• Capítulo 16 - Solidão

       Existe uma linha ténue entre o desejo de recuperar a pessoa amada, e o desespero por essa mesma pessoa não estar ao alcance de um mero estalar de dedos.

       Era um desespero que corroía Dorian até às entranhas, isto ao mesmo tempo em que o enfurecia. Uma semana se passou desde que Evangeline fugiu de Devonshire e Dorian ainda não fazia a mínima ideia de onde ela esteja. Enquanto isso ela permanecia segura, impávida e serena com Grace enquanto ele continuava em Londres com a paciência a esgotar-se e a calma já totalmente evaporada.

       No fim das contas, qual era a dificuldade em descobrir o paradeiro da esposa? Embora a quantidade de residências seja considerável, se juntarmos as mansões e palacetes atrelados ao título e aquelas que Dorian adquiriu por conta própria, as opções de Evangeline eram, de certo modo, limitadas. Ela não iria para muito longe, logo não iria focar naquelas mais a norte ou até ainda mais para sul. Se Dorian não chegou a esta resolução mais cedo, foi porque a consternação que sentia não o permitiu.

       Claro que a raiva acumulada precisa de ser extravasada, por isso é que naquela manhã tão sombria na sua conceção, Dorian dirigiu-se a um clube de cavalheiros para extravasar a energia acumulada, encaminhando-se até uma ala específica do local.

       James, Aleksei e Christopher observavam Benedict e Dorian disputarem uma partida de esgrima, com o duque com clara vantagem sobre o marquês. Não era surpresa ou novidade o talento do duque de Devonshire para a esgrima, sendo ele considerado um dos melhores a bramir uma espada em todo o reino. Eram poucos os que se atreviam a desafia-lo e que conseguiam a proeza de vencê-lo.

       Porém naquela manhã Dorian estava ainda mais agressivo, fazendo-o bramir o florete com ainda mais rapidez e agilidade, levando o escocês a ter dificuldade em acompanhar os seus movimentos.

       — Dorian vai acabar por esquartejar Benedict se continuar com esta energia toda. — opinou Aleksei observando os lordes em questão.

       Todos ali sabiam bem o motivo da consternação do duque e tal como Christopher, Benedict, James e Aleksei apontaram a principal causa para o casamento: a cláusula do testamento.

       Nenhum deles atrevia-se sequer a duvidar dos sentimentos de Dorian, era nítido que ele amava Evangeline com loucura e intensidade, mas o restante da história não podia ser apagado ou resolvido apenas com uma palmada nas costas e um "esquece lá isso, já passou". Não era assim tão simples. Eles não passavam pano para as ações de Dorian, mas também não o faziam para a atitude da duquesa. Evangeline não devia ter entregue as suas vontades a instintos impulsivos, jogando com uma das maiores fraquezas do marido: Grace. O que ela devia ter feito era ter se acalmado, sentado e ouvido a explicação de Dorian para o sucedido, e depois de tudo escolheria se acreditava ou não no que ouviu. Porém essa era uma questão que eles tinham que resolver os dois. Sem intromissões.

       Claro que não era fácil para eles ver Dorian daquele modo, embora uma certa melancolia nunca o tenha abandonado nos anos que se seguiram à morte da mãe. Claro que após o casamento, ou quando ele somente estava com Evangeline sem haver um compromisso entre ambos, a melancolia e tristeza dissipavam-se, dando lugar a uma alegria que há muito não viam no rosto do amigo. Porém agora, com Evangeline em parte incerta, essa luz desvaneceu-se, dando ao duque uma aura sombria e trevosa.

       Evangeline era a luz que iluminava a alma ferida pela saudade do duque e a alegria que lhe renovava a vontade de viver, e sem a sua fonte de alegria por perto, todo o ser de Dorian se resumia a uma casca oca e sombria. 

       Tal característica era visível naquele momento se alguém conseguisse olhar no fundo dos olhos dele, pois caso o faça, verá a solidão e o vazio deixado pela esposa lá refletidos com sinistra nitidez.

       — Que tal uma pausa milordes? Acho que por hoje já fizemos exercício que chegue. — sugeriu o grão-duque e o barulho dos floretes a colidir cessou.

       Benedict fê-lo com alívio, Dorian com nítido aborrecimento.

       Ainda não se sentia cansado o suficiente, necessitava que o seu corpo beirasse a exaustão para que logo à noite, mal caísse na cama, adormecesse de imediato, não dando tempo para a insónia o alcançar e impedir que consiga dormir. Era o cansaço que impedia de passar uma noite em claro, e ficar a pensar na esposa, deixando a mente a vaguear para recordações traiçoeiras, como a noite de núpcias, por exemplo.

