Último capítulo 🦋
Desde criança eu sonhava em ser um pássaro ou uma borboleta, agora cá estou eu muito eu, vivendo sem importar com a opinião dos outros, com uma bela família que Deus nunca me tinha oferecido a não ser meu irmãozinho Navi.
Nas férias de verão peguei um avião para Cabo Verde visitar ele, Navi estava crescido, feliz e lindo nem parecia aquele menino que eu tinha conhecido quando eu vi pela primeira vez nos braços da minha mãe. Passei duas semanas com ele na casa dos seus avôs, mas tive que voltar logo na terceira semana do mês de Agosto. Voltei para Noruega com queijo branco de São Nicolau, café de terra e bolachas de trigo, a família me recebeu novamente de braços abertos como se era a primeira vez que eu colocava os pés em casa, Bento ficou mais alegre por minha chegada
- como foi os dias em São Nicolau, conta tudo!- Charlene estava animada pra ouvir minhas histórias de aventura, eu me parecia um pássaro batendo asas para todos os cantos do mundo
- eu trouxe algumas coisas da minha terra, podem crer que vão sentir saudades de Cabo Verde- digo tirando o queijo, o café e as bolachas da minha mochila, a mãe do Bento ficou tão feliz que ela mandou buscar uma faca para cortar o queijo, mas primeiro foi lavado pela Antoniette
- este queijo me faz lembrar da nossa terra Bento, dona Antoniette, experimenta um pouco- Beto disse ao dar uma mordida no queijo
- não senhores, obrigada!- a senhora Antoniette recusou, mas eu insisti até ela decidir comer
- isto é melhor que o queijo feito aqui no estrangeiro, muito bom- em um minuto todos os funcionários já estavam na sala de estar experimentando o queijo de terra, todos ficaram com vontade de ter mais uns daqueles nas suas casas, mas para isso teriam de fazer uma encomenda para a avó de Navi que produzia o queijo
- este queijo é um dos melhores que já comi, eu vou fazer o meu pedido- uma das empregadas disse indo até a cozinha, a avó de Navi podia fazer um sucesso na Noruega e levar consigo uma receita Caboverdiana a todos os cantos do mundo.
- me conta o que fizeste em São Nicolau, conheces-te algum rapaz chique?- Charlene perguntou fazendo cara de boba
- não sua maluca, eu e Navi fomos semear algumas sementes, fomos tomar banho no mar, comemos muita cachupa e coisas doces feitos pela sua avó, enfim, eu me diverti muito- respondi sorrindo
- fiquei até com inveja, mãe temos de ir para Cabo Verde no próximo verão- Charlene implorava a mãe que estava um pouco pensativa
- não vamos prometer, se tiver tudo bem podemos ir divertir nas dez ilhas- Amy respondeu.
Bento mandou preparar um belo almoço em casa para dar as boas vindas ao meu regresso, pela primeira vez a governanta Antoniette resolveu sentar do nosso lado, ela prometeu que aquilo era a primeira e última vez que sentava naquela mesa, mas com o tempo se via se ela não iria resistir.
- Haily, tenho uma coisa a te dizer depois do almoço- Charlene sussurrou pra mim debaixo de mesa quando deixei cair meu lenço.
Durante a refeição o pessoal não parava de me fazer perguntas a cerca da minha viagem, minha comida tinha esfriado muito rápido sem eu perceber por estar a falar muito. Dei graças a Deus quando todos terminamos e eu e Charlene saímos pra passear ao ar livre
- o que tinhas pra me contar?- perguntei
- sabes o playboyzinho do Carlitos!? Ele já não vai estudar na nossa escola, menos um irritante pra pegar no nosso pé- Charlene respondeu feliz saltitando
- ainda bem, e pra onde ele foi?- perguntei
- ele foi pra Suiça, parece que ele andava desrespeitando seus pais, bem, agora vamos parar de falar dele e focar no que está a nossa volta- Charlene disse me segurando na mão. Subimos a montanha mais menor do lugar, dali podíamos ver quase o lugar inteiro
- é o lugar mais lindo que já vi em toda minha vida!- exclamei com os braços abertos
- infelizmente não cresci aqui, mas sou grata em estar aqui- Charlene também abriu os braços, estava um ar fresco fazendo voar nossos cabelos, Bento se juntou a nós com seu maravilhoso sorriso de um humano verdadeiramente feliz
- eu e sua mãe compramos a casa antes de juntarmos as nossas alianças, aqui não era tão verde no início, a chuva salvou o lugar- Bento disse
- vamos sentar naquele pedregulho, já não aguento das pernas- Charlene disse descendo a montanha, eu e Bento descemos atrás dela e sentamos todos juntos no mesmo lugar
- Bento, porque aquela árvore é a única diferente de todos?- perguntei apontando para uma árvore com apenas flores de cor rosa clara
- eu não sei, talvez a natureza está dizendo que no meio de tantas pessoas existe sempre alguém diferente- Bento respondeu
- que poético...a- Charlene foi interrompida quando vimos a Amy lhe chamar- a natureza é magnífica, agora tenho de ir porque a mãe prometeu que ia comigo ao shopping- Charlene me deu um beijo na bochecha e foi ao encontro de Amy, fiquei apenas com Bento.
