Capítulo 45
Levanto a cabeça e levo as minhas mãos até á minha cara, para poder limpar e secar estas lágrimas de angústia. Estava a custar mais a mim, do que a outra pessoa qualquer. Não havia ninguém dentro desta casa, que poderia sentir a dor que eu estava a sentir, ninguém! Com cuidado, levanto-me do chão e caminho até á cama, onde estava estendido um vestido longo creme, com renda á volta e era extremamente bonito e simples! A Angel escolheu muito bem os dois vestidos, claro que eu acho um exagero total, ter dois vestidos e ainda por mais assim tão elegantes e aposto que devem ter sido caros!
Deixo o vestido deslizar pelo meu corpo, até chegar ao chão, saio de dentro dele e o coloco corretamente em cima da cama, para não estragar. Por mais que eu seja contra este casamento, eu não vou estragar o vestido que a Angel teve tanto amor e carinho, para o comprar para mim... Pego no vestido enorme e o visto devagar. Era estranho, como eles sabiam exatamente o meu tamanho, era incrível como o vestido acentuava perfeitamente no meu corpo, não precisava nem de alargar nem de apertar, foi feito á minha medida, caio perfeitamente no meu corpo!
Caminho com uma certa dificuldade, para poder habituar-me ao vestido e caminho até á casa-de-banho, que se encontrava no quarto. Abro a porta e coloco-me de frente ao enorme espelho, que se encontrava á minha frente. Eu tinha os olhos vermelhos, estava com as lágrimas secas pelas bochechas e tinha sorte, por a maquiagem que a Sophia pôs-me, ser á prova de água. Passo água pelas bochechas só para descontrair um pouco, passo a cara pela toalha com cuidado, para não tirar a maquiagem e volto a olhar-me de frente, á aquele espelho enorme. Lá terá que ser!
Volto para o quarto, ao caminha direta á cama onde estava o vestido estendido, vou dobrar o vestido como deve ser para ele não ficar aqui assim todo aberto, o vestido foi caro não o quero estragar! Desvio-me da cama e caminho em direção aquela porta castanha clara, que se encontrava fechada. Vou voltar para aquele maldito casamento, para aquela maldita mentira!
Caminho até ela e respiro fundo, antes de colocar a minha mão naquela maçaneta prateada e fria. Lá vou eu... Abro a porta devagar e saio do quarto, ao ver que já não havia ninguém por aqui á volta. Fecho a porta atrás de mim e caminho pelo corredor em direção á sala. A casa estava silenciosa aqui em cima, mas ouvia música clássica do andar de baixo, por isso a festa deve de ser lá em baixo! Ao chegar á sala vejo o Axel perto da janela, de costas para mim e com as mãos no bolsos. Eu nunca pensei, que este momento viesse a chegar sinceramente... O Axel ao ouvir o barulho dos meus sapatos, vira-se devagar de frente para mim e abre a boca de espanto.
-Estás linda. –Elogia, ao caminhar na minha direção. Viro a cara para o lado aborrecida, sem lhe dizer mais nada como resposta. Este dia, que devia de ser um dos mais importantes da minha vida, está a tornar-se o pior dia, como se isto fosse o meu funeral! –Por que é que não foi o teu pai, a trazer-te até mim Ashley? –Questiona, ao parar a poucos centímetros á frente do meu corpo.
-Porque não! –Exclamo, ao virar o meu olhar até ele.
-Ashley eu já te tinha avisado, sobre teres muita afinidade com as pessoas que trabalham nesta casa, especialmente com o Aphonso e com o Tyler. –Argumentou com arrogância.
-Eles os dois, como qualquer pessoa desta casa são seres humanos, eu não sou mais importante que eles, só porque eles trabalham para ti, eu sou eu e tu és tu! –Argumento. –Eles, como qualquer pessoa desta casa, são meus amigo e é assim que vai continuar a ser, não vais ser tu que vais impedir-me disso! –Exclamo seriamente.
-Quando o casamento acabar, vamos falar seriamente sobre as regras desta casa, á muitas coisas que tu deves de aprender a seguir!
-Nem nos teus sonhos! –Exclamo friamente.
Viro-lhe as costas e desvio o meu caminho pelo corredor, em direção ás escadas que davam passagem até ao salão lá em baixo. Discutir com ele neste momento, não vai servir de nada! Ainda vou acabar por dizer algo, que possa vir a arrepender-me!
-Ashley, a conversa não acabou ainda! –Conclama, ao elevar a voz dele contra mim. Paro de andar e viro-me de frente para ele.
-O que á mais para falar, diz-me?! Tu já estás a fazer, com que este dia seja um atormento Axel! Este é o pior dia da minha vida, onde devia de ser o mais feliz! Eu sonhei com este dia, de outra maneira e esse sonho não passou mesmo disso, de um sonho, mas não precisas de estar a atormentar-me ainda mais, daquilo que já está a ser! Chega! Vamos acabar logo com isto! Vamos descer e fingir que somos um casal feliz, não é isso que tu queres fazer?! –Questiono irritada, ao sentir as pequenas lágrimas a formarem-se nos meus olhos. O Axel olhava para mim com um olhar enfurecedor, como se fosse sair chamas de fogo daquele olhar azul escuro, que caía assustadoramente contra mim. Pelo silêncio dele, eu pergunto-me no que ele pensava ou quereria dizer e não diz!
-Claro que é! –Exclama.
