Capítulo 6
Na manhã seguinte, John corria pelo Central Park como fazia costumeiramente. Ainda a uma certa distância ele a viu. Custava acreditar que havia uma mulher nua em uma posição daquelas em uma área pública em plena manhã. O mais estranho era que suas roupas não estavam próximas dela, a mulher estava imóvel, como se estivesse meditando. Talvez fosse algum tipo de ritual bizarro, mas que ele desconhecia totalmente.
John se aproximou mais, a mulher continuava imóvel, mesmo com a sua presença, até parecia não respirar. Não era apenas impressão, de fato ela não respirava, seu tórax permanecia sem movimentos durante todo o tempo em que o rapaz a observava. John tentou chamar a atenção dela, mas não conseguiu nenhuma reação, se aproximou ainda mais e abaixou-se um pouco para analisar. Não era possível ver o rosto que estava sobre a grama, mas havia uma enorme marca roxa em seu pescoço.
Apenas para comprovar o que aquilo parecia, John usou as costas da sua mão direita e tocou na pele da mulher, ela estava com o corpo gelado, estava morta e isso já fazia muitas horas. Imediatamente John ligou para a polícia, estava certo de que aquela mulher havia sido assassinada.
Scott ainda estava indo para o departamento quando seu celular tocou, ele apenas olhou no visor e viu que era Alfred. Uma ligação do chefe tão cedo não poderia significar coisa boa. Scott atendeu e colocou a ligação no viva voz.
— Scott! Você ainda está em casa?
— Já estou a caminho do departamento, algum problema?
— Encontraram um corpo no Central Park. Vá até lá para verificar se tem alguma ligação com o assassinato de Mary. A perícia também já foi acionada, já devem estar lá neste momento. Se não tiver relação, pode deixar que outro detetive assumirá o caso, quero que se empenhe ao máximo para prender o assassino de Mary.
— Outra mulher assassinada?
— Sim, mas não sei de maiores detalhes. Te encontro lá daqui a pouco.
Scott mudou a rota e foi em direção ao Central Park. Aquela não era a primeira e provavelmente também não seria a última vez que o parque era escolhido como a cena de um crime. Logo o detetive avistou a movimentação e viu onde era local em que o corpo foi encontrado. Além da equipe de perícia que já estava lá, uma pequena multidão de curiosos acompanhava a ação atrás do cordão de isolamento.
O detetive se aproximou e abriu caminho ficando a alguns passos de onde estava o corpo. Havia uma grande diferença em relação a posição do corpo encontrado na manhã do último sábado, mas essa realmente parecia ser a única coisa destoante. A vítima também estava nua, nenhuma peça de roupa estava jogada próxima do corpo, não havia cortes pelo corpo, nem sinal de violência sexual aparente.
Apesar disso, mesmo a posição do corpo sendo diferente, ela ainda lembrava uma posição sexual. Era evidente que a moça não havia morrido daquele jeito, mas sim colocada na posição propositalmente.
— Ted. Parece que o nosso homem fez a segunda vítima.
— Não tenho dúvidas, quase tudo é igual ao crime anterior, apenas duas coisas diferentes que constatamos até agora.
— Duas? Notei apenas a posição do corpo.
— Sim, Scott! Mas também tem a maneira que ela foi morta, não foi por estrangulamento, essa foi morta por esganadura. O assassino usou as próprias mãos para sufocá-la. A marca no pescoço não deixa dúvidas quanto a isso.
— Isso quer dizer que ela pode ter sido morta durante a relação sexual?
— Provavelmente. O que você me diz dessa posição do corpo, Scott?
— Eu posso estar errado, mas acredito que é outra posição sexual. Não sei o que o autor quer mostrar com isso, mas é a única coisa que consigo imaginar olhando para o corpo.
— Também acho. Talvez ela tenha sido morta aqui mesmo, depois ele arrumou o corpo e deixou nesta posição. A cena se repete, nada de roupas e nenhum documento. Mais uma vez teremos trabalho para identificar a vítima.
— Quem a encontrou?
— Um homem corria pelo parque e se deparou com a cena, ele avisou a polícia, mas não quis esperar no local.