       Só ter-se lembrado daquilo naquele exato momento fez com que ele apertasse o cabo do florete com ainda mais força, tamanha a irritação que o assolou.

       — Não penses que é por tentares furar o nosso escocês com o florete que vais fazer a realidade dissipar-se, meu amigo. — retrucou James com serenidade, ignorando a face irritada do duque.

       Ao ouvir o que James disse, não foi em Benedict que Dorian pensou em furar com o florete.

       — Aliás, em vez de estares aqui neste clube a suar que nem um búfalo e a bramir um florete de esgrima a ponto do teu braço a beirar a dormência, devias estar a tentar descobrir onde Evangeline se escondeu. — sugeriu Christopher e Dorian bufou.

       — Diz-me algo que eu ainda não saiba. — retrucou de mau humor, pousando a espada e retirando as luvas.

       Era de extrema necessidade que eles se acertassem de uma vez, pois não havia coisa mais bonita de se ver do que a felicidade conjugal que nos últimos onze meses eles espalharam para toda a sociedade poder presenciar. Eram o casal modelo para as jovens sonhadoras que almejavam um casamento por amor e não por conveniência, e caso a notícia da discórdia dos dois venha a vazar para os jornais, esses sonhos cor de rosa das moças jovens serão cruelmente despedaçados.

       — Vamos fazer assim, vamos para tua casa, tomas um banho e depois vamos todos pensar em conjunto sobre o que fazer para caçar a duquesa fugitiva e a minha afilhada. — sugeriu Aleksei e todos concordaram.

       A mansão apareceu no seu campo de visão através da janela da carruagem, porém Dorian fitou tudo com indiferença, pois tudo o que ali o aguardava era a solidão e o silêncio. Nada mais. Nem uma esposa para beijar assim que pisasse no hall de entrada ou uma filha para abraçar e mimar, somente o silêncio da sua triste e desesperante realidade.

       Desceu da carruagem e caminhou até ao interior da residência seguido dos seus amigos. Eles foram para a biblioteca enquanto Dorian entrou no seu quarto, despiu o casaco e as botas e caminhou até à sala de banho, dispensando o seu valete. Precisava de um momento sozinho para remoer a sua raiva, culpa e autocomiseração.

       Ficou imerso na banheira até à água arrefecer e um leve arrepio eriçar os pelos negros do seu corpo. Vestindo a roupa já separada para si, foi juntar-se aos amigos na biblioteca, com o humor praticamente intocado.

       Ver os amigos sentados nos sofás à volta da mesa de centro de vidro, cada um com um copo de bebida na mão e expressões pensativas e concentradas, fez com que para Dorian fosse impossível não comparar aquela imagem a uma reunião onde os integrantes preparavam-se para elaborar um plano para eliminar uma conspiração louca qualquer.

       Um pequeno sorriso surgiu no canto dos seus lábios, mas tão rápido quanto surgiu, assim se desvaneceu.

       — Olhem só, apareceu a margarida! — exclamou Aleksei com uma animação irritante. Sentou-se entre ele e Benedict e pegou no copo que ele lhe estendeu. Pelo cheiro logo notou ser conhaque.

       — Só não te dou um soco porque não estou com disposição para isso. — respondeu Dorian levando o copo aos lábios. O sorriso que o russo deu deixou claro que a ameaça não foi levada a sério.

       Azar o dele, pois se ele continuar assim armado em engraçadinho, vai chegar o dia em que não será só uma ameaça.

       — Bom, vamos deitar as cartas na mesa. — começou Benedict pousando o copo. Alguma coisa dizia ao duque que a bebida dele era whisky, o homem só bebia daquilo! — Evangeline fugiu, essa parte é bem óbvia. Porém o objetivo principal é descobrir onde ela e Grace estão.

       Dorian suspirou esgotado e recostou-se no sofá, pronto para observar e ouvir.

       — Porque não começamos por perguntar às amigas dela? Alguma delas saberá de alguma coisa com certeza. — sugeriu Aleksei.

       — Popular como ela se tornou, amigas são o que não lhe falta! — rebateu James fitando o grão-duque.

       Nisso ele tinha razão.

       A popularidade de Evangeline, que já existia — embora em percentagem mais reduzida — enquanto solteira, tornou-se absurdamente gigantesca após o casamento. E se há coisa que ela obteve com isso, foi status e amizades.

       — Isso pode ser verdade, mas em quantas Evangeline confia totalmente? Quantas dessas são íntimas da duquesa a ponto de ela confidenciar algo desta magnitude? — questionou Aleksei com perspicácia.

