Capítulo II - Nove Meses - parte 1
"A gravidez é o começo de um amor que será eterno."
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Algumas semanas após a descoberta da gravidez...
- Você acha que nessa primeira consulta já vamos poder ouvir o coração dele ou dela, Sarah?
A loira olhou no mesmo instante para sua namorada acomodada ao seu lado em uma cadeira branca da sala de espera do consultório médico.
- Não sei. A gente pode perguntar, tá bom?
Juliette apenas assentiu, estampando um sorriso de menina. Estava louca para que fosse possível já ouvir o coração do filho delas. Segundo lhe disse ontem Pocah, sua colega de trabalho, que era mãe, dependendo de quantas semanas Sarah estivesse grávida isso seria possível já nesta primeira consulta. Caso contrário só na próxima.
E por falar em Pocah, ela e os amigos demais TODOS souberam sobre a gravidez de Sarah dois dias após a descoberta de Juliette de que elas seriam mães.
Em um combinado entre a advogada e sua namorada ficou acordado que elas iam chamar os amigos para um almoço e contar a boa nova. E assim fizeram. Foi uma explosão de felicidade. Todos sabiam do quanto elas queriam aquilo e se frustraram nas outras duas gestações quando não deram certo. E agora compartilhavam junto com elas a alegria dessa novidade. Um a um dos amigos e amigas do casal cumprimentaram com abraços regados de euforia e felicidade as futuras mamães.
- Senhora Andrade, sua vez!
A baixinha recepcionista do consultório avisou Sarah.
De mãos dadas com sua namorada, a loira seguiu até a porta apontada pela outra mulher.
Dentro do consultório o casal foi cumprimentado com um aperto de mão pela médica Marcela, que deu os parabéns a Juliette pela vinda do bebê, já que no dia ela não estava presente com Sarah quando deu a notícia.
- Obrigada. - agradeceu com um sorriso que ia de orelha a orelha sempre que alguém lhe parabenizava pela vinda do bebê.
- Você está de 5 para 6 semanas de gestação. - comunicou Marcela a Sarah. - Então vamos começar a cuidar dessa gravidez, mamães?
A médica sorriu, lançando um olhar ao casal que também sorriu e assentiu para a profissional.
Daí em diante da consulta, doutora Marcela fez uma série de avaliações em sua paciente. E alertou Sarah para manter a alimentação saudável que ela lhe relatou que tinha; e por fim conduziu a sua paciente e a companheira dela até a sala anexa ao seu consultório para realizar o primeiro ultrassom.
- Doutora seria possível já ouvir o coração do bebê?
Juliette questionou enquanto a mulher ligava os aparelhos e a advogada ajudava sua namorada a se acomodar na maca. Sarah olhou para a namorada com um sorriso estampando seu rosto. Assim como Juliette, Sarah agora se encontrava ansiosa e louca para ouvir o coraçãozinho de seu bebê, caso fosse possível.
- Sim, podemos tentar.
O casal sorriu contente.
Poucos instantes depois seus ouvidos já eram agraciados por aquele som hipnotizante enquanto os olhos do casal fitavam emocionados a tela do aparelho de ultrassom onde aparecia a imagem do embrião dentro do útero.
- Esse aqui é o feto.
Marcela apontou na tela para melhor visualização do casal.
- Olha, Ju, é o nosso bebê.
A morena que fitava a tela do aparelho, desviou o olhar carregado de emoção para sua namorada. Sorrindo, se curvou um pouco e beijou a testa de Sarah com carinho. Estava tão feliz e vivendo um momento mágico ali, tudo graças a sua namorada.
- Obrigada por isso, meu bem.
De canto de olho a doutora viu o casal trocar um beijo e sorriu já acostumada com tais acontecimentos em momentos assim das consultas.
Pouco tempo depois elas se despediram da médica com a próxima consulta agendada para dali há poucas semanas.
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Saindo do banheiro enrolada em uma toalha após uma boa ducha, Sarah vislumbrou sobre a cama uma pequena caixa de veludo na cor vermelha e junto dela um envelope da mesma cor.
Ué! Aquilo não estava ali antes dela entrar no banheiro. Então só podia ser coisa da sua namorada.
Me copiando, Ju?