- Bento como chegaste até aqui?- perguntei quando vi que ficamos sem conversa
- bem, eu ganhei uma bolsa de estudos ainda em Cabo Verde quando eu tinha 19 anos- respondeu com o rosto na paisagem
- entendi, foi fácil pegar o hábito daqui?- perguntei
- mais ou menos, mas eu tive muita ajuda da Amy- ele respondeu
- então vocês se conhecem a muitos anos, nossa quem me dera conhecer o grande amor da minha vida como você- digo sorridente
- e vais conhecer, é só esperar o tempo te dizer- Bento disse, depois de muito tempo naquele pedregulho, Bento voltou pra casa e eu fiquei ali sozinha olhando os pássaros e as borboletas voando de um lado para outro, vi um coelho branco saltando no meio das plantas, corri para lhe pegar e consegui.
Eu nunca tinha pegado num coelho e Bento tinha me dito que não havia coelhos por ali, quem sabe, ele estava enganado.
- eu vou te levar pra casa- digo abraçando o coelho, ouvi uma pessoa me chamar de menina, quando voltei vi um rapaz que parecia ter minha idade, ele carregava uma mala de madeira na mão
- desculpe, o coelho é meu...ele fugiu- o rapaz de olhos escuros, lábios rosados, cabelo lindo e pele de bebê não parecia ser norueguês
- desculpe, eu achei ele saltando por estas bandas- digo entregando o coelho ao rapaz coreano
- obrigada por segura-la, eu sou Haru Ueno, seu novo vizinho- o rapaz disse sorrindo pra mim
- eu sou Haily, prazer em te conhecer Haru!- digo apertando a mão do rapaz
- Haru vamos!- uma senhora que parecia ser sua mãe lhe chamou enquanto tirava algumas malas do carro
- eu tenho que ir, vemo-nos por aí Haily!- Haru voltou pra sua família e eu pra minha, quando acabei de entrar no primeiro passo Charlene começa a me fazer perguntas sobre o vizinho novo
- quem é aquele rapaz? ele é meio chinês- Charlene perguntava
- o nome dele é Haru e ele tem um coelho de estimação, só isso que sei- respondi
- então vamos lá lhe dar as boas vindas!- Charlene me segurou no braço arrastando de casa, a rapariga estava completamente maluca, quando chegamos na porta da família coreana, Charlene tocou a campainha e uma mulher abriu a porta com um sorriso amigável no rosto
- Olá, eu e minha irmã viemos lhes dar as boas vindas...sejam muito bem vindos!- Charlene apertou a mão da mulher
- obrigada, entrem por favor- a senhora abriu a porta para entrarmos
- não obrigada, está tudo bem, só viemos lhe dar as boas vindas- quando eu ia voltar a Charlene me segurou pelo braço me obrigado a entrar, parecia que era só Haru e a sua mãe naquela casa
- Olá, nós somos seus novos vizinhos!- Charlene falou para Haru que segurava numas caixas
- Olá, prazer em te conhecer, eu sou Haru!- o rapaz comprimentou Charlene com um aperto de mão
- bem, se precisarem de alguma coisa é só chamar, agora temos de ir antes que minha mãe fique preocupada- Charlene disse, a senhora nos agradeceu, Haru não tirava os olhos de mim até eu sair e sentir um alívio
- Charlene és mesmo maluca- digo rindo
- viste como ele olhou pra ti? Até me "apaixonei"- Charlene falou fazendo aspas
- idiota, não fala besteira- empurrei Charlene
- meninas, temos uma notícia pra vocês!- Bento exclamou logo ao entrarmos em casa, ele parecia mais feliz que todos os dias
- a família vai aumentar!- Amy respondeu feliz, ela estava grávida, a abraçamos com muita força.
Amy pensava que já não podia ter mais filhos mas ela estava enganada, Bento estava prestes a explodir de alegria, pela primeira vez ele seria pai de uma criança que era do seu sangue. Ele tinha conseguido o que sempre tinha desejado, todos nós tínhamos conseguido o que queríamos. Eu consegui naquele dia um novo amigo que era Haru e uma nova família logo ao sair de Cabo Verde.
Isto mostra que a vida é cheia de surpresas, tarde ou cedo, um dia temos o que tanto desejamos, nunca é tarde demais para sonhar e ter a nossa felicidade
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Fim
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