Num passo muito rápido, o Axel caminha na minha direção, pega no meu braço mas sem me magoar e caminhamos até ás escadas do salão. Como eu queria e ficaria contente, de conseguir convencer o Axel a cancelar este casamento só com as minhas lágrimas, só dele ver as minhas lágrimas de dor e de sofrimento... mas nem isso, fez ele mudar de ideias! Afasto o meu braço da mão dura dele, ao chegar-mos no início das escadas prontos para descer, não quero que ninguém veja estas figuras que ele está a ter comigo, por mais que eu queira que as pessoas vejam como ele é e o que ele está a fazer comigo, eu não quero ver o que as pessoas vão pensar sobre mim!
O Axel acompanha os meus passos ao meu lado, ao descermos as escadas juntos como se estivéssemos a descer em camara lenta. Levanto o meu olhar á minha frente, ao ouvir o barulho de palmas a ecoar pelos meus ouvidos, olho para a minha frente e vejo os convidados todos a olhar para nós, enquanto descíamos as escadas juntos. Ao chegar no final das escadas, todos param de bater palmas e cada um vai para o seu lado. Uma boa receção, só por alguns segundos!
Olho á volta, ao ver estes efeitos maravilhosos que ficou, era lindo ver que estava tudo tão maravilhoso, tudo muito bem enfeitado, não é uma cor que eu goste, mas aqui ficou muito bem... preto misturado com o prateado... ficou tudo tão lindo. Havia mesas quadradas e redondas á nossa volta, estavam sentados muitas famílias da qual eu não sabia quem eram, mas aposto que são conhecidos do Axel ou então, que se calhar trabalham com ele na empresa. As mesas eram de vidro transparente e tinha um lindo reflexo, com as coisas que estavam sobre elas. Era como se tudo á volta, fosse feito de cristal! Os pratos e os talheres eram de prata e combinavam muito bem com o efeito da sala em si, a Angel teve muito bom gosto para o enfeite de tudo, não é uma cor que eu goste lá muito e sinceramente, não estava á espera que ela fosse escolher este tipo de cor para um casamento! É uma cor preta e como é uma cor muito escura, nunca pensei que ela fosse escolher, mas ficou muito mas muito bonito!
-Vamos até á nossa mesa? –Ouço a voz do Axel, a tirar-me dos meus pensamentos.
-Claro. –Respondo.
O Axel coloca a mão dele na minha cintura e o sigo pelo meio da salão. Olho á volta para ver se encontrava a Sophia e as minhas amigas, mas não as estava a ver aqui, que estranho... O Axel seguia-me até á mesa retangular que havia no fundo da sala, onde um sorriso se forma nos meus lábios, ao ver que já estava a Sophia sentada a olhar para mim, com um sorriso carinhoso. Naquela mesa grande supostamente é para os noivos, os pais dos noivos e os padrinhos de casamento... mas eu não queria, que os meus pais se sentassem junto a mim e parece que os pais do Axel, também não se sentaram connosco.
-Estás linda Ashley. –Elogia a Sophia, na mesa.
-Obrigada. –Sorrio para ela.
-O vestido ficou-te lindamente Ash.
-Obrigada Cath.
Sento-me na cadeira, que se encontrava ao centro da mesa e o Axel senta-se ao meu lado. A Sophia estava sentada no meu lado, com as minhas duas amigas ao lado dela, enquanto no lado do Axel estava o James e a Liane na ponta.
-Axel. –O chamo baixinho discretamente e o Axel vira a cara até mim. –Será que podes trocar de lugar com a Liane? O James senta-se no lugar dela, tu trocas para o lugar dele e a Liane fica aqui ao meu lado, para ela não ficar sozinha ali ao fundo.
-Está bem. James. troca de troca.
Todos nós fazemos as trocas de lugar e a Liane agradece. Não sou assim tão insensível, ao ponto de deixa-la ali ao fundo sozinha, não é só porque tenho as minhas amigas aqui comigo, que eu vou deixar a Liane á parte! Eu não vou esquecer-me, que foi ela, a Isabel e o Aphonso, que estiveram aqui quando eu precisei, sabendo que mais ninguém me ajudava. A Liane, a Isabel e o Aphonso foram os únicos, que me ajudaram quando eu mais precisei, eu nunca os vou deixar para trás!
O salão estava coberto, pelas vozes dos convidados a falarem entre eles, eu já fico muito contente se ninguém vier falar comigo, nem os convidados e muito menos os meus pais! O silêncio é estabelecido no salão, ao ouvir-mos um copo de vidro a bater, olho para o Axel e o mesmo estava a bater com a faca devagar no copo, para poder chamar a atenção de todos os convidados.
-Muito obrigada pela vossa atenção, agora que já estamos todos unidos, podem começar a comer, eu espero que gostem dos nossos pratos e espero que façam bom aproveito. –Argumenta. Reviro os olhos e continuo no meu lugar calada. Os convidados começam a levar-se e a caminhar em direção ás mesas.
-Ashley? –Olho para a Liane, ao ouvi-la a chamar pelo meu nome. –Por que é que os teus pais, não estão sentados aqui contigo na mesa?
-Porque não! Eles não tem lugar nesta mesa e nunca irão ter. –Respondo agressivamente.
-Ashley, não precisas de ser assim com os teus pais, não sabes do que se passa por de trás deste casamento todo... não podes apontar o dedo logo á primeira, sem saberes a história primeiro.
-Eu sei que não Liane, mas é mais forte que eu! –Exclamo. Vejo um dos empregados do Axel, a aparecer á minha frente na mesa.
-Desculpe senhora Clark. –Murmura. Respiro fundo, ao ouvir o nome "senhora Clark" a ser pronunciado por ele.
-Sim?!
-O que é que a senhora, vai desejar comer? –Questiona.
-Eu vou buscar, muito obrigada. –Agradeço.
