OS PENHASCOS DE HABYSS... Sobre O Abismo Do Abismo.

Um caminho perigoso causa temor e exige muita cautela ao ser percorrido, vários penhascos rodeiam aquele lugar que parece mais estar em órbita , apesar de imóvel .
–É preciso muita prudência e cuidado de vocês, olha a altura desses penhascos ! –
– vamos dar-nos às mãos. – murmurou uma mulher. Quem sabe seu pedido de união e companheirismo poderá ser algo primordial para o bom andamento do percurso .
–  Meu deus, ainda existe outro abismo além do que já estamos. –
– Olha só lá pra baixo. –
Ao olharem para baixo se dão conta da altura desses penhascos, a tontura os fazem suar, só que agora suam frios e o suor de pavor provoca o maior calafrio que já se pôde sentir ali. Quem tem vontade de viver e seguir, segura forte nas mãos de quem está próximo e não larga por nada.
– Nossa, eu estou apavorado. – Diz khamel que tem fobia de altura, apesar do seu tamanho . –
– já pensou se tivéssemos que lutar e ao mesmo tempo nos equilibrar  nesse lugar ? –  Disse Haderi.
Pois assim que finalizou sua pertinente indagação, são ouvidos alguns gritos de aves, são aquelas mesmas de sabor intolerável, mas pelo menos se por um lado, alimentam, por outro lado, as mesmas que atacam, mordendo e arranhando com suas afiadas presas e garras. Todas aquelas pedras flutuantes tem uma passagem estreita que atravessam de uma para outra, mas o medo e o pavor, não o impedem de olharem para baixo e se darem conta do quão profundo é lá embaixo. Quando um pedaço de pedra é jogado abaixo, não se escuta sequer nenhum som ou barulho dela ao cair, olhando mais uma vez para os rostos tensos de seus seguidores, Martin não se inquieta, a cada hora que passa ele está menos comunicativo e mais compenetrado. Os obstáculos do abismo mudam tanto progressivamente e a cada cenário a cada momento, que Martin só quer caminhar e continuar a seguir , todos que seguem seus passos tem mesmo de se apressarem .
Dory e Alika se encarregam de puxar e esperar os mais lentos, que são aqueles que se distraem e travam diante do lugar mais aflitivo e angustiante que já pisaram na vida. Dentre tantas espreitas e em suas própias fobias, todos vão passando de uma pedra para outra e o segredo de Martin é revelado por ele mesmo :
– Todas essas pedras tem passagem para outras pedras, vocês estão apreensivos e assustados por que estão olhando para baixo. – Gritou Martin com voz longínqua – Não olhem para baixo ! –
– É, mas tem algumas pedras que só há como atravessar pulando-as –   Gaguejam  alguns, amedrontados pela altura que estão.
Até para Martin, parece que aqueles penhascos não têm fim, apesar de estar cansado e carregar alguns pássaros que matou em mãos, ele não planeja depois de atravessar, parar para assa-los e comê-los. Aliás, nem ele mesmo sabe o que está fazendo com aqueles asquerosos pássaros e embaixo do braço, mas sabe-se  que é costumeiro, é habitual portar-se assim naquele lugar.
As primeiras vítimas começam a desequilibrarem-se e a cair, quando olhou para trás e viu que Dory segurava outra pessoa que também caiu e quase a levou junta, Martin entrega-se a angustia de seu coração de nem pensar em perder Dory, e volta.
– Dory, cuidado! Se vai salvar alguém aqui de cima e tão alto, tem que saber que é arriscado segura-las. –
Mal sabe Martin ainda, da força de Dory.
Em meio ás pedras voantes que mais se parecem planetas em órbita onde todos andejam e ruminam, contem ali, colunas também de pedras, que tem boca, olhos, e até extremidades que formam rostos.
– Cuidado ! Hahahaha... –
Falam as colunas que tanto assustam... Afinal, quem já ouviu pedra falar?
Foi até por isto que outro se desequilibrou e caiu. Sarcástico embora sinistro ao mesmo tempo, é preciso concentrar-se e percorrer com toda agilidade possível pra longe daquele fim de mundo, se existe lugar pior que um abismo e pior que o fim do mundo, esse lugar é um abismo do abismo .
O que desespera mais, é passar dentre pedras e mais pedras, além de evitar olhar para baixo olhar para frente também não é nada animador ou aprazível .
– Não consigo ver nada além dessas pedras – E a essa altura, estou ficando cada vez mais tonto. – Reclamam Haderi e outro homem .
– É verdade, estamos a atravessar essas pedras há horas, quanto mais atravessamos mais elas aparecem. – Desmorona-se Alika a suplicar, ela está cansada.
Estafante e assustador, aquele lugar nada atrativo haure a bravura e o ânimo de qualquer um.