Sorriu e da cama apanhou primeiro o envelope. Abriu-o e encontrou duas palavras que não esperava ler:
Casa comigo?
Surpresa com a proposta feita de maneira bem direita, a mulher levou uma das mãos a boca. Ainda em estado de assimilação daquela proposta, Sarah pegou a caixa de veludo e encontrou um lindo par de alianças dentro dela. Sorriu emocionada com aquilo e principalmente, com a proposta feita.
Elas estavam juntas há três anos e, de certa forma, já se considerava casada com Juliette, até porque dividiam o mesmo teto e a mesma cama há quase dois anos. Mas oficializar as coisas nunca foi um assunto que elas tocaram. Aí, Juliette vem com o pedido dessa maneira inesperada.
Com as alianças em uma mão e o cartão na outra, Sarah saiu do quarto de toalha como estava mesmo e foi atrás de sua namorada. Encontrou Juliette no escritório concentrada na leitura de um papel que, certamente seria algum novo caso em que estaria trabalhando.
A loira ficou a observar a advogada em silêncio, tendo na mente sua proposta de casamento ecoando.
Casar com ela!
E pensar que quando a conheceu em uma noitada com alguns amigos do trabalho há mais de três anos, achou que ia ser só mais uma ficada de curtição de balada, como algumas outras que já teve. Mas não foi! E que bom! Pois cá estavam juntas e com um bebê à caminho e um pedido de casamento recém feito.
- Ju!
- Oi, meu bem!
A advogada olhou-a por cima do ósculos. Sarah adorava quando ela fazia aquilo, pois ficava simplesmente... Adorável!
Juliette já imaginava bem a razão de Sarah estar ali com aquela cara emocionada e estampando um sorriso alegre. Estava ansiosa pela vinda dela. Tinha esperado a namorada ir tomar uma ducha para deixar na cama o presente que comprou há dois dias. Ainda que já se sentisse casada com Sarah, a advogada queria oficializar a união delas, ainda mais agora com a vinda do bebê.
- A resposta é sim!
Sarah comunicou sem rodeios.
A advogada abandonou sobre a mesa na mesma hora o papel do processo que lia e o óculos, e se levantou da cadeira indo até Sarah. Diante do pedido aceito, o casal de noivas colocaram as alianças uma no dedo da outra, trocaram um beijo e instantes depois já estavam sobre a cama, comemoraram o compromisso selado com uma memorável tarde de amor.
Trinta dias depois de Juliette ter dado entrada no pedido de habilitação de casamento, no Cartório de Registro Civil, ocorreu a oficialização do matrimônio, que contou com duas testemunhas Gilberto , amigo e colega de trabalho de Juliette, e Camilla, amiga e sócia de Sarah em uma agência de marketing. Foi tudo simples e rápido! E para surpresa do casal, elas ganharam dos amigos um almoço surpresa de comemoração ao casamento.
Durante a comemoração animada na casa de Gilberto que contou com a presença dos amigos do trabalho tanto de Sarah quanto de Juliette, o casal foi surpreendido pela segunda vez ao serem informadas que o pessoal tinha dois presentes para elas. O primeiro tratava-se de uma folguinha de cinco dias que Gilberto conseguiu com os manda-chuvas do escritório para Juliette aproveitar a lua-de-mel com a esposa. E Camilla emendou que ela tomava conta da agência na ausência de Sarah durante esses dias.
As recém-casadas mal acreditaram nisso. Iam ter uns dias para comemorar de maneira íntima o casamento delas.
Já o segundo presente dado ao casal veio em um envelope estendido por Camilla. Tratava-se de uma estadia de dois dias no Bourbon Curitiba Convention Hotel, um hotel de luxo no centro de Curitiba.
- Fizemos uma coleta entre o pessoal que aqui está e conseguimos esse "mimo" para vocês. - comunicou a sócia de Sarah.
A princípio o presente seria apenas em nome de Gil e Camilla, já que seriam os padrinhos do casamento delas, mas Pocah, Kerline, João, Carla, Rodolffo, Thaís, Fiuk, Arthur, Vitória e Caio quiseram dar uma contribuição no presente e acabou que se tornou um presente de todos.
- Vocês são uns malucos adoráveis!
Sarah riu não acreditando naquilo.
