Capítulo 60

Estávamos dentro deste carro á mais ou menos uma hora, nenhum de nós dizia uma palavra, também não havia nada para falar, pelo menos da minha parte. Os seguranças do Axel vinham num carro atrás de nós e outro á nossa frente, ao deixar o carro onde estávamos no meio deles. Eu não sei, para onde é que ele está a levar-me, mas confesso que tenho medo, que o Axel esteja a enganar-me e que esteja a levar-me de volta para Boston. As palavras do Axel, pareciam sinceras, quando ele disse que queria só falar comigo, que queria apenas uma oportunidade para se explicar. O Axel infelizmente, como pai da minha filha, eu vou dar-lhe essa oportunidade, não é por ele ou por mim, e sim pela minha filha!

-Estás bem? Estás confortável, não tens frio? –Questiona o Axel, ao interromper este silêncio maravilhoso.

-Eu estou bem! –Exclamo, ao continuar a olhar para a rua.

O Axel não disse mais nada, apenas calou-se e continuou a conduzir. A minha filha estava quieta por enquanto, ela deve de estar a dormir, mas sei que daqui a pouco ela está a mexer-me como sempre! Normalmente por volta das 20 ou 21 horas da noite, a minha princesa mexe-se assim de repente, como se tivesse acordado de algum pesadelo. Eu não sei se isso pode ser fome ou alguma coisa parecida. Ela está aqui dentro de mim, eu não sei se ela pode ter esse tipo de vontades ou se ela pode ter sonhos... Eu ando a pesquisar algumas coisas, em relação á gravidez e digamos que á mais prioridades de pesquisa que outras. Com a gravidez dela, passei a ter muitos desejos e especialmente de fruta com natas, como muitas vezes morangos com natas ou até mesmo manga com natas, são umas das minhas frutas preferidas. Não sei, são aqueles desejos de grávidas, não conseguímos impedir.

Vejo os seguranças do Axel a parem e a fazerem sinais de luzes, em direção ao parque de estacionamento. Isso quer dizer que acabamos de chegar, finalmente, depois de tanto tempo aqui dentro deste carro! O Axel arruma o carro no parque de estacionamento, desliga o carro e mantem-se em silêncio, enquanto eu tirava o meu cinto.

-Ashley... –Ouço a voz dele a chamar por mim, viro o olhar até ao Axel e o mesmo olhava para mim com um ar calmo, mas ao mesmo tempo nervoso. –Eu preciso que tu ponhas uma venda nos olhos, eu quero fazer-te uma surpresa. –Murmura.

-Axel eu estou grávida, tu já imaginas-te se eu cair e bater com a barriga? Já imaginas-te o que pode acontecer? –Questiono chateada. Era só o que me faltava agora! Será que o Axel, não tem a noção do que pode acontecer, por causa dessa venda?

-Eu seria incapaz, de fazer-te mal a ti ou ao bebé. –Responde seriamente.

-Pois, mas és capaz de obrigar-me a casar contigo e veres a minha infelicidade, claro. –Respondo ironicamente, em forma de indireta.

-Por favor Ashley, esquece isso só por um pouco e vamos falar. –Pede-me, num tom suplicante.

-Está bem, mas com cuidado! –Exclamo. Não gosto da ideia de ter os olhos tapados, eu tenho medo que a qualquer momento, ele se aproveite e me leve de volta para a casa dele! Nesta pessoa, nunca se pode confiar!

-Claro que sim. –O Axel estende-me a venda e a coloco. Eu não gosto nada desta ideia, de ter que caminhar com os olhos vendados, eu não tenho confiança nenhuma no Axel, para me guiar de olhos vendados! –Fica aqui, que eu vou abrir a porta. –Ouço a porta do carro a abrir-se e a fechar.

Eu espero que o Axel não esteja a enganar-me, porque se não, ele não imagina o que eu poderei fazer! Assusto-me, após ouvir a porta do carro a abrir-se ao meu lado direito. Mesmo com os olhos vendados, apalpo as coisas até chegar ao cinto de segurança e o tiro. Sinto a mão do Axel, a pegar na minha mão e a puxar-me, para ajudar-me a sair do carro. Com cuidado, eu e o Axel caminhávamos por algum lado, em passos curtos e devagar. O Axel guiava-me com uma mão nas minhas costas e a outra estava de mão, dada com a minha. Eu estava nervosa e ao mesmo tempo preocupada. Eu não consigo confiar no Axel, depois de tudo o que ele já me fez, eu tenho medo que ele esteja simplesmente a mentir-me e que esteja a querer encontrar uma maneira, de levar-me para Boston da maneira mais folgar! E não conseguir ver nada á minha volta, deixava-me ainda mais nervosa! Tudo o que vier do Axel, já não me admira e não me surpreende.

