo durante sua vida. Não tinha a mínima ideia de como eles eram e nem como viviam. Muitas vezes se perguntava por qual razão esse conflito existia, sem nunca obter uma resposta concreta.
No entanto, diferente do conceito horripilante que tinha em sua mente onde todos diziam que os elfos eram seres cruéis e maldosos, Sakura acabara de ser salva por um.
Também não podia se esquecer que dependia deles para salvar seu pai.
— Não... — Ela desviou os olhos do rosto dele outra vez, sentindo suas bochechas esquentarem. Não sabia como agir naquela situação. — Enfim, obrigada.
Ela caminhou em direção ao seu fiel cavalo, que permanecia parado ali. Juntou as coisas que os bandidos largaram pelo chão e começou a arrumar sua bolsa novamente. Viu o elfo se aproximar aos poucos, ficando nervosa diante a presença imponente daquele ser.
— Não respondeu a minha pergunta — ressaltou.
— Que pergunta?
— O que você, uma humana, faz aqui?
Ela pensou por algum tempo antes de responder. Deveria dizer a verdade ou inventar uma mentira? Será que poderia ajudá-la a entrar em Elfheim? Talvez ele não fosse uma má pessoa, mas não poderia arriscar o seu plano inteiro dessa maneira.
— Não te interessa — ela respondeu, secamente.
O elfo soltou uma risada.
— Ora, eu salvo a sua vida e você me responde dessa maneira? Que garota ingrata!
Sakura suspirou, não queria ter sido grossa com o rapaz. Ainda assim, não encontrou outra forma além desta para que ele não interferisse em seus planos.
— Não posso lhe dizer — disse ela, por fim.
— Você sabe para onde esse caminho leva, não sabe? — Ele apontou para a estrada de terra.
— Sei, é pra lá mesmo que eu preciso ir.
O homem retirou seu capuz, revelando seus cabelos negros repicados e suas orelhas pontudas. Abaixou a máscara até seu queixo, inalando um pouco do ar fresco. Sakura agora tinha uma bela visão do rosto dele, e ele possuía uma beleza que ela jamais imaginaria.
Era facilmente o homem mais belo que já vira em toda a sua vida.
Ficou ali, estática, sem tirar os olhos do moreno. Só conseguiu reagir quando ele, em um movimento rápido, a segurou por trás, colocando uma faca em seu pescoço.
— Me dê um bom motivo para não te matar agora mesmo, garota — ele sussurrou, próximo ao seu ouvido. — Acha mesmo que eu deixaria uma humana qualquer seguir até Elfheim?
O coração da jovem disparou de medo. Fora pega desprevenida, não imaginou que ele a ameaçaria logo após salvá-la. Ela tentou se soltar, em vão. A força daquele elfo era muito superior. Com uma única mão ele havia conseguido segurar seus braços para trás enquanto a outra pressionava uma lâmina contra a fina pele de seu pescoço.
Sakura não via outra opção além de falar.
— Preciso de uma audiência com o rei — confessou, com a voz fraca.
— E quem é você para querer uma audiência com o rei? — Ele a segurou com mais força, e Sakura sentiu um leve ardor em seu pescoço. A lâmina havia lhe arranhado.
— Sou só uma mensageira — mentiu, não podia dizer quem era de verdade.
— Você não tem cara de mensageira, garota.
— Por favor... é importante. — Sakura conteve a vontade de chorar. Iria mesmo morrer ali, daquele jeito? — Eu preciso falar com ele.
O elfo ficou parado por alguns segundos, sem dizer nada. Estava curioso com aquela mulher. Depois de analisá-la bem, deduziu que ela não seria uma ameaça. E mesmo se fosse, nunca seria páreo para ele. Estava prestes a soltá-la, quando ouviu o zunido de uma flecha vindo em sua direção. Ele a soltou e, no mesmo instante, deu um passo para trás. A flecha caiu no chão.
— Sakura! — gritou uma voz que se aproximava.