- Minha gente não era necessário isso... Mas agradecemos a gentileza de vocês.
A noite lá estava o casal em um quarto luxuoso, brindando mais uma vez pelo casamento, para depois trocarem um apaixonado beijo que foi o start para o momento de amor delas. Aquele quarto foi testemunha de uma noite de núpcias memorável e espetacular.
Acordaram no dia seguinte por volta das dez. Fizeram os pedidos de café da manhã no quarto, já que não quiseram descer para o restaurantes do hotel.
Acomodadas uma de frente para a outra na cama e trajando roupões brancos que estampavam no lado esquerdo do peito a logomarca do hotel, elas se deliciavam com o farto café da manhã pedido.
- Sarah... eu estava pensando aqui... - Juliette se pronunciou em determinado momento. - Temos mais três dias de folga depois dos dois que passaremos aqui. Podemos aproveitar isso para viajar até Campina Grande e assim, você conhece pessoalmente a minha mãe. O que acha?
A loira parou com sua xícara há milímetros da boca surpresa com aquela proposta repentina da esposa.
- Ju, eu... não sei... o que te responder. - gaguejou Sarah.
- Que tal um "sim"? - ela sorriu, tombando a cabeça para à direita e arqueando as sobrancelhas de maneira descontraída para completar dizendo: - Vocês precisam se conhecer pessoalmente, meu bem.
A mãe de Juliette conhecia a nora só pela tela do computador quando Juliette fazia vídeo chamadas para Fátima. Nas duas vezes em que a advogada foi até sua terra natal para visitar a mãe, não deu para Sarah ir, por isso ela ainda não conhecia a sogra pessoalmente. Fátima até viria para o casamento delas, mas suas ocupações na ONG para pessoas surdas, a impossibilitaram de estar presente no casório, o que foi uma pena porque a mãe de Juliette estava doida para conhecer a nora e em êxtase com a novidade da chegada de um neto ou neta.
A advogada e sua namorada nunca irão esquecer a cara de emoção e felicidade que a mãe de Juliette fez durante uma vídeo chamada, assim que Fátima soube sobre o bebê. Os olhos dela se encheram de água e um sorriso tão genuíno surgiu em sua face. Foi um momento emocionante!
Mesmo pega de surpresa com a proposta da esposa, ainda assim, Sarah não se recusou a ir à cidade de Juliette. Se era para conhecer sua sogra "ao vivo", então que fosse logo!
- Tudo bem irmos. Desde que você não saía de perto de mim quando estivermos com ela, porque não vou saber como me comunicar com a sua mãe.
Fátima perdeu a audição há muitos anos devido a otosclerose que evoluiu para a completa surdez da mulher. E essa barreira da linguagem era algo que deixava Sarah apreensiva e preocupada, já que a mãe de sua esposa era surda se comunicava através da linguagem de sinais, e a loira era uma completa leiga em libras.
- Ok! Eu vou estar por perto e te ajudar nisso. Mas qualquer coisa você pode falar pausadamente, que ela vai te entender. Minha mãe é ótima em leitura labial, meu bem.
Durante as vídeos chamadas Sarah pode comprovar isso, mas ainda assim, preferia ter a esposa por perto como mediadora de suas conversas com a mãe dela.
- Se é assim então vamos depois de amanhã para Campina Grande conhecer a sua mãe.
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- Ali está ela, Sarah! Venha!
De mãos dadas o casal caminhou pelo saguão do aeroporto até onde Fátima estava a espera delas. A senhora Freire havia feito questão de buscar a filha e a nora no aeroporto, quando Juliette ligou ontem para lhe avisar que elas viriam passar três dias com ela.
- Mainha!
Juliette pronunciou e ao mesmo tempo com as mãos gesticulou a palavra após largar a mala com seus pertences e de Sarah.
Mãe e filha trocaram um longo abraço sob o olhar de uma Sarah atenta e nervosa, que mal sabia parar quieta com as mãos.
A loira viu quando a esposa e a mãe desfizeram o abraço e Fátima segurou o rosto da filha com um carinho que chegou a emocionar. Em seguida a mulher beijou o rosto da filha por diversas vezes, causando sorrisos em ambas. Após a sessão de beijos, Fátima gesticulou algo à Juliette, que Sarah não fazia ideia do que fosse.