-Boa noite senhor Clark. –Ouço a voz de um homem.

-Boa noite, o que eu pedi está pronto? –Questiona o Axel. Mas o que é que ele pedio? Para quê tanto suspense?

-Sim senhor.

-Obrigada. –Agradece o Axel e voltamos a andar. Este suspense tudo está a dar comigo em maluca, apetece-me tirar esta venda e ver tudo o que estava á minha volta! Eu acho que tudo á minha volta, estava muito silencioso, até demais!

-Cuidado com os pés. –Apalpo com os pés, para ver onde estava a pisar e sinto que isto era um coiso de um elevador... que estranho. O Axel guia-me, até encostar-me totalmente contra a parede.

-Já posso tirar isto dos olhos? –Questiono.

-Não, tens que esperar. –Responde. Sinto a turbulência do elevador, a começar a subir. Isto tudo fica cada vez mais e mais estranho! Mas pelo menos, já fico um pouco descansada, por saber que estamos num elevador e que ele não está a levar-me, para dentro de um outro carro.

-Estás muito estranho... –Sussurro baixinho, mesmo tapada por uma venda.

-Por quê? –Questiona num riso.

-Porque estás calmo, porque eu estou a achar isto muito estranho! Apareces assim do nada, aqui em Portland e de repente, decides pedir-me uma oportunidade. –Explico-lhe agressiva. O Axel não dizia nada, conseguia apenas ouvir as nossas respirações profundas, dentro destas quadros paredes. –Isto tudo, está muito estranho!

-Eu apenas quero uma conversa contigo. –É tudo o que ele responde, após ouvir o sinal do elevador, a entender que tínhamos chegado até a um andar qualquer. –Vamos. –Responde, ao segurar na minha mão mais uma vez.

O Axel e eu saímos do elevador e continuamos a andar, por algum lugar desconhecido. Confesso que estava interessada, em saber mais sobre o por quê do Axel querer uma conversa comigo, após 4 meses afastados! Eu duvido, que o Axel esteja arrependido, porque se antes ele não se importava com o que eu sentia, então agora muito menos! O Axel não se importa com os sentimentos de ninguém, ele não se importou de obrigar-me a casar com ele, sabendo que não era aquilo que eu queria! O Axel não se importou um pouco sequer comigo, por ver que eu perdi o meu sonho de ser arquiteta de interiores, por causa dele! O Axel nunca se importou, pelas vezes que eu chorava, implorava e pedia-lhe, para que ele me deixa-se ir embora, nunca! O Axel não se importou, ao ameaçar-me com os meus pais, aliás com todos á minha volta, ele não se importou o mínimo que fosse, sobre aquilo que eu poderia estar a sentir! Nunca se importou, desde que o Axel tivesse aquilo que ele queria!

Ouço o barulho de uma porta a abrir, o Axel guiava-me por algures... Sinto um arrepio estranho a passar por mim, era como se houvesse uma janela aberta aqui á minha volta, era uma espécie de corrente de ar.

-Podes tirar a venda. –Finalmente!

Finalmente, tiro aquela venda dos meus olhos e surpreendo-me, com o que estava á minha frente. Eu não acredito... O Axel preparou um jantar para nós os dois, na varanda de um hotel, ás luzes das velas e de umas luzes á volta! Os ramos de flores, á volta da varanda, enfeitados por luzes... as velas acesas á volta da varanda, dava um aspeto mais e mais romântico. Tenho a iniciativa, de aproximar-me daquela mesa retunda, com uma toalha de ceda branca e com algumas pétalas de rosas espalhadas á volta. Havia dois sofás vermelhos, confortáveis, em cada lado da mesa, para mim e para o Axel. Esta, é a primeira vez, que eu vejo o Axel, a ser assim tão romântico comigo...

-O que é isto? –Questiono, ao virar-me de frente para ele e cruzo os meus braços, á procura do meu próprio calor corpural.

-Isto, é um jantar para nós. –Responde, ao sorrir para mim.

-Axel, não é com este tipo de surpresas, que vais pensar que vou voltar para ti assim! –Exclamo.