Sakura imediatamente reconheceu o dono daquela voz. Ela se virou para a estrada atrás de si e viu Naruto correndo em seu cavalo a toda velocidade. Ele tinha seu arco em uma das mãos.
— Naruto?! — indagou, confusa. Pelos deuses! O que ele estava fazendo ali?!
O elfo vestiu sua máscara e o capuz, pegou seu arco em mãos novamente e mirou no loiro que acabara de chegar. Sakura espantou-se assim que viu as intenções do homem.
— Não! Ele é um amigo. Por favor, não atire! — pediu ela, ficando de frente para o elfo, atrapalhando sua mira. O moreno franziu o cenho.
— Ele atirou em mim.
— E você estava com uma faca em meu pescoço há alguns segundos atrás, não o culpe! — ela argumentou. Ele abaixou o arco, mas se manteve alerta.
Naruto desceu de seu cavalo e correu até a rosada, puxando-a para trás de si. Os olhos azuis do rapaz encararam com ferocidade os olhos escuros do moreno. Ele desembainhou uma espada que havia em sua cintura, apontando-a para o elfo.
— Não chegue perto dela — ameaçou-o. — Se o fizer, o mato. Não me importo se você é um elfo ou sei lá o que.
— Naruto, pare com isso. Ele me salvou. — Sakura segurou no braço do amigo, tentando apaziguar a situação.
— Sakura, eu vi muito bem que ele estava te ameaçando.
O elfo olhava curioso para a conversa dos dois humanos à sua frente.
— Ele estava desconfiado de mim, isso é normal! Apenas me fez algumas perguntas. — Ela respirou fundo. — Mas eu juro que ele me salvou, alguns bandidos me atacaram mais cedo, veja. — Sakura apontou para os homens caídos mais à frente. Todos com uma flecha cravada em seus corpos.
Naruto olhou para os corpos sem vida no chão e então para o moreno que permanecia ali. Ainda não confiava no elfo, mas confiava nas palavras da princesa. Ele guardou a espada, e Sakura soltou o ar, aliviada.
— Como me encontrou? — ela perguntou.
— Segui seu rastro sem parar, literalmente.
Sakura deu uma boa olhada no loiro, constatando pela sua feição cansada que fazia um bom tempo que ele não dormia. Por que raios ele teve que segui-la? Não queria causar problemas para o amigo.
— Foi a Hinata, não foi? Ela te contou? — Sakura cruzou os braços, irritada. Devia imaginar que Hinata abriria o bico.
Naruto sorriu.
— Ela só confirmou minhas suspeitas, eu já imaginava que você faria algo desse tipo.
Sakura massageou as têmporas, agora tinha mais um problema para lidar. Não devia ter contado a ele sobre a magia élfica quando descobriu. Agora, com certeza Naruto iria tentar levá-la de volta para o castelo a qualquer custo. Como iria se livrar dele? Estava tão perto da fronteira!
— Eu vim te levar para casa — Naruto falou o que ela já esperava.
— Não, você sabe que eu não posso voltar! — Ela saiu de perto do loiro, indo em direção ao seu cavalo.
Naruto a agarrou pelo pulso, fazendo-a olhar para ele.
— Sakura... eu te imploro. Isso é loucura!
— Não importa, meu pai precisa de mim. — Sakura puxou o braço com força, se soltando do rapaz.
— E como você sabe se o rei dos elfos vai te ouvir?
— Eu dou um jeito. — Teria que dar um jeito. Não sabia muito sobre eles, mas pelas pesquisas que fizera, o rei de Elfheim era o único que poderia lhe conceder permissão para usar a magia dos elfos. Isso incluía a poção de cura.
Naruto suspirou. Não teria outra opção a não ser levá-la de volta à força. Ligeiramente, ele se inclinou e a agarrou, jogando-a sobre seu ombro.
— Me solta, Naruto! Eu não vou voltar! — Ela se debatia e socava suas costas.