       Os homens fitaram-no à espera que ele prosseguisse, mas via no olhar de cada um que começavam a entendê-lo.

       — São elas: Blair Spencer — começou a listar contando pelos dedos. — Lucille Clermont, Phoebe Hogan e até aquela médica que a acompanhou na gravidez e no parto, Portia Wood.

       — Aleksei tem razão, alguma delas saberá de alguma coisa. — concordou Christopher, já preparando-se para interrogar a irmã.

       — Então começaremos por aí: James e Christopher falarão com as irmãs e tentarão arrancar alguma coisa delas. — sentenciou Dorian, pronunciando-se pela primeira vez desde que o diálogo começou. — Porém Portia não será tão fácil, já que provavelmente ela ainda continua em Devon. Mas não iremos descartá-la. Já Phoebe...

       — Eu posso falar com ela, isto é, quando eu descobrir onde ela mora. — ofereceu-se o grão-duque e o duque assentiu, cansado demais para sequer desconfiar de segundas intenções.

       Os dias em Chatsworth House eram solitários, mas de um modo contraditório, Evangeline encontrava paz no meio daquela solidão conflituante.

       Os seus dias eram ocupados em cuidar de Grace e pensar no que a levou até ali, e esta última parte não foi nem um pouco satisfatória aos seus propósitos. Não queria pensar no marido, isso causava-lhe uma dor lancinante que ela preferia fingir que não sentia, mas que era incapaz de o fazer.

       Naquela semana que se passou tentou fingir que Dorian não existia, mas era difícil pois Grace, por si só, já transmitia demasiadas recordações do marido. De cada vez que passava a mão nos seus cabelo ainda ralos, mas iguais aos do pai, era capaz de sentir a maciez dos fios de Dorian nos seus dedos. Aquilo incomodava-a mais do que iria admitir.

       A sua mágoa já não se resumia ao facto de Dorian a ter usado para garantir que Overdeen Hall e o dinheiro que foi colocado à prémio continuariam nas suas mãos. Não. Agora estava longe de ser só isso.

       O seu ódio era dirigido ao facto de Dorian ter falhado com aquilo que existiu entre ambos desde sempre, e pelo qual demonstrava grande valor: a sinceridade e a confiança.

       Dorian mentiu-lhe, ocultou pormenores cruciais para o casamento de ambos, dissimulou e ainda foi incapaz de confiar nela e contar sobre o testamento, impedindo que ela o auxiliasse a arranjar um modo de contornar aquela exigência absurda. Mas não.

       Desde o início ele tirou conclusões precipitadas sobre como Evangeline supostamente iria agir, fê-lo como se a conhecesse melhor do que ela própria.

       Era triste admitir, mas Dorian não a conhecia nem um pouco. Porque se, logo de início, tivesse ouvido da boca dele o que o pai armou e que contava consigo para arranjar uma solução, Evangeline não teria sequer pestanejado e pensado duas vezes em ajudá-lo. Nem que a única solução encontrada fosse subjuga-los às vontades do falecido duque. Ao menos não estariam os dois nestas circunstâncias.

       Estava no jardim de Chatsworth saboreando daquela paz bucólica enquanto Grace observava tudo com curiosidade, confortavelmente deitada na sua cestinha. Sorriu para a filha e acariciou as suas bochechas gordinhas arrancando um sorriso da pequena, que melhorou um pouco o seu humor.

       O suspiro que proferiu fê-la deparar-se com o tédio que a envolvia naquela semana, e devido a isso decidiu que iria sair e conviver com a nobreza local. Não era totalmente incomum uma mulher casada ser vista sem o marido, mas normalmente os motivos que eram visíveis não eram os mais favoráveis, e eram seguidos de olhares de pena e compaixão, assim como de especulações um tanto maldosas.

       Mas Evangeline nunca deixou de fazer nada por receio do que os outros iriam pensar de si. E não seria agora que começaria a fazê-lo.

       Levou Grace para dentro para deixá-la com Tilly, e no saguão passou pelo mordomo, Mr. Holland. Ele acenou com a cabeça respeitosamente e com uma expressão amigável e ela sorriu com simpatia, respondendo ao cumprimento dado.

       Depois da conversa ríspida que teve com ele no dia da sua chegada, achou por bem desculpar-se pela sua atitude tanto num modo de evitar um mal estar constante entre ambos, como impedir que ele fosse denunciar a sua estadia a Dorian, contrariando assim as suas ordens. O homem mostrou-se mais simpático do que aparentou e aceitou as suas desculpas. Desde aí ela ficou mais tranquila, pois o mesmo garantiu lealdade a si.

