Parte III - A Esperança
Então Tânia explicou seu plano para eles, disse que tinha lido sobre isso, uma vez que os restos mortais da pessoa fossem queimados, o fogo purificaria a alma e ela se desprenderia da terra, disse também que andou pesquisando sobre o homem que morou naquela casa, ela disse que sua mãe o conhecia um pouco e seu nome era Ernesto Oliveira da Silva, havia morrido a anos, já era um senhor de idade, havia sido enterrado no cemitério Vila Julia e era para lá que eles deveriam ir.
- Você deve estar ficando é louca!!! - disse Roberto, olhando pra ela com cara de poucos amigos.
- Então você acha melhor deixarmos essa coisa vivendo com a gente? Até ela decidir a hora que devemos morrer? - disse ela nervosa encarando Roberto que logo se calou.
- Eu acho que isso não vai dar certo, como vamos cavar um buraco enorme e ainda queimar o corpo ? - perguntou Daniel.
- Deixa de ser burro, o cara morreu a mais de 5 anos, quando se passam alguns anos, eles desenterram o morto e colocam os restos em gavetas que ficam na parede, que eles chamam de ossada perpétua. - disse ela explicando como uma professora.
- Como você sabe de tudo isso Tânia ? - perguntou Diego.
- Livros meus amigos, livros e conhecimento nunca são demais. - disse ela abrindo a mochila e mostrando diversos livros que haviam ali.
- Mas só malucos como você pra terem interesses em livros assim. - disse Roberto.
- Não enche, vamos ou não vamos acabar com isso? - disse ela.
- Eu acredito que isso possa dar certo, mas como vamos entrar em um cemitério, tirarmos os restos dele da gaveta e ainda queimaremos sem chamar atenção? - disse Rodrigo.
- Não tem guardas a noite no cemitério, poucas pessoas vão la tarde da noite e as que vão, não irão achar nada estranho ver algo queimando. - disse Tânia.
- Sim Diego, ela também me da arrepios. - sussurrou Daniel, que estava com seu irmão falando em seu ouvido ainda.
- Parece que Tico e Teco estão com medo, não é mesmo? - Disse Roberto sorrindo.
- Falou o cara que se mijou quando viu o tabuleiro. - respondeu Diego cutucando o irmão e rindo.
- Não estava com medo, estava com frio. - respondeu ele com raiva.
- Com muito frio. - disse Tânia rindo com os gêmeos.
- Galera, vamos nos concentrar em achar um meio de terminarmos logo com isso. - disse Rodrigo.
- Poderíamos fazer isso no domingo, quando todos na minha casa estivessem dormindo, descemos pela janela do meu quarto e Tânia nos encontra na rua. - ainda completou ele.
- Boa ideia, só espero que aquela coisa nos deixe em paz até la. - disse Tânia.
- Mas como vamos quebrar a gaveta? - perguntou Diego.
- Precisaremos de uma marreta pequena, não é tão forte como uma parede, com algumas pancadas podemos quebra-la. - respondeu Tânia.
- Nosso pai tem uma dessa, acho que podemos pegá-la sem problemas. - disse Daniel olhando para o irmão.
- Sim podemos. - respondeu seu irmão.
- Então estamos combinados, vocês levam a marreta e eu levo o álcool e o isqueiro. - disse Tânia.
Eles conversaram mais um pouco, sobre outras coisas que deveriam levar e o Roberto não gostava nem um pouco da conversa toda e só ouvia cada palavra, logo o sinal bateu e eles foram para a sala de aula. Assim que a aula acabou, combinaram de ir se falando durante a semana e aperfeiçoar o plano cada vez mais, então eles sairão juntos da sala e se despediram no portão da escola, os pais deles tinham vindo buscar cada um deles, menos Tânia que ia para casa de bicicleta.
