Porto Alegre
O interior da casa de shows era preenchido por calor humano e por vozes que cantavam as letras das canções a plenos pulmões. Tendo os ingressos esgotados na semana anterior, o local comportava algumas centenas de pessoas, quase no limite da capacidade.
Diego, o guitarrista base e vocalista, puxou um solo do instrumento junto de Tiago, o guitarrista rítmico. Deixando o outro cuidar do trabalho de desenhar as linhas, ocupou-se em animar a plateia, pedindo por palmas e vendo cada um dos presentes repetir o gesto.
Parecia hipnótico. Talvez fosse essa a sensação que causasse a algumas daquelas pessoas. Pelo menos era a impressão que tinha quando observava as reações de alguns fãs de cima do palco. Difícil de acreditar que ele causava aquilo nas pessoas. Mas não podia negar que gostava um pouco daquilo. Enchia o ego.
Tiago terminou o solo e em poucos minutos a música também chegou ao fim. Diego atirou sua palheta para a plateia, vendo algumas pessoas quase se estapeando para pegá-la no ar.
— Obrigado, Porto Alegre! — o frontman agradeceu no microfone, dando aquela apresentação por encerrada.
A banda ainda se reuniu no palco para a famosa foto com todo o público gritando logo atrás.
Após beijos mandados no ar e apertos de mão para quem estava na primeira fila, os quatro integrantes da Storm Riders desceram as escadas para os camarins, deixando para trás o grito dos fãs que ainda iam ao delírio, clamando pelo nome da banda, dos integrantes e por mais uma música.
— Primeiro show da tour e eu já tô só o bagaço — Guilherme, o baixista, reclamou e pegou uma toalha que era dada a ele por um dos membros da produção.
— Você não ia tá assim se não tivesse passado o dia todo de gracinha por aí — Chayene, a baterista, provocou o companheiro de banda.
— Primeira vez em POA, Chay, tem que aproveitar mesmo. — Tiago se juntou, passando cada braço sobre os ombros de um dos dois. — E você, Dih? Bora com a gente pro after? — convidou para o guitarrista, que estava calado durante aquele tempo todo.
— Tô só o bagaço também — o frontman respondeu, secando o suor numa toalha e atirando-a de volta para a pessoa que a entregou. — Vejo vocês no hotel — afirmou, pronto para sair do interior da casa de shows.
— Desde quando você dorme com as galinhas, Dih? — Chay provocou.
— Olha quem fala — soltou com um riso sarcástico. — É você quem sempre vai dormir depois do show, não eu — o guitarrista provocou, recebendo risos de Guilherme e Tiago.
O frontman se despediu dos três, que se encaminhavam para os camarins e depois provavelmente para algum bar ou balada na capital gaúcha. Após fazer tudo o que precisava, Diego pediu pela van que o levaria de volta para o hotel.
Prestes a sair pela porta dos fundos, recebeu de um funcionário — que não fazia ideia quem era — óculos escuros e gorro. Colocou-os, não adiantando muito, pois em menos de um minuto foi percebido pelos poucos fãs que o aguardavam na parte de trás da casa de shows. Mesmo com os cabelos loiros escondidos, sua presença dificilmente passava despercebida por quem o conhecia.
Antes do pequeno aglomerado de pessoas se aproximar e tapar sua visão, Diego ainda teve tempo de ver os integrantes da banda de abertura conversando calmamente enquanto fumavam ou bebiam uma cerveja, esperando pela van deles, que os levaria embora dali. Aquelas pessoas não estavam ali pela Silver Chain, mas pela Storm Riders e principalmente por ele.
Diego teve certeza que uma das integrantes da banda de abertura o observava com uma ironia transparente, porém, ficou apenas na sua mente aquele breve olhar que foi dirigido em sua direção, pois logo foi cercado pelos fãs.
Apenas mais uma noite na vida do guitarrista e vocalista da Storm Riders.
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