-Não vamos pensar sobre isso agora. Eu vou buscar um casaco para ti. –O Axel nem sequer esperou por alguma resposta minha e voltou a entrar dentro do quarto. Viro-me mais uma vez, de frente para aquela linda paisagem á minha frente, eu confesso que o Axel esmerou-se para ter este lindo enfeite na varanda, claro que ele teve ajuda de alguém, ele não iria conseguir fazer isto sozinho, mas não vou mostrar-lhe isso! –Está aqui! –Exclama atrás de mim. Viro-me para ele, que trazia nas mãos um casaco grande, de pelo branco e estende-me ao ajudar-me a vesti-lo. O casaco era quente, era todo coberto de pelos, vai manter-me quente a mim e á minha filha durante o jantar! –Vamos sentar-nos? –Questiona, ao apontar para a mesa.

-Claro. –Respondo e caminho até á mesa. Puxo um pouco aquele sofá para trás e sento-me. O prato estava coberto por uma cobertura cinzenta, que devia de estar a proteger o prato do fresco da noite e confesso, que isto estava a deixar o seu interesse. –O que é o jantar? –Questiono, para aliviar um pouco este clima estranho, que havia entre nós.

-Eu pedi para fazerem ravioli, com molho de tomate. –Responde.

-Espero gostar! –Tiro aquela cobertura cinzenta e vejo um prato com um aspeto maravilhoso e saboroso. Aquele prato, deixava água na boca a qualquer sim e então aquele cheirinho... maravilhoso! –Isto tem um ótimo aspeto. –Elogio com um sorriso nos meus lábios. Pego no garfo, corto um pouco do ravioli e o levo á boca. Hm... aquilo tinha um sabor ainda melhor que a vista, aquilo parecia que era o paraíso em comida! –Isto está maravilhoso! –Exclamo ao continuar a comer.

-Ainda bem que gostas-te, mandei fazer uma coisa nova para experimentares! –Argumenta.

-Boa escolha. –Continuava a comer.

-Ashley... –Levanto o olhar até ele. –Eu pedi ajuda para esta surpresa, porque á coisas que nós ainda temos que esclarecer e falar.

-Axel... não á mais nada para falar. –Pouso os talheres e encosto-me para trás. –Tu és o pai da minha filha, vamos divorciar-nos e cada um segue o seu caminho. –Vejo um sorriso enorme, a abrir-se nos lábios dele e olhava para mim com aqueles olhinhos azuis claros, que brilhavam no escuro. Por que é que ele está a rir-se?

-Isso... isso quer que estás grávida de uma menina? Vai ser a nossa princesa? –Questiona alegremente e surpreso ao mesmo tempo.

-Sim. Eu descobri á dois dias atrás, que vou ter uma menina, a minha princesa! –Exclamo alegre.

-Eu não acredito, que vou ser pai, de uma pequena princesa...

O Axel estava tão surpreso, que parecia um miúdo autêntico, aquele sorriso nos lábios, parecia que se abria aos poucos e poucos, mais e mais! Nota-se que ele estava feliz, por saber que iria ser pai de uma menina. Eu pensava que ele queria um menino, vistos que ele precisa de um "herdeiro" para continuar a linhagem da vida dele, mas parece que eu estava enganada.

-Sim. –Respondo ao esfregar a minha mão, pela minha barriga.

-Ashley, nós não podemos nos divorciar! Nós temos que criar a nossa filha, juntos! –Exclama, como se aquilo suasse obvio.

-Não Axel. Nós não vamos criar, a nossa filha juntos! Tu vais assinar os papeis do divórcio e cada um vai seguir com a sua vida!

-Ashley...

-Axel, não! –Exclamo ao interrompe-lo. –Axel, o que aconteceu entre nós, ficou no passado! Eu não quero uma guerra contigo, isso não é saudável nem para mim e muito menos para nossa filha, nascer e crescer numa guerra entre os pais. Eu quero que tu assines os papeis do divórcio, não te impeço de veres a menina, podes a ver sempre que quiseres e depois iremos decidir as coisas com o tempo. –Informo.

-Ashley, eu não vou ficar separado da minha filha e muito menos, ficar separado da mulher que eu amo! –A minha boca abre-se de espanto, ao ouvir a declaração dele perante de mim. Parecia que aquelas palavras, estivessem a abrir alguma coisa aqui dentro do meu peito, havia algo no meu pescoço que parecia que saltava por todo o lado, era como se o meu coração estivesse feliz com a declaração dele. Esta é a primeira vez, que eu ouço o Axel a dizer que me ama, mas uma pessoa que ama outra, não faz aquilo que ele fez! Mas como pode alguém amar-me e fazer aquilo que ele fez?

