capitulo três

Zaya


Quatro dias se passaram sem que eu saísse desse quarto durante o dia. A noite não há pessoas me olhando com dó, e por isso eu estou indo para a cozinha neste exato momento.
Desde o primeiro dia que não saí do quarto Emília começou a deixar porções de comida no microondas pra que eu pudesse esquentar de madrugada.

O único problema em vir comer essa hora é que desde criança eu tenho um medo incompreensível do escuro, e advinha só? As 3 horas da manhã é tudo absolutamente escuro.

Dando um passo de cada vez, e segurando a lanterna do celular que Dave me deu eu chego na cozinha, orando pra que o silêncio não seja o presságio de alguma tragédia estranha de filme de terror.

Assim que a comida começa a esquentar eu fou um pulo com um barulho vindo da porta que sai para o quintal.

__ é sua cabeça, é coisa da sua cabeça Zaya. __ resmungo para mim mesma.

Continuo dizendo isso quando o barulho aumenta, quando escuto passos se aproximando e até mesmo quando a maçaneta começa a mexer.

É possível que eu esteja inventando tudo isso? Talvez minha infância inteira assistindo coisas de zumbi tenha influenciado minha cabeça como minha mãe sempre dizia. Ou talvez eu ainda esteja dormindo.

Acontece que o barulho continua e eu decido pegar uma faca pra me proteger caso precise. Ainda não estou convencida de que isso é a realidade, mas mesmo assim me aproximo da porta pra tentar entender o que está acontecendo e é nesse momento que ela se abre, me fazendo dar um pulo para trás.

Pelo que parece minha oração não funcionou.

Eu não sei como começou, só sei que tem alguém gritando e acho que sou eu.

__ puta que pariu! __ o intruso grita, na hora que me vê indo pra ele com uma faca na mão.

Acho que eu ainda estou gritando quando a luz é acesa e Dave aparece na minha frente absolutamente do nada. A faca cai da minha mão.

Estou envergonhada. Eu quase esfaqueei Dave em sua própria casa por pensar que ele era um ladrão. Meu Deus.

__ Dave, eu sinto muito, eu achei...

Paro de falar quando percebo que ele está olhando para além de mim, então me viro e dou de cara com um homem desconhecido.

Eu grito novamente e me abaixo para pegar a faca, quando Dave entra novamente na minha frente.

__ esse cara está tentando roubar sua casa! Dave! Faça alguma coisa, chame a polícia!

__ o que? __ diz o desconhecido. __ você está louca? Afinal quem é você? Meu Deus achei que era um fantasma... Quase tive uma parada cardíaca.

__ vamos todos nos acalmar, sim? __ Dave fala, pegando a -minha- faca e colocando de volta na gaveta. __ o que você está fazendo acordada a essa hora Zaya? __ ele continua, dando uma ênfase desnecessária no meu nome.

__ eu só vim peg..

__ Zaya? Você é a Zaya? __ me interrompe o Sr. Desconhecido.

Por que esse homem está falando como se me conhecesse? Começo a perguntar exatamente isso quando ele me interrompe novamente.

__mas é claro que é você! Como eu não notei antes? nossa, eu achei que nunca mais te veria! Você está tão...

__ hummm... Me desculpe mas eu te conheço? __ agora sou eu quem o interrompe.

Suas sobrancelhas escuras franzem e percebo algo diferente em seu olhar.

__ você... Humm.. você não se lembra de mim?

Porque eu deveria? Quero perguntar, mas antes que eu consiga Dave se intromete entre nós -novamente- e diz:

__ é claro. Eu esqueci de contar que ele chegaria Zaya... Sinto muito, tudo tem andado tão..

__ me desculpe, quem chegaria? Eu não estou entendendo. __ olho diretamente para o Desconhecido e pergunto: __ quem é você? 

Ele passa as mãos sobre o tecido da calça, então estende a direita e diz:

__ Brandon. Brandon Cooper.

É nesse momento que eu paraliso.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top