• Capítulo 22 - Um teste indecente à paciência
Os três dias impostos por Dorian que antecederam a partida de Chatsworth demoraram a passar. O duque passava a maior parte dos dias ou em reuniões com os administradores ou a percorrer a propriedade com eles, assim como a visitar a residência dos arrendatários. Isso aliviou-a, pois assim os seus encontros com o esposo foram reduzidos substancialmente, cingindo-se somente ao horário das refeições.
Mas não tinha a intenção de voltar a fugir dele, desta vez iria enfrentá-lo de frente, de igual para igual, com todas as armas que tinha ao seu dispor. E Evangeline tinha como plano destabilizá-lo, e para isso iria usar um atributo que usado por uma mulher, era capaz de dobrar e enlouquecer um homem, do mais recatado ao libertino: a sedução e provocação. Não iria permitir avanços indevidos pois não tencionava aceitá-lo na sua cama novamente, apenas queria enlouquece-lo, vingar-se pela mentira até que ele não aguente mais e peça pelo seu perdão, sendo honesto com ela por uma vez que seja.
Se Maomé não vai à montanha, então vai a montanha a Maomé.
Se Dorian não estava disposto a desculpar-se pelo seu erro, então Evangeline faria de tudo para induzi-lo a isso mesmo.
Porém se há coisa que não para é o tempo, e embora tenha demorado a passar, os últimos dias em Chatsworth House chegaram ao fim. Na manhã do terceiro dia Maisie entrou no quarto da duquesa para a auxiliar a fazer as malas.
— Tilly já terminou de arrumar os pertences de Grace, milady. — infirmou a dama organizando as inúmeras joias da duquesa nos respetivos baús.
— E ela já está pronta? — perguntou Evangeline.
— Quando lá estive, a ama estava a terminar de a vestir.
— Certo. Obrigada Maisie. — disse Evangeline pegando nas suas luvas e no chapéu amarelo, da mesma cor do seu vestido.
Não se sentia preparada para voltar a Londres, mas pelo lado positivo poderia voltar a ver os pais e os irmãos, que encontravam-se em Londres para a temporada social que já havia iniciado. Costumava comunicar-se com a mãe por cartas e ela informou na última que já se encontravam na capital. Aquilo deixou-a feliz e nervosa ao mesmo tempo, pois temia a reação deles quando soubessem do estado do seu casamento. Mesmo que a sua simpatia pelo marido tivesse sofrido uma queda intensa, não queria criar um mal estar entre ele e os seus pais, e os irmãos também, porque quando se referia a si, agiam como se fossem os seus guarda costas. Enquanto solteira, sempre que um lorde tentava uma aproximação mais ousada que a incomodava, se Elliot, Oliver e Liam vissem, então facilmente qualquer pessoa pensaria que eles estavam a ir para a guerra. Evangeline era a mais velha dos quatro, porém era a única mulher, e isso fazia surgir um intenso sentimento de proteção, especialmente em Elliot, que era mais novo que ela um ano apenas.
Porém a sua preocupação estava na mãe, pois por muito bem que disfarçasse, temia que ela descobrisse só de olhar para si. A mulher parecia que tinha olhos em todo lado, até na nuca. A realidade é que Lora Borton conhece bem os filhos que tem, nada lhe escapa.
Que Deus a ajude e a guarde. E a Dorian também.
Alguns criados levaram os baús para a carruagem que aguardava no exterior do palacete, onde as coisas de Dorian já se encontravam. Ele conversava com os cocheiros, pois iriam três carruagens: na ducal iriam Dorian e Evangeline, na segunda iriam Maisie, Tilly e Grace e a terceira levava a bagagem deles.
A Evangeline não lhe agradava nada a ideia de ir sozinha numa carruagem com Dorian, mas não podia fazer muito quanto a isso. Porém podia sempre ignorar a sua presença. A viagem seria longa, teria que fazer um grande esforço para fingir que estava sozinha.
Quando a duquesa se aproximou das carruagens, viu o momento em que Dorian se voltou para a ama e se aproximou dela, pegando em Grace ao colo. A ternura estampada no seu rosto fez sorrisos surgirem no rosto de Tilly e Maisie, que se derretiam com a visão do duque completamente embevecido pela filha.
Não as censurava, era difícil alguém não se derreter com aquela imagem.