- Sim, eu estou mesmo bem e muito feliz, mainha. Feliz como nunca antes. E a responsável por isso é a sua nora. - ela falava ao mesmo tempo que gesticulava para que Sarah entendesse o que era conversado entre ela e a mãe.
O olhar de mãe e filha foram para Sarah, que sorriu sem jeito para ambas. A loira ainda estava tão nervosa e apreensiva com aquele primeiro encontro com a sogra. Uma coisa era conhecer e ter contato com aquela senhora pela tela de um computador, outra bem diferente era estar ali diante dela, conhecendo-a pessoalmente. Sem contar que ainda teriam que conviver sob o mesmo teto sem sequer terem tido qualquer contato antes. Isso poderia ser uma boa experiência ou um desastre perfeito!
Nunca teve contato com nenhuma sogra antes. Até porque seus relacionamentos anteriores jamais tiveram a importância que o atual alcançou.
Contudo, o nervoso e apreensão de Sarah deram lugar ao alívio e alegria, quando Fátima se aproximou da nora e tomou a iniciativa de abraçá-la com um genuíno carinho, que fez Sarah se emocionar com a boa e amável receptividade daquela miúda senhora.
A esposa de Juliette retribuiu o gesto da mesma forma amável e carinhosa com a qual se sentia sendo abraçada pela sogra. Para um primeiro contato, aquele estava sendo (muito) melhor do que qualquer outro que Sarah tenha idealizado.
Ao lado das duas mulheres estava Juliette observando-as com um sorriso feliz. Estava contente por ver as duas mulheres mais importantes de sua vida trocando aquele abraço carinhoso.
Quando o gesto entre elas foi desfeito longos segundos depois, Fátima gesticulou algo que fez Sarah olhar para a esposa.
- O que sua mãe disse, Ju?
A advogada sorriu enternecida com a observação de sua mãe a respeito de Sarah.
- Ela falou que você é ainda mais bonita pessoalmente! - respondeu a morena.
Sem jeito com o elogio da sogra, Sarah sorriu e virando-se para Fátima se arriscou em agradecer em libras.
"Obrigada, Fátima!", gesticulou Sarah.
Durante o vôo, ela havia pedido a esposa que lhe ensinasse ao menos o básico do básico em libras, e isto incluía: o nome da mãe dela, agradecimentos, cumprimentos e outras poucas palavras. E a julgar pelo sorriso de orgulho que viu de soslaio em Juliette, ela tinha acertado o sinal de agradecimento.
O sorriso singelo e verdadeiro que Sarah viu também em Fátima quando ela agradeceu em libras foi a melhor resposta que a loira poderia esperar da sogra.
Durante a estadia agradável e curta na casa da sogra em Campina Grande, Sarah passeou e conheceu alguns lugares que sua esposa fez questão de lhe mostrar. Juliette foi sua guia turística na cidade ao longo dos três dias.
Dentre os lugares que foram, estava incluso onde a sogra de Sarah trabalha. E tanto a loira quanto sua esposa notaram o orgulho com o qual Fátima a apresentava aos seus colaboradores da ONG enquanto lhe mostrava o local. Sempre havia um sorriso alegre e feliz enfeitando o rosto da miúda senhora, quando ela mencionava à alguém que Sarah era sua nora e estava grávida.
Sarah se sentiu amada e muito bem acolhida pela sogra. Fátima fez tudo para agradar a esposa da filha e mimava-a de todas as formas, que em dado momento Juliette brincou que estava até com ciúmes já, pois a mãe lhe deixou de escanteio e só se preocupava em dar atenção à Sarah. Seu comentário brincalhão rendeu risadas nas três, que na ocasião estavam jantando algo preparado por Fátima.
Na última noite de estadia do casal na casa de Fátima, a senhora organizou um jantar especial de despedida e chamou um grupo de vinte pessoas, amigos mais chegados dela e que eram conhecidos de sua filha para participarem. Foi uma noite bem agradável, o casal foi o centro das atenções, principalmente Juliette por ser alguém "famosa", que já saiu algumas vezes na TV dando entrevistas sobre casos de repercussão nos quais já trabalhou.
- E então gostou desses nossos dias aqui? - vestida com seu conjunto de dormir, Juliette se juntou a esposa na cama.