Os dias foram passando e a cada dia a tensão e a ansiedade tomavam conta deles, ate que o dia enfim chegou e eles se encontraram a noite na casa do Rodrigo, estavam todos nervosos e ansiosos. Estavam conversando e decidindo como seria feito o trabalho o mais rápido possível, ninguém queria passar muito tempo no cemitério,assim que o plano estava elaborado mais uma vez, Tânia foi embora e os meninos se arrumaram para "dormir". A mãe de Rodrigo passou la para conferir se estavam todos bem agasalhados e confortáveis e os deu boa noite, mas algum tempo se passou e eles desceram pela janela um de cada vez. Então se encontraram com Tânia la fora, com mochilas bem equipadas e com algumas caras bem apavoradas, estavam todos prontos para partirem na noite e cumprirem a missão na qual eles nem imaginavam o terror que os aguardava.
Pegaram suas bicicletas e foram descendo a rua em direção a portaria do condomínio, passaram pela portaria e seguiram a rua em direção a avenida, alguns quilômetros de distancia e eles chegaram ao cemitério. Guardaram suas bicicletas embaixo de uma arvore na entrada, o portão da entrada estava fechado, mas com grades dividindo espaços umas das outras, o portão era um convite a qualquer hábil escalador e ate aos que não eram. Então subiram um de cada vez e em pouco tempo todos já estavam do lado de dentro do cemitério, o cemitério era como a maioria dos cemitérios conhecidos, a entrada dava de frente para algumas salas, aonde eram feitos os velórios,com um grande patio no meio, muitos bancos e arvores, mais a frente havia mais um portão, não tao grande como o outro, mas também estava fechado e eles tiveram que pular, de frente para essa segunda entrada estavam vários túmulos no chão e corredores para vários lugares, o lugar todo estava muito escuro e fazia muito frio naquela noite, todos estavam muito assustados, exceto Tânia que parecia nem ter dado conta que estava dentro de um cemitério tarde da noite.
- Gente, vamos terminar isso o mais rápido possível porque esse lugar me da arrepios. - disse Roberto que estava alisando uma mão na outra e devia estar sentindo mais frio que o resto deles.
- Dessa vez eu devo concordar com o Roberto e nos apressaremos para sairmos daqui. - disse Rodrigo que passava seus olhos por todos os corredores.
- Só eu tenho a sensação de estar sendo perseguido por alguém? - disse Diego olhando para os portões atras dele.
- Eu também estou com a impressão de estar sendo observado por alguém maninho. - disse Daniel olhando para o irmão com uma cara apavorada.
- Calma gente, vamos em direção aqueles corredores ali que é la que as gavetas ficam. - disse Tânia apresando os passos.
Logo eles estavam de frente para diversas gavetas com todo tipo de homenagens e presentes deixados pelos parentes dos mortos, começaram então uma busca pela foto ou o nome de Ernesto Oliveira da Silva, algum tempo já havia se passado e nada de encontrar a gaveta desse homem, o vento começava a aumentar e junto com ele o frio, foi quando de repente Rodrigo chamou os outros:
- Galera, achei o homem que procuramos, ou os restos dele. - disse ele se agachando e limpando o nome que estava escrito na gaveta.
Havia uma foto em uma moldura colada na gaveta, de um senhor gordo e com um sorriso feliz no rosto, parecia ser época de natal na foto, pois os enfeites ao seu redor e ate mesmo a sua roupa com enfeites de natal o entregavam, mas nada no sorriso daquele homem os assustava, quem imaginaria que um dia aquele doce senhor se transformaria no pesadelo deles.
- Sem perda de tempo, vamos logo quebrar isso ai e queimar esse demônio logo. ~disse Roberto que já estava mais nervoso que de costume.
- Peguem a ferramenta ai na mochila e vamos derrubar essa gaveta. - disse Tânia passando as mãos nos cabelos e fazendo um coque prendendo eles.
- Só um minuto, ela esta aqui em algum lugar dessa mochila. - diese Daniel abrindo a mochila e começando a procurar.
- Aqui achei. - disse ele retirando uma marreta que deveria ter uns 5 kg no minimo.
- Deixa que eu começo, vamos revesando e assim quebramos rápido e ninguém se mata. - disse Rodrigo arrumando a marreta em sua mão.