-Senhora, eu posso trazer alguma coisa que queira, eu estou aqui para isso. –Insiste.
-Muito obrigada, mas eu vou buscar.
-Como queira senhora. –Curva um pouco a cabeça. –Vai desejar um copo de vinho branco?
-Não. Eu não gosto de vinho obrigada.
-Com a sua licença senhora. –Ele curva a cabeça e afasta-se da nossa mesa.
Cada um levanta-se do seu lugar e começam a dirigir-se ás diferentes mesas, que continham a refeição e as entradas. Eu não tenho fome nenhuma, nem o pequeno-almoço tomei e sinceramente, acho que o almoço vai pelo mesmo caminho... Neste momento, era só eu e o Axel que nos encontrávamos na grande mesa sozinhos.
-Queres comer o quê? –Questiona o Axel, ao meu lado.
-Não tenho fome. –Respondo e viro a cara para o lado, para poder fugir do olhar dele.
-Então, vamos ver o que há para comer. –O Axel levanta-se do lugar dele e estende-me a mão. Reviro os olhos e suspiro profundamente.
-Axel vai tu! Eu não tenho fome!
-Anda... –Sussurra, ao insistir. Reviro os olhos mais uma vez e acabo por pegar na mão dele.
O Axel guia-me pelo meio do salão, até chegar-mos as mesas maravilhosas, que estavam muito bem enfeitadas e muito bem apresentadas com a comida. Eu não sabia o que era o almoço e o que eram estas entradas, mas estavam com muito bom aspeto. O Axel e eu andávamos pelo salão de mãos dadas, enquanto ele explicava o que é que estava nas mesas e blá blá blá!
Finalmente paramos em frente a uma mesa circular, onde continha um bolo feito com cinco andares, de cor bege e branco, redondo e com rosas brancas á volta da mesa, com um boque de rosas brancas no topo do bolo...
-Quem é que escolheu o bolo? –Questiono.
-Acho que foi a minha mãe.
O Axel coloca-se atrás do meu corpo e passa a mão dele pela minha barriga. Vejo o braço dele, a passar pela minha cara e eu a pensar que ele iria tocar-me, mas afinal ele acabou por pegar numa rosa branca, que estava enfeitada na mesa. O Axel vira-me de frente para ele, olho para ele admirada e o vejo a passar a rosa pela minha orelha, ao prende-la no meu cabelo.
-Ficas linda com ela. –Comenta. Dou um pequeno sorriso fraco e meio desconfortável.
Eu consigo sentir, que o Axel está a fazer de tudo para que isto dê certo, não sei... Parece que ele está a fazer com que eu me sinta bem, de frente com este casamento, mas eu não consigo... O Axel está a tentar fazer, com que eu esteja pelo menos um pouco feliz neste dia, mas eu não consigo fazer um sorriso sem ser forçado, não consigo! Eu só vejo este casamento, como uma destruição da minha vida... eu não tenho sentimentos por ele e muito menos, ele por mim. Então muito menos agora, que este casamento aconteceu, tudo o que vai-se passar é apenas um odio para ele!
-Axel! –Eu e o Axel vira-mos para o lado, ao ouvir a voz de um homem a chamar por ele. Vejo um homem com mais ou menos 23 anos, moreno com olhos azuis, a vir na nossa direção com um sorriso enorme nos lábios. Quem é ele?
-Damien! –O Axel e o tal Damien abraçam-se, enquanto eu ficava a olhar para eles os dois admirada.
-Felicidades pelo casamento irmão. –Parabeliza o Damien. Ambos se afastam e o Axel coloca-se atrás de mim, ao passar as mãos dele dela minha cintura. Detesto, quando ele faz este tipo de ações, só para fingir que eramos um casal feliz, coisa que não somos!
-Ashley, este é o Damien, um amigo de infância. –Apresenta o Axel.
-Muito prazer. –Comprimento o Damien.
-O prazer é todo meu Ashley, finalmente conheci alguém que conseguisse aturar, aqui o senhor possessivo! –Exclama, ao rir-se para mim.
-Damien menos! –Exclama o Axel, num tom de brincadeira. Dou apenas um sorriso como resposta. Parece que não sou a única, a achar que o Axel é possessivo!
-Bem... –Afasto-me dos braços do Axel, em primeiro lugar. –Eu vou ter com as minhas amigas, vou deixar-vos a conversar. Foi um prazer conhecer-te Damien. –Murmuro.
-Igualmente Ashley. –Corresponde com um sorriso.
Viro as costas aos dois, ao caminhar até a uma parte do salão, onde continha uns sofás pretos com mesas de centro, enfeitado com cortinados brancos á volta. A primeira vez que eu estive aqui neste salão, ele estava rodeado de pessoas que mal consegui ver bem, o espaço do salão com tantos convidados á volta, mas hoje vejo que o salão é grande o suficiente, para tanta coisa de um casamento. Olho para elas as três, ambas estavam a falar entre elas, sobre alguma coisa curiosa.
-Será que posso interromper a vossa conversa? –Questiono, ao aparecer de surpresa.
-Claro que sim Ashley, senta-te aqui connosco. –Responde a Elisa. Caminho até ao pequeno sofá e sento-me ao lado da Elisa.
-Então, o que é que estavam a falar? –Questiono.
-Estávamos a falar sobre as férias. Estamos quase no natal e estávamos a falar, sobre fazer alguma coisa na passagem de ano... –Responde a Catherine.
-E estavam a pensar, em fazer o quê? –Questiono.
-Não sabemos, era mesmo para isso que estávamos a falar, se alguma de nós tem alguma ideia.