- Ah, eu adorei. A cidade é linda, um tanto quente, é verdade. - observou a mulher com um sorriso.
- É a época de verão.
- Mas ainda assim, muito agradável aqui. E sua mãe foi um amor comigo. Acho que a nossa relação sogra-nora não podia ser melhor.
Ela temia no fundo que ao terem o contato pessoal as coisas não pudessem ser tão boas. Mas, felizmente, tudo saiu melhor do que imaginava. Sua sogra lhe adorou e o sentimento era recíproco.
- Fico contente em ver o quão bem vocês se deram.
- Tive receio de que pessoalmente ela não gostasse de mim. - a loira confessou, deslizando a mão pela extensão do braço da esposa que estava acomodada de frente para ela, e de lado na cama.
- É impossível não gostar de você, meu bem. - piscou a morena com um sorriso nos lábios.
Na manhã seguinte o casal se despedia de Fátima no aeroporto com a promessa de que esperavam agora sua visita à casa delas. Ela prometeu que assim que o neto ou neta nascesse iria.
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De volta à Curitiba, elas também estavam no dia seguinte retomando cada uma às suas rotinas de trabalho depois do período que passaram de lua de mel.
Muito trabalho do lado de Juliette e o mesmo acontecia do lado de Sarah. A agência estava lotada de campanhas o que era muito bom pois era dinheiro entrando, mas ao mesmo tempo era trabalho em demasia e isso, de certa forma, deixava a rotina cansativa. Sem contar que para uma grávida em seu primeiro trimestre de gravidez era pior.
- Sarah, você está bem?
Camilla notou uma expressão estranha na sócia enquanto avaliavam uma campanha de um cliente feita pelo pessoal delas.
- Enjoo. - contou com a mão no estômago e soltando o ar devagar pela boca.
De uns dias para cá ela começou a sentir mais frequentemente esses sintomas típicos da sua atual condição. Podia ver o pequeno pânico de sua mulher quando lhe pegava no banheiro botando para fora a refeição que momentos atrás tinha acabado de ingerir.
Juliette era a pura preocupação. Sarah não podia sentir o mínimo desconforto que fosse, que a advogada já ficava agoniada e preocupada, querendo lhe levar à um hospital.
Ontem ambas tiraram o dia de folga e no meio da noite Sarah sentiu-se mal e acabou indo parar no banheiro, vomitando o jantar. Pode ver a angústia de Juliette com aquela situação toda.
- Não quer ir lá na varanda da sua sala dá uma respirada? - sugeriu Camilla. - Eu cuido aqui, não se preocupa.
Sarah resolveu aceitar a sugestão da sócia e foi até o local. O sol já não estava tão quente, pois era fim de tarde. Uma brisa suave tocou seu rosto, fazendo-a fechar os olhos e em um gesto que já tinha virado costumeiro, Sarah levou as duas mãos espalmadas à barriga onde seu bebê crescia. Sorriu de leve.
Estava vivenciando a melhor fase da sua vida: Grávida e casada com Juliette!
Nem nos seus melhores sonhos e projeções aquilo seria possível e tão perfeito como estava sendo. Às vezes tinha medo de acordar e descobrir que tudo não passava de um sonho bom. Mas sabia bem que não era sonho... Era a mais doce e linda realidade.
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- Seu bebê está crescendo muito forte e saudável, Sarah. - relatou Marcela olhando a tela do aparelho de ultrassom.
A gravidez avançava tão rápido que Sarah até se assustava com tamanha rapidez. Tinha a sensação de que fora ontem que recebeu a confirmação sobre o bebê, mas tal fato já tinha pouco mais de quatro meses. E durante esse período que se passou os enjoos cessaram e sua barriga já podia ser notada.
- Olha só mamães o bebê de vocês com o dedinho na boca.
Elas sorriram encantadas enquanto encaravam a gracinha que o bebê delas fazia.
- Olha que lindo, Ju.
A advogada sorriu abobalhada diante da cena. Era impossível medir o tamanho da sua felicidade com tudo o que vinha acontecendo nos últimos tempos.
Era agradecida aos destino ou seja lá o que tenha sido, por ter colocado em seu caminho Sarah. Pois com ela estava vivendo esse momento mágico com a vinda de um bebê que foi tão desejado e que antes mesmo de chegar ao mundo, já estava enchendo de alegria e felicidade a vida delas.