— Certamente não queria se envolver com o caso. Não acredito que possa ter alguma relação com o crime. Afinal o crime ocorreu muitas horas antes, não é mesmo?
— Sim, há aproximadamente cinco horas.
Neste momento Alfred chegou ao local.
— Mas que diabos é isso? — falou olhando para o corpo.
— Mais um trabalho de um assassino pervertido sexual. Parece que ele não se contenta em apenas abusar do corpo, mas também quer expor a vítima ao ridículo, mesmo depois de morta — falou Scott olhando mais uma vez para o corpo.
— Um assassino sádico. Espero que você consiga prendê-lo logo. A mídia logo vai começar a encher o saco e não estou a fim de ficar aturando aquele monte de repórteres inxeridos em frente ao departamento.
— A minha vontade de colocar as mãos neste sujeito é muito grande, mas ainda nem sabemos quem era a vítima. Tomara que alguém notifique o desaparecimento o mais rápido possível. Vou retornar para o departamento e ver se se existe algum comunicado, se alguma mulher está desaparecida.
— Certo! De qualquer maneira agora já sabemos que precisamos correr contra o tempo, ou muitas mulheres serão assassinadas e espero que você evite isso, Scott.
— Vou me empenhar o máximo possível — falou o detetive deixando o local em seguida.
Na casa de Yasmin, sua amiga Olivia havia acabado de acordar. Ela chegou em casa depois da meia noite e em seguida foi dormir. Yasmin ainda não estava em casa, mas ela costumava chegar mais tarde do que ela. Olivia tomou um banho e em seguida preparou o café, já era dez da manhã e Yasmin ainda não tinha dado as caras. Ela estava ansiosa para contar algumas coisas que fez na noite anterior, então foi até o quarto para ver se a amiga já tinha acordado.
Olivia abriu a porta do quarto e se deparou com a cama perfeitamente arrumada, poderia dizer que estava idêntica ao dia anterior. Yasmin não poderia ter acordado, arrumado a cama e entrado no banheiro sem que ela tivesse percebido. De fato, a amiga não estava tomando banho. Yasmin não tinha passado a noite em casa ou tinha saído bem cedo para resolver algum problema. A primeira opção certamente era a mais fácil de ser verdade. A amiga não comentou nada sobre ter que acordar cedo, Yasmin detestava sair da cama antes das nove da manhã.
De qualquer maneira, ela precisava saber onde a amiga estava, pois depois do almoço elas tinham combinado de ir às compras e se Yasmin não viesse para casa logo, Olivia iria sozinha. O telefone começou a chamar, mas nada de Yasmin atender, chamou até a ligação cair. Ela deveria estar muito ocupada, pois não deixava de atender as suas ligações, a menos que estivesse transando naquele momento. Olivia insistiu, ligou mais uma vez e se não tivesse resposta, desistiria.
Longe dali, uma mulher caminhava pela calçada e ouviu aquele barulho, parecia um celular tocando, ela olhou em todas as direções e não havia ninguém por perto. Também não havia nenhum celular jogado pelo chão ou sobre o gramado do jardim em frente daquela casa. Foi então que a mulher percebeu que o som vinha da lixeira que estava ali perto. Com receio de que houvesse um corpo jogado ali dentro, ela abriu cuidadosamente e viu que eram apenas sacolas de lixo. O celular parou de tocar.
A mulher logo encontrou a sacola e abriu para pegar o celular, mas levou um susto ao ver que havia roupas femininas ali dentro, uma blusa, uma saia, sutiã e até mesmo a calcinha, junto da bolsa em que provavelmente estava o celular. Ela não tocou em nada, ficou apavorada com a situação, pensou em simplesmente sair correndo dali e fazer de conta que não tinha visto nada, que aquilo não era sua responsabilidade. No entanto, Rosie havia assistido ao noticiário recentemente e visto sobre uma moça morta, a qual foi encontrada nua e as roupas haviam desaparecido. Aquelas poderiam ser as roupas da vítima, mas era estranho que o celular ainda tivesse bateria mesmo depois de tantos dias.
Com a consciência pesada, Rosie resolveu ligar para a polícia e esperou no local até que uma viatura aparecesse.
— Olá! Foi a senhora que comunicou a polícia sobre algo suspeito encontrado em uma lixeira? — perguntou o policial.