-Axel, tu não me amas, porque se tu me amasses, não fazias aquilo que tu fizeste! Tu compraste-me, tu obrigaste-me a casar contigo, tu viste o meu sofrimento enquanto eu estava naquela casa e tu não fizeste nada! Tu mandavas na minha vida dentro daquela casa, tu exigias regras sobre mim naquela casa, tu fazias de tudo para eu não ter amigos, tudo isso para quê? Para nada! Tu destruis-te a minha vida. Eu tenho apenas 19 anos e olha onde é que eu estou?! Longe de casa, longe da universidade, longe das pessoas que eu amo, longe do meu sonho e sobre tudo grávida! Eu não me arrependo de ter escolhido continuar com esta gravidez, a minha filha não tem culpa de nada, ela é a única coisa que tu me deste de melhor!! –Argumento. Com toda a certeza, eu não estou arrependida de ter continuado com a gravidez para a frente, a minha filha é a minha melhor alegria, é maravilhoso sentir este pequeno ser humano a mexer dentro de mim, ver o quanto ela cresce dentro de mim... é maravilhoso esta sensação!

-Ashley, deixa-me explicar tudo desde do inicio. –Pede num tom de suplicação.

-Força, explica. –Murmuro ironicamente.

-É verdade, que eu fiz o empréstimo ao teu pai. –Começa. –O teu pai começou a ficar viciado no jogo, cada vez que perdia, ele vinha até mim pedir mais e mais dinheiro para jogar. Eu sou dono daquele casino e como tal, ele vinha até mim para pedir dinheiro para poder jogar e pagar as dividas ao jogo, que ficava a dever ás pessoas!

-Tu não devias de ter aceitado, dar mais dinheiro ao meu pai! Sabias perfeitamente que o meu pai, não tinha dinheiro para pagar! –Exclamo irritada.

-Uma noite, eu estava chateado por causa de uns problemas na empresa, estava na estrada para chegar até ao casino e vejo-te a ti e ao teu pai na rua. Apesar do teu pai, ser segurança na minha empresa, eu nunca te tinha visto como filha dele, mas naquele dia eu soube logo nesse momento, que eras tu a filha dele e fiquei... podemos dizer fascinado. Porque quando eu olhei para ti a sorrir, mais o teu pai, o meu humor de raiva tinha desaparecido por completo. Fiquei hipnotizado naquele sorriso, foi a partir daquele momento, que eu comecei a pensar mais, e mais, e mais em ti e na possibilidade de te ter junto a mim. Ne...

-Tu só podes a sonhar Axel, não é por me veres na rua, que vais ficar fascinado! Tu não me conheces de lado nenhum! –Exclamo irritada. Claro, agora faz sentido, de onde é que ele sabe da minha existência.

-Nessa mesma noite, quando eu cheguei ao casino, eu já sabia que o teu pai iria vir até mim pedir mais dinheiro. –Continua, ao ignorar completamente o que eu tinha dito. –A minha surpresa foi que, o teu pai não veio pedir dinheiro para o jogo e sim para poder pagar as prestações que devia, á dois meses da tua escola. –Baixo o olhar até ao prato vazio. Então, o que a minha mãe tinha dito era verdade, eles já deviam dois meses de atraso á universidade e eu nunca soube de nada! Como é que eu nunca soube de nada? A diretora da escola, nunca veio até mim dizer que os pagamentos estavam atrasados, ela nunca falou comigo e nunca recebemos cartas em casa!

-Não é possível... –Sussurro baixinho, ao sentir as lágrimas a formarem-se nos meus olhos.

-O teu pai já me devia 100 mil dólares, ele pedi-o dinheiro e eu aceitei ajudar a pagar, mas em troca...

-Eu teria casar contigo. –Respondo, ao finalizar a frase dele. –Tu foste capaz, de trocar dinheiro por mim Axel! –Exclamo num sussurro, ao deixar as lágrimas escorrem pela minha cara.

-Eu sei que errei Ashley, mas depois daquele momento na lua de mel, eu percebi que já estava apaixonado por ti á muito tempo.

-Não Axel... tu não me amas! Porque se tu me amasses, não fazias isto! Se tu gostasses mesmo de mim, irias tentar conhecer-me, irias tentar aproximar-te de mim aos poucos e poucos e ai sim, depois poderíamos ter amigos. Mas o que tu fizeste, foi muito baixo... foi nojento! –Limpo as lágrimas, que escorriam pela minha cara.

