• Capítulo 8 - Alcoviteiras

Passagem do diário de Liz Cavendish, Julho de 1752

       "O meu filho, no que depender de mim, nunca mais verá o pai.

       Farei de tudo para Harry nunca mais por os olhos em Dorian, para nunca mais o arrebatar com a sua indiferença congelante. Ele é o seu herdeiro, mas mesmo assim Harry não quer saber dele. Ás vezes penso que ele só ignora Dorian por ser eu a sua mãe, pois se fosse aquela puta deslavada da Erin, ele estaria radiante com o seu primogénito.

       A mulher que levantou as próprias saias para a criadagem masculina no tempo em que era casada com o barão Anthony Moore, e que baixou as calças de mais de metade dos homens da aristocracia, conseguiu colocar o poderoso duque de Devonshire inteiramente cativo dos seus desejos. Mas egoísta e soberbo como Harry Cavendish é, não foi capaz de se livrar das outras meretrizes que levou para Chatsworth House. E por esse mesmo motivo é que trouxe Dorian para Overdeen Hall, para que ele não convivesse com aquele antro libidinoso em que a residência se converteu.

       Decidi exilar-me aqui com ele, mesmo que Harry não se importe e muito menos que vá sentir a minha falta. Ele simplesmente não quer saber. Mas receio que mesmo há distância ele acabe por conseguir um modo de ferir Dorian, e não digo agora já que ele só tem nove anos, mas sim algures no futuro. Eu temo que Harry acabe por levar o meu filho a fazer algo que não quer e que acabe por conviver com a amargura que isso irá acarretar. Isso é algo que não posso permitir.

       No que depender de mim, o meu menino será eternamente feliz. E quem estiver ao seu lado também será.

       Recebi uma carta da minha grande amiga Lora Borton, condessa de Hampshire, que relatava entusiasticamente o quão ela e William, o seu marido, estavam radiantes com o crescimento saudável da sua filha. Evangeline acabou de concluir um ano no passado mês de maio, e mesmo sendo um viagem arriscada devido ao parto recente, Lora veio de Hampshire, onde ela deu à luz, com William e a pequena Eva para eu a poder conhecer, e que menina linda!

       Não há como negar que em tudo ela puxou ao pai, os cabelos dourados e os olhos verdes vivos e brilhantes eram uma cópia fiel de William Borton, e como ele amava a filha era algo de causar inveja. Dorian foi apresentado à menina, e com toda a sua inocência acariciou o cabelo cacheado ainda ralo da cabecinha de Evangeline, desaparecendo pelo corredor logo depois numa corrida desenfreada que me causou uma gargalhada divertida.

       Overdeen Hall é um pedaço de paraíso na Terra, e só quero que me seja permitido passar o resto dos meus dias aqui, com Dorian a meu lado."


       A ociosidade da aristocracia era perfeitamente visível nos seus horários, já que era quase hora de almoço e muitos dos convidados nem sequer haviam acordado.

       Aquele seria o último dia de estadia no palacete, de tarde haveria um partida de ténis e críquete, finalizando com um sarau com mais algumas atividades. No dia seguinte, após o almoço, todos partiriam de Devonshire para as suas respetivas vidas pouco produtivas e bastante dispendiosas.

       Dorian não a tem largado desde que soube da gravidez da esposa, e partilhava com ela a ansiedade do momento e as várias hipóteses para nomes do bebé.

       — Que tal George se for menino? — sugeriu Dorian fitando a lista que os rapazes e as amigas de Evangeline elaboraram com opções de nomes.

       Sim, eles elaboraram uma lista de nomes. E Aleksei fez questão de sugerir um monte de nomes russos que Dorian nem conseguia pronunciar sem parecer que estava a engasgar-se, ou a reproduzir algum ritual de bruxaria.

       — Não, não gosto. Diz aí alguns nomes para meninas. — pediu a duquesa sentada na cama encostada na cabeceira, fitando o marido de pé à sua frente com alguns papéis em mãos.

       — Deixa cá ver... Charlotte?

       — Muito comum. — descartou.

       — Marie?

       Evangeline gesticulou negativamente com a cabeça.

       — Joanne?

       Mais uma vez não.

       — Ondine?

       — Coloca esse como hipótese em potencial. Tem mais?

       Dorian mostrou-lhe as duas folhas preenchidas dos dois lados com uma expressão cansada.

       — Ena! Eles estavam bem inspirados. — riu Evangeline e Dorian esfregou os olhos com um suspiro.

       — Para mal dos meus pecados, estavam. Próximo... Grace?

