-- Ei... Acorda dorminhoco. - Acordo com uma voz feminina me chamando a minha esquerda.
-- Mãe? - Tentando abrir os olhos com a grande claridade ofuscando minha visão.
-- Mãe não... Millie... Sou Millie. O que ele é, sacoleiro?
-- Um humano - Disse alguém a minha direita com uma voz roca, eu só
conseguia imaginar um senhor bem velho.

Então minha visão volta ao normal. À minha esquerda tinha uma garota branca e ruiva, parecia um anjo. Seu cabelo era vermelho como o fogo e caía sobre os ombros todo encaracolado, vestia um vestido longo branco e um manto que à cobria pelo ombro preso em seu vestido, atrás somente um capuz. À minha direita, um homem grande segurando um saco grande marrom no ombro esquerdo, vestindo um sobretudo marrom velho. Tinha um cabelo branco e uma barba grande grisalha, seus olhos eram velhos e davam um ar sombrio a ele. Deduzi que foi ele quem me levou até aquele lugar.

-- Hum... Humano?! Não existem humanos nesse mundo. Tem certeza que ele não é um goblin deficiente?

Não entendia nada dessa conversa. Precisava me levantar dali. Não sabia quem eram aquelas pessoas e por que estavam tão assustados em me ver.

-- Onde eu estou? Quem são vocês? - Minha voz saiu fraca, quase inaudível.
-- Você está na Vila da Floresta Escura e essa é minha loja. - Disse o senhor - E eu sou Eurídice, o Sacoleiro. Sou um dos últimos sacoleiros do mundo mágico - Disse se levantando e erguendo seu saco, quase gritando para dar mais ênfase a sua apresentação. Depois se sentou.

-- Eu sou Emilliah Willow Kyteler. Filha de Imir Willow e Alice Kyteler. Sou a bruxa branca da arvore mágica. - Tentou fazer o mesmo que o velho, se levantando e tirando um galho do lado do corpo e erguendo-o acima da cabeça. - E você, humano?
-- Pode me chamar de André.

Eles continuaram me olhando por um tempo, acho que eles esperavam que eu disse-se algo extraordinário sobre mim como, Andrew, o maior otário do colégio Miguel Bitar, o campeão de Mortal Kombat da Castanheira.

-- Éééé... Como você chegou aqui? - Disse Emilliah, tentando cortar o silêncio.
-- Eu estava no meu quarto e então eu apareci na floresta.
-- Ele estava desmaiado quando o encontrei - Disse o sacoleiro cochichando para a Emilliah, como se eu não pudesse ouvir.
-- Eu posso ficar com ele?
-- Ficar comigo?! Como assim, ficar comigo?! Eu não sou um objeto! - Acho que eles não me ouviram, pois continuaram cochichando um para o outro.
-- Temos que leva-lo para o rei. É perigoso mantê-lo aqui - Disse o sacoleiro parecendo muito preocupado.
-- Se os sombrios pegarem-no você sabe o que pode acontecer.
-- Ah... A profecia...

Sinceramente, esse sonho já estava demais até para o meu padrão de pesadelo.

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