-Ashley acredita, pelo menos uma vez... eu amo-te sim! Eu recusava a aceitar que tinha qualquer tipo de sentimentos por ti, tu tiravas o pior de mim quando fazias questão de desobedecer ás minhas ordens e quando insistias, em tentar fugir de mim! Mas depois daquela noite na lua de mel, eu percebi que já estava apaixonado por ti! –Explica, ao olhar para mim em pânico.

-E estás á espera que eu faça o quê? Dizer, ainda bem para ti? Dizer que te vou perdoar? Não Axel, não... as coisas não funcionam assim! –Levanto-me do sofá e caminho até á beira da varanda. –Durante dias e dias, eu passei aquelas noites em branco a chorar por tua causa, eu passei um mês fechada do quarto arrependida, daquilo que nós os dois tínhamos feito na lua de mel. É claro, que eu não te vou perdoar Axel! –Exclamo confiante, ao virar-me mais uma vez para ele. O Axel, ainda sentado, olhava para mim com um ar triste e parecia completamente em pânico.

-Ashley por favor... –O Axel levanta-se do sofá e caminha na minha direção. –Ashley, eu sei que eu não tive a melhor das atitudes, mas naquela altura foi a primeira coisa que eu pensei, naquele momento!

-Porque tu queres passar por cima de tudo e de todos, para teres aquilo que queres! Nem que para isso, tivesses que passar por cima da minha felicidade... Não é Axel? Tu viste o meu sofrimento, naquele dia no casamento, o meu pânico e não fizeste nada! NADA! –Exclamo exaltada.

-Ashley, acalma-te olha a menina... –Murmura, ao dar um passo na minha direção.

-Não te aproximes! –Exclamo ao por a minha mão á frente do meu corpo, para o impedir de se aproximar. –Eu não te quero perto de mim, perto da minha filha! Eu quero, que tu desapareças para sempre!

-Ashley, tu tens que te acalmar... –Suplica.

-Eu nunca... mas nunca vou-te perdoar Axel. –Deixo uma lágrima escorrer pela minha cara. –Porque eu pedi-te, inúmeras vezes, para deixares ir-me embora e o que é que tu fizeste? Nada! Tu continuas-te a ameaçar-me e a ameaçar-me, até prenderes os meus pais tu fizeste, para poderes ter alguma coisa para me chatear a ficar contigo! Tu estás á espera que eu esqueça? Que eu faça de conta, que nada aconteceu? É isso que tu queres? –Questiono. O Axel não dizia nada, apenas olhava para mim nervoso, em pânico e olhava muitas vezes para a minha barriga. –Mas isso não vai acontecer, porque eu não te vou perdoar.

-Ashley... –A minha boca abre-se de espanto, ao ver pela primeira o Axel a chorar á minha frente. –Eu peço-te por tudo, não faças por mim, faz pela nossa filha... perdoa-me. Eu sei que errei, eu sei que não devia de ter feito aquela proposta, de te trocar pelo o dinheiro, eu sei que não devia de ter-te obrigado a casar comigo... mas eu peço-te por favor, uma oportunidade, uma última oportunidade de deixares mostrar que eu amo-te e que podemos ser felizes!

Parecia que a minha voz, tinha desaparecido, nada saia da minha boca, nadinha... Eu não sabia o que fazer, eu tenho aquele homem á minha frente pedir-me uma oportunidade, aquele homem que destrui-o a minha vida e não pensou em mim uma única vez! Viro-me de costas para ele, não consigo segurar as lágrimas por muito mais tempo e começo a chorar. O Axel nunca devia de ter aparecido, o Axel devia de ter continuado em Boston, nunca devia de ter tentado descobrir onde é que eu estava... Isto só veio a piorar ainda mais esta situação!

Curvo-me toda para a frente, ao sentir uma forte dor, por baixo na barriga e o meu primeiro reflexo, é colocar a mão no sítio onde me doía. Mas o que é que se passa?

-Ashley! –Sinto os braços do Axel no meu corpo. –Ashley o que se passa? –Pergunta preocupado.

-Axel, doí-me aqui por baixo! Axel, por favor a minha filha! –Eu estava em pânico, aquelas dores não eram normais, eu nunca tive uma dor assim! Eu estava com medo, que estivesse a acontecer alguma coisa com a minha filha, eu não iria aguentar se alguma coisa acontecesse com a minha filha por minha causa ou se eu estivesse a perde-la.