-Podemos passar a passagem de ano novo na praia, á sempre convites para concertos e até mesmo para festas. –Responde a Sophia. –O que achas Ash?
-Eu não sei... –Dou um sorriso forçado. –Eu ainda nem sequer passei deste casamento, não estou com cabeça para pensar em natal e muito menos, no ano novo.
-Peço desculpa Ash... –Murmura a Sophia.
-Não tens que pedir desculpa Sophia... –Sussurro. –Lá por estar nesta situação, não quer dizer que não possa vos ajudar com ideias sobre a passagem de ano novo. –Dou um pequeno sorriso desconfortável. Mais uma vez, não vou passar a passagem de ano novo com elas, desde que as tenho comigo no meu coração, que passo sempre um ano com elas e o próximo ano novo, passo depois com os pais. O ano passado, passei o ano novo com os meus pais e normalmente este ano, devia de passar com elas, mas parece que isso não vai acontecer!
-O que é que vais fazer agora? –Questiona a Elisa, num tom preocupada.
-Não sei... eu não sei, o que vai sair deste casamento, mas... de qualquer maneira, eu sei que o Axel não vai facilitar nada a minha vida. Nós não conseguimos passar um dia sem discutir, á sempre alguma coisa que faça o Axel discutir comigo e eu também não fico calada por isso, acaba sempre em discucão! –Argumento.
-Eu não me imagino no teu lugar... O que está a acontecer, é horrível Ashley! –Exclama a Catherine.
-Meninas, eu agradeço a vossa preocupação comigo, mas.. eu não queria muito falar sobre isto... já está a ser difícil o suficiente, ter que aturar este casamento. –Explico-me, ao baixar o meu olhar até ás minhas mãos, nas minhas pernas.
-Claro, estás no teu direito. Eu e a Elisa, vamos buscar bebidas! –Levanto o meu olhar até elas e dou-lhe um sorriso pequeno. Ambas as duas se levantam do sofá e deixam-me a mim e a Sophia sozinhas.
-Ashley... –É a primeira a falar, no mesmo segundo que elas as duas se afastam de nós. Viro a cara para ela e a olho normalmente, á espera que ela dissesse alguma coisa, mas notava-se que ela não estava confortável com o que ia falar. –Quem... Quem era aquele que estava contigo e com o Axel? –Questiona.
-É um amigo de infância do Axel. –Respondo. –Por quê?
-E como é que se chama?
-Sophia, por quê essas perguntas? –Olho para ela de lado e com um sorriso nos lábios. Será que ela está interessada nele? –Tu estás interessada nele?
-Não é nada disso Ash, só perguntei porque ele deu um abraço no Axel e isso foi estranho, só isso! –Responde desconfortavelmente.
-Chama-se Damien e é melhor amigo do Axel ou amigo de infância, vai tudo dar ao mesmo. –Respondo, com um pequeno sorriso de lado. Estas perguntas, quer dizer que ela está interessada nele, hm interessante!
-Hm... –É tudo o que ela diz. Não sei por quê, mas eu acho que ela ficou com algum interesse nele, parece-me que sim...
As raparigas chegam com dois copos nas mãos de cada uma, somos servidas e acabam por se sentarem nos lugares dela, ao voltarmos a uma mistura de conversas aleatórias entre raparigas. Confesso que já tinha enorme saudades, de as ter aqui comigo e ter-mos umas conversas, só entre raparigas. Eu sei que não é o momento, nem o lugar exato, para ter este tipo de conversas entre raparigas, mas eu já tinha saudades de as ter aqui comigo, de ter-mos estas conversas que só nós as quatro, podemos ter!
-Desculpem incomodar. –Olho para o lado, ao ouvir a voz da minha mãe. Reviro os olhos e respiro fundo.
-Está á vontade tia. –Responde a Sophia.
-Meninas, eu peço-vos desculpa de estar a incomodar-vos, mas... será que poderia falar a sós com a minha filha, só por uns minutos? –Questiono num tom triste.
-Mãe, nós não temos mais nada para falar e se tu ainda não reparas-te, eu estou com as minhas amigas, tiveste muito tempo para falar! –Exclamo baixinho e com arrogância.
-Ashley, não precisas de ser assim com a tua mãe. –Murmura a Catherine. –Nós vamos deixar-vos a sós. –Respiro fundo revoltada e cada uma delas levanta-se do sofá, ao afastarem-se da tenda.
-Obrigadas minhas queridas. –Agradece a minha mãe. A minha mãe caminha até ao sofá onde eu estava e senta-se ao meu lado. Viro a cara para o lado, ao evitar de olhar para ela. –Filha nós temos que falar.
-Nós não temos mais nada, para falar! –Exclamo.
-Filha, o teu pai ficou muito triste quando lhe disseram que ele não podia se sentar, na mesa dos noivos. Tu não sabes o quanto custou ao teu pai, ouvir isso... –Murmura.
-Aí foi? –Questiono. –Que pena, que eu tenho!
-Ashley, não sejas assim! Apesar de tudo, nós somos teus pais e merecemos respeito da tua parte.
-E eu mãe?! –Viro a cara, ao olhar furiosamente até ela. –E eu sou o quê, para vocês? Um boneco?
-Claro que não Ashley, não digas disparates! Tu és a nossa menina. –Argumenta, sempre com aquele olhar triste nela.
