𝟢𝟨|𝓛𝓲𝓼𝓪
Odeio admitir mas estava entediada em casa. Ainda mais agora com meus pais separados, acabo passando a maioria do tempo sozinha.
Antes quando a mamãe e papai estavam trabalhando e ainda juntos, eu também tinha meu irmãozinho caçula, Max, para ficar comigo e preencher meus pensamentos e tempo. Agora depois do divórcio, ele mora com a mamãe há vários quilômetros de nós.
Então achei que seria ao menos divertido, considerar me arrumar e caçar uma festa para ir esta noite. E aqui estou eu. No meio da semana, em meio a uma pista de dança lotada de corpos suados e dançantes ao meu redor.
Queria conversar com Katy e desabafar algumas coisas que estão me corroendo com o passar dos dias, muitas delas envolvendo seu irmão gêmeo do mal. Mas ao vê-la tão perdida com Richard em um dos cômodos da casa desconhecida mais cedo, não quis atrapalha-los.
E então essa é minha melhor distração, pelo menos por enquanto. A dança e o som pra lá de sensual, fazem meu corpo se mexer lentamente.
Uma música alta, lenta e incrivelmente sexy toca acima de nós. Fazendo meu corpo rebolar ao seu ritmo, ao som da batida e da voz rouca do cantor.
Danço lentamente de maneira preguiçosa, fazendo movimentos pequenos e repetitivos. Uma garota, que conheci há algumas horas atrás dança comigo ao ritmo sexy. Estamos dançando uma colada à outra, nem sei dizer por quanto tempo.
Alguns dos meus amigos também estão por aqui. Vi Luc, David e Carter mais cedo também entre algumas pessoas. Esses garotos não perdem tempo, acabei por dançar um pouco com David no início da noite mas não durou muito já que ele encontrou uma companhia melhor e mais maleável também, o que eu não posso ser.
Sophie, acho que este deve ser o seu nome. Dança colada ao meu corpo, rindo uma vez ou outra mas percebo que seus olhos escuros estão fixos em algo atrás de mim. E sei muito bem que ela está olhando para Nate encostado na parede com um dos copos vermelhos de cerveja na mão, enquanto nos observa dançar atentamente.
Não demora muito tempo para que ele saia de onde está e venha tirá-la dali para conversar um pouco em outro cômodo da casa, me deixando sozinha outra vez. Suspiro, jogando os braços acima da cabeça e voltando a me remexer ao som da música.
Meus cabelos estão grudados na pele suada do meu pescoço, enquanto meu coração martela no peito e eu sinto meu rosto quente, tanto por causa do álcool quanto pelo calor e da dança.
Quando a música finalmente acaba, saio cambaleando da sala em cima dos meus malditos saltos e sigo em direção a um dos banheiros da casa. Chego a porta ao mesmo tempo em que um corpo quente me puxa contra si, fazendo com que nós dois entremos juntos no pequeno espaço escuro e meu primeiro instinto é gritar.
A porta se fecha atrás de mim com um clic, no exato momento em que sou virada e encostada sob a madeira fria. Meus olhos bêbados demoram um pouco para se focar no rosto a minha frente, devido à pouca luz. Mas mesmo sem enxergar, sei quem é. Apenas pelo cheiro.
Ren.
Ele espalma as mãos grandes uma de cada lado da minha cabeça, apoiadas sobre a porta atrás de mim enquanto sua respiração se torna mais acelerada à cada instante como se ele estivesse correndo uma maratona inteira em pouco tempo. Seus olhos castanhos e quentes estão presos aos meus, enquanto ele me observa de uma maneira completamente diferente da qual já fez algum dia e então umedece os lábios carnudos com a ponta da língua ao mesmo tempo.
Neste momento praticamente todos os alarmes vermelhos estão disparando em minha cabeça embriagada, mas não consigo parar de olhar para ele. Ren se aproxima de vagar depois de algum tempo apenas me encarando, ele parece seguro de seus movimentos.
Sua respiração morna bate em meu pescoço o mesmo lugar no qual ele deposita um beijo estalado e molhado. Para então se afastar lentamente e fazer a mesma coisa do outro lado, inspiro fundo e com força ao mesmo tempo, prendendo o ar em meus pulmões mesmo sem querer e me embriagando com seu cheiro.