-Vamos deitar na cama Ashley. –Sinto um dos braços dele nas minhas costas, o braço nas minhas pernas e num segundo eu já estava no colo dele.

-Axel, eu não quero perder a minha filha! –Exclamo em pânico, eu estava assustada, com medo que alguma coisa estivesse a acontecer com ela! A dor era persistente, estava a doer-me muito! Era como se alguma coisa, estivesse a espetar dentro de mim!

-Tem calma Ashley, tens que tentar acalmar-te... –O Axel coloca-me em cima da cama devagar e olha para a minha mão, que segurava a minha barriga por baixo. –Deixa-me ver Ashley. –Pede.

-Axel... por favor faz alguma coisa, eu não quero perder a minha filha. –Suplicava em pânico, ao mesmo tempo que chorava sem conseguir parar, eu só quero que esta dor pare, eu estava com medo!

-Espera. –O Axel levanta-se da cama e caminha até ao fundo do quarto. O que é que eu faço se alguma coisa acontecer á minha filha? O que é que vai ser de mim, se acontecer alguma coisa com a minha filha? –Toma. –O Axel estende-me um copo de água. –Tenta acalmar-te primeiro, isso pode ser dos nervos, tu estás muito nervosa. –Pego no copo e bebo a água toda.

O Axel cauteloso, senta-se na cama ao meu lado e olhava para mim preocupado. O Axel coloca a mão dele na minha barriga, levo o meu olhar até ele e o mesmo olhava fixamente para a minha barriga. O Axel passava a mão para cima e para baixo pela minha barriga, como se aqueles movimentos dele conseguissem acalmar a minha dor. Por mais estranho que pareça, aquela dor que eu sentia, estava a acalmar-se e mais estranho era, de saber que era o próprio Axel, que estava a acalmar a minha dor.

-Ashley, tu estás nervosa, tu precisas de pensar na nossa filha... –Eu olhava para ele surpresa e espantada ao mesmo tempo. Como é que ele consegui-o acalmar esta dor que eu sentia?

-Como é que tu conseguiste acalmar, esta dor? –Questiono num sussurro.

-Por mais estranho que pareça... quando eu descobri que estavas grávida, enquanto eu tentava procurar-te, eu li muitos livros sobre gravidez e em certos livros, dizia que uma dor por baixo na barriga, poderia ser dos nervos, a mãe estar irritada... seria pior se saísse sangue. –Responde, ao continuar a passar a mão dele pela minha barriga. –Com a nossa discucão, eu percebi que só poderias estar nervosa e só fiz o que eu li naqueles livros.

-Eu nunca pensei. –Murmuro espantada. Quem diria que o Axel iria fazer isto...

-Olha, seria melhor dormires, passas aqui a noite no hotel e amanhã, com mais calma, nós voltamos a falar, sem discutir. –Responde ao sorrir para mim.

-Eu já estou bem, eu já posso ir para casa. –Respondo nervosa.

-Ashley, podes dormir aqui no quarto, aqui na cama, eu durmo no chão. Eu não vou tocar-te, eu apenas quero dormir, nem que seja pela última vez, adormecer ao sentir a tua barriga. –Responde num tom meio triste.

Os olhos do Axel brilhavam, misturados com a luz que vinha da varanda, era estranho estarmos assim neste preciso momento... Eu sentia que aquele olhar era sincero, eu conseguia ver o quanto o Axel estava triste... e o pedido dele era como se fosse uma suplicação. Por mais que eu não soubesse o que havia de fazer, eu não queria que ele ficava afastado da nossa filha, eu também não iria gostar que me fizessem isso.

-Está bem. –Murmuro ao sorrir fracamente para ele. –Não precisas de dormir no chão, a cama ainda é grande, á espaço para nós os dois. –Murmuro.

-Eu durmo no chão, não á problema. –Murmura ao levantar-se da cama. –Eu vou apagar as luzes e as velas lá fora, deita-te por baixo dos lençóis, está frio.