Um homem lindo e intimidador como ele a demonstrar algo raro no meio masculino, que é o carinho pelos filhos, ainda para mais sendo uma menina, deixava qualquer mulher derretida.
Ela aproximou-se deles atraindo o olhar de Dorian, que aproximou-se dela e estendeu-lhe Grace para que a pegasse no colo, o que fez a menina resmungar por poucos segundos, abrindo um sorriso lindo em seguida ao ver que estava no colo da mãe. Evangeline beijou a filha e passou alguns minutos com ela, até entregá-la à ama, que se dirigiu à segunda carruagem com Maisie. Em seguida caminhou até à carruagem principal, onde a porta já estava aberta e as escadinhas colocadas para facilitar a entrada. Dorian estava ao lado da mesma observando-a atentamente com um brilho indecifrável no olhar, e quando chegou perto da entrada ele estendeu a mão, com o intuito de a ajudar a subir como um bom cavalheiro. Decidiu aceitar a ajuda pousando a mão enluvada na dele, sentindo o calor da mão grande trespassar o tecido da luva, atingindo a sua mão de modo implacável. Ignorou aquela sensação prazerosa e subiu, sendo seguida por ele que se sentou no bando em frente, tendo o cocheiro fechado a porta e recolhido as escadas.
Tinha tirado da biblioteca um livro para ler durante a viagem, num modo de se ocupar e impedir que outras coisas — ou outras pessoas — lhe roubassem a atenção. E aparentemente Dorian teve a mesma ideia, só não sabia que era com a mesma finalidade que a duquesa.
O duque era um homem que gostava de ler, e fazia-o com regularidade quando o trabalho lhe dava essa oportunidade, porém haviam dois géneros específicos que ele lia, e que raramente fugia desse tema: os romances e os livros indecentes. E olhando para a capa do livro onde o título reluzia em letras douradas, logo soube que era um livro com conteúdo impróprio.
Se bem que o gosto do marido pelo segundo tema citado não a surpreendia minimamente, pois Dorian Cavendish era, nitidamente, um poço de indecência e obscenidade. Era inerente. De algum sítio ele tinha que tirar aquela falta de vergonha na cara que ele sempre demonstrou enquanto solteiro, e que intensificou absurdamente depois do casamento.
Características envolventes que a atraíam de modo arrebatador. Embora tenha tido uma educação exemplar como qualquer filho de aristocratas deve ter, com o passar dos anos Evangeline foi adquirindo certa descrença no que se refere ao puritanismo e pudor excessivo, altamente pregado por amas e percetoras ao longo da solteirice de uma dama. Tinha perfeita ciência de que a pureza do corpo de uma mulher é algo sagrado que deve ser protegido com um comportamento exemplar até ao casamento, mas não significa que enquanto uma mulher é pura de corpo, também tenha de ser ao nível da mente e imaginação. Uma mulher tem o igual direito de possuir os seus desejos mais impuros e as suas próprias fantasias, assim como os homens também, a única diferença é que os homens podem colocar em prática os seus desejos em qualquer altura da sua vida, já as mulheres não têm esse privilégio.
A castidade é quase lei no universo feminino, para infortúnio de mulheres que pensavam como a duquesa.
O silêncio abateu-se na carruagem durante grande parte do percurso, com Dorian imerso na sua leitura com uma postura relaxada e as pernas esticada, cruzadas uma em cima da outra. Nem uma única palavra ou provocação, o que ela iria esperar vindo dele depois da conversa no almoço de à três dias atrás.
— Eu até pedia um beijo pelos teus pensamentos, mas acredito que isso é a última coisa que queres dar-me. — a voz de Dorian ecoou pelo espaço, sem erguer os olhos do livro.
Evangeline quase deu um pulo no banco pelo susto que apanhou, surpresa por ele ter percebido que o observava discretamente. Talvez não tão discretamente assim, já que ele nem levantou o olhar e percebeu a sua análise. Mas ele tinha olhos na testa?! Era só o que faltava!
— Pois é, vais ficar na ignorância, querido. — provocou ferina e viu um bonito sorriso divertido surgir no rosto voltado para as páginas do livro.
— Terei que me contentar com isso então. — disse resignado após um suspiro. — Assim como presumo que não queiras saber o que passa pela minha mente.