Assim que ele arrumou ela, ele deu a primeira batida que não causou muito dano a parede, então ele continuou a bater cada vez com mais raiva e pouco a pouco ela começo a quebrar algumas partes por cima, o vento a essa altura estava mais forte que quando eles chegaram, o frio estava cada vez pior e ao fundo eles ouviam barulhos de corujas e pessoas que começavam a sussurrar algo. Mas eles empolgados com as batidas na parede, deram pouca atenção a esses acontecidos e continuaram o que estavam fazendo, Rodrigo havia cansado e quem estava no comodando da marreta agora era o Roberto, depois de algum tempo todos eles já haviam batido um pouco e a parede só havia quebrado a primeira camada de azulejos que cobriam a parede, todos já estavam suando e ofegantes e nada da parede cair, foi quando eles menos esperavam que eles ouviram um :
- Boa noite. - disse um rapaz que aparentava ter uns vinte e poucos anos, usava roupas escuras, delineadores em seus olhos e uma bota de cano longo muito maneira, que combinava com o seu sobretudo.
Todos eles soltaram um grito de susto, eles estavam pálidos e com os olhos arregalados a olhar para o rapaz, parecendo não acreditar no que viam, ate que Tânia falou:
- Boa noite Gui, amei a bota cara.
- Roubei em uma loja no centro, eles devem estar se perguntando ate hoje como ela sumiu rs. - disse ele rindo e cumprimentando ela com um beijo no rosto
- Galera esse é o Guilherme, ele praticamente mora aqui, apesar dessa sua cara de filme de terror, ele é um bom rapaz rs. - disse ela que agora mostrava um sorriso e parecia estar feliz como poucas vezes os meninos já haviam visto.
- Não falaria morar, mas acho que trabalhar seria a palavra correta a se dizer, gosto de passear por aqui e ver os túmulos, as fotos das pessoas e os velórios que acontecem por aqui, isso vai ajudar e muito no meu livro um dia.
- Ele consegue ser mais bizarro ainda que ela meu. - disse Danilo sussurrando no ouvido do irmão.
- Poxa cara, você quase matou a gente do coração. - disse Roberto que estava puxando uma garrafa de água da sua mochila.
- Boa noite. - respondeu Rodrigo, com uma cara de quem foi pego no ato, de algo que não deveria estar fazendo.
- Boa, mas me diz ai Tânia, oque diabos vocês estão tentando fazer na gaveta do velho Ernesto bom velhinho. - disse ele passando os olhos em cada um deles.
Então Tânia não pensou duas vezes e contou tudo para ele, sobre a casa, o tabuleiro, as aparições e todas as outras coisas que haviam acontecido e que levaram eles a fazer o plano que estava sendo colocado em ação. Ele ficou espantado com toda aquela conversa e parecia gostar da ideia de eles terem visto um espirito, então ele resolveu oferecer ajuda a eles.
- Deixa que eu ajudo a quebrar essa parede ai e vamos queimar esse velho, odeio espíritos ruins. - disse ele pegando a marreta e começando a bater.
Com algumas batidas, o primeiro buraco começou a aparecer e de la saiu um fedor horrível, ele terminou de quebrar e então eles viram os ossos do homem, todos juntos e bem organizados no meio da gaveta. Rodrigo pegou as luvas em suas mochilas e começou a distribuir, ate mesmo o Guilherme ganhou uma.
- Sorte sua que eu trouxe uma reserva. - disse Rodrigo entregando a luva para o rapaz.
Eles foram retirando todos os restos mortais, que um dia pertenceram a um senhor feliz e sorridente, foram colocando amontoados no chão, Roberto começou a passar mal e acabou indo vomitar, os gêmeos estavam com caras de apavorados e de que nunca esqueceriam disso na vida, Tânia estava com uma cara muito triste, apesar de gostar de mexer com o sobrenatural, o fato de estar fazendo isso com os restos de uma pessoa, a deixava muito chateada, mas ela sabia que era a unica esperança que eles tinham. Depois que estava tudo junto no chão, Tânia pegou sua mochila e tirou de la uma garrafa de álcool e uma caixa de fosforo, e começou a derramar o álcool sobre os restos.
- Coloque logo fogo nisso e vamos dar o fora daqui! - disse Roberto que estava pálido.