O Axel não espera pela minha resposta e sai do quarto em direção á varanda. Será que o Axel está mesmo arrependido por aquilo que ele fez? Será que eu deva dar-lhe mais uma oportunidade, pelo menos de tentar-mos aos poucos e poucos? Com todo o cuidado, levanto-me da cama devagar, ao ter cuidado com a minha barriga, sempre com a mão por baixo e puxo os lençóis para trás. Arranjo as almofadas, tiro o casaco de pelo, ao coloca-lo no fundo da cama e volto a deitar-me devagar. Tapo-me até um pouco a cima da barriga e olho para a varanda. O Axel fazia a volta toda á varanda, a apagar as velas e as luzes uma por uma. Eu nunca pensei vir a ver ou a viver este momento! Enquanto, eu vivi com o Axel naquela casa, ele só mostrava aquele lado mau, aquele lado possessivo e nunca aquele lado mais sentimental. Apesar de nos termos beijado várias vezes, de ter dormido agarrada a ele, dele ter-se preocupado comigo, é estranho ver este lado "romântico" dele para comigo. Será que ele está assim, porque sabe que eu estou grávida? Será que é porque eu o deixei? Ou será que é porque ele sente amor por mim?

-Prontos. –O Axel entra no quarto e fecha a janela enorme da varanda. –Agora podes dormir e tentar descansar um pouco. –O Axel caminha até mim e senta-se ao meu lado na cama. –Ainda tens dores? –Questiona preocupado.

-Não. Parece que o que tu leste nos livros, afinal resulta muito. –Comento, ao dar um pequeno sorriso.

-Eu fico contente, por ter conseguido ajudar. –Murmura. –Importas-te que eu toque, mais uma vez? Permites, que eu possa sentir a minha filha? –Questiona.

-Sim. –Puxo um pouco o lençol para baixo e deixo um pouco a minha barriga á mostra.

A barriga ainda não estava muito grande e felizmente, ainda não era desconfortável para conseguir dormir. Vejo o Axel olhar fixamente para a minha barriga, coberta pela minha camisola branca e aqueles olhinhos a brilhar. Eu sentia as lágrimas a formarem-se nos meus olhos, olho para a minha barriga e vejo os dedos dele a tocar na minha pele. O Axel coloca a mão dele, no lado esquerdo da minha barriga e fica a mexer os dedos dele para baixo e para cima. Era estranho, sentir os dedos dele na minha barriga, como se ele tivesse a tocar na nossa filha... era estranho sentir o toque dele, depois de 4 meses e meio, afastados um do outro.

-Olá filha, eu sou o teu pai, eu quero que saibas que eu já te amo muito, eu estou ansioso para te ver e ter-te aqui nos meus braços. –Sinto uma lágrimas a descer pela minha cara, sem aperceber-me que ela tinha caído sozinha. –Eu prometo que vou cuidar de ti e da tua maman também. Eu prometo. –Assusto-me, após sentir a minha filha a mexer dentro de mim. Eu acho que ela ficou "encantada" pela voz do pai e... não sei, foi como se ela estivesse a responder ás palavras dele. Eu nunca pensei, que poderia vir a assistir a este momento, a minha filha a mexer-se dentro de mim ao ouvir a voz do pai e muito menos pensei, em vir a sentir as mãos do Axel na minha barriga. –Ela mexeu-se! –Exclama o Axel animado, ao abrir um sorriso enorme de felicidade. O Axel levanta o olhar dele até mim, com um sorriso enorme, feliz, mas alguns segundos depois, o sorriso dele começa a desaparecer aos poucos. –Estás a chorar? –Questiona, ao levar a mão dele até á minha cara e limpa as lágrimas.

-Ando mais sensível, por causa da gravidez... acabo por chorar por tudo e por nada. –Murmuro.

-Eu não te quero ver a chorar! Descansa, tens que dormir mais a menina. –Murmura.

-Fazes-me um favor? –Questiono.

-Sim claro.

-Podes dar-me a minha mala, por favor? –Aponto para a minha mala, que estava em cima do sofá branco, no fundo do quarto.

-Claro. –O Axel levanta-se da cama e caminha até ao sofá. Eu já estava a esquecer-me, de avisar a minha madrinha que não iria dormir em casa, não quero que eles fiquem preocupados sem necessidade e claro que também não me custa nada avisar que vou dormir no hotel. Por mim, eu iria para casa, a dor já tinha acalmado e nunca me passou pela cabeça, que pudesse ser uma dor de nervosismo, mas parece que o Axel sabia. Eu não vejo necessidade nenhuma, em dormir aqui no hotel com ele, mas se ele fica mais descansado assim... que remédio! –Toma. –O Axel estende-me a minha mala.

-Obrigada. –Agradeço com um pequeno sorriso. Pego na minha mala e procuro pelo meu telemóvel.

-Precisas de alguma coisa em partilhar? –Questiona, ao voltar a sentar-se na cama, ao meu lado.