       Um largo sorriso surgiu no rosto da duquesa.

       — Sim! Fica Grace se for menina! — exclamou entusiasticamente.

       O duque sorriu divertido com a animação da esposa.

       — Esse foi uma sugestão de Phoebe, e ela colocou aqui como nota "Grace é a variante inglesa do latim gratia, e significa graça, dom divino, benevolência divina, ajuda espiritual".

       — Eu acho um nome lindo, fica esse se for menina. — sentenciou Evangeline decidida, e pelo sorriso no rosto do marido, sabia que ele concordava com a sua escolha.

       — E se for menino? — perguntou a duquesa.

      Dorian gemeu como se estivesse a sentir alguma dor.

       — Vamos lá voltar para esta lista que nunca mais acaba. Julien?

       Evangeline pareceu ponderar.

       — Gostei, se for menino será Julien. — decidiu a duquesa e Dorian suspirou aliviado.

       — Estou seriamente chateado contigo Dorian. — disparou Aleksei parando ao lado do duque, sem olhar para ele.

       Já começa!

       — Não tomaste em consideração nenhum dos nomes que propus! — choramingou o grão-duque.

       O grupo estava reunido no jardim, onde decorrerá uma partida de ténis. Dorian e Evangeline revelaram as escolhas tomadas para o nome do bebé, e claro que Aleksei iria dramatizar. O costume.

       — Eu nem conseguia pronunciá-los quanto mais escolher um! — defendeu-se Dorian.

       Claro que sem motivo, o filho é seu, logo a escolha do nome passa por si. E claro, por Evangeline.

       Sobretudo por Evangeline.

       — E tiveste tu muita sorte por não os ter escrito em cirílico, se não chegavas aqui com a língua ainda travada.

       O duque nem se deu ao trabalho de retrucar, sabia que por muito que fizesse para o contornar, Aleksei continuaria amuado. Era inerente.

       — E já têm ideia de quem escolherão para padrinhos? — perguntou Benedict entrando na conversa.

       — Já o estou a imaginar a fazer alguma bruxaria escocesa para os aliciar a escolhê-lo para padrinho. — resmungou o russo.

       Benedict não ouviu o que o grão-duque havia dito visto ter virado costas, e quando se voltou com uma raquete de ténis em mãos, Aleksei afastou-se como se tivesse visto o próprio tinhoso.

       — Eh bicho! Calma lá, somos amigos afinal! Se me matares vais responder no parlamento por homicídio! Retiro o que disse, não te quero ver enforcado na Old Bailey.

       O escocês olhou para ele como se lhe estivesse a crescer um corno na testa.

       — Quê?!

       — Não quero que vás já fazer companhia à minha mamuska, que Deus a tenha lá no céu. — benzeu-se fitando o céu limpo. — Mas espera, quando morreres vais para o inferno, esquece lá isso então.

       — Só não te bato agora pois sei que tens razão. — retrucou McPherson sorrindo maliciosamente. — Com o meu historial nem me deixavam chegar perto dos portões do paraíso.

       — Se for esse o critério, então vamos ser amigos até no inferno ao lado do tinhoso. — disse Dorian como quem diz as horas. — Nem depois da morte me vou livrar de vocês!

       — Cala-te lá que eu sei que nos amas. — retrucou Aleksei, fitando Evangeline logo a seguir. — Não mais do que à tua mui linda e grávida esposa. Então, como é com os padrinhos?

       Evangeline, que estava ao lado de Blair, Phoebe e Lucille, sorriu para o grão-duque. Já tinha conversado com o marido sobre e chegado a um acordo, já prevendo o drama que Aleksei iria fazer.

       — Bem, como as duas opções escolhidas foram sugestão de Phoebe, será ela a madrinha. — disse fitando a amiga de soslaio. — E tendo em conta o modo cruel como Aleksei foi injustiçado, achamos por bem ser ele o padrinho. Assim é compensado de alguma forma.

       Ele sabia que ela estava a ser sarcástica, mas não queria saber. O sorriso denunciou a sua alegria.

       — Posso dar-te um beijo Eva querida? — pediu Aleksei de rompante.

       — Como é que é?! — berrou Dorian. Evangeline alargou o sorriso.

       — Na testa besta ciumenta! — explicou o russo.

       Como resposta a duquesa deu dois passos em frente, e Aleksei sorriu irónico para o duque.

       — Como eu te amo moya prelest*! — disse Aleksei de modo divertido beijando a testa da duquesa, que deu uma risada baixa.