- É Tânia ascende logo isso e vamos acabar com essa maldição. - disse Daniel tirando as luvas de suas mãos.
- Que o senhor descanse em paz. - disse ela acendendo o fosforo e o jogou sobre os restos.
O fogo pegou rapidamente e foi queimando tudo, um cheiro terrível que eles nunca sentiram antes começou a passar sobre seus narizes, o fogo agora estava bem forte e queimava tudo que havia sido juntado ali, eles se levantaram e se abraçaram, estavam felizes de que tudo aquilo iria acabar ali, foi quando o vento começou a uivar e o frio tomava conta de todo o lugar mais forte do que estava, Guilherme estava perto do fogo agachado e esquentando suas mãos nas chamas, quando de repente ele desmaiou e caiu sobre o fogo, Tânia viu e gritou:
- Ajudem a tirar ele de cima do fogo!! - disse ela que já estava em cima do rapaz puxando ele pela parte de trás do seu sobretudo.
Todos eles se agarraram ao sobretudo do rapaz e o puxaram para o lado, rapidamente apagaram a chama que estava sobre o peito do rapaz, o fogo só havia pegado na parte da frente da sua camisa e a queimado ate chegar na pele, eles tentaram acordar o rapaz mas foi inútil.
- Acorda Guilherme!! - dizia Tânia segurando a cabeça do rapaz com uma das mãos e a outra o sacudia levemente.
- Meu Deus oque foi isso? - disse Diego olhando perplexo para o rapaz.
- Toma jogue um pouco de água no rosto dele. - disse Rodrigo que havia pegado a garrafa de água e estava entregando ela para a Tânia.
- Galera, essa sensação que estou tendo agora eu já tive antes... - Disse Daniel passando a mão em seu peito.
- Do que você esta falando? - disse Tânia pegando a garrafa e jogando um pouco de água no rosto do rapaz.
- Estou com uma sensação horrível, a mesma sensação que senti no dia da casa. - disse ele olhando para todos e ainda estava a passar a mão sobre o peito.
Todos olharam para o rapaz e notaram que ele estava com uma marca de queimadura sobre o peito, Rodrigo pegou a lanterna que estava na sua mochila e clareou o peito do rapaz, a marca sobre o peito do rapaz formava uma cicatriz, em forma de um sorriso largo, todos eles se afastaram na mesma hora, ate mesmo Tânia largou o rapaz no chão. E foi então que o rapaz começou a sorrir, sorrir e começar a gargalhar, então ele ficou de pé, estava com os olhos fechados e se tremia inteiro, nessa hora todos eles estavam em estado de choque e não conseguiam se quer piscar os olhos, o rapaz estava rindo muito, sua boca começou a se rasgar e seu sorriso foi ficando maior, muito sangue escorria pela sua boca e sua risada foi se misturando a um tom estranho, o sangue enchia sua garganta e o som era horrível, foi então que ele abriu seus olhos, parou de rir e olhou fixamente para eles e disse:
- Ele esta aqui, todos vocês vão morrer aqui hoje, ele disse pra não envolver ninguém, o lorde da escuridão vai trazer as trevas para a luz, venham para as trevas crianças. - dizia o rapaz com uma voz horrível, com todo aquele sangue em sua garganta e escorrendo pela sua boca.
Todos eles estavam chocados e parados, quando uma figura de um homem apareceu por traz do rapaz e o abraçou o por trás, seu rosto ficou ao lado do rosto do rapaz, era um rosto sem face, com apenas um largo sorriso nele, ele pegou o pescoço do rapaz com sua mão, e apertou ate rasgar o pescoço do rapaz e deixar escapar todo aquele sangue, então ele largou o rapaz e deixou ele cair de lado já morto, com os olhos abertos e sem vida, ele se contorcendo começou a andar na direção deles e disse:
- Venham para as trevas meus filhos...
Oque vai acontecer? Como assim ele apareceu? Todos vão morrer? Descubra no próximo episodio. Espero que estejam gostando, ajudem a compartilhar, comentar e criticar, obrigado a todos que estão lendo.
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