Capítulo 9🍁
Estávamos todos reunidos na sala de estar, eu não entendia porque estávamos juntos sendo que nem gostavam de mim. Alguém bateu na porta e minha madrasta foi abrir a porta, chegou duas mulheres com Bíblia na mão, elas pareciam ser pessoas religiosas, me acomodei no sofá e minha madrasta as levou até a sala
- boa noite, como estão?- uma delas perguntou sorridente, meu pai respondeu com um sorriso falso, minha irmã fez o mesmo. Eu fiquei de cara fechada no meu canto, sem dizer nada. Elas começaram a dar suas aulas com palavras tiradas da bíblia, eu não entendia a tamanha hipocrisia deles de deixarem as religiosas entrar naquela maldita casa, onde eles desejavam o mal nos outros. A falsidade reinava entre nós, eu nem queria fazer parte daquilo mas era obrigada a escutar tudo o que diziam. Depois de uma hora sentada no sofá, as mulheres terminaram e foram embora, minha madrasta tinha preparado o jantar e fomos nos reunir na mesa como se eramos a família mais feliz e perfeita de todos.
- vamos fazer parte da igreja e nada de alguém me fazer passar vergonha- meu pai disse olhando pra mim
Na manhã seguinte acordei pensando no que meu pai tinha dito, agora eu teria de escolher um caminho que ele mesmo estava escolhendo, pra além de ser seu saco de humilhação eu tinha de passar por tudo aquilo.
Levantei e fui preparar meu uniforme para ir a escola, preparei o ferro de engomar e quando passei ela em cima da minha roupa, ela ficou manchada de poeira. Meu pai viu aquilo e ficou furioso, parecia que era ele que iria vestir o uniforme, quase que ele me matou naquele momento que me assustei e deixei o ferro cair. Eu tinha esquecido completamente de limpar o ferro
- olha o que fizeste sua imbecil, pessoa como você não merece viver, estás aqui só pra ocupar o espaço dos outros- ele disse com muita raiva, eu podia ver seu rosto vermelho tudo por causa de um simples erro que não foi de propósito.
- eu a avisei antes- minha irmã começou a dar palpite, pronto, agora ela tinha piorado tudo, meu pai me empurrou e sumiu da minha frente. Eu vi aquela cena passar na minha frente tão rápido, que nem senti dor na hora da pancada.
Me preparei rápido e sai de casa o mais rápido possível, eu já não aguentava aquele lugar maldito, deixei pra trás tudo, os pensamentos, a dor e o sofrimento, agora era hora que eu enfiava a minha mente na escola. Só ali eu conseguia respirar o ar puro vindo de Deus. Naquela casa dava vontade de jogar tudo pro alto e desistir, mas um dia, tudo iria acabar.
Meu dia foi normal, melhor que viver naquela casa infernal. E quando o tempo passou, ela voou tão rápido, que eu já estava no caminho de casa. Por sorte não achei meu pai ali, entrei no quarto e afundei os pensamentos nos livros e cadernos, até a Mollie entrar
- olha, se não é bastarda indesejada- ela disse sorrindo jogando seus caderno em cima do colchão, ignorei ela olhando para meu caderno.
O ano letivo estava prestes a acabar e eu tinha que acostumar em aturar a Mollie durante um mês e algumas semanas, pior que era verdade aquele pesadelo.
Depois que nosso pai deu as casas, Marta nos avisou que iríamos para igreja, aquilo me fez revirar os olhos, hipocrisia era o que não faltava naquela família. Eu e Mollie nos preparamos e saímos todos juntos, as pessoas olhavam pra nós como se eramos alguns tipos de troféus de ouro, me apetecia esconder meu rosto debaixo do solo, quando chegamos na igreja, algas pessoas nos receberam muito bem, eu fui recebida melhor que na primeira vez que coloquei os pés na casa da minha própria família.
- obrigada por aceitarem nosso convite- o pastor da igreja agradeceu apertando a mão do meu pai.
Aquela rotina era quase todos os dias, igreja, livros, bíblia, oração, eu já estava enjoada de seguir religião. Eu queria ser alguém livre, sem correr atrás das religiões, eu queria chegar a Deus, mas não daquele jeito.
Na minha opinião, religião só serve para controlar a sociedade, com suas falsas promessas, seus pedido absurdos, os falsos profetas provocando desgraça, desespero nas pessoas e mentindo sobre Deus.
Alguns dias depois, estive na igreja junto da Mollie e nossa madrasta, meu pai não teve tempo. E na saída de ida pra casa, uma mulher me entregou uma carta na frente da Mollie e Marta. Minha irmã estava curiosa pra saber o que havia escrito.
Eu quase que senti medo, medo do que a Mollie iria fazer depois de ler uma carta enviada por um rapaz que eu nunca tinha ouvido sua voz, que nunca gostei.
- que ridículo, é uma carta de pedido de namoro- Mollie disse a nossa madrasta que nem estava interessada em saber o que era, eu nem opinei acerca daquilo.
Quando chegamos em casa, minha madrasta correu pra fazer fofoca ao nosso pai, a Mollie tinha feito aquilo de propósito, no caminho todo ela reclamava de mim como se eu tinha culpa de tudo aquilo.
- que história é essa? Aquele rapaz te enviou uma carta?- parecia que meu pai iria rir da minha cara
- sim, ele disse que não lhe pude lhe dizer o que ele sentia na sua cara porque estava com pressa- minha irmã respondeu no meu lugar com um sorriso vitorioso
- quantos anos tem aquele rapaz?- perguntou meu pai
- ele tem a mesma idade que a Haily- Mollie respondeu, parecia que ela torcia para me ver cair novamente
- se fosse a Mollie eu até aceitava, mas você? Tu não serves para nada, a Mollie merece tudo de bom, você é uma porcaria- meu pai disse chateado, outra vez eu estava sendo apedrejada por mais uma coisa que eu não tinha culpa. Eu me sentia uma adúltera que era julgada, pisada e humilhada pela sociedade, eles eram a voz da humanidade hipócrita. Me sentei de costas pra eles ouvindo todo aquele lixo que vinha das suas bocas
- ela está a chorar, hahahahaha- minha madrasta começou a rir de mim
- o que? A chorar homem?- meu pai ficou de frente e viu que era brincadeira da Marta, me dava vontade de cuspir na cara de todos eles, mas eu não podia porque se eu fosse expulsa não teria onde dormir e comer.
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