Seus dedos longos mergulham em meus cabelos lentamente, enquanto Ren me observa sob os olhos cerrados e os cílios longos, parecendo se perguntar se ele segue em frente ou não. Não tenho certeza se está bêbado ou não, mas isso definitivamente não me importa agora, porque eu não conseguiria pará-lo agora e nem ao menos sei se quero fazer isto.
Meus pensamentos rapidamente são mandados para o espaço, quando ele deposita um pequeno beijo no canto de minha boca. Depois no outro canto, apenas provocando, me torturando. Seu polegar desenha a curvatura dos meus lábios enquanto Ren me olha de um jeito diferente, um que eu nunca havia experimentado antes.
Não sei se é pelo fato do álcool estar começando a fazer efeito, mas algo brilha atrás daquele lindo misto de castanho, verde e amarelo. Algo muito parecido com desejo e excitação pura.
Então sem muita demora seus lábios selam os meus, em um beijo exigente e cheio de desejo. Sua boca se move sob a minha, enquanto sua língua brinca com a minha e com meus dentes. Eu poderia achar esse movimento estranho vindo de qualquer outra pessoa, mas vindo dele é ainda mais sensual e atrativo.
Minhas mãos ganham vida e agarram sua camisa com força, colando seu corpo quente ainda mais ao meu sob a porta do banheiro.
Meu coração está disparado dentro do peito, enquanto Ren inclina a cabeça para mudar o ângulo do beijo. Tentando mais acesso a minha boca, suspiro enquanto ele desce beijos ardentes pelo meu pescoço até chegar ao topo dos seios para logo voltar a capturar minha boca novamente.
Seus lábios são exigentes e duros contra os meus, algumas vezes machucando minha boca. Mas estou longe de me importar com isto no momento, meus dedos se cravam em suas costas sob a camisa e ele solta um pequeno gemido abafado que acaba por afastar nossas bocas.
Um sorriso bêbado e convencido se espalha por meus lábios, enquanto ele me olha com confusão dominando os olhos castanhos, parecendo não saber o que exatamente estamos fazendo ou como ele veio parar aqui comigo, em um banheiro minúsculo e aos beijos no escuro.
Quando Ren finalmente nota que está segurando meu corpo prensado a porta e à ele, se afasta sacudindo levemente a cabeça, como se realmente estivesse perdido e não soubesse ou tivesse consciência do que está fazendo.
Acho que se eu não estivesse em frente a porta neste momento, ele já teria passado por ela na velocidade de um raio.
- Relaxa Ren, foi só a droga de um beijo - me forço a dizer e torço para que minha voz não transmita meu desapontamento, depois de vê-lo olhar para o nada em silêncio depois de muito tempo.
Me arrasto sob a porta e espremo-me contra ele e a pia do banheiro para passar para o lado e lhe abrir espaço, enquanto Ren se retraí na parede, como se eu tivesse uma doença contagiosa e pudesse passar para ele com um mínimo toque.
Meus olhos se enchem de lágrimas, mas Ren não parece notar já que seus olhos estão fixos na maldita pia de granito a sua frente. E então sem dizer mais nada ele sai do banheiro, me deixando ali completamente sozinha, violada e desgrenhada.
Como eu não queria ou muito menos estava pronta para encarar Ren depois daquele beijo pós fuga no banheiro ontem à noite, menti para papai dizendo que não estava muito bem para que pudesse faltar as aulas hoje e talvez amanhã.
Então ele apenas me deu uma grande bronca sobre minha total irresponsabilidade de ir a festas no meio da semana e beber sem consciência alguma. E que estas são as circunstâncias da minha decisão, mas logo no instante seguinte ele se abaixou ao meu lado na cama os olhos escuros mudando rapidamente de indignação para preocupação e perguntou se eu realmente estava bem, se precisaria de alguma coisa e até mesmo se eu deveria ir ao médico. O que me fez rir com vontade, papai tenta ser durão comigo a maior parte do tempo mas ele acaba não conseguindo e eu amo isso nele.
Então depois de algum tempo eu finalmente o convenci de que ficaria bem sozinha e que ligaria se eu precisasse de algo, o que o deu por convencido e o fez sair para trabalhar.
Mastigo mais uma colherada do meu cereal a minha frente, enquanto me lembro do beijo quente de Ren ontem mas então meu coração volta a doer quando me lembro dele me olhando com confusão ou como se eu fosse asquerosa demais. Meus olhos novamente começam a arder e lacrimejar, sei que é idiota e odeio me sentir assim ainda mais por algo banal. Mas sua atitude me feriu, a escolha que ele fez no instante seguinte depois de me beijar me feriu.
