As 23:40 a chuva começou a cair. Eu observava a rua pela janela da casa do agente Jethro Gibbs. Em sua residência estávamos em três, eu, Tobias e ele. Tobias por sua vez dormia no quarto de hóspedes.

Já meu namorado se encontrava na residência do agente Mcgee, ele mesmo decidiu assim e eu apenas aceitei.

Gibbs: Vai ficar com os pés cansados assim.

Débora: Não consigo dormir.- inquieta.- Estive em tantas missões e essa conseguiu tirar meu sono.

Me viro pra ele.

Débora: Não é igual a uma tocaia.

Gibbs: Ja esteve em muitas pelo visto.

Débora: Sim.

Gibbs: Pra onde você ja foi?

Débora: Confidencial, agente Gibbs.

Ele da uma leve risada.

Débora: Maioria das suas foi no Afeganistão, vocês tem um sério problema com esse local.

Gibbs: Quando não é com eles é com os russos. E eles são mais difíceis de enfrentar.

Débora : Um oponente a altura do Leroy Jethro Gibbs?

Gibbs: Ninguém esta a minha altura.

Débora: Sempre foi confiante dessa forma?

Ele bebe um gole de uma garrafa de vinho.

Gibbs: Apenas tenho uma determinação muito grande, meu objetivo é proteger meu país.

Débora: Já escutei muitas histórias sobre você e principalmente as reclamações, você tem uma imagem um pouco-

Gibbs: Desagradável?

Débora: Eu ia dizer rebelde.

Gibbs: Estaria sendo boazinha, eu sei bem que minhas atitudes não tem sido as melhores, mas salvaram concluíram a missão. Claro, até mesmos os mais inteligentes da agência não ajudam. Ja vi afundar um navio ao invés de salvar. Morrer pelo país dessa forma, me irrita.

Débora: Do nosso lado acontece também, faz parte.

Gibbs: Acha que sacrificar dessa forma é certo?

Débora: Não, mas se você se revoltar contra eles, você perde seu cargo prejudicando sua equipe. Ja me revoltei com os meus negociadores e eles tinham Harry na palma da mão, era meu parceiro também e morreu. Desde então aprendi a ter limites.

Gibbs: Funcionou?

Débora: Não.

Gibbs: Por isso não coloco limites.

Débora: Mas, você é obrigado pelo diretor.

Gibbs: Infelizmente, isso muitas vezes me irrita. Mas chega de falar de missão. Precisa reconhecer que esta cansada e descansar.

Ele insistiu e eu me sentei no sofá. Meus olhos vagaram pela casa e avistei uma foto dele com uma mulher e uma criança.

Débora: Achei que era solteiro.

Gibbs: O quê?

Apontei com o queixo e ele olhou de imediato.

Gibbs: Já fui casado. Depois me tornei viúvo.

Débora: O que aconteceu?

Gibbs: Shannon havia feito uma denuncia sobre um assassinato. E assim ela e Kelly  foram assassinadas.

Nada falei.

Gibbs: Eu fiz a minha missão sozinho, em busca de vingança e fechei o caso.

Coloco um pouco de vinho na taça.

Gibbs: Você era mais nova do que a Kelly, ela faleceu com 8 anos. Certamente você sentiu inveja das outras crianças.

Débora: Não quero falar sobre isso.

Gibbs: Tudo bem.- disse. Em um momento de silêncio ele ri.

Débora: O que foi?

Gibbs: Você queria saber se eu era solteiro.

Débora: Você mora sozinho.

Gibbs: Mas tive três esposas. Duas foi o meu castigo.

Débora: Pra ter tido mais duas certamente você não é bom nisso.

Gibbs: Como é?- incrédulo. - Eu sou um bom homem, elas que eram malucas!

Débora: Aham, sei, vou fingir que acredito.

Gibbs: É a verdade.

Débora: E o que a segunda esposa fez pra vocês se divorciarem?

Gibbs: Diane Sterling esgotou a conta bancária e pediu o divórcio.

Débora: Uma mulher interesseira?- perguntei. - Ja vi vários casos assim, mas nunca imaginei que poderia levar uma rasteira de uma mulher.

Gibbs: Você só teve um namorado?

Débora: Não, Carlos foi o segundo, o primeiro durou sete meses.

Gibbs: Por que terminaram?

Débora: Ele me traiu com a melhor amiga dele, por isso detesto amizades entre ex.

Gibbs: Sei bem como você se sente.

Débora: Por quê?

Gibbs: Entramos na história da terceira esposa maluca, Rebecca Chase , ela me traiu com um amigo.

Débora: Quem seria louco de te confrontar assim?

Gibbs: Tobias.

Débora: O agente Fornell?- perplexa. - Uau, e ele ta inteiro?

Gibbs: Quer uma dica?- perguntou. - Não se case.

Débora: Para, Carlos nunca iria me trair, diferente das suas esposas birutas ele não é louco. Ja quebrei o carro dele uma vez com um martelo.

Gibbs me olhou surpreso.

Débora: Houve um tempo que ele era ganancioso, e entre sua namorada e o dinheiro, escolheu o dinheiro e eu quebrei o carro.

Gibbs: Vocês são loucas por natureza?

Débora: Ninguém mandou ele falar que a prioridade era o dinheiro. Eu não aceitei namorar o tio patinhas, e se ele achou que podia me fazer de boba se enganou. E não o defenda.

Gibbs: Não sou louco de ter minha casa quebrada.

Termino de beber o vinho na taça.

Débora: Mas, ele se reconciliou. Falou sobre casamento, tudo depende da pessoa certa, não é?

Leroy Jethro Gibbs

Mas sua expressão mudou.

Débora: Eu vou tentar descansar.

Aos poucos adormeceu, a cubro com o cobertor e me deito no colchão. Olho para o teto pensando na minha falecida esposa e minha filha.

Embora eu achasse loucura casar, eu não era um homem que não amaria sem esse objetivo. Mas assim como ela , a idéia parecia apenas um pensamento sem a possibilidade de se tornar real.

(...)

Naquela madrugada eu tive um sonho ou melhor dizendo... um pesadelo...

A minha equipe estava comigo, chegamos em um local e nos divimos, era um estacionamento, nele cheguei no décimo quinto andar. Chegando nele vi Eryx, segurando em cima dele com as mãos firmes, Débora.

Estava gravemente ferida e respirava com dificuldade.

Gibbs: Mãos pra-

Antes de terminar de falar e apontar a arma, ele a jogou , eu avancei, naquele momento ele desapareceu como névoa, e do parapeito eu a vi no chão coberta por rosas vermelhas. Olhei para trás ao escutar uma risada e uma silhueta desapareceu.

Ao despertar assustado, olhei para o sofá. Fox dormia tranquilamente, o sono havia vencido. Mas ao olhar para ela me lembrava da cena, a qual se repetia várias vezes na minha cabeça.

Havíamos feito um acordo entre Débora Martinez e Carlos Beuamont sobre o NCIS e o FBI, trabalho em equipe pela liberdade dos dois, tirando as acusações por ajudar ambas agências.

Mas eu tinha que ter em mente que ela era só uma peça descartável para Eryx, seu real objetivo era Carlos.

Continua...