-Não, eu vou mandar uma mensagem á minha madrinha, a dizer que não vou dormir a casa, digo que estou contigo e que volto amanhã de manhã. Para eles não ficarem preocupados. –Informo, ao encontrar finalmente o meu telemóvel.

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De: Ashley

Data: 21 de abril de 2017 23:15

Para: Madrinha

Assunto: Sem assunto

Boa noite madrinha, eu quero pedir desculpa por estar a mandar mensagem a esta hora, mas eu queria dizer, que não vou dormir em casa. Eu e o Axel estamos aqui num hotel e ele pedio para dormir aqui no hotel, por causa da menina. O Axel quer sentir nem que seja pela última vez, a nossa filha dentro de mim e eu não iria sentir-me bem comigo mesma, se eu não deixa-se. Eu amanhã de manhã, volto para casa, prometo e explico tudo. Boa noite madrinha, dormem bem e até amanhã.

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Coloco o telemóvel em cima da mesinha ao lado da cama e volto a olhar para o Axel. O Axel mantinha o olhar dele na minha barriga, enquanto tocava para baixo e para cima, como se ele nunca tivesse visto nada assim.

-A tua madrinha disse alguma coisa? –Questiona.

-Não, ela já deve de estar a dormir a esta hora, mas eu deixei na mesma uma mensagem, só para eles não ficarem preocupados amanhã. –Murmuro.

-Bem, agora que já mandas-te mensagem, agora devias de dormir. –O Axel afasta-se da minha barriga e senta-se no chão.

-Não vais dormir no chão... –Sussurro.

-Eu não vou dormir na cama, eu posso magoar-te durante a noite e eu prefiro ficar assim de frente para a minha filha. –Murmura ao sorrir para mim.

-Quem vai sentir-se mal sou eu, por estares a dormir no chão.

-Não te preocupes, dorme...

Já sei que com ele, não vale a pena discutir, é sempre ele que ganha as coisas! Deito-me mais para baixo e fico virada de lado, para a janela. O Axel coloca a mão dele na minha barriga e fica a olhar para ela, ao mesmo tempo que passava a mão para cima e para baixo. Era estranho, estar assim com ele depois de tudo o que aconteceu... á umas horas atrás, eu só queria que o Axel assina-se os papeis do divórcio, para poder ver-me livre dele e agora olha onde é que nós estamos? Eu estou aqui, deitada nesta cama, com o Axel sentado no chão, a "mexer" na nossa filha. O que a minha madrinha me disse faz sentido, eu não posso nem sequer pensar na ideia, de separar o Axel da nossa filha! Eu acho que estava a exagerar, eu estou tão, zangada e irritada com ele, que nem sequer pensei nas consequências que isso poderia vir a trazer! Se o Axel não soubesse, onde é que eu estava, eu acho que nunca iria contar-lhe, que a nossa filha tinha nascido... iria ficar calada com medo, que ele me fosse tira-la dos meus braços! Mas agora... tudo o que o Axel quer é apenas uma nova oportunidade, uma nova oportunidade de mudar a vida dele, de começar uma vida nova a dois ou porque não a três?

Olho para o Axel e por incrível que pareça, não durou nem 10 minutos e já estava a dormir. O Axel tinha um ar cansado e nota-se que ele estava com olheiras. A luz da lua que entrava no quarto, era notável para ver bem o estado dele, coisa que eu não consegui ver com as luzes. O Axel estava com a cabeça na cama e mesmo assim, não largou a minha barriga, a mão dele continuava ali, junto á minha barriga, junto á nossa filha! Com cuidado, para não o acordar, estico-me e pego no casaco de pelo que estava no fundo da cama. Estava a sentir-me um pouco mal, por o ver a dormir ali no chão e eu aqui na cama! Pelo menos, vou tapa-lo para não ficar doente e nem apanhar frio. Volto a deitar-me, a olhar para ele enquanto dormia. O Axel parecia tão sereno e uma pessoa completamente diferente, daquela que ele foi durante aqueles dois meses que passou. Agora, o Axel está aqui a dormir no chão, quase agarrado á minha barriga... O que é que faço? Tento perdoa-lo ou... simplesmente sigo com o divórcio para a frente? Será que o que a minha madrinha disse, era verdade? Eu poderia estar a cometer um erro?

Coloco a minha mão, por cima da mão dele e fecho os olhos para tentar adormecer. Acho que pela primeira vez, eu vou dormir sem ter a minha filha a mexer-se muito!

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