- É lindo mesmo, meu bem! - ela olhou para Sarah com ternura e tocou com carinho o top de sua cabeça.
- Vocês querem saber o sexo do bebê? Posso lhes dizer agora mesmo isso.
O bebê não fazia qualquer mistério para à doutora. Com suas perninhas abertas era possível de Marcela ver exatamente qual era o sexo dele.
Sarah e Juliette trocaram um olhar. Ontem mesmo elas conversaram sobre isso durante o almoço. Tinha sido a folga delas e Juliette preparou o almoço preferido da esposa só para agradá-la, coisa que passou a ser uma constância dentro de casa. Todos os desejos e vontades de Sarah, Juliette estava pronta a satisfazer.
"Meu bem amanhã tem a ultrassom do bebê. Sua médica disse mês passado que nessa próxima ultra já seria possível sabermos o sexo do bebê."
A advogada estava animada e curiosa com isso. Não tinha qualquer preferência da sua parte, o que viesse seria igualmente amado ou amada por ela. Mas gostaria de saber o que viria para começar a providenciar junto com sua esposa as coisas do enxoval do quarto do bebê.
Contudo, Juliette não esperava ouvir o que ouviu da esposa.
"Ju, eu não quero saber amanhã. Gostaria que nós descobríssemos só quando nascesse."
Isso foi um banho de água fria em sua empolgação.
"Sério?"
Sua expressão demonstrou um leve desapontamento que não foi notado por sua esposa, porque ela se servia novamente de mais um pouco do delicioso risoto preparado pelo esposa.
"Sim! Acredito que a surpresa será incrível e valerá a pena.", justificou Sarah e olhou para a esposa. "Você se importa se for assim, querida?"
Em seu interior Juliette se importava e até se sentiu ridiculamente chateada e boicotada com aquela escolha de Sarah. Mas olhar para aqueles olhos verdes cheios de expectativas de que ela concordasse com o seu desejo, fez sua chateação se dissipar e a advogada resolveu ceder aquele pedido da esposa. Não custava nada.
"Sem problema, meu bem.", ela agarrou a mão da esposa e depositou um beijo no dorso da mesma.
- Nós só vamos querer saber quando o bebê nascer, Marcela. - foi Juliette quem comunicou.
A doutora assentiu e sorriu.
Quem não curtiu muito essa decisão do casal foram os amigos de ambas que já estavam na ansiedade de saberem se seriam tios e tias de um menino ou uma menina. Mas se viram boicotados diante da decisão de Sarah e Juliette. Os questionamentos a respeito da decisão veio de todos.
Elas até entendiam as insatisfações que o pessoal sentia por terem que esperar nove meses para saber sobre o sexo do bebê. Juliette mesmo sentiu isso, mas tal sentimento passou e ela se via concordando com a esposa de que a surpresa de saber na hora do parto seria incrível.
- É, gente só vamos descobrir quem ganhou o bolão daqui a cinco meses.
- Que história é essa de bolão, Caio? - a advogada encarou o colega, que arregalou os olhos e depois bateu com a mão em sua testa.
Não era para sua amiga saber daquilo, porque ela poderia não gostar. Deste modo a brincadeira do bolão estava rolando somente entre o pessoal do escritório sem o conhecimento de Juliette.
- Tinha que ser o linguarudo do bastião. - Rodolffo bateu de leve na cabeça do amigo.
- Foi mal. Saiu sem querer.
- Estou esperando alguém me explicar isso de bolão.
Gilberto tomou a frente e contou que eles ali e os demais do escritório, tinham feito um bolão para ver quem acertaria o sexo do bebê. A grande maioria apostou cem reais cada um que será um menino. Poucos apostaram que viria uma menina.
- Não posso acreditar que estejam apostando sobre isso?
- Ai, Ju é só uma brincadeira. Inclusive a Sarah até sabe e se divertiu quando soube disso. - revelou Pocah, fazendo a amiga advogada arquear uma das sobrancelha em surpresa.
Quer dizer que sua esposa sabia e nem comentou com ela?
Ia ter uma conversinha com ela depois.
- Vamos voltar ao trabalho que é melhor!
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