       Deixou Grace no berço sob os cuidados da ama e caminhou até ao quarto, encontrando Maisie no aposento.

       — Preciso que prepares o meu banho Maisie, iremos dar um passeio pela vila esta tarde. — decretou Evangeline e a jovem criada foi atender os desejos da sua patroa.

       A roupa que ela usava para cada evento era escolhida por si, mas sempre pedia uma opinião a Maisie, que sempre demonstrou um extremo bom gosto que, para sua sorte, ia de encontro aos seus gostos mais extravagantes e ousados.

       O vestido de Chiffon verde escuro fazia um ótimo contraste com a cor dos seus olhos, pois eram duas cores que apresentavam uma grande semelhança.

       Depois do banho vestiu-se com a ajuda de Maisie. A camada exterior da saia era de um verde mais claro, porém igualmente chamativo, por cima do corpete e da saia volumosa e repleta de anáguas para fornecer volume, vestiu um robe a l'anglaise, um corpete que era fechado na parte da frente com uma saia costurada ao mesmo, deixando um triângulo exposto na parte da frente, mostrando o tecido verde claro da saia de baixo. O corpete do vestido era preso com laços brancos e na parte de trás tinha costurada uma prega de watteau, uma capa estreita com largura menor que os seus ombros e que alcançava o chão, no mesmo verde escuro que a camada superior da indumentária.

       O cabelo foi preso para cima, deixando duas mechas encaracoladas soltas caídas sobre os ombros, adornando o seu decote evidente. Com luvas de renda brancas e um chapéu de abas largas, saiu após ir ao encontro da filha e deixando um beijo na sua tez rosada.

       Chatsworth House ficava a aproximadamente seis quilómetros de Bakewell, a cidade mais próxima. Àquela hora o movimento nas ruas era considerável, mas não imenso a ponto de causar constrangimentos no tráfego. Evangeline caminhava com Maisie ao seu lado num silêncio ameno entre ambas, até a duquesa ver um rosto conhecido a caminhar na sua direção.

       Olivia Abernathy era a condessa de Alcourt, tendo casado com o conde poucos meses antes dela. Ambas eram amigas, não uma amizade profunda como tinha com Lucille, Blair e Phoebe, mas ainda assim considerava Olivia como uma grande amiga. Rececionou-a com um sorriso, retribuindo o que ela lhe dedicava.

       — Minha querida Evangeline, há quanto tempo não te via! — exclamou Lady Abernathy à guisa de cumprimento. — Desde que casaste que tu e o teu marido se enfurnaram em Devon e nunca mais deram as caras, o que sucedeu para largarem o vosso ninho de amor?

       Evangeline não iria dizer o que realmente aconteceu, não queria que o seu conflito conjugal fosse parar às bocas do povo.

       — Decidi vir até Chatsworth House para conhecer a propriedade. Dorian ficou em Devon pois surgiram uns assuntos que não o permitiram afastar-se. — respondeu, esperando que Olivia acreditasse.

       E pela expressão no rosto dela, tinha a confirmação de que ela acreditou.

       — Vamos tomar um chá? Conheço uma casa de chás divina e fica já aqui perto! — sugeriu a condessa animada.

       Começaram a caminhar com Maisie e a dama de companhia de Olivia logo atrás. Assim que entraram no estabelecimento Maisie e a outra dama sentaram-se numa mesa perto da que a duquesa e a condessa escolheram.

       Lady Abernathy pediu um chá de tília, já Evangeline optou por um de camomila, acompanhado de uma fatia de torta de laranja, que segundo a condessa, era fenomenal.

       — Há quanto tempo estás em Derby Evangeline? — perguntou Olivia levando a chávena aos lábios em seguida.

       Evangeline fitou-a nos olhos que a perscrutavam por cima da borda da chávena, antes de sequer pensar em responder.

       — Há uma semana.

       — E a bebé? Também veio? Estou ansiosa por vê-la! Chama-se Grace, certo? — prosseguiu a condessa.

       A duquesa sorriu com a menção da filha.

       — Sim, chama-se Grace, e sim, veio comigo. Ficou com a ama em casa, e claro que ia trazê-la comigo, não ia deixá-la com aquele...

       Evangeline teve que morder a língua antes que falasse demais. Estava prestes a dizer "bastardo maldito a que chamo de marido", mas conteve-se a tempo. Ao menos, esperava que sim.

       — Com aquele... — Olivia incentivou-a a continuar perante a sua pausa abrupta, e Evangeline só queria virar avestruz para poder esconder a cabeça num buraco qualquer.