       — Muito bem, acabou-se a papa doce! — Dorian puxou a esposa para a sua beira. — Já estás a abusar russo do inferno.

       — Queres um beijo também? — perguntou Evangeline marota, ignorando quem estava perto deles.

       Dorian olhou-a com os olhos cerrados, mas não conseguiu segurar o sorriso de canto.

       — Demónia! — rosnou e Evangeline calou-o com um beijo que jamais devia ser dado em público.

       E nalgum momento houveram duas línguas que não conseguiram ficar quietas.

       Quando se afastaram Evangeline teve a decência de ficar corada, já Dorian teve a audácia de permanecer impávido e sereno, como se para ele aquilo fosse algo corriqueiro de se fazer num jardim abarrotado de convidados.

       — Até eu fiquei com calor! — disse Christopher abanando-se com a raquete.

       — E eu vou embora antes de começar a chorar! — exclamou Blair virando a cara.

       — Chorar porquê? — inquiriu James fitando a irmã.

       Blair fitou-o com desaforo.

       — Vocês têm noção do quão injusto é o universo? — perguntou a jovem Spencer com os braços cruzados contra o peito. — Vocês homens podem beijar quantas bocas quiserem enquanto solteiros, já nós mulheres temos que encarnar a Virgem Maria até algum homem nos querer para casar. Isso é in-jus-to!

       Lucille e Phoebe bateram palmas, identificando-se com o discurso de Blair, Evangeline e Dorian fizeram cara de paisagem e os restantes, Benedict, James, Christopher e Aleksei, fitaram-na boquiabertos.

       Não pelo que ela disse, mas por o ter dito.

       Para quebrar o silêncio e o momento constrangedor, Evangeline tomou a liberdade de dar início à partida de ténis.

       Logo que pôde Lindsay Kershaw pendurou-se no braço de Benedict, que não pode fazer nada para afastar a jovem.

       Evangeline até já havia ouvido um zum zum de que as irmãs Kershaw estavam zangadas, tudo por causa dos ciúmes da irmã mais velha, que foi amante de Benedict por duas misérias noites, que para a jovem viúva foram suficientes para a fazer fantasiar um futuro ao lado do marquês.

       Claro que essa informação foi-lhe dada por Dorian quando ela o questionou. De outro modo não saberia, mas de certo modo, conhecendo-se tão bem quanto conhecia, tinha a noção de que faria para saber.

       Dorian ficou o tempo inteiro ao seu lado, colocando discretamente a mão sobre o seu ventre algumas vezes e fazendo um leve carinho, que lhe arrancava sorrisos discretos, mas felizes.

       O carinho que ele demonstrava a cada momento fazia aquela realidade tornar-se muito mais cor de rosa.

       O medo que ela sentia de que algo lhe acontecesse, ou ao bebé, dissipava-se de cada toque do marido, e a segurança que ele transmitia era poderosa. E inquebrável.

       A tarde transgrediu tal como planeado, após a partida de ténis deu-se o jogo de críquete, que durou pelo resto da tarde.

       À noite o sarau organizado esperava os convidados na sua última noite de estadia na residência dos Cavendish, onde o ponto alto da noite seria uma competição de serenatas. Haviam vários papéis numa taça de cristal e cada um continha uma palavra, a ideia do jogo é que cada um dos participantes cante um verso incluindo a palavra que lhe calhou para o recetor da serenata, que seria uma jovem Lady à escolha da duquesa. Três lordes iriam "cantar" enquanto outro ficava ao piano a tocar.

       Os trovadores foram Aleksei, o seu irmão Elliot, o duque de Lancaster e o marquês de Bristol. E a jovem escolhida foi Heidi James, a filha da condessa viúva de Southampton.

       E Evangeline podia jurar ter visto o irmão a ficar corado ao ver a jovem.

       Nunca havia rido tanto na sua vida às custas de Aleksei, e não sabia que o irmão tinha talento para trovador. A seguir à serenata improvisada os convidados disfrutaram do resto da noite em paz e harmonia, tendo Dorian voltado para o seu lado após o término da conversa com o seu pai.

       — Perdeste a aposta minha querida. — sentenciou Margareth Gordon, viscondessa de Sussex, dirigindo-se à baronesa de Westphalen.

       — Ora essa! Porquê? — retorquiu Violet Abbot, a baronesa.

       A viscondessa sorriu cinicamente, sabendo que a baronesa estava a fazer-se de desentendida somente para não assumir a derrota.

       — Porque tu apostaste que o casamento deles não durava mais de um mês. E os duques casaram-se há dois meses. — relembrou Margareth. — E pelos vistos é para durar.