-A vossa menina? Hm interessante! Mas não se lembraram que eu era a vossa menina, quando vocês me obrigaram a casar com o Axel, como se eu fosse uma mercadoria qualquer! –Exclamo exaltada. –Vocês não se preocuparam em ajudar-me, mãe! Tu sabes quantos anos é que eu tenho? Eu tenho 19 anos, tu sabes muito bem o quanto eu lutei para poder entrar na universidade e conseguir o meu sonho, de vir a ser uma grande arquiteta! Mas imagina? Agora o meu sonho acabou-se, porque vocês decidiram que eu tenho que casar com o Axel, sem razão nenhuma! Sabes uma coisa mãe?! Maldita hora, que eu saí da casa dos meus avôs, por causa da universidade! A esta hora eu poderia estar muito bem na casa dos meus avôs, pessoas que me amam de verdade e não são como vocês, que me tratam como se eu fosse uma mercadoria! –Levanto-me do sofá irritada. –Eu aconselho-te a ires embora, com o pai! Vocês não estão aqui a fazer nada!
-Ashley, este é o teu casamento, claro que vamos ficar até ao fim! –Exclama a minha mãe, ao levantar-se do sofá. –Ashley comporta-te como uma senhora e não como uma menina mimada!
-O recado está dado mãe! –Exclamo, ao elevar o meu tom de voz. –Se não queres que peça aos seguranças para vos poderem na rua, eu aconselho-te a ires pelo teu próprio pé!
Sem esperar que a minha mãe dissesse alguma coisa, viro-lhe as costas e caminho pelo meio das pessoas, em direção á mesa grande vazia. Eu não acredito que a minha mãe ainda pensa que não tenho razão para estar assim com eles, eu nunca, mas nunca devia de ter saído de Houston para vir para aqui para casa dos meus pais, nunca! Se soubesse, nunca teria feito aquela maldita viagem, se soubesse que meses depois eu iria encontrar-me nesta situação!
-Hei! –Assusto-me, ao sentir uma mão a puxar pela minha cintura e a virar o meu corpo. –Está tudo bem? –Questiona o Axel.
-Sim! –Exclamo e afasto-me dos braços dele.
-Não parece, o que se passa? –Questiona preocupado.
-Não se passa nada. –Viro-lhe as costas, para continuar o meu caminho em direção á mesa, mas sinto a mão dele no meu braço. Paro de andar e viro-me para ele. –Larga-me! –Exclamo, mas sem chamar muito a atenção dos convidados.
-Vamos dançar. –Murmura.
-Axel, qual é a parte que tu não percebes-te que eu não quero dançar contigo? Eu não quero nada que tenha haver contigo! –Exclamo com arrogância, ao sentir as lágrimas a formarem-se nos meus olhos.
O Axel olhava para mim, com um olhar meio sério e triste ao mesmo tempo. Eu não sabia o que aquele olhar queria dizer, mas também não queria saber! Tento mais uma vez virar-lhe as costas, mas o Axel puxa o meu braço com força, ao fazer com que o meu corpo acabe por chocar, contra o peito dele! Ao sentir que a cara estava contra o peito dele, sinto a mão dele na minha nuca, a outra na minha cintura e sem conseguir aguentar mais o que estava no meu coração, deixo as lágrimas escorrem pela minha cara. Eu nem sequer devia de estar assim a chorar contra o peito do Axel, porque ele é o culpado de tudo o que está a acontecer neste exato momento, mas... eu não consigo. Ele é a única pessoa, que puxou por mim neste momento, depois de ter discutido com a minha mãe! Sinto o corpo do Axel a mexer-se de um lado para o outro, com certeza para disfarçar o que se estava a passar por uma dança!
-Ashley, para de chorar, todos que estão aqui, vão perceber o que se passa. –Murmura. Tento aos poucos acalmar o meu choro, mas ainda continuava com a cabeça escondida, contra o peito do Axel. –Ashley, por favor. –Pede-me calmamente. –Devagar, acalmo mais o meu choro e os meus soluços.
O Axel pega nos meus braços e passa á volta do pescoço dele. O Axel movimenta-nos para a esquerda e para a direita, ao seguir-mos o ritmo da dança. Ficamos calados assim durante alguns segundos, enquanto dançávamos esta música, coloco a minha cara de lado contra o peito do Axel e fecho os meus olhos. Sinto o Axel a colocar a cara dele na curva do meu pescoço, enquanto seguíamos o ritmo da dança calmamente. Abro os olhos e vejo que estávamos rodeados por várias pessoas, que dançavam como nós.
-Com calma, vais explicar o que se passou para estares irritada. –Sussurra o Axel, contra o meu pescoço. Coloco os meus dois braços esticados, á volta do pescoço dele e afasto-me do peito dele. Levanto o meu olhar até ao dele e o Axel continha um olhar bastante sério e preocupante.
-Discuti com a minha mãe. –Sussurro.
-Por quê?
-Por tua causa! –Exclamo repentinamente.
-Por minha causa?
-Claro Axel. Eu só estou a casar contigo, porque os meus pais me obrigaram e tudo por tua causa! –Olho para os olhos dele friamente. O Axel olhava para mim, com bastante calma, mas continha na mesma um olhar sério e preocupante.
-Ashley, não vale a pena estares sempre a discutir com a tua mãe sobre esse assunto, sabes perfeitamente que não vais a lado nenhum, se tiveres sempre a tocar na mesma tecla! –Exclama.
-Eu quero que a minha mãe e o meu pai, se vaiam embora Axel! –Exclamo. O Axel olha para mim, sem mostrar qualquer reação.
-Ashley, as coisas não funcionam assim. –Murmura. –Não posso mandar os teus pais embora, os convidados iriam desconfiar, por eles não estarem aqui contigo. –Argumenta.
-Axel, eu não os quero aqui! –Exclamo.