— Não tenho escolha, Sakura. Te levarei em meu ombro o caminho inteiro de volta, se for necessário.
Foi só então que ambos ouviram a risada estridente do elfo que ainda continuava ali, observando a cena. Naruto se virou para ele enquanto segurava Sakura firmemente em seu ombro direito.
— Está rindo de que, fadinha?
— Primeiro, não sou uma fada. — O moreno continuava rindo. — E segundo, vocês são realmente esquisitos. Principalmente essa aí, está completamente louca!
— Elfo, por favor, me ajude! — Sakura implorou. — Eu tenho que falar com o rei!
Ele abriu um sorriso de canto.
— Confesso que estou muito interessado em saber o que você quer tanto falar com o rei, garota. — Ele pegou seu arco em mãos outra vez, apontando para o loiro. — Solte-a, ou atiro em vocês dois.
Naruto chiou de raiva, colocando Sakura no chão logo em seguida. Ela ajeitou seus cabelos bagunçados com as mãos.
— Então eu vou com você — declarou Naruto.
Sakura ergueu as duas sobrancelhas, incerta sobre o que acabara de ouvir.
— Você o que?
— Vou com você até Elfheim.
— Naruto, não ach –
O loiro a interrompeu quando a puxou para si. Podia sentir a respiração dela e o pequeno corpo colado ao seu.
— Não quero te deixar, Sakura. — Os olhos azuis fixaram nos verdes da garota. Ele não a permitiu dizer uma palavra, pois logo em seguida, colou gentilmente seus lábios nos dela.
A Haruno ficou atônita, sem saber como reagir. Não era a primeira vez que Naruto a beijava, mas a última vez que isso ocorreu eles tinham quinze anos, e era apenas um beijo de curiosidade. Entretanto, ela sentiu que havia algo diferente dessa vez. Um sentimento, uma ternura.
Era uma pena que ela não conseguia sentir o mesmo.
Sakura se afastou, tentando encontrar as palavras certas para o rapaz que ela considerava seu melhor amigo.
— Naruto... eu... eu... — Sakura balbuciou, sem saber o que dizer.
— Não precisa dizer nada agora, vamos. — Naruto acariciou seu rosto e deu às costas, indo em direção ao seu cavalo que havia ficado um pouco mais atrás.
— Vão continuar com o drama ou podemos ir logo? — disse o elfo, incomodado com aquilo.
A voz do moreno foi a única coisa que conseguiu tirá-la daquele estado catatônico.
— O que quer dizer com isso? — ela perguntou, agora encarando o rapaz. Estava envergonhada demais para olhar na cara de Naruto naquele momento. Ela estava prestes a rejeitá-lo na cara dura!
— Quero dizer que eu tenho uma ótima ideia de como colocar vocês dois lá dentro.
— E que ideia seria essa?
— Junte suas mãos — ordenou o moreno.
Sakura obedeceu, e então o elfo posicionou uma de suas mãos sobre as dela. Ele proferiu algumas palavras desconhecidas e um par de algemas de fogo surgiram em volta dos pulsos da garota.
— Elfo, o que é isso?! — perguntou, assustada. Sakura tentou separar os dois braços em um movimento instintivo, mas gemeu de dor ao sentir sua pele queimar em contato com o fogo.
— Não se mexa ou vai se machucar — ele avisou, um pouco tarde demais. — O único jeito de fazer vocês entrarem é como prisioneiros. Vou levá-los comigo e direi para que os leve a julgamento. O rei sentencia todos os prisioneiros pessoalmente.
Sakura se acalmou após a explicação do elfo, ao menos ele não havia os enganado. Ele prendeu as mãos de Naruto também, que não teve escolha a não ser concordar com o plano apesar de estar um pouco receoso. Essa era a única opção que eles tinham e, se falhassem, provavelmente seriam presos pelo resto de suas vidas ou, na pior das hipóteses, seriam executados.