       — Por favor minha querida, tanta felicidade e tanto carinho entre ambos não pode ser genuíno, não tem condição. Além do mais, cá para mim eles nem dividem a mesma cama. — desdenhou a baronesa com um gesto de mão.

       Porém Margareth Gordon sabia que todo aquele discurso era um meio da baronesa não reconhecer que o duque era uma causa perdida para um amante quente e ilícito, tal como foi antes do casamento. Dorian Cavendish era um homem casado, porém Violet Abbot não queria ver o óbvio.

       — Abre os olhos Violet! Há umas noites os duques protagonizaram um bacanal bem quente lá no quarto deles. Tu estás instalada no mesmo corredor dos aposentos ducais, deves ter ouvido alguma coisa.

       E ouviu, bem demais. Era percetível que eles não se preocupavam com a discrição, e sendo o quarto onde ela estava instalada logo em frente ao dos duques, a baronesa teve uma amostra da noite animada do casal, que só serviu para acender ainda mais a sua raiva, porque com ela Dorian nunca foi assim tão intenso.

       — E mais, eu ouvi um burburinho de que a duquesa já engravidou. — acrescentou a viscondessa, deleitando-se com a raiva contida da baronesa.

       — Não acredito muito nisso. É mais uma manobra de Lady Evangeline Cavendish de atrair as atenções para si, sendo apenas isso que ela tem feito até agora. — Lady Violet proferiu o nome da duquesa com asco.

       — Oh, poupa-me Violet! Só o titulo de Lady Evangeline já lhe dá a fama que ela tem! A mulher sabe cativar as pessoas, só não atrai as invejosas.

       A viscondessa afastou-se antes que Violet pudesse responder, deixando-a remoer nas memórias e na inveja que sentia da duquesa.

       Já a baronesa de Westphalen não podia aceitar que Dorian tenha arranjado alguém melhor do que ela para se divertir entre os lençóis, tal feito era quase impossível de suceder. Ela e a marquesa de Boneville trocavam pequenos factos acerca do desempenho do duque como amante, e uma coisa que elas tinham certa no seu íntimo é que ele nunca casaria, pois era óbvio que ele não queria sujeitar-se a viver um casamento tão miserável como foi o dos seus pais, que como era sabido pela aristocracia, levou a que a falecida duquesa se exilasse neste palacete com ele por seis anos.

       Violet sabia bem o apego emocional que Dorian tinha pela mãe, era visível a quilómetros de distância, e além do mais era difícil ele não amar a mãe. Liz Cavendish foi a melhor mãe que podia ter vindo parar à Terra, era protetora, foi a única pessoa que amou Dorian durante toda a vida dela, e criou-o sozinha neste palacete, sendo os dois contra o mundo. Tudo isto foi divulgado nos salões da aristocracia por Erin, que ganhou a antipatia dos seus pares por ter-se casado com o duque mal Liz morreu. Não foi por amor a Harry, foi por amor ao dinheiro e ao título de duquesa, o que justifica o ódio de Dorian pela madrasta, mas não há de ser apenas esse o motivo. Mas não era nada da sua conta.

       Já Evangeline sentia-se alvo de grande escrutínio, e como ela nunca foi parva identificou logo as duas mulheres que ao longe a observavam e cochichavam. Bando de alcoviteiras!

       Era algo a que se tinha que habituar, ser alvo do falatório alheio apenas por ser quem é. Já quando era simplesmente Evangeline Borton, filha do conde William Borton, era alvo de falatório e mexerico por desafiar lordes desaviados para partidas de poker, e ainda sair vencedora. Mas ela nunca se importou com isso, não será agora que o fará.

       Instintivamente levou uma mão ao ventre e sorriu, com o espartilho não era possível notar mas uma pequena saliência já despontava na barriga, saliência esta que Dorian beijava todas as noites, e até de manhã quando ainda estava de chemise. Estava feliz, e nada nem ninguém iria estragar a sua felicidade.

       Viu a baronesa de Westphalen aproximar-se com a marquesa de Boneville a par com ela, e amaldiçoou a hora em que Dorian foi arrastado dali por Aleksei. Fingiu o seu melhor sorriso, enquanto procurava na sua mente o motivo para as ter convidado, sabendo que elas foram amantes do seu marido.

       Ah! Já se lembrou! Foi para lhes esfregar na cara quem era a esposa de Dorian agora. E aquelas duas mal amadas não são com toda a certeza.

       — Milady, viemos ao seu encontro felicitá-la. — disse Violet Abbot com um sorriso.