-Ashley chega. –Reclama. O Axel aproxima a cara dele da minha e sinto os lábios dele, na minha testa. –Os teus pais estão no canto deles, não estão a fazer nada de mal, deixa-os estar sossegados. Apesar de tudo o que está a acontecer, eles teem o direito de estarem no dia do teu casamento Ashley, seja em que circunstâncias for.
-Está bem. -Confirmo, mesmo contrariada
O Axel e eu passamos um bom bocado a dançar juntos, não tinha qualquer vontade, mas meio que ele obrigou-me a dançar com ele, para descontrair um pouco. Os meus pais acabaram por ficar, o Axel nem sequer deixou-me sair daqui do meio do salão, para falar com os seguranças para os colocar na rua, simplesmente não me deixou sair dos braços dele. Eu não queria nada, ter ficado nos braços dele assim tão perto, não havia razão nenhuma para termos que ficar assim tão perto, mas parece que ele foi o único que consegui-o acalmar a minha irritação, para com os meus pais.
(...)
Estávamos todos reunidos, á volta da mesa redonda onde estava aquele bolo mesmo á minha frente, eu não estava nada ansiosa para o abrir, mas á nossa volta havia muitas pessoas felizes e aliás, mais felizes do que eu! Eu e o Axel acabamos finalmente por cortar a primeira fatia daquele bolo, todos os convidados batiam palmas e sorriam todos felizes para nós. O Axel coloca a fatia do bolo no prato, pegamos os dois num grafo, tiramos um pouco daquele bolo de chocolate por dentro e cruzamos os braços, ao comer-mos um pouco da fatia de bolo. Bastou comer apenas um pouco do bolo de casamento e chegou-me. Não quis comer mais e também não estava com cabeça, para continuar com esta festa ridícula. O Daniel pedio-me para o acompanhar numa dança clássica, claro que não ia dizer que não, nem ele nem a Angel tem culpa disto tudo, não vou descontar nele a raiva que eu tenho dos meus pais e do Axel!
(...)
O almoço acabou por passar rápido, apesar de não querer que este momento acaba-se, ele acabou por passar mais rápido do que aquilo que eu pensava! O Axel levou-me a conhecer os convidados que trabalham com ele, depois de termos cortado o bolo e os familiares também, eu nunca pensei que ele fosse assim tão conhecido pela cidade ou até mesmo, pelo país. Muitos falam do Axel, como se ele fosse uma pessoa muito importante no país, eu nunca o conheci e nem sequer sabia que este maldito homem existia, infelizmente.
A Angel veio ter comigo a elogiar, o quanto o vestido ficou-me bem e o quanto eu estava bonita. A Angel estava contente por ver o filho mais velho a casar, mas sinceramente eu não estava nada contente! Eu compreendo que ela queira ver o filho dela feliz claro, mas para ele estar "feliz" eu tenho que tinha que viver com a minha infelicidade! Os meus pais mais uma vez tentaram falar comigo, mas eu neguei em falar com eles, nós não temos mais nada para falar e é assim, que vai continuar a ser! Eu só não os ponho na rua porque o Axel não deixa, porque por mim ele já não estavam aqui, á muito tempo! Eu nunca vou esquecer, o que eles fizeram e muito menos, o quanto eles me magoaram! O Axel tentou puxar esse assunto dos meus pais, quando eles tentaram se aproximar se mim para falar-mos, mas para que não acaba-se em discucão á frente dos convidados, acabamos por não falar mais sobre o assunto!
-Estás muito calada. –Comenta o Axel, a interromper os meus pensamentos.
-Não tenho nada para dizer. –Respondo, sem olhar para ele.
-Ashley, não tornes este casamento como se fosse uma coisa de outro mundo, se sabes que não é! –Murmura. Viro a cara até ele admirada, com as palavras dele.
-Eu queria ver se fosse contigo, teres que casar com uma pessoa por obrigação, uma pessoa que tu não amas, eu queria ver o que é que tu farias! –Exclamo.
-Não vás por aí Ashley, o casamento já está feito e não há mais nada, que vá te separar de mim! –Exclama com uma frieza, nos olhos dele. Incrível, como este homem consegue manter a frieza no olhar, sabendo que eu estou aqui contrariada e que ele não consegue ter uma única pena de mim!
-Ficas a saber de uma coisa Axel, tu ganhas-te a guerra que era minha, tu tiraste-me a felicidade, tiraste-me tudo! Eu vou odiar-te para o resto da minha vida e tu vais sentir na pele o que é isso, cada vez que tu olhares para mim e veres que o meu sorriso desapareceu! E que tu és o culpado disso! –Exclamo seriamente, ao levantar-me da cadeira onde estava! Ao tentar sair do meu lugar, sinto a mão do Axel a segurar no meu pulso com força, olho para ele e ele se mantinha sério, a olhar até mim.
-Vai trocar de roupa, vamos embora, temos o avião á nossa espera! –Informa, ao largar o meu pulso.
-Avião? Mas avião, para onde? –Questiono preocupada. Este aqui deve de pensar, que vai levar-me sei lá para onde!
-Vamos em lua de mel, como todos os casais normais! –Informa, ao olhar para os convidados á nossa volta. Volto a sentar-me no meu lugar chocada, com o que ele tinha dito. Desde quando, é que nós somos um casal normal, para termos uma lua de mel?!
-Axel, eu não vou de lua de mel contigo para lado nenhum! Nem agora, nem nunca! –Exclamo, ao olhar para ele chocada. O Axel vira a cara até mim lentamente e os olhos dele, estavam completamente escuros... isto é sinal que ele já estava irritado!