– Martin isto não acaba nunca ? o que será que acontece se cairmos, se nos jogássemos daqui abaixo ? –
– Não sei o que há lá embaixo nem o que acontece com quem cai, você quer tirar a prova pra ver ? –  sugere Martin.
– Não, já basta dezenas de nossos que se mataram naquele vilarejo maldito . –  Dispõe a intrometer-se Dory, alertando para que não se perca mais soldados .
Agora sentados, exaustos e desesperançados, com as pernas a beira do infinito, Dory e Martin conversam ligeiramente e em seguida tentam descansar e respirar, quando se deparam, já estão dormindo de corpos quase entrelaçados. Não demora muito até que os demais, igualmente  apreensivos, estejam também repousando nas alturas longínquas dentre penhascos e rocas. Ao acordar, em meio ao breve sono e raciocínio aturdido, Martin levanta-se espavorido, pois nem percebeu que havia dormido ali, sentiu um pífio arrependimento por ter adormecido num lugar onde nunca tivera antes, ainda mais num lugar tão apavorante e perigoso. Martin acorda Dory com cuidado e em seguida desperta a todos:
– Olá , acordem. –  Grita Martin palmando as mãos .
– Acordem, vamos seguir adiante, não era pra termos dormido aqui. – Repete.
– Você se deitou e logo adormeceu, nós aproveitamos o ensejo e também deitamos, não aguentávamos mais ! –  Falou um homem segurando em uma das mãos um pequenino macaco, seu bicho de estimação.
Martin compreendeu e se deu conta que desabou-se ao chão rápido e involuntariamente devido a descomunal estafa. Para alívio de todos, está chegando o final dos penhascos, e o que é melhor, abaixo das pedras voantes não se vê mais uma escuridão infinita, vê-se mais adiante um grande lago, seria mesmo um grande rio de aguas límpidas e abundantes movimentando-se pra lá e pra cá como o mar, conquanto, sem ondas, nem agitações ou maremotos.
– Perfeição para mergulhar  –
– Meu deus obrigado ! –
– Finalmente, será que é uma miragem ou uma armadilha ? –
Entre tanto entusiasmo e desejo da satisfação de ver toda aquela água bem diante dos olhos, uma pergunta pertinente e relevante, será uma armadilha ? uma cilada ?
Chegou a hora de Martin e Dory que estão mais adiante que os outros, finalmente chegarem a ultima pedra. Do lado esquerdo, um alto areal, a única saída diferente e segura, já que em frente e á direita, o grandioso lago límpido está chamando para um deleitoso mergulho.
A principio, Martin não confia naquele lago, pois sabe que nada ali trás regozijo e servidão, sem nenhuma surpresa, Dory e a força de elite do exército de Ühler apoiam a caminhada incessante e vão de acordo com o caminho que o garoto escolhe seguir, afinal a subida do abismo está em direção ao infinito areal.
Ele queria na verdade ficar acima daquele areal, observando o lago durante algum tempo para vê se é seguro mergulha-lo. Após quase todos darem seu ultimo pulo ultrapassando para o lado do areal e fossem espreitar aquela margem, um homem se joga diretamente da pedra para o lago.
– Venham, a água é limpa dá até pra beber, venham. – Grita o homem entusiasmado.
– Não deveria ter pulado. –   vocifera Martin .
– O que deu em você ? vamos seguir por aqui, estamos nos aproximando  da subida desse abismo. – Reclama Alika.
A vontade sedenta de aliviar-se daquele eterno calor fez mais outro homem também pular no lago, Martin até que acha bom que esses dois homens sirvam de experimento. De repente a água do lago começa a chacoalhar por baixo e um movimento igualando-se a um pequeno redemoinho vai tomando-o , até aparecer enfim a razão de tudo aquilo ser tão fácil e tentador, um monstro gigante em forma de anfíbio meio que serpente meio que godzila ergue-se, levantando sua calda e por causa de sua cara enorme e boca com dentes afiados, dentes do tamanho de um ser humano, os dois homens entram em desespero agoniante que se esquecem até que sabiam nadar.
– Saiam daí –  Grita Dory.
    Mas não dá tempo, no lago das águas abissais omonstro anfíbio por nome de Habyss, olha com secura para todos que estão comMartin, afinal são dezenas de refeições que estão ao seu dispor, mas por sorteos homens começam a nadar em direção ao areal e o barulho do nado frenéticoaguça o instinto de caça da criatura abissal, que vai baixando-se e abrindo aenorme boca,     antes mesmo dos dois homens tocarem o areal, o monstro Habyss os devora com uma só mordida, é o tempo de todos demais correrem com toda celeridade possível numa incessante corrida pela vida, sem titubear e sem olhar pra trás, aliás, nunca um povo correu tanto sem olhar para trás, e ao olharem, depois de tantas passadas, veem o monstro o observarem de lá do alto do areal , todos acham que o monstro vai persegui-los mas ele não pode sobreviver fora da agua, só descobrem isso quando estão há tantos metros dali, o monstro ainda tenta descer daquele alto com seu corpo de serpente, é nessa hora em que todos voltam a correr desesperados mas a ponta do rabo daquela criatura não pode sair do lago. Ela não consegue devorar mais ninguém além dos dois homens e vai ter de se conter, contudo, o que ela já se alimentou de seres humanos que vão de encontro ao seu lago não daria nem pra contar.