Ela desconfiava que não seria nada de bom, ou de decente.
— Presumes tu muito bem.
Dorian, por fim, ergueu o olhar e observou a esposa, sem a sombra de um sorriso, mas com um olhar travesso.
Com aquele olhar, começava a acreditar com mais veemência que nada de pudico ou decente permeava os seus pensamentos.
— Sabes, meu amor, este livro que tenho em mãos — após marcar a página em que parou a leitura, fechou-o e ergueu-o, deixando-o bem visível aos olhos da esposa. — Alimenta imenso a imaginação do leitor.
Oh lá se alimentava! E acreditava que não era pouco.
— Ah sim? — perguntou fingindo indiferença.
Dorian assentiu com a cabeça e emitiu um "hum-hum", pousando o livro no banco estofado.
— Este livro conta a história — começou Dorian com voz teatral, como se fosse um dramaturgo a realizar um monólogo para a corte. — De uma bela jovem italiana que se encontrava nas vésperas do casamento. Bem nascida e criada nas belas paisagens da Toscana, a sua pureza encantava as mulheres que conviviam com ela — fez uma pausa fuzilando a esposa com um olhar travesso. — E seduzia os inescrupulosos e devassos, que secretamente desejavam com todo o ardor corromper aquela castidade.
O olhar dele trazia um calor à sua pele que já se tornava incómodo, assim como os seus olhos castanhos traziam consigo desejos escondidos e mensagens com duplo sentido. Mas ainda assim, ele conseguiu deixá-la cativa da curiosidade que a atingia. Dorian deu seguimento à narrativa:
— Embora fosse um casamento arranjado, o noivo da bela jovem também possuía os mesmos desejos dos restantes homens que a cobiçavam, e aproveitando-se do seu estatuto de noivo, decidiu propor à sua noiva algo considerado indecente: dar-lhe uma prévia do que teria na noite de núpcias, assim como nos dias a seguir ao enlace. O seu argumento é que com a devia preparação antecipada, a noite de núpcias seria muito mais prazerosa para ambas as partes.
A voz dele ia ficando ainda mais grave à medida que avançava.
— Ela, embora relutante, aceitou. A partir daí suponho que saibas o que aconteceu.
Evangeline assentiu afirmativamente de modo débil, pois sabia que isso era o que ela passou a ter com o homem sentado à sua frente após o casamento. Homem este que agora contava-lhe uma história de teor obsceno.
— Porém, é aí que está o que alimenta a imaginação do leitor, minha querida. — confessou em tom conspirador. — Nem tudo o que fazia parte do "treino", era executado do modo tradicional.
A duquesa franziu a testa, confusa e simultaneamente curiosa.
— Como assim? Então eles não faziam o que nós... hum — pigarreou desconfortável, sem olhar para Dorian diretamente, acabando por não ver o brilho malicioso que lhe passava pelo olhar. — Fizemos na noite de núpcias?
Durante alguns minutos não obteve uma resposta em retorno, e ao olhar para ele viu que ele a observava fixamente, de braços cruzados.
— Sim, era isso que constava no "treino", porém não foi somente da mesma maneira que nós fizemos.
Evangeline encontrava-se mais imersa naquele relato, e na história em si, do que gostaria ou iria admitir. E isso fez ela imaginar todas as formas que usaram nos momentos de intimidade, constatando naquela retrospetiva que foram várias.
— Isso, minha flor, não se limita apenas ao homem ficar por cima e esbaldar-se no corpo da esposa, ou de uma outra mulher. Tu própria podes falar com propriedade que na intimidade existem diversas possibilidades.
Agora Evangeline começava a desconfiar que o plano de Dorian consistia em recordar todos os melhores momentos da intimidade dos dois, fazendo com que começasse a surgir uma tensão entre os dois que a levasse a ceder aos seus desejos. De burro ele não tinha nada.
— Sim, já entendi. — apressou-se a interrompê-lo, já a começar a ficar arrepiada.
— Adoro mulheres que entendem tudo logo à primeira. — disse o espertinho com um sorriso convencido. — Mas voltando à história, tudo começou assim desse modo, mas o objetivo dele era corrompê-la, fornecendo-lhe tudo daquele mundo. Por isso falou com os seus amigos, que a desejavam com igual furor, e convidou-os, com o consentimento dela, a compartilhar o leito algumas vezes.