O elfo, com sua força extraordinária, ajudou ambos a subirem em seus cavalos. As algemas mágicas eram estreitas, mas tinha espaço o suficiente para conseguirem segurar as rédeas do animal. O moreno liderou o caminho pela estrada de terra, com Sakura e Naruto ao seu lado.
Cavalgaram por horas, sem muita conversa. Sakura estava constantemente pensando no que falaria para o rei quando o encontrasse, mas vez ou outra ela reclamava sobre as dores que sentia em suas nádegas por passar horas sentada em uma sela. Naruto tentava puxar algum assunto, contando sobre Hiro, mas mesmo ele que tinha uma personalidade extrovertida sabia que devia tomar cuidado com o que falasse na presença do elfo. O moreno, por outro lado, era o mais quieto de todos, apenas ouvia tudo com atenção.
Sakura tentou arrancar algumas respostas do elfo, perguntando-lhe sobre como havia conseguido atravessar a fronteira para o reino humano.
— Magia. Humanos são fáceis de enganar — ele respondeu.
É, isso esclarecia muita coisa.
— E o que você estava fazendo sozinho aqui? — ela fez outra pergunta.
— Não te interessa — disse ele com um sorriso sarcástico, dando-lhe a mesma resposta que ela havia lhe dito mais cedo.
Sakura revirou os olhos, mas não reclamou, sabia que merecia aquela. Decidiu não importuná-lo com mais perguntas, por enquanto.
Naquela noite, eles não pararam para dormir. Sakura queria chegar o mais rápido possível e o moreno dizia que se continuassem, chegariam antes mesmo do sol nascer. Algumas longas horas depois, já era possível ver a torre de vigia dos elfos no horizonte.
Finalmente, estavam próximos.
A cidade que era visível além da torre era estupidamente grandiosa. De longe, era possível reparar que a construção era completamente diferente das cidades humanas. Elfheim ficava no meio de um belo vale. As construções não eram tão grandes, e todas tinham um padrão de cor que variava entre branco, bege e dourado. A cidade parecia reluzir a ouro, e o palácio era o mais chamativo de todos. Enquanto algumas árvores possuíam o tamanho comum, outras eram tão altas que pareciam abraçar a cidade por inteiro, como se tentasse escondê-la dos forasteiros.
Uma esperança encheu o coração de Sakura ao mesmo tempo em que era consumido pela ansiedade e insegurança. E se ela não conseguisse a poção de cura? Toda a viagem teria sido em vão. Afastou os pensamentos negativos, manteria a fé de que tudo sairia como o planejado.
Tão logo se aproximaram da torre, foram inspecionados e tiveram seus pertences confiscados pelos soldados que guardavam aquela região. O moreno chamou um dos homens que parecia comandar o local.
— Leve esses dois para a prisão. Eles serão julgados junto com os outros — disse, sinalizando para que os ajudassem a descer dos cavalos.
— Sim, senhor — o guarda concordou de imediato.
Sakura franziu o cenho, por que diabos o haviam chamado de senhor? Talvez o elfo que salvara sua vida fosse uma figura poderosa em Elfheim? Estava confusa, mas nem sequer teve a chance de perguntar, pois não o encontrava mais ali perto. Ele havia ido embora.
O guarda conduziu a rosada e o loiro por uma ponte, entrando oficialmente na cidade. Enquanto andavam pelas ruas, os moradores locais observavam ambos com certa curiosidade; nenhum corajoso o bastante para se aproximar. Foram levados até a prisão onde tiveram suas algemas mágicas retiradas após serem trancados.
— O julgamento é ao meio-dia. Alguém virá buscá-los.
E então o guarda saiu, e não restou nada além de um grande silêncio.
E lá vamos nós escrever mais uma fic 🤡 kkkkkk Não acredito que vá ser uma long, mas vou tentar trabalhar nela da melhor forma possível.
Ah, essa fic vai ter alguns clichês, então já estejam avisados que não será nada tão extraordinário kkk
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