– Por que desistimos tão fácil ? –   Pegunta Khamel.
– Você está maluco! Acha mesmo que podemos vencer aquela coisa ? –  pergunta o velho Torres criticando veementemente .
– Martin, você lutaria contra aquilo ? Aquela água é a principal fonte de sobrevivência que encontramos aqui . –  Rebate Khamel, Martin para de caminhar, olha fixo pra khamel e incisivamente diz :
– Até matarmos aquele monstro, ele afogaria e devoraria metade de nós em minutos, sem falar que estamos cada vez mais perto do nosso foco, que é a subida desse abismo. –
– Será que você não consegue matar aquilo? – desafiou khamel
– Para de pensar idiotice e vamos seguir.– Retorquiu Dory com ferocidade. Ela espantada com tamanho daquela fera quase desmaiou de alívio quando certificou que aquele monstro não poderia sair da água.  E quem não aliviou-se? 
Dessa vez khamel sem mais delongas, custa aceitar o que todos decidem, que é seguir para a muralha.
Pois Bernard Khamel é destemido e insistente, ateu e desempregado quando antes de se deparar no abismo de Zenkoulous, era um ex lutador frustrado, recebeu um laudo psiquiátrico que o aposentou e o fez ser um homem ocioso e sem perspectiva, passou os últimos dias tentando reconciliar-se e voltar a conviver com sua esposa e seu filho , mas a justiça o impediu de se aproximar deles. Logo que Khamel se encontrou no ergástulo de Zenkoulous, o abismo escuro e escaldante, e presenciou abismado quando um terço da população subiu e foi levado naquele arrebatamento, ele se arrependeu de seus pecados e passou a crer naquilo que tanto desprezava, numa luz divina que existira por meio de um deus, ou sabe lá por meio de quê, mas que era superior e sublimemente piedoso. Mas como todos sabem, já era tarde pra isso, o que lhe restou, como restou a tantos, foi perambular no abismo e suas trevas.
– Khamel, aonde vai ? – Pergunta Martin ao ver que o grandalhão estava retornando em direção ao lago .
Haderi não se contém e retruca – Khamel, você acha que é o único a sentir calor nesse inferno não é ?
– Deixe de ser inconveniente seu imbecil ! – Guinchou o ancião terror Torres.
Bernard não quer saber, segue irrefletidamente em direção ao lago mortal sabe lá o que lhe deu, e antes que Martin pense em acompanha-lo, Dory o detém:
– Martin, você não vai a lugar algum. –
Martin é sim de certa forma o salvador de todos que ali estão, mas isso não o faz e nunca o fará ser o super herói clichê que se conhece nas historias fantásticas, que dá e arrisca a sua vida para pessoas que ele nem conhece, que socorre sempre os idosos, os mais fracos, que destrói os inimigos para salvar sua espécie, não! Cada dia que passa Martin e Dory não estão nem aí para aqueles que não os obedecem. De longe e tensos, todos observam a cena angustiante de Khamel já escalando o topo do areal, armando seu arco e flecha e lançando-as nas aguas do lago, desafiando a fúria da criatura assassina . Pouco tempo se passa e Habyss ressurge com ira e olhar fixo, nesta hora todos se convencem que Khamel só tem tamanho e falsa presunção .
Estatelado , ao ver Habyss se aproximando, ele vira-se rapidamente e vem embolando-se como uma bola de avalanche e desce ladeira abaixo, ao virar-se novamente de frente ao gigante feroz ,ele joga sua espada que vai com a ponta em direção ao monstro acertando-lhe em cheio suas presas de dentes afiadíssimos, a espada rebate e gira pelo ar, Habyss abocanha  jogando-a para longe fazendo Khamel perde-la , além de seu escudo sua espada também se foi pra sempre. Ainda correndo velozmente e assombrado, ele ouve de perto o berrar furioso de Habyss que retumba ecoando nos ouvidos com um barulho enlouquecedor, a frustração de não poder sair do lago e matar a todos enfurece o monstro, que não resiste ao calor do abismo e tem a ponta de sua calda presa sob o lago, Habyss ruge mais três vezes.
Além de desarmado, sem fôlego e completamente surdo, aliás, escorre sangue de suas orelhas, Khamel é deixado para trás, e nem as mais sensíveis daquelas pessoas o acolhem, preferem seguir o rumo que Martin Ühler está a percorrer já longe, com uma das espadas na mão, centrado e focado em apenas alcançar aquela subida.

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