O sonho revelador
Estou voando em grande velocidade, percorrendo uma grande distância pelas terras ermas, batendo forte minhas pequenas asas roxas que não tem o tamanho ideal para realizar longas incursões de voo. Tudo o que vejo ao redor é um ambiente totalmente estéril, apesar disso, posso sentir que a centelha da esperança de que tanto procuro está cada vez mais próxima. Não posso apenas sentir, como visualizar uma forte luz dourada ao longe. O grande lume não tem nenhuma relação com a luz solar, mas cintila com igual intensidade a de uma estrela!
Aproximando-me o suficiente, fica possível distinguir a fonte da iluminação: uma espada cravada numa rocha, com várias fadas mordentes à volta, reverenciando o objeto como se fosse algo sacro para elas.
– Helena! Helena! – ouço a voz de minha mãe clamando por mim.
– Mamãe! Onde você está? – indago-a, aflita.
– Estou onde sempre estive, em seu coração, minha querida filha! – ela responde.
– O que eu tenho que fazer, mamãe? Eu não sei como conseguir reascender o ímpeto das fadas para com a insurreição. Não sou tão forte e nem tão capaz quanto você, mamãe! – exclamo, derramando lágrimas de agonia.
– Tu és plenamente capaz, lembrai de quem tu és! Olhe mais atentamente para dentro de si, assim perceberás que a centelha de que tanto procura sempre esteve contigo! Afinal, tu és a minha filha! Portanto, o segredo está em seu sangue! Nunca se esqueça disso! – responde minha mãe.
– Como assim, mamãe? Eu não entendo! – digo.
– Tu entenderás, minha filha! Mas, para isso, precisarás encontrar a minha espada, cravada numa pedra no meio das terras ermas, onde as fadas mordentes a protegem!
– Eu pensei que a sua espada tivesse sido destruída pelas fadas líderes, mamãe!
– Essa é uma grande mentira contada pelas fadas Butter, a verdade é que a espada não foi destruída! – comenta a minha mãe. – Quando eu previ a segunda derrota da insurreição, providenciei de selar a espada cravando-a magicamente numa pedra com um contrato de sangue, para que ninguém pudesse retirá-la de lá e empunhá-la, muito menos destruí-la! No entanto, graças ao contrato de sangue, apenas uma fada em todo o reino será capaz de retirar a espada da pedra e brandi-la uma vez mais!
– Essa fada sou eu? – interpelo-a, perplexa.
– É evidente, minha filha! Foi como eu disse antes, o segredo está em seu sangue e tu és a minha filha!
– Então por que demorou tanto tempo para me revelar isso!? Eu vivi durante anos me sentindo completamente impotente! Desde o derradeiro dia de sua execução, nunca mais tive paz, sendo assombrada por pesadelos frequentes! – exclamo, transtornada com tal revelação tardia.
– Não era o momento certo! – diz minha mãe. – Mas o momento finalmente se aproxima, sendo um evento que acontece apenas uma vez a cada trezentos anos, o que dará plena vantagem à sua atuação!
– Que evento é esse?
– A soneca de Meldon! – exclama a minha mãe. – A árvore primal dorme uma vez a cada trezentos anos, portanto, sem o apoio do líder supremo durante esse momento, as fadas líderes estarão mais vulneráveis a um ataque fulminante! Essa é a oportunidade que guardei para você, minha filha! A carta na manga da insurreição! – responde minha mãe, fazendo o meu coração se encher de esperança.
Infelizmente, o brilho e a espada vão se distanciando, observando melhor, sou eu que estou ficando mais longe, como se estivesse sendo empurrada pelo vento.
– Tenha isso em mente, Helena: a próxima soneca de Meldon será no terceiro dia da próxima semana! – informa minha mãe, com a voz ficando cada vez mais longínqua.
– Mas, mamãe, eu ainda tenho muitas perguntas! – brado o mais alto que posso para que ela possa ouvir o meu apelo.
– Agora vá, minha filha! Vá ao encontro de sua centelha da esperança! Tu és o meu verdadeiro legado!
A luz desaparece e com isso a escuridão assume completamente, porém, rapidamente abro os olhos, acordando de meu sonho estranho, num sobressalto.
Uma fada morena e com o rosto roliço me encara, visivelmente aflita. Trata-se de Drika, uma fiel escudeira, sendo uma das poucas fadas em que posso confiar no momento.
– Helena, pude ouvir os seus gritos lá da minha casa! – ela exclama. – Vim voando até aqui para ver se você estava bem! Foi outro pesadelo?
– Não, Drika, desta vez não foi um pesadelo! Foi uma revelação! – respondo, com um grande sorriso no rosto.
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