— Espera, espera, espera! O homem quis que a noiva ficasse com outros homens na sua vez?
Não queria estar a prolongar a conversa com ele, mas aquela parte de facto pareceu-lhe absurda.
— Oh meu amor, creio que não entendeste. — e novamente o brilho malicioso estava de volta ao seu olhar. — Ele convidou dois amigos a partilhar o leito com a jovem e com ele... em simultâneo.
E assim o queixo de Evangeline foi de encontro ao chão da carruagem. E achava que se considerava uma pessoa pouco ou nada pudica.
— Foi isso mesmo que ouviste, querida, todos juntos no leito a desfrutar dos mais indecentes, libidinosos e proibidos prazeres num momento completamente inesquecível e indecoroso.
— Eu nem sei porque prolonguei este assunto! Já chega! — exclamou Evangeline agitando as mãos afoita, olhando para tudo o quanto é lado, menos para Dorian.
O filho da mãe ainda começou a rir.
Mas do modo como falou, será que ele já tinha experimentado aquilo? Compartilhar a cama com mais de uma mulher ao mesmo tempo? Era bem provável. Não, era uma certeza.
— Estás a imaginar, não estás? — perguntou Dorian com a voz grave e divertida.
Se o olhar matasse, ele já estava morto com toda a certeza.
— Eu disse que já chega!
Com aquilo o duque começou a gargalhar de modo escandaloso.
E aquilo deixou-a mais furiosa. Que depravado!
Com aquilo o silêncio abateu-se novamente sobre eles, e Evangeline pôs-se a olhar através da janela, procurando distrair-se com a paisagem exterior.
Dorian voltou à leitura, mostrando-se compenetrado na obra. Aquilo causou-lhe um arrepio no corpo, imaginando o que ele estaria a ler naquele momento.
— Nem te vou contar o que está a acontecer agora. — disse ele olhando para o livro. Ele queria continuar a tirar-lhe a paz e o juízo, só podia. — Deveras escandaloso.
— Ordinário! — rosnou Evangeline por entre os dentes, arrancando uma nova gargalhada ao marido.
E a partir dali ele não voltou a incomodá-la com aquele assunto.
💍💍💍
Eles pararam numa estalagem em Leicester, já tendo percorrido grande parte do condado. Porém, para infortúnio de Evangeline, só haviam dois quartos disponíveis, e um deles seria ocupado por Maisie e Tilly, que ficaria com Grace. Ou seja, teria que partilhar o quarto com Dorian.
Que maravilha!
Mesmo que a cama de casal fosse espaçosa, ainda continuava a ser apenas uma, e ela sabia perfeitamente que Dorian iria recusar-se a dormir no chão, logo não se deu ao trabalho de fazer essa exigência. O quarto era simples, porém visivelmente cuidado, e a decoração fornecia um certo charme à divisão tornando-a acolhedora, e aquela classe campestre tornava-se um atrativo do agrado da aristocracia.
Evangeline foi até a uma pequena sala de banho no fim do corredor para se banhar e trocar a roupa de viagem por uma mais confortável, indo Dorian logo a seguir. A sala de banho era apenas a duas portas de distância do quarto de ambos. Estava a terminar de escovar o cabelo arredio quando ele entrou no quarto de roupas de noite e robe de seda preto. Através do espelho viu ele fechar a porta e encostar-se a ela de braços cruzados, olhando para a cama e desviando olhar na sua direção.
Calmamente pousou a escova e voltou-se para ele.
— Parece que teremos que dormir os dois ali. — disse apontando para a cama.
— Ao menos podias tentar disfarçar essa cara de velório. — retrucou Dorian com monotonia, afastando-se da porta e caminhando até à cama, recostando-se na cabeceira e esticando as pernas, cruzando-as em seguida uma por cima da outra.
Que folgado! Era desnecessário ele ter fornecido a ela uma imagem em primeira mão das suas panturrilhas musculosas.
Evangeline aproximou-se da cama com certa cautela.
— Não tenhas medo docinho, eu não mordo. — zombou Dorian com um braço dobrado atrás da cabeça e a mesma apoiada nele, voltando o olhar para a esposa.
Em partes Evangeline era obrigada a discordar. Ele mordia sim, mas não iria especificar aqui em que circunstâncias.