       — Com aquele... pressentimento de que lhe podia acontecer alguma coisa a qualquer momento e que eu não estaria lá para ela. Grace só tem dois meses e eu sou muito apegada a ela, não conseguiria ficar muito tempo longe pois morreria de preocupação e desalento.

       Lady Abernathy assentiu, mas desta vez, para desespero da duquesa, não conseguiu ver no seu rosto uma confirmação clara de que ela creu nas suas palavras.

       Mas também acreditava que não foi lá muito convincente na explicação.

       Que vontade de bater com a cabeça na parede!

       Levou um pedaço de torta na boca, tentando parecer natural.

       — Eva, minha querida. — chamou Olivia atraindo o seu olhar para a sua figura delicada. — Creio de deva dizer-te algo de extrema importância.

       Evangeline fitou-a ainda mais atenta, curiosa com o que Olivia lhe iria dizer.

       — John viajou para Londres à uns dias e hoje de manhã recebi uma carta dele, avisando da sua chegada à capital, como sempre faz quando sai em viajem. — Olivia referia-se ao conde de Alcourt, o seu marido. — Nessa carta, ele dizia ter visto o duque de Devonshire em Londres.

       Evangeline esboçou uma pequena surpresa, que logo tentou conter.

       O que Dorian fazia em Londres? Veio atrás de si? Era a única justificação.

       Pelo menos, naquela que ela queria acreditar. E que esperava que fosse verdade.

       — John soube por intermédio de colegas do parlamento que viu lorde Devon num clube de cavalheiros na companhia dos amigos, e que depois o grupo saiu junto do clube e as carruagens seguiram o mesmo rumo. Até à quem comente e especule sobre o motivo que levou o duque a ir até lá sem a esposa, já que em nenhum momento foi vista lá com ele. Deve imaginar os comentários sórdidos que irão fazer, creio eu.

       Uma onda de raiva começava a espalhar-se pelo seu corpo. Pelos vistos a sua ausência não se tornou tão penosa para o marido, já que ele estava em Londres, mas nitidamente não era à sua procura. Caso estivesse, não estaria a frequentar clubes de cavalheiros como Olivia havia dito, e isso enfurecia-a. Não o facto de Dorian não a procurar, mas sim o facto de ele pavonear-se pela capital sozinho, alimentar mexericos e causar uma humilhação que, como esposa, sofrerá devido àquelas circunstâncias.

       Pois quando se souber que Evangeline está numa propriedade no campo enquanto Dorian passeia em Londres, a imagem que receberão é de uma esposa rejeitada pelo marido e condenada ao esquecimento e insignificância no campo, de modo a não atrapalhar os passatempos do esposo nos inúmeros clubes e diversas casas noturnas da capital.

       Se tal fosse possível, ela o odiava ainda mais, pois a sua mente traiçoeira levou-a a questionar se Dorian já a havia trocado por outra mulher, e se o fez, com quantas já se deitou nesta última semana. Pois ela sabia bem o quanto ele era requisitado nas camas femininas enquanto solteiro.

       Porém, jamais iria admitir a si mesma, que lá no fundo esta situação foi provocada por si, pois se não tivesse fugido, ele não teria saído de Devon em direção a Londres, e desta maneira, não iria expor-se ao ridículo.

       Sem disposição para continuar o lanche, convidou Olivia para ir até Chatsworth no dia seguinte, para ver Grace e poderem conversar, pois sabia que ela tinha imensas perguntas, às quando exigia uma resposta com máxima urgência apenas com a sua postura.

       O caminho para casa foi coberto por um silêncio pesado e desconfortável, e quando se viu sozinha no quarto, Evangeline pôs-se a pensar se era possível que as coisas piorassem ainda mais para si, já que as circunstâncias mostravam que assim seria.

⚜️⚜️⚜️

Depois do último capítulo publicado em 1450 a. C, cá estou eu de novoooo! 🥳🥳

Peço sinceras desculpas pela demora mas para mim foi difícil concluir este capitulo, pois tenho sentido uma falta de motivação que me preocupa, creio eu devido às inúmeras coisas que me têm dado que pensar relativamente à minha vida, já que agora tenho que fazer por ela visto que agora sou maior de idade vacinada e recenseada😂😂.

Mas com um esforço da minha parte, já que estou a escrever isto depois da 1h da madrugada, consegui concluir e trazer para vocês mais um capítulo novinho.

E como já é de praxe a carlinha pedir, deixem o vosso voto, e comentem o que acharam.

Bjs e boa leitura.

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