-Ashley vê se percebes uma coisa, eu mando aqui em casa, eu dou as ordens, por isso se eu digo que vamos para uma lua de mel, é porque vamos! E sem reclamares como uma menina mimada que tu és, se queres que as coisas corram bem, vais levantar-te calada e vais trocar de roupa, para poder-mos apanhar o avião! Estamos entendidos ou não?! –Questiona como se aquilo fosse mais uma ordem, do que uma simples pergunta.
-Eu odeio-te! –Exclamo por entre os dentes e levanto-me irritada, da cadeira.
Saio sozinha pelo salão a fora em direção ás escadas, cada minuto que passa eu sinto o meu odio a crescer mais e mais pelo Axel! O quanto eu me arrependo, de não ter seguido o que a Sophia me disse, sobre tentar fugir desta casa á última da hora, pudesse ser que a esta hora que eu já estivesse fora desta casa... mas claro, que o meu coração de preocupação falou mais alto que a vontade e agora, encontro-me nesta situação.
Abro a porta do quarto irritada e a fecho com a força! Maldito dia, quando é que ele vai acabar?! O que vai ser de mim daqui para a frente?! O que é que eu vou fazer agora?! Caminho até ao closet, puxo a porta do armário para o lado e procuro alguma roupa simples para vestir. Está frio, estamos no inverno por isso não vou por nenhum vestido. Pego numas calças brancas e numa camisola cinzenta e coloco tudo em cima do sofá. Alguma coisa aqui neste armário que não está certo, parece que falta aqui roupa... Será que foi a Isabel que arrumou a minha mala dentro de alguma mala por causa da lua de mel?! Se calhar foi o Axel que disse sobre a lua de mel!
Pego na roupa que estava em cima do sofá e volto para o quarto. Não tenho vontade nenhuma de partir em viagem com ele, eu tenho medo do que possa vir a acontecer naquela viagem que nem sei para onde é que nos leva! Não estava surpresa com a lua de mel, aposto que foi a Angel e o Daniel que decidiram que nos iriamos para viagem... Devagar tiro o vestido de noiva e o coloco em cima da cama. Pego na minha roupa e começo a vestir-me.
-Posso filha? –Assusto-me ao ouvir a voz da minha mãe na porta do meu quarto.
-Desde pequena que sempre me ensinaram a bater á porta antes de entrarem porque não fazes o mesmo?! –Questiono ironicamente ao continuar a vestir-me.
-Minha filha nós precisamos de falar. –Ouço o barulho da porta a fechar e o barulho dos passos dela a virem na minha direção. Ao ouvir que os passos dela vinham até mim, viro-me para ela com um olhar sério e ela para de andar ao olhar nos meus olhos.
-Não temos mais nada para falar, não era isto que tu querias para mim? Um casamento? –Questiono com ironismo.
-Ashley, tu sabes que eu não queria que nada disto acontecesse... tu és a minha menina. –Murmura tristemente.
-Não mãe! Eu não sou tua filha, eu sou uma mercadoria para ti e para o pai! Porque se eu fosse a tua menina, tu não irias permitir que isto acontecesse comigo! Como é que tu e o pai conseguiram permitir que o Axel conseguisse prender-me a este casamento mãe?! Mãe que é mãe não faz o que tu fizeste... eu nunca vos vou perdoar mãe! –Exclamo ao elevar o meu tom de voz.
-Ashley não digas isso por favor... –Vejo uma lagrima a cair pela cara dela. –Tu vais sempre ser a minha filha.
-Mas esse papel de ser tua filha, não foi o suficiente para tu veres a minha infelicidade! Tu e o pai foram capazes de vir a este maldito casamento e não fazerem nada! Vocês foram capazes de ver as lágrimas na minha cara naquele altar e não fizeram absolutamente nada para evitar que isto acontecesse! Nada! –Argumento irritada. A minha mãe olhava para mim com um olhar triste e com pena por ver a maneira de como eu estava a falar com ela. Cada um só tem aquilo que merece! –Sai daqui! –Ordeno.
-Ashley nós temos que falar, eu sou tua mãe e o teu est...
-Chega mãe! –Ordeno ao elevar o meu tom de voz. –Chega de falar de vocês como se não se importassem comigo! Vocês não conseguem ver o quanto me estão a fazer mal?! Vocês destruíram a minha vida mãe! Tu sabes bem que eu tinha um sonho para viver, eu tinha uma vida fora desta casa e tu sabes perfeitamente que destruíram a minha vida! –Argumento irritada ao tentar evitar as lagrimas.
-Ash...
-Chega! –A interrompo. –O teu tempo acabou mãe!
-Ash...
-Sai! –Grito. –Se não queres que os seguranças vos levem até á porta é melhor saíres pelo teu próprio pé!
A minha mãe baixa a cabeça e vira-me as costas ao dirigir-se até a porta do meu quarto. A minha própria mãe não fez nada para evitar com que este casamento acontecesse, ela não impedi-o de ver a minha infelicidade... a Angel que se tornou minha sogra e sobre tudo minha amiga tentou ver-me contente durante alguns dias, não digo feliz, mas contente... A Isabel, a Liane e o Aphonso tornaram-se o meu apoio aqui nesta casa, se não fossem eles eu não sei o que seria de mim nesta casa sinceramente!
Respiro fundo antes de caminhar até a porta do quarto, vai ser uns dias complicados a partir deste dia tão marquante. Derrotada caminho até á porta do quarto e ao abrir vejo o Axel parado a minha frente a olhar para mim seriamente.
-Estás aqui a fazer o quê? –Questiono ao fechar a porta do quarto atrás de mim.
-Vinha buscar-te, vi a tua mãe a descer as escadas a chorar, desconfiei que ela tivesse vindo até aqui falar contigo. –Argumenta.