— E que tal se fosses para o inferno, hum? — retrucou a duquesa de mau humor, caminhando até à beira da cama, afastando as cobertas.
— Para quê? Para depois ficares com a cama só para ti? — retrucou ele fitando-a com desaforo. — Nem penses nisso amor, eu paguei pelo quarto, irei usufruir daquilo que ele oferece, cama incluída.
Que homem impossível!
— Não dá para ter uma conversa decente contigo. — resmungou Evangeline cobrindo as pernas com o lençol e o cobertor.
— E ainda assim insistes. Aprecio a tua persistência, meu raio de sol. — ironizou Dorian, olhando para o rosto dela com atenção. — Porém pensei que soubesses que eu não sou um homem dado a comportamentos decentes.
Evangeline nem se deu ao trabalho de responder de volta, limitou-se a deitar, cobrir-se até ao pescoço e manter-se o mais próxima da beira da cama possível, de costas para o marido para não correr o risco de encostar nele. E pela sua atitude, Dorian percebeu a dica e fez o mesmo, apagando a vela com um sopro. Porém não foi uma noite tranquila para nenhum dos dois.
No dia seguinte Evangeline acordou mal o sol nasceu, e ao virar-se para o lado por pura inconsciência, visto que a mente ainda estava nublada pelo sono, deparou-se com a bela visão de Dorian profundamente adormecido. Ele estava deitado de barriga para baixo, com a cabeça apoiada no braço dobrado e o rosto voltado para si, com os cobertores a cobrirem somente o seu corpo da cintura para baixo.
Evangeline reprimiu a vontade de acariciar o seu rosto e cabelo, tal como fez tantas outras vezes quando acordou primeiro do que ele.
Devagar para não o acordar, levantou-se da cama, colocou um robe de seda e dirigiu-se à sala de banho para fazer a sua higiene matinal, Maisie já estava acordada e ajudou-a a vestir-se para a viagem. Aproveitando a altura, foi ajudar a ama a alimentar Grace, que acabara de acordar e estava a resmungar com fome.
Quando chegou ao quarto o marido ainda dormia, porém já não estava na mesma posição, e sim de barriga para cima, com o rosto virado para a janela. Movimentou-se pelo quarto organizando os poucos pertences que tirou da mala, sendo nesse momento que Dorian acordou. Ele esfregou os olhos, de um modo que ela achava adorável, e sentou-se na cama, captando o seu olhar através do reflexo do espelho. Não disseram nada um ao outro, ele limitou-se a levantar, a pegar no robe e sair do quarto, levando a roupa que iria vestir com ele.
Ignorou aquela frieza dele, ou tentou fazê-lo, e continuou a arrumar as suas coisas, ignorando-o inclusive quando ele voltou ao quarto e organizou as suas coisas. Pouco depois dois funcionários da estalagem vieram buscar os pertences para os colocar na carruagem, e o casal desceu para tomar o pequeno-almoço, antes de retomarem a viagem.
Pouco falaram durante a meia hora seguinte enquanto comeram, e muito menos pouco se olharam. De repente agiam como se fossem dois estranhos, e aquilo era incomodativo, mas lá no fundo, era o que ela queria antes de saírem de Chatsworth House. Pelo menos pensava que sim.
Por volta da hora do almoço atravessaram a fronteira entre os condados de Leicester e Northampton, parando novamente para almoçar. Até ali não falaram e mal se olharam, e achava aquela quietude de Dorian estranha, já que no dia anterior ele empenhou-se em testar o seu juízo. Decidiu não perguntar nada, mantendo-se no seu canto. Acreditava que o seu silêncio era para lhe dar a paz que ela queria, assim como para evitar um diálogo entre ambos.
Ou era isso, ou estava a acumular munição para quando chegassem a Londres.
Aquilo que tinha como certo é que ainda tinha que enfrentar quatro longos dias de viagem, até lá, desejava que o silencio dele se prolongasse. Ou pelo menos, que Dorian não se tornasse inconveniente.
Enquanto isso, preparava-se para voltar a ver a família assim como enfrentar a aristocracia londrina, que cheirava escândalo motivos para mexerico a quilómetros de distância.
⚜️⚜️⚜️
Eu ouvi dizer que o próximo capítulo está quase pronto...
Muito em breve receberão outra visita minha.
😘
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