— Sim, meu nome é Rosie, fui eu quem ligou. Eu estava passando por aqui e ouviu uma barulho, percebi que vinha dessa lixeira, eu abri e além do celular encontrei uma sacola cheia de roupas femininas.
O polícial se aproximou da lixeira depois de colocar as luvas de borracha, pegou a sacola e conferiu o seu conteúdo, inclusive confirmou que dentro da bolsa havia um celular. A mulher foi dispensada em seguida, mas antes forneceu seu nome completo e endereço, caso precisasse ser chamada para prestar depoimento.
Mitchel não teve dúvidas e avisou a equipe de perícia, Scott também foi avisado sobre os objetos encontrados. Se aqueles objetos fossem da moça encontrada pela manhã, as investigações caminhariam mais rápido, quem sabe aquilo levasse a polícia até ao assassino antes que ele fizesse mais uma vítima.
Ted e Scott chegaram juntos ao local. A região ficava muito longe do Central Park, certamente que foi escolhida aleatoriamente, seria muita idiotice o assassino descartar os objetos da vítima perto de onde morava. Não seria tão tolo.
— O que encontraram aqui? — perguntou Scott.
— Uma mulher caminhava e ouviu o barulho do celular tocando, então notou que vinha dessa lixeira. Ela se deparou com roupas femininas e uma bolsa dentro de uma sacola plástica.
— Deixa eu ver — falou Ted colocando as luvas.
Em seguida ele pegou outro saco plástico e foi tirando as peças uma a uma, saia, blusa, sutiã, calcinha, sapatos e colocou tudo dentro para ser levado para análise.
— Parece que encontramos o lugar de descarte do assassino — comentou Scott.
— Agora vamos ver o que tem na bolsa.
Ted abriu e encontrou um documento, a dona dos pertences se chamava Yasmin Cooper. Também havia alguns itens de maquiagem, preservativos e o celular que ainda tinha bateria, mas estava com a tela bloqueada por uma senha. O aparelho passaria por uma análise para ver se existia alguma evidência para auxiliar nas investigações.
Scott olhou a fotografia e não teve qualquer dúvida de que se tratava da moça encontrada no Central Park, logo pela manhã.
— Será que ele usou a mesma lixeira para descartar os pertences da outra vítima?
— Pode ser, Scott, mas o lixo já foi recolhido, então provavelmente nunca saberemos. De qualquer maneira, agora já temos o nome desta vítima. Vamos ver se encontramos algo novo realizando a perícia nos objetos.
— Sim! Agora que tenho o nome dela, vou ver se consigo descobrir onde ela trabalhava e em que local morava.
Enquanto Scott falava o celular tocou novamente. Ted pegou o aparelho e viu na tela a imagem de uma mulher e o nome Olivia. Ele deslizou o dedo e conseguiu atender.
— Alô!
— Olivia levou um susto ao ouvir a voz masculina, mas afinal ela estava certa. Yasmin estava com um homem e ele atendeu seu celular.
— Não me interessa saber seu nome, mas preciso falar com a minha amiga, Yasmin que provavelmente está aí dormindo em sua cama ou tomando banho.
— Não estou com a sua amiga, sou da equipe de perícia da polícia de New York. Encontramos os pertences dela jogados em uma lixeira.
Olivia quase deixou o aparelho cair ao chão ao ouvir aquilo.
— Alô, ainda está na linha?
— Isso é uma brincadeira, só pode — falou Olivia ao se recuperar do choque.
— Infelizmente não é uma brincadeira. Estamos aqui com o celular dela, documentos e roupas que foram encontrados dentro de uma lixeira. Saberia me dizer onde sua amiga está neste momento?
— Não, não faço a mínimo ideia, por isso que estava ligando para ela.
Scott pegou o celular na mão.
— Olá, aqui é detetive Scott. Preciso que me passe seus dados e se possível compareça no departamento de polícia. Se isso não for possível, eu irei pessoalmente em sua casa.
— Seria melhor que viesse até aqui, assim também poderia me explicar o que é que está acontecendo. O que aconteceu com a Yasmin?
Scott anotou o endereço e saiu em direção a casa em seguida.
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