Depois de ser deixada toda desgrenhada ontem naquele maldito banheiro, decidi que a festa tinha acabado no momento em que fiquei naquele pequeno espaço com meu melhor amigo. E então depois de chorar um pouquinho e terminar de borrar a maquiagem decidi criar coragem pedir um Uber e voltar para casa.
Acabei chorando a noite inteira o que me acarretou olhos inchados ao amanhecer, mas por mais que eu tenha tentado não pensar nisso os meus pensamentos ficando indo e vindo, ora pensando nele, ora pensando no maldito beijo que trocamos. Meu humor oscilou a noite inteira, entre raiva, depois indignação e então tristeza.
Merda, o que eu estou fazendo?
Vou me esconder em casa só porque o maldito Ren Pierce me beijou, e depois decidiu que não queria mais? Ou simplesmente foi um erro?
Ele que vá a merda, eu não sou esse tipo de garota. E não vou me sujeitar a ser.
Término de comer rapidamente e corro para o quarto, vou chegar atrasada mas não me importo. Tomo um rápido banho quente e aproveito para lavar meus cabelos, quando saio do chuveiro me enrolo em uma toalha e retiro minha bolsa de maquiagem de dentro do armário abaixo da pia.
Ren vai se arrepender pelo resto da sua maldita vida medíocre a partir de hoje, ou eu não me chamo Lisa Colleman.
Me maqueiro sem pressa, e então visto meu uniforme da Green High. Arrumo meus cabelos ruivos, ajeitando seus cachos para que não fiquem volumosos de mais e então pego minha mochila para sair.
Chego ao estacionamento quando o sinal toca dentro do prédio da Green, os alunos correm desesperados enquanto eu percebo meu grupo de amigos do outro lado da grande área. Katy está sentada sob o capô do carro e Richard acomodado ao meio de duas pernas, enquanto minha amiga usa as costas do namorado como apoio para anotar algo em seu caderno.
Katy me vê e acena com um grande sorriso, ela me chama para que eu me junte a eles e eu nego com a cabeça apontando para o pulso e batendo com o indicador no mesmo por algumas vezes. Ren está encostado em seu carro parecendo distraído e até agora, não havia olhado para mim ou se quer percebido minha presença.
Seus olhos que estavam presos no chão, agora estão fixos aos meus. Acompanhando meus movimentos, e posso jurar que eles passearam rapidamente por alguns instantes pelas minhas pernas descobertas, mas não tenho absoluta certeza.
Em seu belo rosto parece haver uma completa confusão de emoções, mas os olhos castanhos demonstram arrependimento e medo explícito. Ele abre um sorriso para lá de forçado que eu me obrigo a retribuir, enquanto me esforço ao máximo para não revirar os olhos e lhe mostrar meu dedo médio enquanto lhe grito algumas ofensas bem merecidas.
Suas malditas palavras de alguns dias atrás queimam em minha mente.
Se você quer diversão, tudo bem. Eu posso dá-la a você, mais ninguém. Apenas a mim.
Maldito Ren Pierce e sua boca, juntamente com todo o resto dele. Foi ele quem me beijou e não ao contrário.
Alguém me chama, despertando-me dos meus pensamentos e faz com que Ren desfaça seu sorriso idiota e coloque uma carranca emburrada no rosto. Vejo que Katy cutuca seu gêmeo com um dos cotovelos e diz algo, no exato momento em que uma mão aventureira e corajosa pousa em minha cintura e então alguém deposita um beijo molhado em minha bochecha.
- Oi Lis - Elliot sussurra contra meu ouvido.
- Oi parceiro - digo um pouco sem graça, enquanto desvio meus olhos de Ren para o belo astro do futebol ao meu lado.
Me seguro com todas as forças, para realmente não levantar o braço e mostrar meu dedo médio para o meu melhor amigo do outro lado do estacionamento que nos observa atentamente.
Mas ao invés disto, como uma boa e educada garota dedico minha atenção à Elliot que parece gostar muito do que eu tenho a lhe oferecer. Percebo isso pelo seu sorriso largo e pela forma como seus olhos claros viajam por minha boca.
- Acho que posso facilmente me acostumar com isso - ele diz com uma leve risada rouca, enquanto coloca o braço sob os meus ombros, me puxando para mais perto de si e então me guia para dentro da escola.
Talvez ele não seja tão ruim assim quanto eu achava, penso comigo mesma. Isso pode ser mais interessante do que eu imaginava.
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