-Não á nada para falar. –Murmuro seriamente.
-Vamos, já estamos em cima da hora. –Responde.
O Axel vira-me as costas e caminha pelo corredor a fora. Caminho atrás dele, sem ter outra opção possível, não havia nada que eu pudesse fazer sinceramente... eu não sei para onde é que nós vamos, mas eu espero que seja para um sítio onde eu possa pelo menos, ter um tempo só para mim mesmo que vá numa lua de mel, acompanhada do Axel! O Axel sabe bem, que eu nunca vou-me entregar para ele, nem de corpo e muito menos de alma, este casamento só aconteceu pelo papel e para a figura dos outros e não para "nós" aqui em casa.
Ao descermos as escadas, começo a ouvir os convidados a falarem entre eles... olho para a entrada da casa e os vejo todos a volta da pequena mesa no centro, enquanto estavam á nossa espera. Ao ouvirem os nosso passos, todos olham até nós e começam a bater palmas. O Axel abranda os passos dele e passa o braço dele pela minha cintura e assim continuávamos caminho até á porta de casa.
-Minha querida, tem uma boa viagem. –Comenta a Angel, ao vir na nossa direção.
-Obrigada. –Agradeço, sem mostrar qualquer sentimento. A Angel dá-me um pequeno abraço confortante.
-Boa viagem, meus queridos. –Felicita a Angel, abraçada ao Daniel.
-Ashley... –Olho para o meu lado direito, ao ouvir a voz do meu pai a chamar pelo meu nome. –Eu queria desejar-te uma boa viagem. –Murmura tristemente.
Olho para ele seriamente sem dizer uma única palavra, o meu pai olhava para mim com um olhar esperançoso, á espera de alguma palavra da minha parte, mas não saía nada da minha boca! Desvio o olhar para a frente, ao olhar até á Liane e o James, que estavam abraçados a olhar para nós os dois. Vou sentir saudades da Liane... não sei quanto tempo é que vamos ficar fora, mas eu vou sentir saudades dela.
-Ashley, o teu pai estava a falar contigo. –Resmunga o Axel.
-Eu não tenho nada para dizer Axel, se não eu tinha respondido. –Argumento.
-Vamos! –Exclama seriamente.
Caminhamos ate á porta de casa, que é aberta pelos seguranças, em cada lado da enorme porta. Havia ainda muitos convidados na parte de fora da casa, que começaram a bater palmas para nós, enquanto caminhávamos até á Range Rover preta, estacionada á frente da casa. Eu e o Axel passávamos pelo meio deles e eles mandavam pétalas de rosas brancas, para cima de nós. Fingia um sorriso pequeno para distrair e descontrair um pouco, a tenção que havia. O Axel não se importava, se eu estava desconfortável ou não com esta situação toda, tudo o que ele queria era ter-me como mulher e nem isso, eu consegui fugir! Eram seis da tarde e já estava escuro o suficiente, para parecer que era mais tarde.
-Axel... –O chamo, ao parar de andar a meio do caminho. O Axel vira o olhar até mim estranhamente. –Eu vou dar uma pequena palavra á Isabel, já venho.
-Está bem, vai lá. –Confirma. Viro-me de frente para os convidados e caminho em direção da Isabel. Assim que paro em frente ao corpo dela, não penso duas vezes e dou-lhe um abraço com força.
-Oh minha querida, não chores, vai tudo correr bem. Eu vou estar aqui á tua espera, quando chegares! –Exclama ela confortavelmente.
-Eu tenho medo Isabel... –Sussurro, ao esconder a minha cara nos ombros dela.
-Ás vezes precisamos de ultrapassar os medos, para crescermos minha querida, o Axel não é nenhum monstro, acredita em mim. Agora vai... –Afasto-me dos braços dela e ela leva a mão dela até á minha cara, ao limpar as minhas lágrimas da cara. Dou-lhe um sorriso e afasto-me dela, ao voltar a caminhar em direção ao Axel, que continuava parado no meio do caminho á minha espera.
Um dos seguranças que estava em frente ao carro, abre a porta para que eu e o Axel possamos entrar. O Axel vira-se para os convidados e faz adeus com a mão, ao mostrar um sorriso nos lábios. Ele é o primeiro a entrar no carro, viro-me para trás para aquela multidão toda, que olhava para nós e o meu olhar caí sobre tudo sobre a Isabel, a Liane e os meus pais... A Isabel sorri para mim e abraça a Liane de lado. Os meus pais abraçados, olham para mim tristemente, tudo isto podia ser evitado se eu soubesse o que se passava ou se eles tivessem um pouco de amor por mim, para verem o quanto isto está a destruir a minha vida! Desvio o meu olhar e entro no carro. Sento-me na ponta do banco perto da janela, o segurança fecha a porta e olho para o lado de fora, através daquele vidro escuro. Todos eles abanam a mão ao dizer adeus, como se eles conseguissem nos ver através daquele vidro.
-Podes ir Bryan. –Ordena o Axel. Baixo a cabeça, ao sentir o carro a ligar-se e a começar a mover-se para a frente.
Todos estavam para trás a dizer adeus e nós já estávamos aqui dentro deste carro, prontos para ir-mos em qualquer lugar! Sinto a mão do Axel, a segurar na minha mão em cima da minha perna, viro a cara para ele e o mesmo olhava para mim, com um ar normal... Puxo a minha mão do toque dele e encosto a cabeça contra a janela, ao sentir as lágrimas a caírem na minha cara. O que vai ser de mim a partir de agora? A partir deste dia, o que vai ser feito da minha vida, nas mãos do Axel Clark?
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