       Naquele momento o nariz de Evangeline começou a pinicar, maldita alergia!

       Mas agora perguntam: a quê que Evangeline é alérgica?

       Resposta: à falsidade.

       — Ouvimos boatos de que Vossa Alteza está de esperanças, por isso viemos aqui dar-lhe os parabéns pela boa nova. — prosseguiu a marquesa.

       — O duque deve estar radiante com a notícia, isto se for mesmo verdade a gravidez. — completou Violet.

       Cadela!

       Vaca!

       Jiboia gordurosa!

       — É verdade. E sim, Dorian está radiante com a notícia da gravidez. Está exultante por ser pai. — respondeu com um sorriso tão falso e forçado que até lhe doeu o maxilar.

       — Imagino que sim, é perfeitamente visível o carinho que ele demonstra, veremos é como será daqui a uns meses. — retrucou a baronesa fitando a mão enluvada erguida à frente do seu rosto.

       — O que quer dizer com isso Lady Westphalen? — questionou Evangeline com os braços cruzados contra o peito.

       O olhar da baronesa não lhe agradou, mas o simples facto de ela estar ali a falar consigo já não a agradava.

       — Daqui a uns meses Dorian já não se sentirá atraído por milady devido às mudanças que o seu corpo sofrerá com a gravidez. E além do mais, homens como ele não sabem o que é o celibato.

       — E eu devo partir do princípio que o meu marido irá procurá-la quando eu ficar gorda devido ao herdeiro que carrego, é isso? — perguntou a duquesa fitando-a cética.

       Violet sorriu.

       — Eu e Dorian passamos momentos inesquecíveis, e é do conhecimento geral que todos nós regressamos onde já fomos felizes. — retrucou a baronesa com superioridade. — Por isso será uma questão de tempo até Dorian fazer o mesmo.

       — Primeiro comece por tratar o meu marido por lorde Cavendish, pois milady já não possui nenhuma intimidade com ele. — disparou Evangeline, pouco disposta a ser insultada na própria casa. — E segundo, milady tem razão, todos nós regressamos onde há fomos felizes, por isso quando eu der à luz e terminar o período de resguardo, Dorian voltará para a minha cama, e jamais para a de uma rameira sem vergonha como a senhora.

       E o tiro atingiu o alvo com sucesso!

       — Não acho que seja recomendável milady falar comigo nesses modos. — disse Violet camuflando a sua ira a muito custo.

       — O que não é recomendável é que a senhora, como minha convidada, venha exibir-se como uma galinha num poleiro dessa maneira para a sua anfitriã, falando do marido da mesma como se fosse o seu. Se fosse a si voltaria para o lado do seu marido e por favor, pare de o envergonhar dessa maneira descarada! — exclamou Evangeline já sem paciência.

       — Milady possui muita falta de traquejo social e desconhece o que são boas maneiras! — retrucou a baronesa.

       — E milady tem promiscuidade para dar e vender, sendo que desconhece totalmente o significado da palavra decência. — respondeu de volta e a marquesa puxou a baronesa dali antes que esta se humilhasse ainda mais.

       Ambas as mulheres foram intercetadas por Dorian já longe de onde Evangeline estava, mas ainda assim no campo de visão dela. Violet deu um largo sorriso ao ex amante.

       — Dorian, meu querido! Pensei que passaria o resto da noite sem falar comigo. — disse de modo sedutor, ignorando a marquesa ao seu lado.

       Reparou que o duque detinha uma expressão séria no rosto, mas nem isso lhe tirou a disposição para o seduzir novamente. Aproximou-se dele e tentou tocá-lo com uma expressão maliciosa no rosto, mas Dorian segurou no seu pulso com firmeza e encarou-a friamente.

       — Dorian? Mas o que se passa...

       — Quero-a fora da minha casa ainda hoje! Se amanhã eu a vir aqui eu expulso-a ao pontapé! — rosnou Dorian furioso, como nunca a baronesa o havia visto. — E nunca mais ouse aproximar-se da minha esposa, caso contrário eu mato-a!

       O duque soltou o braço da mulher com brusquidão, e Violet fitou-o a afastar-se estarrecida e a ferver em raiva.

       Já Dorian ao fitar a esposa ao longe, que o fitava de volta, reparou na expressão séria que pintava o seu rosto angelical, e ao vê-la sair do salão rapidamente, soube que tinha uma longa noite pela frente.

⚜️⚜️⚜️

Postei e fugi... 🏃🏻‍♀️🏃🏻‍♀️

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Bisou for you. Boa leitura.

*moya prelest - minha linda.

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